quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Prazer, Bento!

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Eu nasci Rodrigo, a maior parte do tempo fui Rodrigo.


Na época que era Rodrigo as coisas eram um pouco diferentes, lembro-me de uma história que minha mãe conta que quando muito novo, ainda na escola, deveria ter uns cinco anos no máximo ela foi chamada pela professora cheia de preocupação com minha personalidade. Minha mãe foi avisada que nos exercícios escolares, aqueles desenhos de paisagem entre outras coisas, os meus eram “diferentes”. Todo e qualquer desenho meu era pintado de preto. Tudo era preto, árvores pretas, nuvens pretas, até o sol era preto. A professora sugeriu que minha mãe me levasse até um psicólogo, eu lembro dos desenhos, do psicólogo não. Mas não houve nada demais, depois meus desenhos foram tomando cores, tomaram traços melhores, houve um tempo que fui até elogiado e encorajado a buscar isso como carreira, mas eu mesmo vi que não era tão bom assim.

Mais tarde minha mãe foi encorajada a me levar ao psicólogo por outro motivo, coisas ilícitas, nada muito grave na minha opinião, na da minha mãe era bem grave.

Resumindo, cheguei na sala da psicóloga, algo parecido com meu quarto, só que sem a cama, duas poltronas, muitos livros, ela em minha frente me pergunta: - Qual é o seu problema? Nossa! Que incrível, agora eu sei porque eles são pagos para isso, me perguntaram isso duas ou três vezes no máximo em toda minha vida. E eu respondo: - Problema nenhum, graças a Deus. Claro que eu não irei contar meus problemas para qualquer pessoa, mas só o fato de perguntarem já faz um bem danado. Eu só andei fumando coisas que não eram para ser fumadas, mas tá tranquilo! Eu saí da sala e minha mãe entrou. Ficou lá uma hora inteira, então na verdade quem foi ao psicólogo foi minha mãe e não eu.

Ainda como Rodrigo sempre conheci muitas pessoas e elas me conheciam também, o problema é que eu nem sempre me dava bem com essas pessoas, sempre preferi perder o amigo do que a piada.

Nunca deixei um defeito passar despercebido, e isso incomodava as pessoas. Já disse aqui que sempre fui o pentelho da sala de aula, isso só piorou quando percebi que as pessoas me seguiam por isso e tentavam fazer igual, isso me fez perder pontos com os professores. Eu era um mal exemplo a ser seguido.

O fato é que sempre tive poucos amigos, hoje um pouco mais velho eu penso que posso ter a doença da bipolaridade, talvez seja o caso de eu ir a um psicólogo. Porém vocês viram que num tive boas experiências com esses profissionais.

Digo isso porque às vezes quero tanto uma coisa, e luto até minhas últimas forças para consegui-la e quando consigo vejo que não queria tanto assim. Hoje me verá alegre à ponto de contagiar-se, amanhã eu estarei mal humorado sem querer falar com ninguém e se possível não sair de casa. Coisa de doido. Ou será que todos são assim?

Mais tarde eu percebi que eu me incomodava com coisas que pessoas da minha idade nem sabia que existiam, como a existência, por que estou aqui, para onde eu vou? essas coisas... de doido.

Depois comecei a me informar sobre politica e me lembro de inúmeros debates com professores na sala de aula, foi quando deixei de ser o “Aluno Rebelde” e me tornei o “Aluno Revolucionário”.

Os professores continuaram à não gostar da minha presença. Mas eles só foram declarar ódio por mim quando me tornei o “Aluno Bêbado”, uma fase ruim, e eu merecia o rótulo.

Já adianto que não tem nada haver com numerologia, só passei a me apresentar pelo meu sobrenome pelo fato de que em todo lugar já há um Rodrigo, são muitos Rodrigos por aí, e cansei de ser enganado por aqueles gritos na rua. Ô Rodrigo! E quando olhava era acompanhado de mais meia dúzia de Rodrigos, Bento é mais difícil. Há poucos Bentos por aí.

Mudei de nome, não de personalidade, talvez eu ainda precise de um psicólogo, talvez...

