sexta-feira, 30 de julho de 2010

O CIO

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Exibido na coluna Fala, Bento! na Worknet 30/07/2010



Nessa última semana não consegui pregar os olhos pelo fato de minha gata estar no cio. Como não pude dormir comecei a observar.
Minha gata como a fêmea pretendida subia no telhado mais alto para se exibir para os gatos, lambia-se à luz do luar como quem se prepara para uma festa.

O lamber é o banho da gata, a progressiva, a escova, o rímel, o gloss, a depilação, o decote, a bolsa nova. E notei vários gatos se aproximando do meu telhado. Alguns eu já conhecia de longe, ao vê-los pela vizinhança, outros nunca tinha visto.
Me senti o sogro ao observar sua filha sendo assediada pelos machos de plantão.

Percebi que os gatos se exibem também, numa luta de poder eles cantam. Todos rodeando a fêmea em questão, seus miados pareciam serenata, creio em mim que era uma competição do miado mais longo, mais alto, mais afinado, era o fato pelo qual eu não conseguia dormir.
Quem consegue dormir com vários gatos "cantando" em cima do seu telhado?
E minha gata ali, fingindo-se de difícil, sem dar "bola" a nenhum dos "cantores", continuava a se lamber.

Via-se que ela estava escolhendo, procurando o melhor, julgando o melhor desempenho, mas ela não queria escolher, ela queria ser mimada pelos machos, por quanto tempo fosse possível e estava adorando aquilo era visível.

Com isso me peguei pensando na relação entre homem e mulher. Solteiros são eternos gatos no cio. A mulher vai até o prédio mais alto, e fica a se banhar pela luz da lua ou do sol, na pista de dança da balada, ou até mesmo no escritório, na sala de aula. É evidente que elas se exibem, é a risada
alta junto com as amigas, os olhares disfarçados, o mexer do cabelo enrolando-os com o dedo indicador, a cruzada de perna, o decote exagerado, aquele sorriso de canto de boca como quem não quer nada, sorriso fujão, sem rédeas, a insistência em conferir a maquiagem ou o caimento do vestido no espelho. É por isso que mulheres sempre vão ao banheiro juntas, não basta a opinião do espelho, tem que ter uma segunda opinião de uma amiga, tem que estar tudo perfeito.

Os homens, claro, também se exibem, suas camisas cada vez mais coladas para exibir as árduas horas que eles perdem na academia e cantam rodeando as mulheres, cantam não para ver quem é o mais afinado ou quem canta mais alto, o miado do homem são as palavras, o olhar, a mulher vai escolher quem é o mais engraçado, o mais inteligente, o mais educado, o mais interessante.
Nem sempre o mais forte. Ufa!
E a mulher assim como a gata vai fingir que nada está acontecendo, dando uma de difícil, "Obrigado, só vim para dançar" quem nunca ouviu ou disse isso?

Elas não querem escolher, querem ser mimadas. Talvez por isso muitos dos relacionamentos não deem certo, depois que o homem conquista a mulher ele desiste de mimá-la, esquece, se acomoda, acha que o trabalho já esta feito, acabado e mulheres sentem falta de serem conquistadas diariamente. É uma luta árdua.

Depois de uma semana os gatos se foram, porém, ainda não conseguia dormir. Agora era a vez de a minha gata miar. E miava o mais alto possível.
Acho que ela escolheu demais, ou demorou muito tempo para escolher.
O fato é que os gatos se foram e ela queria toda a atenção para ela de novo, por não saber o caminho a escolher, não escolheu nenhum, e ficou estática, não saiu do lugar, por isso miava com tanto desespero. Era tarde.
Parece autoajuda, mas é a verdade. Quando se deparar com dois caminhos esqueça qual é certo ou errado, escolha um objetivo e vá até o final. Pior do que escolher o caminho errado é não escolher nenhum.


Bento.

O Limão.

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O Limão É Mais Azedo Quando Esta Só.

Bento.

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quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Preferido do Sogro.

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"O que mais me dificultava nos relacionamentos adolescentes era a facilidade tremenda em

conquistar a mãe da mulher com quem desejava ficar. Conquistava a sogra, não a filha.
Surgia como o par ideal da família, nunca de quem gostava." Texto de Fabrício Carpinejar,
retirado de seu livro "Canalha!"

O que me levou a pensar enquanto corria os olhos por esse texto é que eu nunca fiz sucesso
nem com sogras, nem com sogros. A explicação é bem simples, nunca fui nerd, nunca sentei 
na primeira fileira de carteiras da sala de aula, nunca fui o melhor aluno, pelo contrário.
Só era o primeiro quando era para achar algum culpado da bagunça na sala, das carteiras e
cadeiras quebradas, das pichações nas paredes. Incrível como professores nunca erram,
eles sentem o cheiro da culpa, se não fossem professores poderiam ser detetives.
Agora imagine, grande parte dos meus futuros sogros e sogras numa reunião de Pais e Mestres,
ouvindo que eu era o pior aluno da escola, acusado até de ser "cabeça" de uma gangue escolar,
essa foi a palavra usada pela professora. "Cabeça". Eu tinha treze anos, nem cabeça eu tinha.
Por ser "Cabeça" dessa tal gangue os alunos não me "entregavam" por medo, por isso ainda
me mantinham na escola por falta de provas, assim como um criminoso. Ora, que pai iria gostar
de ter um meliante desses como futuro namorado ou esposo de suas adoráveis filhas.
Não vou negar, a maioria das "Adoráveis filhas" amavam isso, a impunidade adquirida por mim,
a sagacidade e ousadia que cometia meus "crimes escolares" deixavam-nas no mínimo curiosa
mas os pais...
Tudo bem, mesmo que a minha história ainda não fosse conhecida por alguns pais e mães tinham
outro, porém, eu sempre fumei e sempre bebi, sempre tive banda de rock, sempre falei palavrão
como se fosse um amém, e sempre preferi perder o amigo mas nunca a piada. Exemplo:

