sábado, 31 de maio de 2014

ENQUANTO EU NÃO ESTAVA NO BANHEIRO MIJANDO A CERVEJA QUE EU BEBIA

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Eu arrumei um bom trabalho, na Saúde. Parece um comentário qualquer, mas na Saúde? Sim, na Saúde. Um comentário qualquer para qualquer pessoa que não perde muito tempo se apegando a detalhes. Eu já sou um detalhista de merda que não vai com a cara do Destino e já desconfio de tudo que ele faz. NA SAÚDE?! Pois é. Um bom trabalho. Eu já sabia quem morava na Saúde antes de aceitar o trabalho. Tem uma garota que mora na Saúde e não nos falávamos mais. Não falava simplesmente porque não falava. Nem"oi" nem "bom dia", nem "vá pro inferno". Nada. Eu não queria e parece que essa falta de querer era recíproca. De qualquer forma, tem mais uma coisa sobre mim que talvez eu não tenha falado. Como sou um detalhista e às vezes avoado, ando como um idiota olhando para todos os lados e procurando sabe-se lá o quê. Portanto desde o primeiro dia que arrumei esse bom trabalho ando torcendo. Procurando e torcendo. "Besteira" vão dizer e eu vou concordar. Porém procuro. É bem isso. O fato é que eu não deixo de falar com ninguém que eu não quero deixar de falar, então tinha meus motivos. Eu não queria sequer pensar e a única forma que eu conheço de não pensar é não falar, não ver, não estar disponível. Tudo isso seria lindo e belo e simples se eu não tivesse arranjado um bom trabalho na Saúde. Talvez agora vocês já devem ter começado a entender. Mas ainda fica pior. PIOR? Pior. Comigo, neste bom emprego também trabalham conhecidos em comum. Digo isso para comunicá-los, caso já não saibam, que o Destino é um sacana de merda que morde e assopra. Vão dizer que estou sendo injusto com ele e garanto que não. Tenho mesmo um pé, não, tenho dois pés atrás com o Destino. Todos já encontraram a tal garota, assim, de vista, na Saúde e o único que procura, que sou eu, não. Viram que calhorda?! Mas procuro por quê? Sabe-se lá por qual motivo. Mesmo assim, quis o Destino - ou transmissão de pensamento - ou a puta que pariu que voltássemos a nos falar. Entramos num acordo que era um pouco de besteira minha, besteira dela, enfim. Passou, já que eu não ia conseguir esquecer de sua existência no mesmo mundo que eu, ainda mais trabalhando na Saúde. Logo na Saúde.

Eu não sei também do motivo que comecei a falar sobre isso. Eu pensei em falar sobre outra coisa, mas os dedos mandam e eu faço. Gostaria de falar na verdade sobre a repercussão do texto anterior, que eu falei sobre brincos e outros itens esquecidos em casa por garotas que dormem aqui esporadicamente e algumas me perguntavam se era delas que eu falava. Eu mesmo não me lembro de textos anteriores, pois tenho uma memória péssima e foi por isso que comecei a escrever, para lembrar das coisas que acontecia no dia anterior. Então para ser justo , antes de responder eu perguntava se tinham esquecidos brincos em casa e eliminei metade das candidatas. Depois perguntava se tinham gostado do texto e foram dois terços desta vez. As que sobraram e que tinham gostado eu me aproveitei porque não sou de ferro. O único problema é que a faxineira deve pensar que eu sou um travesti nas horas vagas.

Por falar nisso, outro dia, que eu não estava bêbado, ainda, meu sobrinho estava lá em casa fazendo coisas de garotos de sete anos, que basicamente se resume em fazer coisas que caras de 26 como eu acham cansativas só de olhar. Para você que ainda não esqueceu nenhum brinco em casa, quero explicar que na parede, que dá para a porta de entrada para meu quarto, tem a frase "Não Sou de Ereções Gratuitas" escrita em letras garrafais. E no auge de sua sabedoria de sete anos, de quem lê tudo que vê, meu sobrinho leu a frase em voz alta e me perguntou: tio, tem que pagar para entrar aqui? A espontaneidade da pergunta me fez rir como há muito eu não ria e respondi de forma que sua idade não permitiria entender tamanha malícia: com certeza que tem, filho. Mas você é VIP, só prometa não quebrar nada. Depois ele ainda perguntou o que era VIP mas isso não vem ao caso.

Minha paciência com crianças se esgota exatamente em cinco minutos e muita gente acha que por este motivo eu não gosto de crianças. Essas pessoas estão cobertas de razão. Mesmo assim, são os mesmos cinco minutos que reservo também para os adultos, se é que você me entende.
Não que eu odeie todos, não, só os idiotas. Mesmo assim, talvez ainda não fosse sobre isso que eu queria falar. Tenho um amigo, o Roque, este cara adora crianças. Crianças de 14, 15 anos. Na verdade ele não faz diferença de ninguém, desde as garotas de 14 até as de 55. Uma vez ele me disse "Cara, as de 55...". Eu fingi que nem ouvi, pois minhas experiências com velhas não foram nem de longe agradáveis. Terei sérios problemas ao chegar, se chegar, aos 55.

Tem uma garota e ela já passou dos trinta. Não me é costumeiro e pode perguntar para qualquer homem e ele vai dizer que mulher acima dos trinta normalmente não faz parte do prato principal. De qualquer forma tem essa garota, que tem trinta e poucos anos e que vive me chamando para fazer uma visita. Geralmente eu não sou de visitas desde que valha a pena. Porém sou gato escaldado e garotas acima de trinta costumam querer voltar a sua infância e demonstrar um pouco de pudor acima do que se encontra nas prateleiras. Essa garota insiste na minha visita e eu tento manter-me longe. Conforme o tempo passa as desculpas meio que acabam e logo eu terei que me decidir entre falar sobre minhas péssimas experiências com velhas ou mentir, e eu ainda não sei o que é mais fácil.
Então, resumindo, as mulheres acima dos trinta e poucos me enjoam e isso é tudo o que eu tenho a dizer sobre o assunto. Mesmo sabendo que terão mulheres se defendendo de tal infâmia, acho que por hora basta.

Eu também não gosto das crianças que Roque gosta, pois ele tem a paciência de um monge tibetano, eu não. Roque me disse uma vez que de todos os amigos dele, eu era o cara que tinha transado com o maior número de mulheres. E nos conhecemos há poucos anos apenas. Eu respondi dizendo que ele precisava fazer mais amizades. Para transar com o número de mulheres que ele acha que eu transei eu teria que ter pelo menos metade da paciência que Roque tem.
Ainda tem o fato de que numa relação é preciso deixar algumas mentiras no ar para que tudo siga seu curso natural e dentro dos conformes. Já enganar uma criança é como enganar um animal, não há mérito nisso.

Voltando a falar sobre a garota da Saúde, ela me disse outro dia - enquanto bebíamos algumas cervejas e quando eu não estava no banheiro mijando a cerveja que eu bebia - que ela nunca mente. Ainda disse que nunca mentiu para mim e eu confirmei com um adendo. Ou ela não tinha mentido ou mentiu tão bem a ponto de não ser descoberta. Acredite você, no que quiser. Existem pessoas que subestimam a mentira. Uma boa mentira, ao nosso favor, funciona que é uma beleza.




Bento.

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