segunda-feira, 23 de abril de 2012

PROMESSAS DE FIM DE SEMANA

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Odeio começar escrever de segunda-feira porque sempre me faz lembrar que deixei algo passar no fim de semana.
Faz algum tempo eu planejo tirar um bom fim de semana inteiro, daqueles com chuva, para tomar um trago e passar o dia escrevendo. Faz tempo e nunca cumpro.
Nunca cumpro o que planejo porque sempre tem uma festa, um bar, aí estou sempre curando-me de uma ressaca e só tenho vontade de dormir e ver filmes que só alimentam meu vício em entretenimento.

Uma vez falei das qualidades psíquicas da ressaca, parei nisso, não queria falar dos efeitos físicos dela, romantizei até o último, mas agora vou deixar claro: Ressaca é uma merda. Uma bosta. Tente trabalhar de ressaca e verá que é ridículo, seu cérebro não funciona, seus membros tremem e seus olhos suplicam para se fecharem e mandam você dormir. VAI DORMIR. Quero folga! Eles dizem. Escrever de ressaca é excelente, trabalhar não.

Bem, eu tenho que trabalhar, não ganho um puto escrevendo. Não paga nem os cigarros, logo é melhor trabalhar para ter o que beber e o que escrever.

Quando não é a ressaca são os trabalhos e provas da faculdade de jornalismo que me consomem as forças e o tempo. Sendo assim, continuo sem cumprir minha própria promessa de reservar um fim de semana para tomar uns tragos, fumar e escrever.
Eu não consigo cumprir minhas próprias promessas. Que ponto eu cheguei?

Esse fim de semana não bebi, tomei uma ou duas cervejas, mas isso é nulo. Meu fígado bebe duas ou três cervejas e acha que é xarope para gripe. Só vai se dá conta que está bebendo quando passo de uma dúzia, aí ele grita: FESTA!
Eu gostaria de ser um fígado, sempre bêbado, armazena álcool para a época de estiagem, sábio fígado. Eu não. Não consigo guardar uma garrafa de nada alcoólico. Se estiver à vista eu bebo e escrevo, escrevo e bebo. E por aí segue.

Esse fim de semana não bebi. Sábado eu fui ao shopping e lembrei do porque não gosto de shopping.
Um monte de velhos, casais e casais de velhos andando como se não houvesse um amanhã. Andam e se esquecem das horas e dos dias. Nunca se perguntou porquê shoppings não tem relógio? Não querem que você saiba as horas.
Eu tenho pressa, ando como se estivesse fugindo de alguma coisa. Da morte talvez, ando como se fosse semicorrer. E aquela lentidão dos velhos, dos casais e dos casais de velhos me mata.

Quando namorava eu ia ao shopping. Achava um saco, mas ia. Mulher no shopping é quase como velho no médico. Só sai de lá quando acha alguma coisa que serve. E isso leva tempo.

Sai de casa no sábado e já pensava quando voltaria. Era um sábado de frio, odeio o frio e quero dormir e ver filmes engraçados, ou de ação. Ou seriados engraçados de ação. Queria voltar para a cama e colocar minha calça de moletom no momento em que saí de casa, mas tive que ir ao shopping comprar um presente para o aniversário da minha irmã.

Já o domingo eu dormi. Dormi até os ossos doerem. Foi um bom domingo apesar do resultado no futebol, passei quase o domingo inteiro falando com uma garota. Exceto quando estava dormindo, vendo o jogo ou comendo, falava com a garota. Foi uma conversa legal, divertida. Comecei pisando em ovos como todo homem faz quando fala com uma garota absurdamente linda pela primeira vez.
Pisamos em ovos com medo de falarmos alguma merda, pois homem é o campeão em falar merda quando conversa com uma garota absurdamente linda pela primeira vez. E eu não sou diferente. Algumas raras exceções acertamos na dose. Espero ter sido uma dessas vezes.

Então ficamos eu, meu moletom e a garota conversando. Meu irmão me trazia cervejas e eu não queria, mas não negava. Também, cinco ou seis cervejas não fariam mal algum. Tanto faz.

E assim foi o domingo, me despedi da garota e fui dormir.

Fim de semana que vem eu vou reservar para tomar uns tragos, fumar e escrever. Quem sabe falar mais com a garota...


Bento.

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Um comentário:

Luciana Santa Rita disse...

Oi Bentinho,

Boa noite e boa semana! Como a minha segunda é só ritmo, sempre começo a trabalhar no domingo. Logo, nem um trago, cigarro ou qualquer delírio maior.

Maravilha de texto!

Beijos.

Lu