Um ser normal vai à casa da de uma futura namorada ou já atual, sentado na sala na companhia
do pai e da mãe da garota, a TV ligada na novela ou no Faustão, mãos suadas, nervosismo, o
sujeito louco para que aquilo acabe o mais rápido possível, a sogra em questão oferecendo toda
comida que dispõe na geladeira e na dispensa, fora o que ela ainda poderá cozinhar durante
o tempo que você está ali e o ser normal negando tudo com uma educação exagerada, dizendo
já estar devidamente alimentado. E é o mais correto a fazer, porque meu caro, se você aceitar
será o pior erro que você irá cometer na sua vida, se for algo gostoso até aí tudo bem você vai
saborear aquilo, porém, vão vir mais coisas e mais coisas. Agora se for algo ruim... Você jamais
vai dizer que não gostou, vai comer aquilo fingindo que esta ótimo, e a partir daí isso será o seu
prato favorito para sua sogra. Imagine todas as vezes que você visitá-la ter que comer a mesma
gororoba sem reclamar. Pesadelo. Nunca quis isso pra mim. E o sogro, ah o sogro. Se você torce
para o mesmo time de futebol que ele é até melhor, porém, ele vai discordar de toda e qualquer
opinião que você deixar escapar, se você disser que o Ronaldo é excelente ele vai dizer que o
Ronaldo está gordo e vice-versa. Se torcer pelo time rival amigo, corra, corra o mais rápido
possível, e se seu time esta melhor do que o dele, ou ganhou do rival na ultima rodada então
você estará fodido. Ele vai tentar te provocar e provar que o time dele é melhor que o seu o dia
inteiro, e você educado jamais discordará do sogro.

Um ser anormal, Eu: Jamais aceito comida, não antes da quinta visita quando eu já me senti
na liberdade de chamar a sogra pelo nome: Sogrona, ou Sogrinha dependendo da estatura.
E quando vejo que não tenho saída, que ela sabe que eu estou com uma fome de doer, depois de
passar o dia todo em sua casa e a desculpa do devidamente alimentado não irá funcionar eu logo
falo que não gosto e pronto. Na lata, não gostei. Ela vai insistir mais umas duas vezes e depois
desisti resmungando que eu não gosto de nada. Gosto da sua filha já é alguma coisa.
As piadinhas do sogro batem e voltam, lembram quando disse que perco o amigo, mas não a
piada? Tiro sarro da cara dele e ainda gargalho como uma comemoração da minha vitória
naquele round de sarro. Outro ponto é o fato de eu ser Corintiano convicto e nada me para
quando se trata de defender o escudo e a honra do meu time. O fato de eu torcer pelo Corinthians
tem dois lados da moeda, um lado é que a grande maioria de sogros são também corintiano
pelo tamanho e popularidade de nosso time, porém, quem não é Corinthians é anti-Corinthians,
é mais que um time rival, é uma pedra no sapato, é um inimigo, um terrorista afegão dentro de sua
própria casa e isso com certeza não me ajuda, ainda mais porque eu nunca perco um round e 
as chances de voltar para uma segunda reunião de família sem que o sogro saia da sala são
mínimas.

O estranho é que meu último sogro até que gostava de mim eu acho, pelo fato de sermos bem
parecidos em algumas coisas. Ele gostava de tomar uns tragos e chegar em casa sem saber
bem como chegou, ouvia MPB na maior parte do tempo e cantava junto com rádio assim como
eu, além de fazer batuque no ritmo descompassado de qualquer musica, de origem pobre que
venceu na vida, talvez houvesse uma certa identificação entre nós dois, nunca soube que falou
nada a favor de mim, mas também nada contra. É incrível que para alguns pais todo menino pobre
mesmo que trabalhador é vagabundo. Acho que ele não tinha esse preconceito.
A minha sogra. Bem, a minha última sogra gritava aos quatro cantos que me amava, porém, falava
mal de mim pelas costas em qualquer oportunidade. É certo que me defendia em algumas brigas
de casal, mas acho que ela teve um pouco de responsabilidade pelo término do relacionamento
e seus salgados eram maravilhosos, de verdade. Nisso eu dei sorte, não precisei fingir, matei muita
larica com eles.

O mundo não é nada fácil mesmo, além de você ter que lidar com todas as variações de humor
e ter que aprender todos os truques para agradar as mulheres, o que nunca vai acontecer, você
ainda tem que aprender à lidar com os sogros, nesse caso eu não me esforço não. O que tiver
que ser será. Não agrado nem minha própria mãe, quanto mais mãe dos outros.

Bento.


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terça-feira, 27 de julho de 2010

Casamento.

Casamento é como dormir com minha camiseta velha do Jimi Hendrix.


É dormir e acordar grudado com alguém insubstituível.

domingo, 25 de julho de 2010

Abra Meus Olhos

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Eu sou um romântico clássico, daqueles de filme de época.

A cada punhalada do amor, eu o desejo ainda mais.
Penso que o amor é como Deus, ou Deus é como o amor, quanto mais sofremos
mais nos apegamos a ele. Quanto mais morremos, mais nos ligamos a ele, procuramos ainda
mais o mapa da mina para encontrá-lo, como uma caixa de pandora. Sabemos que ao procurá-lo
poderemos sofrer, e encontrar algo ruim que irá nos decepcionar, mas continuamos buscando.

Por isso quero encontrar algo que abra meus olhos.
Abra meus olhos para que veja que o mundo nem sempre é azul, mas que o amarelo, o verde,
o vermelho, o lilás podem fazer bem também.
Quero que abra meus olhos para que veja que a imperfeição é uma das melhores qualidades
que poderei encontrar.
Quero que abra meus olhos para que possa aceitar que eu nunca serei
perfeito, e quando ver isso estarei muito mais próximo da perfeição.
Mas abra meus olhos para que nunca deixe de buscar a perfeição.

