quarta-feira, 25 de abril de 2012

A MORTE DA BEZERRA

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Dias nublados sempre me deprimem e pedem para que eu fique em casa escrevendo. É como medo do escuro, nojo de barata e dia religioso. Nublou, minha cama fala comigo: Psiu! Volte a deitar.
Não é só preguiça.

Então levanto e vou trabalhar, claro. Preciso ganhar dinheiro, pois escrever não paga meus cigarros. Curioso que ultimamente o fato de não ganhar nada para escrever tem me afetado mais que antes. Quer dizer, nunca me afetou, mas de uns tempos para cá...

E me perguntam: vai ficar em casa sozinho? Evidente. Com quem mais?
Quanto menos melhor. Às vezes só o que preciso é lidar com o silêncio. Ou mais que isso, é colocar os pensamentos em ordem, fazer o que bem quiser. Talvez eu tenha me tornado antissocial, se é que isso existe. Porém não me vejo aturando uma imbecil do meu lado só para dizer que tenho companhia. As coisas não são tão simples quando se é sincero como eu.

No caminho para o trabalho começo a pensar sobre isso, olho as garotas que passam e me pergunto sobre o que elas pensam? Funk? Um sapato novo? Na morte da bezerra? Não, obrigado.

Conheci uma garota um tempo atrás e ela tinha uma bela bunda. Mais que isso eu estaria exagerando. E o que eu iria fazer? Não posso conversar com uma bunda, contar piadas para uma bunda. Posso abraçar, até beijar uma bunda, mas o que eu faço, levo a bunda para jantar? Não, obrigado de novo.

Existem coisas maiores nesse mundo. Vejam meu caso, estou num metrô lotado, absurdamente lotado, me contorcendo para continuar escrevendo esse texto que vou publicar sabe Deus quando.
As pessoas estão todas estressadas e eu não sou diferente. Gosto muito do silêncio e do vazio para me animar com um cenário desses.
É um ambiente típico de terceiro mundo e nessas situações não existem cidadania nem gentileza. É cada um por si numa corrida para o trabalho e quem chegar no horário vence. Eu mantenho o equilíbrio graças aos fones de ouvido, mas no tumulto do entra e sai dos vagões eu agradeço por proibirem o porte de armas.

Agora basta. Não gosto de falar sobre isso, afinal, não vai mudar, as pessoas não mudam. São todos como a bunda. Andam, falam, até se excitam, mas não pensam.
Se pensam, é somente no Funk, no sapato novo e na morte da bezerra.


Bento.

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Um comentário:

Luciana Santa Rita disse...

Bentinho,

Boa noite! Amanhecesse inspirado e acho que dormiu sozinho. risos.

"Se pensam, é somente no Funk, no sapato novo e na morte da bezerra".

Só para completar, pensam também nos jogadores de futebol e de preferência com engravidá-los. Acho que fui machista!

Beijos.

Lu