segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O TEMPO ESTÁ CORRENDO E MINHA VIDA ACABANDO

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É mais um dia de verão com uma chuva de verão e no coletivo lotado de gente os vidros estão embaçados por meu hálito de vodca azeda da noite anterior e também de outros beberrões. Tem também o hálito podre de um demente ao meu lado, mais o sovaco putrefato de um outro cretino próximo, mas porra! Estamos numa segunda-feira e houve um fim de semana inteiro para um banho. Deveria haver uma placa nos ônibus proibindo isso, assim como existem placas proibindo aparelhos sonoros.

Eu passo o caminho inteiro para o trabalho observando as pessoas e tentando não me desesperar com o que vejo. Não que eu seja muito melhor que eles, só um pouco menos medíocre. Pelo menos na maior parte do tempo. Desço do ônibus e a mediocridade continua por todos os lados.

Tudo bem, meus jeans são rasgados devido a idade, meu tênis é furado de andar, mas meu cérebro é gasto de usar. “Quem sou eu?” É o que perguntarão os incrédulos melindrosos. “Estúpido arrogante” é o que cuspirão ao cruzar meu caminho. Só que somos todos filhos do que queremos ser. Eu poderia preencher infinitas linhas com histórias reais e tristes sobre minha vida. Aquela coisa de esquerdista religioso que nem se dá conta que aparenta um esquerdista religioso colocando a culpa no sistema, no governo, na Globo... Porém, eu prefiro deixar isso para os que não conseguem falar de outras coisas. Na verdade, na verdade, eu poderia falar sobre qualquer coisa. Eu posso. No mínimo fingirei que sei do que estou falando e com uma grande porção de confiança na voz, não há quem não acredite que eu realmente não domine o assunto.
Mas onde eu quero chegar é exatamente sobre aqueles que não dominam nada, quiçá o básico do básico. Repito: sem vitimismo, sem hipocrisia e autoajuda.

O coletivo ainda me reserva qualquer coisa de nojento como uma tosse ensandecida de catarro voador. Gordas com roupas de crianças deixando suas panças como massa crua de pão penduradas para que meus olhos tenham o desprazer de revirar-se. Claro que o fato de meu estômago roncar e embrulhar por causa da ressaca faz com que tudo isso fique ainda mais intragável. E eu penso se ignorância e falta de bom senso andam juntas como o cão e o rabo.

Inconscientemente eu quero resolver tudo, todos os problemas do mundo. Há momentos em que me deixo tomar por uma incredulidade afável e ao mesmo terrível. São resquícios do jovem revolucionário que já fui. Mas logo passa. Passa, pois lembro que hoje pode ser sexta e eu achava que ainda era quinta. O que faz brotar um leve sorriso em meu rosto. Sexta! Ótimo. Bar. Talvez Augusta, que é para tirar esse fedor de ignorância e desprezo com a tal vaidade. Se você não sabe do que estou falando, está frequentando os lugares errados. O que eu posso dizer? Gosto de beber com paisagem. Uma bela paisagem.
Assim como gosto de belas garotas, bebidas caras e pessoas inteligentes. Tudo bem, eu posso ser um grande filho da puta e miserável sem ter onde cair morto, só que meu bom gosto é inegável. Sim, bom gosto. Esse é meu maior castigo, pois tudo isso, bebidas de alta qualidade, bem como, cerveja holandesa, bourbon americano e vodca russa custam bastante dinheiro. Mulheres bonitas e inteligentes custam dinheiro. Uma bela vista, tomando um belo drinque com uma bela mulher custa muito dinheiro. Um dinheiro que eu não tenho. Mas o que eu posso fazer? Cheguei numa altura do campeonato que só gosto de coisas intensas. Desde os porres até o sexo. O tempo está correndo e minha vida está acabando, então, bota intensidade nisso aí garota!
Uns tapinhas, puxões de cabelo e coisas novas são sempre bem vindos.
Então, no meio de tudo isso. Desde os momentos restritos a minha companhia apenas, até em público, existem sorrisos que brotam dos meus dentes amarelos de nicotina. Amarelos são os dentes, não os sorrisos. Coisas tolas como dançinhas súbitas, assovios alegres e cantorias sem timidez aonde quer que esteja. Uma alegria inexplicável. E algum romântico incurável como eu pode dizer: ele está apaixonado. Seria a coisa mais sensata a se pensar e até para tornar o texto mais interessante eu poderia assentir tal argumento. Porém, justificar toda essa estranheza e peculiaridade em uma mulher seria injusto não só comigo, mas também com a tal da alegria.

Estou tão singular como sempre estive. Apenas em estado de graça. Por quê? Não sei. Não espere agora que eu diga algo que te indicará um caminho. Não pense que virá um grande conselho de autoajuda. Pois não virá. Não tem receita. Estou simples e unicamente bem e mentindo como nunca. Ou estou zen ou desesperado ou doído, carcamano, ou ferido e alcoólico. Ou tudo isso. Ou só isso. Bem, é isso.



Bento.

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Um comentário:

Bruna Brito disse...

Adorei blog, realmente muito bom os posts..
Parabéns 
Continuando desse jeito, você vai realmente muito longe !
Se quiser conhecer o meu também, tem post novo lá..


http://bruhbrito.blogspot.com.br/



Beijos e sucesso pra ti ;*