Abra meus olhos e mostre que os males vem e vão, e o que sobra é o aprendizado, a sabedoria.
Ora, abra meus olhos e mostre que pode me fazer feliz até num dia nublado, mas não quero que pense
que tenha que me provar nada, não se cobre por isso. Faça isso inconscientemente.

Abra meus olhos, e me faça perder a fala, esquecer as palavras quando me for perguntado sobre sua importância em minha vida.
Abra meus olhos e me faça perder a noção do tempo, a noção dos dias, a noção da vida.

Faça-me esquecer por que vim, porque nasci e para onde vou. Mas não me faça esquecer
o exato momento em que me apaixonei. Nem o dia, nem as horas, nem o segundo, nem o instante.

Abra meus olhos, e me faça feliz, mas nunca me deixe esquecer como é a sensação de ser infeliz, pois se esquecer, isso me levará a me acomodar. E prometa que nunca me deixará acomodar.
Abra meus olhos e me mostre que tudo é passível de perda, inclusive você. Mostre-me que
eu terei que te conquistar a cada dia. Sem descanso e vice-versa.
Abra meus olhos e mostre-me que não vou te conquistar pelo que tenho, e sim pelo que te dou. Com sinceridade.
Abra meus olhos e me faça enxergar-te. Ver você, notar você, te dar atenção.
Abra meus olhos e me faça entender que brigas existem para o bem e não para o mal.
Abra meus olhos e me faça entender que o ideal é que eu tente ser melhor que você, pois, sei que
você tentará ser melhor do que eu, assim estaremos sempre evoluindo, teremos sempre o
nosso melhor.
Abra meus olhos e me faça entender que temos que nos nivelar por cima, nunca por baixo.
Abra meus olhos e me faça importar-se com a política, com os animais, com o planeta, com o próximo
assim nunca me tornarei egoísta.
Abra os meus olhos, mas mantenha os seus também abertos para ver que estarei sempre aqui me esforçando para que me note.

Bento.


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sexta-feira, 23 de julho de 2010

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BENTO

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É verdade eu morri.
Fui expelido do meu próprio corpo.
Fiquei sem moradia e, fiquei ali ao lado, como a me olhar no espelho, sem ter o reflexo me olhando de volta.
Acompanhei o encontro do defunto ali, largado no chão, o desespero por ajuda, a procura do primeiro telefone a chamar o S.O.S. A chegada dos enfermeiros delivery, sua luta para reviver-me. Assistia tudo como em câmera lenta, em slow-motion, como um replay, um tira-teima.

A massagem cardíaca de inicio compassada como um percussionista, depois levado ao desespero com golpes fortes, quase uma surra. Uma surra real. Nada.
O rosto do enfermeiro-motorista no último golpe, revelando a falta de esperança me trouxe ao que eu já sabia. As pessoas em volta começaram a chorar, soluços, gritos, berros, abraços, desespero. Até os cachorros percebiam o final e uivavam, não sei se tristeza ou em homenagem póstuma. O lençol branco jogado em cima do meu corpo tapou minha visão, já não me olhava no espelho.
Olhei em volta e via que algumas pessoas não choravam, não que não sentissem a dor do fim, mas se reconfortavam no fim do sofrimento. Eu queria sair dali e ir para o primeiro bar que encontrasse, mas não abandonaria meu corpo, não agora, nessa última vez. Chega de abandono.
Vi o saco preto na mão do enfermeiro, dobrado, prestes a engolir meu corpo, a maca. Literalmente fui para o saco, me levaram para a ambulância, fui junto, ali ao lado, minha mão sobreposta ao meu próprio peito por cima do tecido preto, assim sem sirene, com um silêncio fúnebre, o motorista já não tinha mais pressa.

Acompanhei o velório. Meu corpo colocado dentro daquela caixa horrível de madeira, me senti o próprio Drácula em seu sono diurno. Sempre disse brincando quando vivo, que não queria ninguém chorando em minha morte, mas sim fazendo festa, sempre preferi festas, sempre odiei velórios e enterros, gostaria que o meu fosse diferente. Porém as pessoas não conseguem fazer festa nesta hora, é muita dor, dor que fica, eterna. Dor do nunca mais, dor da última vez.
As pessoas passando ao lado do caixão e logo faziam o sinal da cruz como um cacoete, um TOC. Família, amigos, conhecidos, desconhecidos, amantes. Eu esperava uma visita em especial, como uma última visita, um adeus final, mas não. A causa da minha morte não veio, talvez por pena, por culpa, por receio de ser apontada e acusada. FOI VOCÊ! Talvez porque não desse a mínima.
As crianças sendo poupadas da visão para evitar os pesadelos noturnos, ou para guardar uma última imagem agradável. Alguns adultos se poupavam de ver pelos mesmos motivos.

Seguimos então para o enterro, a fila de carros era maior do que eu esperava. Andei de ônibus a minha vida inteira, ali tinham carros para um mês todo, sem repetir nenhum, eu ainda ao meu lado, a caixa agora estava selada, com duas bandeiras cobrindo-me, uma do meu estado, outra do meu time do coração, como um cobertor a me agasalhar.
A terra do cemitério com seu barulho peculiar ao arrastar dos sapatos, curioso como o cheiro de cemitério não se compara a nenhum outro, mesmo se não houvesse cruz, nem covas, ainda assim saberíamos que estávamos num cemitério só pelo cheiro e silêncio, o vento do cemitério não é o mesmo vento dos bosques, das hortas, das praias, é um vento penoso.

