tag:blogger.com,1999:blog-45381102212195885882024-02-19T01:48:21.460-03:00Bentoólico+18 Bento Qasual -
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.comBlogger363125truetag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-88482215114186478082023-10-24T14:44:00.000-03:002023-10-24T14:44:19.084-03:00LUTO? OU NÃO LUTO?<p> </p><p class="MsoNormal">- <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Uma vez minha esposa me disse: — você nunca perdeu alguém
próximo, então não sabe como é. Naquele momento eu fiquei ofendidíssimo. “Como
assim ela está dizendo que eu não sei como é sentir”? Que absurdo. No alto dos
meus 30 anos na época, escritor, marginal, sofredor de carteirinha e vem essa
“zinha” me dizer que eu não sei sofrer? Pensei.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Não me entendam mal, ok?! Amo minha esposa e estamos casados
há 8 anos. Pedagoga, artista, mulher incrível que nasceu num ambiente de
pobreza, machismo, crime até, e se tornou uma mulher em seu melhor e maior
sentido da palavra. Dito isso, com sua inteligência eu duvido que ela não tenha
ouvido o ranger dos meus dentes ao presenciar aquela sentença. “você nunca sofreu
um luto”. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Após 15 segundos de azia, tentando segurar a ânsia de
despejar toda minha raiva pela boca eu refleti e ela tinha um ponto. Eu sou
filho sem pai e ela, óbvio, sabe disso. Sequer o nome no RG eu tenho e dei
muitas explicações sobre isso durante a vida. Minha mãe está conosco até hoje e
entre altos e baixos, ela é minha mãe. Incrível, insuportável, mas minha mãe.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Nunca conheci um avô sequer. Nem por parte de mãe e muito
menos por parte de pai pelos motivos citados acima. Perdi tios, mas com todo o
respeito, nem se compara.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Silêncio. Meu. E dela. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Ela passa a ponderar e eu peço que espere.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Estava ruminando a informação. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Logo eu. Escritor de contos e crônicas. Que abusa da morte e
da perda em minhas histórias. Como que eu, não sabia nada daquilo?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">O que é o luto? Pensei após algum tempo em silêncio. Como
todo autor do meu tempo, fui pesquisar. Descobri que o luto que representamos
na cor preta aqui nas Américas, são representados pela cor branca na China. Sem
piadas com roqueiros por lá.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Já no Japão eles escolhem a cor azul. Mas, independente
disso, luto é o sentimento universal de tristeza profunda ao perder alguém.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Perder.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Questão de perspectiva.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Perder.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Eu sei sobre perder. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Rompi o silêncio e perguntei.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">— Quando você diz perder, necessária precisa ser para a
morte?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">E agora ela estava em silêncio.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Pensei em minha esposa. Pensei em todas as manhãs acordando
juntos. Em passar o café não como eu gosto, nem como ela gosta, mas sim no meio
termo. Nas séries que combinamos de ver juntos e eu não ouso dar play sem sua
companhia.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">No sofá que ela dorme e eu às vezes durmo, pois até nossa
presença precisa de folga por vezes. Penso nas meias, no sabonete e as bolachas
Bauducco que dividimos. A pizza que religiosamente pedimos há 200 anos do mesmo
sabor. O toque atrás das orelhas, escovas de dentes, seu cabelo no ralo do
banheiro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Seu riso em minhas piadas sem graça. A cocega em seus pés
que ela odeia. Seus traumas e os meus. Sua ojeriza por pimenta. Sua bad devido
