quinta-feira, 4 de abril de 2013

EU NÃO SEI NADA DE MATEMÁTICA, MAS SOU PERITO EM ANATOMIA

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Eu nunca fui um bom aluno. Nunca.
Sempre fui daqueles de sentar no fundo da sala e destilar minha vaidade para as garotas. Eu queria chamar atenção e conseguia. Com isso levava algumas mentes ocas comigo. Eram idiotas imitando um tonto, ou um bando de tontos seguindo um idiota, escolha a alternativa que quiser.

Meu trabalho ali era dificultar ao máximo o trabalho dos professores e nisso eu tinha grande sucesso. Não que eu fizesse questão disso, eu era um cara, só um cara e não fazia questão de nada. Só de confundir as cabeças já muito confusas dos outros alunos. Tão confusos quanto eu.
Digo que se houvesse justiça no mundo eu teria me tornado professor, só para sentir na pele tudo o que causei aos mestres.
Eu era um desserviço a educação calamitosa das escolas públicas. Se alguém na administração das escolas pelas quais passei tivesse um pingo de juízo eu sequer teria terminado os estudos. Faça-se justiça que eles até tentaram expelir o grande mal que eu era expulsando-me duas ou três vezes, porém, não se alcançou grande resultado quando eu, expulso, poderia entrar em qualquer outra escola que quisesse. Logo, como uma praga (todos os meus professores concordariam com isso) eu seguia confundindo e aniquilando algumas promessas estudantis por onde passava.

Eu falava fácil, com a voz mansa. Usava palavras difíceis apenas para passar a imagem que sabia do que estava falando, mas não sabia. Era um argumentador. Levava a história do Brasil e do mundo sempre para o lado pessoal e invertia os fatos. Os alunos entendiam, os professores tentavam entender como poderia sair tanta bobagem de uma mente tão jovem.

Tinha mania "do contra". Fazia discursos inflamados como os ditadores que eu ainda nem conhecia. Os professores diziam que eu era uma mente brilhante desperdiçada. Nunca me achei inteligente. Achava-me um bom ator, um fingidor, eu diria. Enganava bem, bem até demais. Sempre disse que não importa o tamanho do absurdo que você conta, O que importa é a segurança com a qual você conta. Mas nunca, nunca me achei inteligente. O que eu tinha demais para a minha idade era esperteza e atrevimento. Uma combinação que usava para o mal. Um talento nato para humilhar os meus colegas de sala. Tudo isso muito antes de o Bulling existir. Se já existisse eu estaria nos cartazes de prevenção. A minha foto estampada com uma cara de culpado confesso. Eu poderia ser crucificado em praça pública. Decapitado e esta pendurada nos portões da escola como exemplo. Duvido que nenhum professor tenha se sentido tentado a fazê-lo.

Eu era um carrasco de CDFs. Tornei-me um fomentador de intrigas femininas. Acabei com relacionamentos bonitinhos, típicos de filmes adolescentes de Hollywood. Destruí autoestima de garotos roubando-lhe garotas e aniquilei a vaidade das garotas chutando-as logo após.

Então, você que já deve me odiar pelo que leu até aqui e por fazer perder seu tempo, deve estar se perguntando onde é que eu quero chegar com essa confissão de adolescente maldito. Eu respondo que não sei. Mas se consegui deixar bem claro que era eu um péssimo aluno e a última coisa que eu fazia na escola era estudar então cheguei ao meu objetivo. Uma matéria em particular sempre foi o meu purgatório, a matemática. Esta sim era minha intenção. Para então, poder dizer que depois de velho, descobri que no mundo real, na vida em questão, nesta matemática, menos é mais. A multiplicação apesar de encher os olhos, engana. Somar vaginas e bocas com o intuito de chegar a algum lugar é de um erro tão grande que nenhuma prova Real pode resolver. E que algumas relações só podem dar certo quando existem dois números na casa da divisão. Um mais um só é dois quando estamos dispostos a subtrair coisas de que gostamos para agradar o próximo. Volto a falar da multiplicação para chegar a números assustadores de nomes, telefones, tickets de motéis, pernas que se abrem, pernas que se cruzam. Inúmeros casos e narizes que irritam-se a tocar seu abdome. Soma-se tudo isso as mordidas em seu órgão sexual e o cansaço dele de trabalhar tanto em tão pouco tempo a ponto de você achar que não dará conta, que pode ser que tenha que passar por um constrangimento. Pegue a calculara para não errar na conta e o saldo será sempre negativo. Perdeu-se mais que ganhou. Está no vermelho, pois, menos é mais. Todo mundo deveria saber disso. Porém, o único que se saia mal em matemática era eu.


Bento.

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