Ouviam-se orações baixinhas, como jogador cantando o hino nacional numa competição internacional, só se via a oração pelos lábios mexendo de longe. Choro, ainda choro.
Sempre quis uma música nesse último momento, vi a chegada de um violão, muitos se abraçavam, outros de costas, não queriam ver, outros ajoelhados, outros cochichavam. Os amigos mais fiéis fumavam de desespero e homenagem, até os que não tinham o vício fumavam em homenagem.
O primeiro acorde deu vida a música, logo, alguns deram mais ênfase ao choro por se tratar da música que eu mais me identificava e que as pessoas me identificava também na canção. Eu já aquecendo a voz para cantar na frente daquela plateia toda, como costumava fazer, mas ninguém poderia me ouvir, lembrei.
Mesmo assim cantei:

Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele que teu olhar flor na janela me faz morrer
Ando tão à flor da pele que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele que a minha pele tem o fogo do juízo final

Alguns cantavam baixinho como a oração, outros cantavam alto, desafinados como um desabafo, com raiva, perguntando por quê? Por que agora, tão cedo? Alguns batiam palmas ritmando a canção, o canto para minha morte. E eu ali ao meu próprio lado percebi que não tinha cigarros. Mas que hora para ficar sem cigarros, hein? Percebi que ninguém me ouviria dizer: Ei! Alguém tem um careta aí? Contentei-me com a canção.

Avistava até alguns inimigos, mais afastados talvez com medo de serem delatados inimigos. VOCÊ NÃO GOSTAVA DELE! Foi quando vi que até os inimigos me respeitavam, vieram prestar a homenagem, inimigos também se respeitam. Às vezes até mais que os amigos.

Um barco sem porto, sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto, cão sem dono, menino bandido
Às vezes me preserva noutras... Suicídio.

A maioria das pessoas não cantaram a última palavra, medo? Havia a possibilidade, ninguém queria acreditar ou aceitar, mas havia.

Fim da canção, último acorde tocado com um cuidado exagerado, uma lentidão exagerada como um "Continua", como um "aguarde cenas do próximo capítulo". Curioso que eu chorão do jeito que sou não tinha derrubado sequer uma lágrima, seria eu incapaz de chorar por mim mesmo? Seria egoísmo? Logo eu que chorava até em episódio do Chaves, não choraria em meu próprio enterro? E eu ali do meu lado, só não de mãos dadas pela impossibilidade que a caixa de madeira teimava em me impor.
Vi que acima das bandeiras colocadas com cuidado em cima da caixa havia algumas fotos minhas com algumas pessoas que estavam ali presentes, mas uma ou duas delas tinha a presença da tal visita que nunca chegara, foi quando derramei a primeira lágrima, agora era tarde!
Eu seria enterrado, jogariam terra em mim, e só teria a companhia dos vermes, minhocas, e outros habitantes insetos a me beijar. Agora era tarde demais, 45 minutos do segundo tempo, sem acréscimos, final de campeonato, meu último campeonato, e eu, com certeza não era o vencedor, não levantaria o troféu. Não era o capitão de minha própria vida ou morte. E a visita não chegaria. O choro, a coroa de flores, as bandeiras, a canção, trocaria tudo por uma última visão, uma última imagem, queria ver se haveriam lágrimas em seus olhos, não foi possível, me enterraram. A luz do sol já não era visível, mesmo o fato de eu não ser enterrado junto com meu corpo, ainda assim me faltava luz, já não via mais sol, nem lua. Sempre gostei da noite, mas isso era um exagero, gosto também do sol, mas ele nunca mais foi o mesmo. Morto, igual ao meu corpo.

Algum tempo depois...

Digamos que renasci, não sou Jesus, calma. Aquele meu antigo corpo está e sempre estará enterrado. Ganhei um novo, totalmente diferente, com defeitos novos, os antigos deixei para trás, não quero morrer de novo, apesar de saber que será inevitável, vou tentar evitar com unhas e dentes.
Renasci uma pessoa diferente, o mesmo rosto, os mesmo documentos, mesmos familiares, alguns amigos novos, alguns antigos amigos se foram com minha morte, foi muito para eles, inimigos que se tornaram amigos e vice-versa. Sem esse clichê de que agora estou mais forte, sou tão mortal como fui antes de morrer, sou apenas diferente.

Aquela visita que eu tanto esperava, nem agora depois de vivo tive, no entanto, acho que é melhor mesmo, afinal, pode ser que ela me leve à morrer de novo.
Percebi uma coisa também, depois de me ver enterrado, todas as pessoas foram embora, continuaram com suas vidas. Algumas lembrando de tempos em tempos, outras só na data de minha morte ou na data do meu nascimento, outras nem lembravam mais. Mas percebi que continuaram com suas vidas, justo!

Mas fiquei ali pensando... E tive muito tempo para isso.
Percebi que o único a estar ali, perto, ao lado, de mãos dadas o tempo todo era eu. Como sempre foi.



Bento.

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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Quando eu olho para o Nada!

Quando eu olho para o nada, eu penso no passado.

Quando eu olho para alguém eu penso no futuro.
Quando me olho no espelho eu penso no presente.
Mas acho que o olhar mais importante é quando olho para a Lua.
Isso me faz pensar que mesmo que eu esteja no pior inferno astral do mundo ainda há algo belo que eu possa me apoiar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dr. Valadares

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Doutor Valadares é escritor e psicólogo, mais de 40 anos de experiência na área.
Noites mal dormida, consumo excessivo de álcool, a vida perdeu a forma e as cores, impaciência,
revolta, solidão, intolerância, está insociável?

Síndrome do amor perdido. Síndrome da culpa, do medo, da incapacidade.

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Cafajeste por culpa do destino e não por opção. Por Dr. Valadares.

Aquele seu vizinho, colega de faculdade, de trabalho, amigo, conhecido, que você
vê sempre feliz, atencioso, bem humorado, sempre tem uma novidade interessante para lhe contar,
o ultimo filme que assistiu, o bar novo que conheceu no fim de semana, o resultado do jogo de seu
time favorito, etc, etc, etc.
O cara é adorável, sociável, você até tentaria algo com ele... Se ele não tivesse namorada.
Isso mesmo, toda namorada de Homens com uma personalidade pelo menos próxima ao que citei
acima são consideradas "Bruxas", por outras mulheres. Isso é um sintoma de: "Ele é bom demais
para ela". Seria isso inveja de mulher?!