a traumas passados e isso é só um resumo. E me pego pensando sem tudo isso.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Penso na ausência de tudo isso e sinto luto.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Luto pela perda.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Sentimento profundo de tristeza pela perda de alguém. Não
necessariamente para a morte, porém perder para mim mesmo.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Por mim mesmo. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Por minha causa e somente minha.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Perder por incompetência e eu tenho tantas. Tantas amarguras,
desgosto, todas as palavras do dicionário me trazem a segurança que luto é mais
que a morte de alguém.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">É a perda.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Bento.<o:p></o:p></p>Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0São Paulo, SP, Brasil-23.5557714 -46.6395571-51.86600523617885 -81.79580709999999 4.7544624361788443 -11.483307099999998tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-49567106454851093342022-04-16T12:26:00.000-03:002022-04-16T12:26:03.980-03:00O ASSASSINATO DE BÁRBARA em Ebook na Amazon. Já disponível para compra<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSkg1uJ1HpEXe9I_mgsfAXuwd4hZ9ePbpSnZFrvxyqf7YHtbW83ROMFFk-EOpeS0o-nSWNrbQFgMmlXrEPpOeA5qWGP9piYmixTIo9VuEeQSNx_Ty0jnno1H2lN2Cidb4D2sSlqL027KlQzvHDtJerl9uoGdk1h_JXSoIWPMstF5pqHVnQDig3l-ND/s1350/FB_IMG_1648297257015.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1350" data-original-width="1080" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSkg1uJ1HpEXe9I_mgsfAXuwd4hZ9ePbpSnZFrvxyqf7YHtbW83ROMFFk-EOpeS0o-nSWNrbQFgMmlXrEPpOeA5qWGP9piYmixTIo9VuEeQSNx_Ty0jnno1H2lN2Cidb4D2sSlqL027KlQzvHDtJerl9uoGdk1h_JXSoIWPMstF5pqHVnQDig3l-ND/w320-h400/FB_IMG_1648297257015.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">"Carlos estava tão acostumado com a dificuldade de ser quem era que não sabia reconhecer algo bom em sua vida. Seu psicólogo Benedito Quaresma acreditava que todo problema era resolvido com violência. Juntam-se então para planejar O ASSASSINATO DE BÁRBARA".</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Preço de lançamento do meu primeiro ebook publicado na Amazon.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both;">Dá uma conferida e compre o seu R$ 5,99 apenas</div><div class="separator" style="clear: both;"> https://www.amazon.com.br/dp/B09WSK6MF7/ref=cm_sw_r_awdo_55JEKQP78YM38JTS9A7D</div></div><p><br /></p>Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-90410475443561672742022-03-17T09:10:00.000-03:002022-03-17T09:10:19.190-03:00TERMINAMOS A VIDA COM UM CAPÔ ACIMA DA MARCA DA CUECA<p>- </p><p><br /></p><p>Existe uma espécie de homens como eu que passaram toda a adolescência magros como os dedos médios de um mendigo . Tão magros como os frequentadores da cracolândia. Apelidos nunca nos faltaram. Lagartixa, esqueleto, palitos de dente, espeto de churrasco, cabo de vassoura, etc e etc.</p><p><br /></p><p>O que poucos acreditam é que nunca fora falta de alimentação, pelo contrário. Tenho amigos tão magros quanto eu que poderiam comer tantos doces quanto duas gordas lésbicas na TPM. Comeriam mais comida que um time todo de futebol profissional. Sem falar nos litros de cerveja. Cascos e mais cascos de cevada e carnes gordurosas na grelha por dias a fio. E no máximo eles ganham 1 quilo antes de cagar. Depois de evacuar como um gigantesco cuspidor de bosta voltam ao peso normal.</p><p>Contudo, isso acontece até certa idade reparei. Reparei pois estou presenciando isso em tempo real. Era eu então blindado como uma máquina de guerra dessas de filmes da segunda guerra mundial. Tinha eu um poder de recuperação de uma noite mal dormida como se fosse um Wolverine. Noites e noites de bebedeira, um coração tão forte que passava sangue para o meu pau como uma VAP, aquelas máquinas de lavar quintal. Não mais.</p><p><br /></p><p>Não mais, pois tudo acaba um dia. Assim como toda festa tem seu fim. Como todo fim de cigarro deixa um gosto amargo na boca. Assim como no fim de algumas transas sentimos uma forte tendência ao suicídio. Não é diferente com essa fase da vida. Tudo acaba e o que é bom dura pouco, tão pouco quanto um Yakut. Isso mesmo após inventarem o leite fermentado de litro. Acha que eu tô exagerando? Tente misturar vodka neles e parar de beber. É como ficar bêbado com lembranças de infância. Ou seja, é o útil e agradável. É como mamar nos peito de uma grávida, ou transar com uma garota vestida de cosplay de Pokémon. Você mistura o bom da infância com a melhor parte de ser adulto e BUM. Vira um vício. </p><p><br /></p><p>Voltando.