Ainda me acho meio bipolar, ainda penso em coisas que pessoas da minha idade não pensam, mesmo que agora um pouco mais velho. A morte por exemplo, não é nenhuma doença pensar na morte e se acompanham o que eu escrevo verá que tenho falado muito sobre isso, mas vejo a morte como algo real, inevitável, e imprescindível para se viver bem.

Quando se dá conta que você pode morrer a qualquer momento, você vive melhor, não perde tempo com coisas sem valor como o que as pessoas vão achar de você, se gostam ou não do que você faz, você faz e pronto se agradar bem, se não, fazer o que?! Porém quando me dei conta da morte passei a ler mais e mais, adoro ler, e percebi que tenho milhões de coisas para ler e absorver, e mesmo assim quando partir dessa para melhor haverá outras milhões de coisas que deixarei de ler. Quantos livros ótimos não terei tempo de conhecer? Isso acontece com pessoas também, me tornei uma pessoa melhor quando comecei a tratar todas as pessoas por igual. Perceber que o fato das pessoas serem diferentes de mim não quer dizer que elas sejam melhores ou piores, só diferentes. Isso não quer dizer que sou amigo de todos, continuo contando meus amigos de verdade nos dedos de uma só mão e sobra dedo, mas respeito todas as opiniões e particularidades. Já disse que ser igual é um saco, não é?! Pois é, prefiro as pessoas diferentes, são tão mais capazes de me entreter, tornam meus dias tão mais adoráveis e suportáveis, então se meus dias acabarem amanhã quero que saibam que levarei comigo apenas aqueles que de alguma forma me surpreenderam.

Mas fica a pergunta, então qual é o seu problema?
 
Bento.
 
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5 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, no começo desse post, parece aqueles filmes de terror q a criancinha desenha só coisas pretas e a professora fica preocupada com a criança.kkkkk tabriseey..=x
Bipolaridade , não não é so voce que tem, não MESMO..
Eu mesma, um dia quero uma coisa, outro dia, quero outras ocmpletamentes diferente, lógico sempre tem aquelas que prevalecem, mas enfiim, acho que tem mais pessoas bipolares no mundo, do que voce possa imaginar...


ps.: Te conheci Rodrigo =p

Sal disse...

Te conheci Bento, não sei se o Rodrigo era tão bom assim, não me parecem, e provavelmente não são a mesma pessoa;
Se formos parar pra pensar, metade do mundo é bipolar, cheguei a pensar isso de mim mesma há dois meses atrás, foi quando eu descobri que eu não era bipolar, só diferente das pessoas.
E que ser diferente nos torna autênticos, e muito melhores;
Não sei se eu me daria bem com o Rodrigo, mas eu aprecio e muito o Bento, e gosto de como ele vê o mundo;

Sal disse...

Te conheci Bento, não sei se o Rodrigo era tão bom assim, não me parecem, e provavelmente não são a mesma pessoa;
Se formos parar pra pensar, metade do mundo é bipolar, cheguei a pensar isso de mim mesma há dois meses atrás, foi quando eu descobri que eu não era bipolar, só diferente das pessoas.
E que ser diferente nos torna autênticos, e muito melhores;
Não sei se eu me daria bem com o Rodrigo, mas eu aprecio e muito o Bento, e gosto de como ele vê o mundo;

Bento Qasual disse...

Sall, Eu Vejo o Mundo com meu óculos Rayban Wayfarer, deixemos o amanhã para amanhã, o hoje para o hoje! O Rodrigo era de fato um Bento sem atenção...

Sobre minha Bipolaridade, resumimos com palavras de Raul:

eu provo sempre sempre o vinagre e o vinho, eu quero é ter tentação no caminho... sei que o mais puro gosto do mel, é apenas DEFEITO NO FÉL!! Resumi-se! kkkkkkkk

Negros e Brancos Futsal disse...

[i]Então Rodrigo, foi um prazer te conhecer Bento rs
Confesso que em algumas partes desta "apresentação" me identifiquei, até em situações inimagináveis pelo mau julgamento da capa do livro... ; O distúrbio bipolar é realmente mais comum para as pessoas que praticam a tal sinceridade... gostei disso rs

Beijão, Li