Mas de repente esse cara aparece na sua frente, pálido, semi-morto, sem novidades, sem fala, sem
sorriso, mal humorado, é o próprio zumbi em pessoa. Fala somente o necessário, mal dá bom dia.
Aquele olhar contagiante de outros tempos se torna fundo, sem brilho à olhar pro vazio, cabeça baixa.
A auto-estima dele está tão baixa quanto a de um time de futebol recém rebaixado. Há testemunhas que
juram ter presenciado uma ou mais vezes esse sujeito chorando escondido no banheiro ou em algum
canto escuro, aquele choro de dor, não física, mas psicológica, como uma criança que acaba de tomar
uma bronca, ou à ficar de castigo. Choro de criança perdida dos pais no shopping ou no hipermercado.

Ele foi deixado, escorraçado, tomou o famoso "Pé na Bunda" daquela que você chamava de Bruxa.
Aí é quando você pensa que essa é uma ótima oportunidade de ter aquele antigo homem para você,
só para você. Todas aquelas qualidades que você adorava nele disponíveis não só de segunda à sexta
mas também naquele domingo chuvoso, entre quatro paredes debaixo do cobertor, e poder fazer
parte de todas aquelas novidades que ele contava, presenciar com ele a estréia daquele filme
faladíssimo com aquele casal de atores da ultima moda, aproveitar com ele aquela balada novíssima
que está todo mundo frequentando. Você quer ser a musa daquelas novidades que ele contava
com uma ênfase ímpar. E vai fazer de tudo para que isso aconteça. Vai deixar o orgulho de lado e vai partir
pra cima, afinal você não pode deixar esse genro que toda mãe pediu a Deus escapar por entre seus
dedos, não, isso não. Vai agarrá-lo com unhas e dentes.

Primeiro, vai se aproximar sorrateiramente, assim como quem não quer nada à não ser o bem do próximo,
vai dar uma de amiga apenas querendo que ele "sobreviva" por essa tempestade, e vai querer mostrar-lhe
que existem pessoas à sua volta que podem dar o valor que ele merece, e por dentro estará dizendo:
Olha eu aqui, na sua frente. Abra os olhos! Segundo, irá convida-lo para saírem juntos.

Querida, sinto lhe informar, mas você esta prestes a cair do cavalo, prestes a ser uma ferramenta para
que ele em sua loucura, desespero por conseguir o tão desejado "esquecimento", vai usá-la, sem
que isso seja controlado por ele, ele não quer isso, mas é uma questão de sobrevivência. Ele precisa
disso, vai até se enganar achando que você poderá fazê-lo esquecer do antigo amor, mas isso não vai
acontecer. Pelo contrário, ele vai cada vez mais lembrar do passado, vai beija-la e lembrar daquela
antiga boca, vai vê-la nua e vai lembrar daquela antiga nudez, vai ganhar seu carinho e lembrar do antigo,
vai causar o seu sorriso e lembrar como o antigo sorriso era tão mais sincero, tão mais belo, tão mais
prazeroso para ele. Então ele verá que VOCÊ, ao invez de ajuda-lo esta atrapalhando, piorando
as coisas e irá deixa-la na primeira oportunidade.

Pronto! Agora você que era fã numero 1 desse cara vai gritar aos quatro cantos do mundo que ele é
um cafajeste, que ele te iludiu, te enganou, que te usou. mas no fundo foi você quem fez tudo isso.
Calma, não estou culpando vocês mulheres, afinal, todos temos carência e 10 entre 10 mulheres
querem achar seu par perfeito. Porque o par da vizinha é tão melhor que o seu? Você foi vitima do velho
ditado da grama verde do vizinho.
Nenhum dos dois tem culpa, muito menos o Cara. Pense nele como uma vitima de outra mulher, ele
foi abandonado, ele é nada mais que um refém de um sentimento perdido. Refém da culpa, do arrependimento,
refém daquele "O que eu poderia ter feito de diferente?". Ele esta perdido, morto sentimentalmente.

Ele não consegue nem amar a si próprio, como poderá ama-la?! Ele se estraga em qualquer
oportunidade, como poderá dar valor à você?! Quer um conselho de homem? Se afaste, corra quando
ele chegar, se puder pessa demissão do trabalho, troque o turno da faculdade, mude de casa. Jamais
fale com ele, porque as chances de você parecer um remédio para a dor da alma dele é grande e ele
vai conquistá-la. Pense... A vida dele depende disso, é o que ele acha, e não é verdade que conseguimos
qualquer coisa quando nossas vidas dependem disso?

Ele vai te usar para mostrar para ex que esta bem e que consegue viver sem ela, e você é mais uma
vitima daquela "Bruxa", ele engana você, engana ele, menos a ex, pois depois de te deixar em casa
depois daquela balada que fizeram juntos ele volta para o quarto à morrer de chorar e enche a
caixa de e-mails dela com juras de amor eterno, e se humilhando pedindo para voltar.
Mas se serve de consolo, você não é a única, há mais de uma dúzia de mulheres sendo usadas pelo
mesmo individuo e a fila só irá aumentar. Um homem desses é um tornado que vai destruir e causar
sofrimento por onde quer que passe, a vida dele é uma bagunça só e qualquer pessoa que entrar no
seu caminho irá sair tão bagunçada quanto ele. Esse é o Cafajeste por culpa do destino, ele não pediu,
ele não quer fazer isso, ele odeia a si próprio por isso, mas esta perdido procurando se achar.

Dr. Valadares.

NOta Do Bento: Cuidado homens, mulheres cafajestes também existem.
 
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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Nem Vou Reclamar.