</p><p>Chegamos a idade do pré idoso graças ao bom Deus, afinal se dependesse da gente tava todo mundo fodido. Passamos da idade de comer e cagar como um pato e passamos para a idade da barriga de cadela. Sim. Barriga de cadela.</p><p><br /></p><p> Barriga de cadela que é o formato da protuberância que passa a se formar no nosso abdômen como um ponto final da vida. Como um calo ela cresce, como a espinha no rosto do adolescente ela incha. Assim como nossos joelhos acusam o exercício nosso abdômen cresce. Somente o abdômen. É uma maldição do cigano bem como escreveu Stephen King. Bem como a calvície chega, nossa barriga da sinal de vida. O nosso pau acompanha tudo aquilo como se fosse um tsunami cobrindo todo o seu corpo até o ponto que só é possível visualizar metade dele. Homens como nós passamos a vida comendo pouco e bebendo muito e somos aqueles que doamos nossa saúde ao bem maior. Garçons, valetes, torneiros mecânicos, serventes de pedreiro, motoristas de aplicativos, mestres de obra...</p><p>Nós giramos o mundo. Alimentamos o mercado desde o aluguel do boteco até a faculdade da puta. A economia depende de nós. Não somos e nunca seremos daqueles caras que entram na academia jurando comer batata doce até deixar os personais ricos e seus glúteos sinuosos e pontudos. Não nós. A vida para nós é mais simples. Nos basta os braços de Popeyes e cagamos para sacolas reutilizáveis. Porém, ao contrário de nossas mulheres que ficam mais corpulentas e mais gostosas com o tempo nós vamos criando essa espécie de câncer na região da cintura que vai crescendo como um bolo de cenoura feito aos domingos para recepcionar os parentes que desejamos sempre distância.</p><p>O grande sinal da idade. Inevitável pesar do pré mortin. Fim da vida adulta e consultas ao urologista. A barriguinha nos entrega a idade. Tentamos, porra, se tentamos. Roupas novas. Trocamos de carro. Descobrimos até músicas novas que façam parecer enganando a idade, mas a concha que passa a sobressair na camisa não nos deixa enganar. Não há coisa mais triste que uma pochete de carne acima da pélvis para um homem como nós. Logo nós. Eternos beberrões e historiadores da vida mundana. Terminamos a vida com um capô de fusca acima da marca da cueca. Triste fim.</p><p><br /></p><p>Bento.</p><p><br /></p><p>-</p>Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-89762521324372608042019-07-01T18:25:00.001-03:002019-07-01T18:25:51.611-03:00AQUI VEM O JOHNNY ep4-<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1OPQ6h5i_U8q-1cvGUxXCOJPzdH8ZKb9gC8HvU-LKBjnj_gdjJ9D7smjbOaFJA-qNRglxZ8oL2gOyB7gcYMKYmwlENRGHfCkVg-bVw2V8tJq5ANt5QEX3tUpiHvnK5IOpfra4jSAlBQM/s1600/APOLLONIA-SAINTCLAIR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="540" data-original-width="540" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1OPQ6h5i_U8q-1cvGUxXCOJPzdH8ZKb9gC8HvU-LKBjnj_gdjJ9D7smjbOaFJA-qNRglxZ8oL2gOyB7gcYMKYmwlENRGHfCkVg-bVw2V8tJq5ANt5QEX3tUpiHvnK5IOpfra4jSAlBQM/s400/APOLLONIA-SAINTCLAIR.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto de <a href="https://apolloniasaintclair.com/" target="_blank">APOLLONIA SAINTCLAIR</a></td></tr>
</tbody></table>
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<br />
Ainda é quinta feira e não há dia mais tedioso. Quinta feira é muito longe das segundas, o que nos faz sentir muito cansaço e é muito longe da sexta que nos faz sentir ainda mais cansados. É o centro de uma semana que pode ser muito boa ou uma merda. No meu caso, uma bosta. Como todos os dias. A parte boa é que preparei uma marmita com o restante do jantar de terça ainda. Fiz uma pururuca com o mamilo que ficou uma delícia. Um pinguinho de limão e hummm. Para quem nunca tinha provado carne humana até que me saí bem. Cortei em bifes e refogue com azeite. Uma verdadeira iguaria para comer tomando uma cerveja. Mas bem que poderia ser uma boa taça de vinho, vai de gosto.<br />
