sexta-feira, 10 de setembro de 2010

SORRIA, POIS PODE PIORAR

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Texto exibido na coluna Fala Bento! Na Worknet 10/09/2010


Perguntaram-me porque fazer um blog?

Eu num dia desses, depois de um “tapa na cara”, uma “sacudida da vida” me vi sem nada para fazer.

Eu era um cara totalmente focado numa coisa só, e me vi abandoado por todas as coisas que eu achava importante. Era uma coisa comum, um cara comum, com pensamentos comuns na minha conformidade de bajulação alheia acreditando que era dependente de um outro alguém e de alguma outra coisa. Tudo bem, hoje eu sou dependente de outras coisas, só mudei o foco.

Eu acreditava que aquele meu mundo era inabalável do ponto de vista da acomodação, eu acreditava em alguma coisa, saia de casa para minhas batalhas particulares e sabia que numa possível derrota tinha onde me escorar, até o tapa na cara em questão.

Imagine-se de repente, sem chão em alguma terceira dimensão usurpadora de seus credos sem nada em sua volta onde a depressão me jogava de um lado ao outro como cordas de marionete, busquei fugir das cordas minha vida inteira, mas percebi que elas é quem me guiavam.

Tudo começou a desmoronar a partir do momento que me vi acreditando em algo que não tinha mais solução, fiz o que pude e nada me salvou, me vi num ponto me perguntando, e agora? Por onde começar?
Tantas coisas passando em minha cabeça, sem conseguir dormir e eu querendo que os dias acabassem, mas os dias não tinham nem começo.
E agora?

Sem dinheiro, sem laços, sem cordas, sem nada. Minto! Só o que eu tinha era nada.
E agora?
Comecemos pelo começo então. Decidi vagar sozinho, pensando, minha mente não parava de pensar nem por um minuto, tentava me desprender de qualquer julgamento e pensamento, acho que era isso que não me deixava dormir, impossível dormir com sua mente rodando na quinta marcha como um motor V8 sem parar, sem parar, sem parar. Pense, pense, pense, o que fazer?

Vagando...
Um dia andei pela chuva, chovia muito e eu vagando. Pense, pense, pense... Para onde vou?
Fui para o bar, sozinho, bebendo e pensando. Voltei para casa, decidi escrever, fazer músicas, mas era muita coisa para pensar, não conseguia colocar ordem nenhuma, pôr meus pensamentos em ordem, impossível escrever músicas assim.

Comecei escrever de forma desordenada, primeiro em cadernos velhos do tempo de escola, depois em folhas avulsas, papel de rascunhos, depois nas paredes. Escrevia, escrevia...
Imaginem uma pessoas sem conseguir comer, sem conseguir dormir, no meio da madrugada, um silêncio fúnebre, escrevendo nas paredes com um lápis, definitivamente não é uma das cenas mais normais do mundo.
Foi quando em um dos poucos momentos de sanidade lembrei que tinha um blog, há anos, mas nunca tinha postado nada, afinal as paredes e os papeis acabaram e eu tinha que arrumar um lugar para escrever, um novo lugar.

Ativei meu blog, e agora?
O que fazer?
Seria boa ideia tornar público todos esses pensamentos ridículos e insanos?
Não obtive uma resposta ainda, mas precisei desabafar.
Ainda não durmo, comer é raro, qualquer comida perdeu o gosto, me tiraram o paladar, tentar dormir ainda é constrangedor, ficar deitado na cama revirando, revirando, revirando à espera do sono tem sido um exercício constante. Mas as coisas melhoraram infinitamente não posso negar.

Vejo muitas perspectivas diante de tudo isso, achei graça quando me disseram que assim não seria nada para a sociedade pelo fato de não ter uma faculdade, afinal vejo noticias sobre formados nisso e naquilo se engalfinhando atrás de uma vaga de gari por falta de oportunidade. Veja! Não sou gari, nada contra gari, mas estudar quatro anos para ser gari acho um desperdício de tempo.

Achei graça quando me disseram que sou materialista, ainda mais vindo de alguém que sempre teve tudo que quis, acho graça todas as vezes que me julgam, algumas pessoas não conseguem se desprender da preocupação com meu bem estar. O que fazer?
Achar graça é um bom caminho, me divirto com tudo isso, passei a analisar tudo em minha volta, acho graça de tudo que vejo, o que fazer? Escrever, escrever, escrever... Às vezes me pego sorrindo sem motivo, a vida está aí, passando, as batalhas continuam, sempre vão continuar. Mas de repente sem qualquer motivo aparente, pelo menos para mim sorrio, as pessoas passam por mim e logo imaginam: Mais um doido, coitado.
E eu sorrindo, a vida nos passa algumas rasteiras é bem verdade, eu em particular sobrevivi, agora tento viver, duas coisas bem diferentes. Escrevo, sorrio e a vida passando... Afinal, nada é tão ruim que não possa piorar.

Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso dessa vida preciso demais desabafar”.


Bento.


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5 comentários:

Anônimo disse...

Perfeeeito *-*

Adooorei o post, até me identifiquei com algumas partes. =p
E você não sabe quanto fico feliz pelo seu desempenho na promoção.
No dia 28 de julho, comentei assim num post seu:
"Abra os olhos e te faça enxergar que você tem um dom."
Acho que essa promoção vai fazer isso por você, espero que dê tudo certo e que tenham juris que enxerguem esse seu dom e que te ajude a realizar esse sonho,e que enxerguem, assim como eu,o quanto este é precioso *-*..
Parabens!!!!

=D

Unknown disse...

Este post me remete a um post que fiz certa vez no Lisérgicos em que eu comentava em como trabalhar se não nos dão uma chance.
Não tem sido fácil trabalhar em nosso país, ou se é muito jovem e não tem experiência (como obtê-la se as portas nos são sempre fechadas?) ou se é muito velho (com a experiência e referências tão almejadas!) demais para isto. Não faz sentido. Aliás, faz. Tem emprego quem tem Q.I (o popular Quem Indica).
Concordo sobre o que citou sobre ser gari, conheço uma pessoa que pagou para estudar em uma cidade longe da cidade dela, pegava ônibus e chegava em casa de madrugada por longos quatro anos e hoje é... balconista! Nada contra balconistas tampouco, porém, com Ensino Médio e até sem consegue-se vaga pra isto e não é preciso investimento.
Ao menos você encontrou uma válvula de escape, o blogue, para poder seguir adiante e superar de algum modo a depressão, um estado que leva muitos a estagnar na vitimização esperando que alguém estenda a mão miraculosamente.
Só que isso não acontece. Só nos resta levantarmos sozinhos mesmo, cada um está olhando apenas para si.

http://escritoslisergicos.blogspot.com

Luciana Santa Rita disse...

Oi Bento,

O que posso dizer que vc não disse? Vejo que escrever cura e é inventário emocional.

Beijos.
Lu

Bento Qasual disse...

Escrever pode até curar Lú, mas no meu caso escrever é como um analgésico, minimiza...

Bento Qasual disse...

Cristian V. Louis, saiba que você e o Victor Von Serran são meus visitantes com os sobrenomes mais legais. rs

Vou passar lá no blog Escritos Lisérgicos.

Abraços.