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Nem Vou Reclamar.
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Eu estava aqui zapeando numa solidão sinistra, eu e o controle remoto.
Ambos com um tédio só, eu querendo achar algo interessante para assistir e o controle
de saco cheio eu imagino, por estar sendo apertado por mim a pelo menos cinco minutos
sem parar.

Desisti e dei descanso ao nosso amigo criador da apologia ao sedentarismo. Mas enfim, vamos
direto ao assunto, parei de mudar de canal num noticiário, numa reportagem sobre internet, e os
mesmos argumentos de sempre, que a internet é um meio público e por isso perigoso, onde nossa
privacidade é invadida todo tempo e não há nenhuma lei para conter essa anarquia toda.

Alguns depoimentos de modelos e atrizes dando testemunhos sobre como sua imagem foram parar
em sites pornôs e como os proprietários desses sites faziam montagens usando seus rostos com
corpos de atrizes de filmes pornográficos dando a ilusão de que eram elas que à estar nuas.

Geralmente o tédio me faz imaginar e refletir sobre coisas totalmente sem importância e idiotas.

Dessa vez não foi de maneira alguma diferente, logo me peguei pensando em como seria se minhas
fotos fossem roubadas de meus sites de relacionamentos? Orkut, Facebook, etc, etc.
Imaginei-me no lugar dessas mulheres, meu rosto utilizado nessas montagens
com o corpo de outra pessoa, outro homem, teríamos então o rosto do Bento com o corpo de um
ator pornô malhado, aquele bronze típico de Go-Go Boy brasileiro com um membro de 30cm.

Tudo bem, tamanho não é documento e eu não estou reclamando de nada, mas a primeira impressão
é a que fica e a imagem é a alma do negócio. Por tanto, se um dia cometerem essa calunia comigo
eu nem vou reclamar. Na verdade vou usar o "Copiar" e colocar no meu álbum do orkut.
 
 
 
Bento

 
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segunda-feira, 12 de julho de 2010

VILÃO X MOCINHO

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A cada gole, a cada decepção, a cada novidade, é um passo a mais para o nada, o não sei o quê, do inicio ao fim. Às vezes acho que vou sobreviver, às vezes acho que o fim será breve, acordo e acho que estou melhor, o mais distante possível, como aquela boa e velha luz no fim do túnel. Às vezes acho que não tem escapatória, que foi um espelho que quebrei e terei que pagar durante 7 anos ou mais... O cigarro me mata, o álcool me mata e daí? Foda-se! Tudo me mata, dormir me mata, acordar me mata, pensar me mata, viver me mata, a cada ano que passa a vida me mata aos poucos.

Me liberto a cada gole é verdade, mas na ressaca, volta a assombração, como num filme de terror, que quando você menos espera esta lá, o vulto, o fantasma, o zumbi à me assustar e sugar minha alma, só não sei o final desse filme.

Definitivamente não sou o mocinho, longe, bem longe disso. E os finais dos filmes nunca são bons para os “não-mocinhos”.


Definitivamente quero terminar esse filme vivo, como qualquer pessoa em sã consciência, porém minha loucura e sanidade são duas coisas que não caminham juntas, elas não se dão muito bem, estão sempre separadas, quando uma está a habitar meu corpo a outra foge para algum lugar talvez na 3°, 4° ou 5° dimensão.
Algum outro lugar inabitável pra mim ou qualquer parte de meu corpo ou minha alma.

O álcool. O álcool me deixa zen, em transe, por algumas horas... Às vezes esse transe vem sem mesmo o consumo dele, é quando a loucura esta me possuindo. Ah mas a sanidade é tão lúcida e tão mortal, tão sincera. Tão sincera. E ela grita, grita e me acorda, me traz de novo para o mundo real, esse mundo onde não há sonhos, não há perdão, não há esperança, um mundo frio, calculista, onde todas as pessoas competem com as outras, e um tenta comer o outro. E não estou falando de sexo.
É o mundo animal. O mundo real.
A cada decepção.

As correntes existem, elas estão aqui por algum motivo que ainda não descobri, mas elas não deveriam estar aqui. Elas deveriam depois de tanto tempo e, eu sinto que já faz uma eternidade, traduzindo, bilhões e bilhões de anos, é o que me parece, sumir, mas elas não se corroem, elas não evaporam, são feitas talvez de algum material não corrosivo com o tempo, não reciclável, são feitas de um material especial, 50% castigo, 40% punição, 10% culpa.

A minha criptonita.

Mas não pense que eu sou algum Super Homem, longe, bem longe disso. Fato!
Mas que isso não é normal, não é. E olha que eu geralmente gosto do anormal, mas isso já é demais e quando a pimenta é no nosso anus, as coisas ficam bem diferentes. Então os dias passam, e essa bipolaridade que se tornou minha “nada mole vida”, continua a me assombrar, sou como uma estrela de Hollywood de 3° categoria num filme de terror bem trash, isso quer dizer que as coisas não vão acabar bem para mim, provavelmente nesse filme, ou eu sou encontrado morto logo na primeira cena, ou vou ser acusado de ser o assassino, ou algum mocinho vai me matar, ou seja, vou morrer de qualquer forma.

Ó conhaque, venha me salvar, assim gritando, "pelas forças do Dreher eu sou o Bento". Não! Está errado.

Esse é o He-Man e, eu não tenho nenhuma vocação para mocinho, esqueceu?

Não. Eu não sou certinho, engomado, eu fumo, eu bebo, eu falo palavrão, eu erro, eu não trato todas as pessoas bem, apesar de me esforçar para isso e, como todo mocinho que se preze haverá de tender para a falsidade e eu não sei ser falso, eu sou sincero demais e isso é coisa de vilão. Sabe aquele que esta prestes a matar o mocinho e conta todo o seu plano mortal? Pois é, ai o mocinho se liberta e atrapalha tudo. O mocinho é o meu destino, eu sou o vilão, que no final, ou morre, ou fica louco, ou etc., etc. e etc. O Mocinho jamais, J A M A I S, buscaria alívio à sua alma numa garrafa de aguardente composta com gengibre.