Meu psicólogo sempre disse que o ideal é que eu não fique entediado. Ele diz isso para que eu não fique pensando besteira e acabe sendo pego fazendo alguma merda. Meu psicológico diz sempre para eu nunca agir de cabeça quente. Planejar é o melhor negócio, porém não é meu isso. Então acabo esfaqueando alguém pelo simples fato de me irritar e o tédio me deixa irritado e quanto mais irritado mais corpos são deixados para trás e maior o risco de me pegarem.<br />
<br />
Quaresma sempre me disse que assinatura é para vaidosos. E vaidosos sempre são pegos porque querem ser pegos. Eu só sinto prazer em limpar o mundo de idiotas. É simples. Sempre tivemos uma boa conversa. Ele é uma das poucas pessoas que minha paciência permite conversar por mais tempo. O problema é que a hora é bastante cara, o que dificulta falarmos mais. Ouço dele que entre seus pacientes sou aquele que tem mais potencial e isso me deixa feliz. Mas é difícil não admirá-lo. Só não suporto sua secretária, mas ele foi bastante enfático ao dizer que qualquer um que tocasse num fio de cabelo dela teria das mortes a mais demorada e sofrível e fica difícil não acreditar quando seu queixo pontudo mira seu rosto e seus olhos queimam feito brasas.<br />
<br />
Então para não desviar tanto do assunto, digo que para fugir do tédio pensei em convidar alguma garota aos meus aposentos. Na lista de telefones não encontrei nenhuma que me enchesse os olhos e é bem verdade que carne humana tornou-se uma especiaria da melhor qualidade além de me despertar o paladar e talvez eu queira repetir. Pensei em uma prostituta, contudo nunca se sabe quais doenças essas pessoas podem trazer bem como os mendigos.<br />
<br />
Fim de expediente e ainda tenho o gosto da minha marmita na boca. Foi quase como um orgasmo degustativo. Saio do prédio, me surpreendo com a chuva e eu odeio chuva. Estava tudo bom demais para ser verdade e eu deveria ter percebido que quando tudo está calmo demais logo acontece algo para foder com a vida. Então acho melhor correr até a marquise mais próxima, acendo um cigarro e não demora muito para passar um táxi. Entro fumando e ele me pede que jogue o cigarro fora. O que faço não muito contente. Eu sou da época que se fumava em qualquer lugar. Em restaurantes, bares, elevadores, lojas. Agora é proibido fumar em todo lugar e não demora muito vão proibir o fumo mesmo na rua.<br />
Dentro do táxi o motorista puxa aquelas conversas sobre chuva, tempo, qualidade do ar e eu dou sorrisos simpáticos obrigatórios. E já disse que odeio me sentir obrigado a sorrir. Ele é um sujeito gordo e peludo. Quero matá-lo já, mas não sei se quero comê-lo. Ou talvez, a picanha dele deve ser de um sabor muito bom, já que ele aparenta um leitão. Ele cheira a suor e isso me deixa mais estressado ainda. A chuva acontece como um evento, como se não chovesse há séculos e eu acho desnecessário tanta água. Ele ouve uma rádio bosta que por muita sorte começa Dire Straits, tocando Walk of Life e só por isso eu ainda não tirei meu canivete do bolso e cortei-lhe a garganta. A música me acalma e salva a vida do taxista. Então olho pela janela e lá tem um casal dividindo o guarda-chuva e eles são tão feios. Um casal de pessoas estranhas e magras e cabelos sebosos e seus ossos saltando a ponto de agredir os olhos. O cara é magro e alto como um poste de luz, tão feio quanto um totem mal feito, óculos fundo de garrafa e uma roupa preta como metaleiros adolescentes. A garota tem bem menos altura, mas não perde nada para a magreza de seu par a ponto de sua calça jeans sobrar no cós e aparentar um saco de bosta ou uma frauda. Em questão de segundos meu humor vai para o limbo e eu preciso descontar minha raiva e penso que posso muito bem trocar o saco de banhas pelo casal ossudo afinal dois é melhor que um. Pedi para parar o carro, pago o táxi e sigo atrás daquela judiação de casal. Logo imagino o filho que pessoas como estas podem gerar. Eu prometi limpar o mundo de idiotas e isso também inclui pessoas muito feias. Eles viram a esquina e eu vou atrás. Mesmo com a chuva forte viro a esquina e não poderia ser mais perfeito. Mal iluminada, comércio fechados, casas abandonadas. Eles imploram para que eu os mate. E na minha cabeça toca o riff de teclado da Walk of Life. Sorrio e digo baixo “Aqui vem o Johnny”. E eu vou