terça-feira, 17 de agosto de 2010

NAVALHA

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Ora por que choras? Nunca quis que chorasse quando próximo, por que gostaria agora?

O fato de não estar presente não quer dizer que não estarei do seu lado.
O fato de não contar mais piadas não quer dizer que não arrancarei mais sorrisos.
O fato de não ouvir mais minha voz não é motivo para achar que não aprenderás mais comigo.
E o fato de não me ouvir mais cantar não quer dizer que deixarei de sussurrar em seu ouvido.

Não é porque não me vê mais que deixarei de atrair teus olhos.
És o meu cheiro que sentirás em qualquer outra camisa masculina, mesmo que não a minha.
A minha gargalhada estará em qualquer mesa de bar vizinha, mesmo que não a minha.
E qualquer corte de cabelo ou hábitos iguais aos meus será eu na essência mesmo que não seja eu.
E sempre que ouvir nome igual ao meu logo ligará ao meu rosto.

Os beijos parecidos com o meu te trará revolta pela falta de liberdade e de desprendimento de minha alma.
E os beijos diferentes do meu te trará revolta pela comparação inevitável.
E tentar procurar pessoas com o tipo físico diferente do meu só te trará decepção, pois, na personalidade todos têm um pouco do meu eu.
Fugir de mim é como andar de costas, quanto mais correr, mais vai regredir.
Eu não tenho o dom da onipresença, você que me busca em todos os lugares.

As palavras que saem de sua boca para me agredir só te fazem pensar o quanto a minha distância te deixa em fúria.
E sempre haverão aquelas pessoas indiscretas que perguntarão por mim.
É fato que te fiz chorar.
Que te fiz sorrir.
Mas e agora, mesmo longe, deixei de fazer isso?

É fato que passará por lugares que esteve comigo e a lembrança logo virá.
Porém a ideia de que poderei passar pelos mesmos lugares com outra pessoa te desanima ainda mais.
E de pensar que os lençóis que eram seus, só seus, está sob outro corpo.
E que o perfume no travesseiro é diferente do seu.
A letra pendurada no pescoço não é mais a inicial do seu nome. É outro nome.
Mas saber que as pessoas ainda associam sua imagem com a minha é de matar.

Você tem vergonha de saber que as pessoas sabem que sua vida se resumiu a me esquecer.
E que tudo que você faz é para fugir, se libertar, provar que está bem melhor agora, longe, do que perto.
Mas aprendeu que enganar as pessoas é fácil, difícil é enganar a si mesmo.
E sabe que em qualquer conto, toda princesa tem seu príncipe.
E que não pode mudar a historia do livro, por isso tenta mudar de livro.
Eu sou a navalha que te corta por acidente, sangrará por mim mesmo que eu não queira.


Bento.

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3 comentários:

Anônimo disse...

Liindoooo *-*
Ameeei
...me fez leembrar passado, pessoas.
parabeeens =D

Unknown disse...

esse texto, na minha opiniao, nao poderia faltar no seu livro Bento !! mtoo lindoOoO

Jacqueline disse...

Muito bom o texto.Parabéns pelo blog!