Não! O Mocinho tem mais classe, o mocinho toma Danone, veste calça de moletom (eca), usa chinelo com meia, “tipo certinho mesmo”.
O mocinho na verdade é um semi-gay, algo ilusório, não existe, porque ninguém é mocinho todo tempo e aquele que se diz com tal qualidade é um sujeito falso, com máscara, e as máscaras caem, mas nem sempre à vista de quem importa. Ora, mas eu sou só um relés mortal, semi-alcoólatra, semi-feliz, semi, semi, semi, quem sou eu?

Quem sou eu para falar e julgar um bom e velho mocinho?
Mas não se engane, não estamos falando de mocinhos da "Malhação", esses são raros. Bonitos, charmosos, inteligentes, espertos, e com alguma causa social por trás.

Não! Os mocinhos atuais são feios, sem estilo, lerdos, tímidos, incapazes, pobres coitados que se aproveitam da fragilidade das mocinhas cansadas de procurar e não encontrarem perfeição nos vilões. E os mocinhos invejam os semi-alcoólatras, os semi-felizes, os semi, semi, semi, semi.

Mocinhos na verdade são um saco, eles fazem escotismo, são estudiosos.

Vilões são autodidatas.
Vilões tem um talento, um dom.
Vilão nasce vilão, é uma exceção, não uma regra.

Mocinhos são regras.

Ou se fazem de regras, mocinhos são semi-gays, já disse isso?
Nada contra gays, tiro o chapéu para os gays, gays são corajosos, eles tem coragem de se assumirem gays numa sociedade totalmente preconceituosa, mas os mocinhos não. Mocinhos são apaixonados pelos vilões, eles só não admitem, mas são fãs de vilões, invejam os vilões.

Mocinhos queriam ser vilões, mas não podem, não sabem, não nasceram vilões, nasceram semi-gays, que para serem gays basta saírem do armário.
Vilões não tem armário, vilões tem passado, o que é bem pior.

O passado nos condena, somos condenados pelos erros que cometemos. Mocinhos não erram, eles já nasceram errados.

A diferença do mocinho para o vilão é que o vilão não faz questão nenhuma de esconder seus erros, ou acertos, aliás, faz até bem para o ego deles, na verdade na verdade, vilões não precisam esconder, sempre tem um mocinho pronto a apontar o dedo, julgar e contar algum defeito ou erros de trajetória do vilão.

Já o mocinho tem muitos esqueletos no armário e você vai se perguntar por que os vilões não fazem o mesmo e desenterram os esqueletos dos mocinhos? Ah isso é fácil, porque vilões tem muitas coisas para se preocupar, muitos planos mirabolantes, muitos nomes para guardar, não temos tempo de julgar ou cuidar da vida alheia, um vilão nunca é dedo-duro.
Resumindo, Veríssimo falou sobre “A Pessoa Errada”, vilões são sempre a pessoa errada, as mocinhas só não enxergam isso, os mocinhos dificilmente sabem quem é Veríssimo.

Mocinhos seguem moda, vilões fazem moda.

Mocinhos mentem. Vilãos também, claro, mas vilões contam aquela "mentirinha" que toda mulher gosta de ouvir, mocinhos tentam fazer igual todo o tempo, por isso mentem sempre, o que os tornam...

Ora, qualquer pessoa que me conhece tempo suficiente sabe, que sou um bom e velho vilão, um vilão clássico, que jamais serei, nem quero, nem gostaria de ser mocinho, me sinto bem sendo vilão. O que não gosto é ser confundido com mocinho, porque falso nunca fui, inveja, nunca tive, muito pelo contrário, sou alvo dela.

O que me chateia é a cegueira, pobre cegueira das mocinhas, que às vezes, na maioria das vezes tem vilões como amantes, e mocinhos como maridos, vilões como amor eterno, mas mocinhos como “idiotasmediocres” como pai de seus filhos.

Mocinhos na verdade não servem pra porra nenhuma.

Mocinhos são a escoria da sociedade, o planalto, a câmara do senado, dos deputados, os presídios, os direitos humanos, estão cheios, lotados eu diria de mocinhos, mas só os vilões são eternos. Amores eternos. Amantes eternos, acredite!
Se você acredita em paraíso, o paraíso esta cheio de vilões.
Mocinhos vão para o inferno.

Bento.

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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Non Dvcor Dvco.

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Minha homenagem à minha mãe, minha amiga, minha psicanalista, minha amante...
A Cidade de São Paulo, pelo 9 de julho, a Revolução de 32. E a todos aqueles que brigaram bravamente pelos seus ideais.

Mario de Andrade.

Quando eu morrer quero ficar
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.

Pra quem não conhece a história veja: http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Constitucionalista_de_1932

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quinta-feira, 8 de julho de 2010

O time é bom, o que MATA é o Goleiro!

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Imaginem Manoel sentado em seu sofa na sala, enquanto Maria prepara o almoço, assistindo à partidade Porto x Benfica.
Manoel torcendo para o Porto, com a camisa de seu time, do titúlo nacional de 1963 AUTOGRAFADA, o jogo está empatado, Manoel sofrendo e cobrando Maria pelo almoço e para trazer mais uma cerveja.

No intervalo do jogo, após os comercias aparece o ancora do jornal local para anunciar as últimas notícias. O Ancora com seu terno impecável, seu rosto sóbrio começa a dizer: Últimas notícias, Goleiro de time brasileiro é preso após mandar matar sua amante, com a qual tem um filho recém nascido.
O motivo do crime seria porque o goleiro não concordava com o pagamento da pensão alimenticia exigida pela mãe de aproximadamente 10 mil reias. Conforme fonte o goleiro teria um salário de 200 mil Reias no clube brasileiro onde era titular e capitão, e no final do ano se transferiria para o Milan (Itália). Mais detalhes sobre o caso em nosso telejornal. Boa Tarde.