fazer uma canção sobre a faca. Alcanço o casal ao ritmo da música e com cuidado agarro por trás o magrelo alto e seu pescoço fino não cria muita resistência à lâmina da minha faca. O sangue esguicha para todas as direções e parte dele mira o rosto da garota. Paralisada e com o rosto ensanguentado ela nem vê o corpo do namorado cair como merda no chão e duvido que ouve o baque de sua cabeça acertando o cimento da calçada. Rápido e indolor. Ao ritmo da música seguro o pescoço da garota com força e faço o primeiro furo em seu abdômen. Ela praticamente se entrega, apenas se esforçando para suplicar por sua vida achando ser um assalto. Ela não sabe que não tem nada que me interessa, exceto o seio, ou a parte interior das coxa, talvez. Olho em volta e somos só nós na rua. Nós e a chuva. Furo seu estômago no compasso do teclado e canto. Mais uma facada e solto um “Uhun” assim como o cantor faz.<br />
<br />
Finalmente chego em casa. O jantar está na mesa.<br />
<br />
<br />
<br />
Bento.<br />
<br />
<br />Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-46212756056571501972019-06-24T11:36:00.001-03:002019-06-24T11:36:57.801-03:00PRIMEIRO PASSO<br />
<br />
<br />
É preciso reaprender a conviver consigo mesmo.<br />
<br />
Só.<br />
<br />
Como era antes.<br />
Não que já não o fosse, mas ter alguém que depende de você para tudo como um filho não é bem ter companhia. Não é a companhia que se espera quando se é um casal.<br />
<br />
Só.<br />
<br />
É necessário reaprender a conviver consigo mesmo.<br />
Todos os demônios e traumas e a culpa.<br />
Inevitável.<br />
É inevitável que em alguns momentos você se culpe por tudo. Será que o errado é você? Será que poderia ter feito mais? Será que poderia ter sido mais paciente? Será que poderia ter dado mais sangue mesmo depois de ver seu corpo cadavérico em frente o espelho? De lábios roxos até as costelas saltando pela pele.<br />
<br />
Será?<br />
<br />
Será que não exigiu demais do outro?<br />
Será que o problema não está em você exigir mais que as pessoas podem lhe oferecer?<br />
Será que o erro está em você ser romântico demais e talvez passou tanto tempo com a cara enfiada em romances de autores infelizes idealizadores de dramalhões impossíveis de acontecer na vida real? Onde empregos, boletos e peidos e bafos e porres nunca são mencionados.<br />
<br />
O quão difícil é dormir e acordar debaixo do mesmo teto que vocês planejaram o futuro que jamais vai acontecer? E as paredes que olham e te julgam? Será que você não se precipitou? Você tem um histórico de ansioso e que mete os pés pelas mãos.<br />
Você nunca foi o tipo que conversa. Pelo menos não sóbrio. Arrancar-lhe sentimento sempre foi sofrível exceto depois de uma bateria de doses de whisky. É por isso que nunca consegue escrever uma linha sincera sem despertar o fígado. Seu corpo é uma máquina de absorver álcool e autoflagelo.<br />
Você consegue ser o cara que dorme na sarjeta de bêbado, porém não atrasa um boleto.<br />
<br />
Equilíbrio?<br />
<br />
Logo você?<br />
<br />
Difícil imaginar que alguém como você tenha esse tipo de equilíbrio, contudo para continuar fazendo o que mais gosta precisa disso. É como uma missão. Desaponte todos, inclusive você, mas mantenha um maço de notas para a garrafa e um lugar para voltar quando os sentidos estiverem embaralhados ao ponto de não pensar mais no que está fazendo.<br />
<br />
Só?<br />
<br />
Você foi o primeiro a chegar na sua vida e provavelmente será o último a sair. Tão só quanto chegou e só o que lhe resta são as lembranças, boas e ruins.<br />
Você que já se meteu em cada enrascada e teve anos de marasmo e estava disposto a tomar isso como regra. Já tinha desistido de ser o grande cavaleiro solitário e destemido. Acreditou que desta vez iria entregar tudo que tinha de melhor e que seria a última vez que teria que juntar seus cacos. No fim viu que a solidão apesar de uma companhia indesejável ela ainda permanecia ali. Quando decidiu tornar-se o porto de alguém reparou estar à deriva. Tão só como sempre foi. Logo, solitário de um jeito ou de outro, que pelo menos tenha liberdade.<br />
<br />
<br />