Então Manoel: Ora pois Maria, veja só, depois eles dizem que porrrrtuguês é que és Burrrrrro.


Bento.


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segunda-feira, 5 de julho de 2010

PRIORIDADES



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Hoje, passando os olhos sobre alguns textos de Veríssimo algo me motivou a escrever.
Ele falava sobre prazeres, e sobre como as preferências, ou prioridades mudam com o passar do tempo. Ou da vida. Ele dizia: Que quando criança a melhor coisa do mundo, aquilo que é mais importante em nossas vidas é a mãe. Nossa mãe. Como ela sabe exatamente o que queremos apenas por um choro nosso.
Aí é quando eu tomo partido e digo que um pouco mais crescido o mais importante é o natal, e o presente que "pedimos ao papai Noel", aquele brinquedo que vimos no comercial ou que algum vizinho tem e você deseja mais do que tudo ter igual, ou aquele desenho que você assiste religiosamente todos os dias.

Agora um pouco mais crescido, volto a "plagiar" Veríssimo, quando diz: Bom mesmo é acordar na segunda feira com febre para não precisar ir à escola, acordar de manhã cedinho, tomar banho naquele frio, muitas vezes quando ainda está escuro. Meu Deus e quando não tem lição de casa então... Ufa. É como ganhar na loteria.

Mais crescido ainda, você com certeza dirá que a melhor coisa do mundo, aquilo que você daria a sua curta vida em troca, seria um beijo daquela garota da escola, da sua sala, linda, a própria encarnação de um anjo, feita exatamente sobmedida para você. Só um beijo, ou melhor... Milhões deles.
Aí você reza para chegar segunda-feira logo, e sem febre para poder vê-la novamente, nem liga para lição de casa, você não tem mais cabeça para isso, sua prioridade agora é fazê-la te notar. Aquele desenho animado então? Não tem a menor graça, você esta crescendo e as prioridades mudando.

Alguns anos depois mudamos novamente. Você deve estar com 15 ou 16 anos, e achou-se apaixonado uma dúzia de vezes, mas nessa hora não queremos mais saber disso, a prioridade agora é SEXO! Você não pensa em outra coisa, respira sexo, sonha com sexo, daria sua vida duas vezes por sexo, para deixar de ser virgem, mas isso você guarda para si, porque para os seus amigos você já disse que não é mais virgem há anos, VOCÊ VIRGEM? Imagina!!! Nunca! E melhor, você já fez sexo muitas vezes com uma porção de garotas diferentes. Isso é o que você conta, contar vantagem nessa época da vida é mais que necessário, é questão de sobrevivência. Mas o fato é que você não consegue mentir para seus hormônios, e eles exigem que faça alguma coisa para saciá-los, ou as consequências podem ser trágicas, sonhos eróticos até com primas, ereções com catálogos de lingerie, e outras coisas que só os adolescentes conseguem pensar e nessa hora ou você deseja uma garota que tire esse peso de suas costas, ou você pagaria com todo o dinheiro que não tem para que pudesse ter 18 anos o mais rápido possível para poder pagar por SEXO!

Bom, chegamos aos 18 anos, e você já fez sexo, isso ainda é a coisa mais importante do U.N.I.V.E.R.S.O e você com sua cabeça de adolescente, agora maior de idade, exige e necessita de mais SEXO. Para isso você precisa de um carro, ah, mas como seria de grande, eu diria, imensa ajuda, um carro para que você pudesse ter ainda mais SEXO. E você vai trabalhar, não importa do quê, fazendo qualquer coisa, porque você só quer aquele salário no fim do mês para poder comprar o dito carro, quatro rodas, impermeável, vidros escuros, conforto e claro, um som razoável para ouvir uma boa música e elevar o clima para: O SEXO! E você daria a vida centenas de vezes e cortaria seus dois braços para tê-lo.

Agora você é adulto, e como tal, preza por respeito, diversão, status, estabilidade financeira para poder comprar aqueles brinquedinhos "de adulto" como: Um Carro. No entanto, não pode ser qualquer carro, tem que ser O CARRO. Claro que tudo isso fica para trás quando você encontra um amor. E esse amor não é mais como aquele da garota que você encontrou anos atrás. Não.
Esse amor é intenso, é maior que tudo, é viciante. Você fica dependente como uma droga, você precisa daquilo e quanto mais tem, mais quer. E você fará de tudo para ter. Esquece carro, dinheiro, status, a não ser que isso te ajude a conquistar esse amor, é quando você vira um idiota, um tonto, você faz coisas que jamais faria em sã consciência, mas você não está, você está AMANDO.

Nessa hora, isso é só o que importa, é a sua prioridade e nada mais, diferentemente do que você sentia quando mais novo sobre uma garota, só beijos não são suficientes. Você quer possuí-la, literalmente colocar o seu nome, chamar de sua, ter filhos, morar debaixo do mesmo teto, dormir e acordar juntos. Quer protegê-la de tudo e de todos, mas o mais importante, você quer fazê-la feliz. Tudo bem, ainda acha que para isso ser ainda mais perfeito tem que haver um bom SEXO.


A moral disso é que tudo na vida passa. Nada, nem mesmo sexo é eterno. E suas prioridades mudam.

Às vezes quando perdemos algo ou alguém, ou não conseguimos ter o que queremos, achamos que nossas vidas vão acabar e, que não somos dignos do ar que respiramos por que, se não tem aquilo para que viver? Todavia,  o que mais importa para você hoje pode ser apenas um "desenho animado" chato e sem graça amanhã. E que a cada dia acordamos para algo novo, onde damos de cara com varias novas prioridades, basta prestarmos atenção. Abrir os olhos. Enxergar. Quando menos esperar, novas prioridades apareceram. Acredite.



Bento.


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