BentoBento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-85345700097616124552019-06-24T11:23:00.002-03:002019-06-24T11:27:03.677-03:00UM BIFE NA SACOLA JUNTO DO WHISKY ep3<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPFBlBiReT4jUTBvyyY6OsPKvcrrMFvndLzasekEYr7X1g17CIgP6gF27iXhsolMXWcPdxxp9Hxd2ZFP3DMUUrK6gs7Aud2Kclil9Mk7kB15kQv2PrGOx8VmgXjS7bPESMjSnlqThFJWQ/s1600/17390741_1293539024057253_19035421735245925_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1128" data-original-width="720" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPFBlBiReT4jUTBvyyY6OsPKvcrrMFvndLzasekEYr7X1g17CIgP6gF27iXhsolMXWcPdxxp9Hxd2ZFP3DMUUrK6gs7Aud2Kclil9Mk7kB15kQv2PrGOx8VmgXjS7bPESMjSnlqThFJWQ/s640/17390741_1293539024057253_19035421735245925_o.jpg" width="408" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Imagem de <a href="https://apolloniasaintclair.com/" target="_blank">Apollonia Saintclair</a></span></div>
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É terça feira e ouvi dizer que é outono. Cago para essas coisas pois as pessoas fedem nas quatro estações do ano. Se duvida pegue um transporte coletivo todos os dias e verá. Outro dia peguei um ônibus com um cara que exalava um fedor azedo que ardia os olhos e as narinas. Mas não é só por isso que digo, as pessoas, num todo fedem. Todas elas. São animais em busca de presas fáceis. Eu já fui uma delas durante dois anos sendo mastigado e tendo meu sangue sugado aos poucos, de canudinho, por alguém que dizia ser a pica das galáxias e tão fiel quanto um fígado. Engano meu é claro. Bastou que o fornecimento de sangue acabasse para este ser humano, se é que podemos chamar assim, mostrasse sua verdadeira identidade. Suas verdadeiras intenções. Bom, logo após troquei de cama para tirar aquele fedor, como quem abrigou um leproso. As pessoas fedem à ponto de, com o tempo, eu sentir seu cheiro de chorume de longe. Desenvolvi uma técnica e sinto o cheiro de podridão no instante que elas entram em meu raio de ação. Não é à toa que tenho tantos corpos em minha conta. Ninguém começa a fazer o que faço do nada. Não se acorda um dia e resolve sair acabando com a escória do mundo. Só se você for um psicopata, mas não eu. Eu só estou livrando o mundo deste odor podre que não vale a bosta que caga.<br />
Interrompo o devaneio porque já é tarde e preciso terminar um relatório. Lembro que não como uma refeição decente desde sábado de tarde, mas nesse meio tempo já matei duas garrafas de whisky. Saindo daqui compro mais uma já que as minhas acabaram segunda de manhã.<br />
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Termino meu trabalho e resolvo que não posso voltar para casa de estômago vazio. Mas cheiro de comida, fritura, comidas habituais me embrulham o estômago. Por isso quase não como. Meu organismo pede algo saboroso. De dar água na boca, salivar até ter de engolir.<br />
Paro no bar com a garrafa que comprei. Deixo no balcão e peço uma boa dose de whisky. Gostaria muito de comer algo, mas no bar, aqueles salgados fritos de manhã me encaram com cara de que já foram servidos às moscas durante o dia inteiro. Não como restos de insetos. Meu estômago ronca, mas não dou ouvidos a ele. Sou mais amigo do fígado como já disse. O balconista me serve com cara de bunda, talvez preferisse estar em outro lugar. Eu também, mas nem por isso destrato as pessoas. Só não gosto de sorrir muito. Em dois goles mato o whisky e parto. Fome, muita fome, mas o cigarro ajuda a amenizar.<br />
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Vi na TV essa história da carne e me embrulha o estômago, já não sou fã de comer, porém, carnívoro incurável que sou, sobra o quê? Nada como um belo bife para animar o dia. Estão querendo tirar até isso de nós.<br />
Já é tarde. Poucas pessoas na rua. Preciso inventar algo para comer antes que desmaie por aí e me confundam com algum mendigo. Qual sabor deve ter mendigos? Penso. Apesar que entre comer mendigos e carne com papelão, fico com fome. Estou na rua de casa. É terça e uma garota desce a rua de salto, mas com pressa. Talvez assustada com minha presença àquela hora da noite. Ela se agarra à bolsa como se fosse seu bem mais precioso, muito por achar que sou um ladrão, provavelmente. Nem meu terno e minha barba feita ajudam neste momento. Penso que ser mulher complica tudo. É ameaça vindo de todos os lugares. Sempre odiei aqueles caras que acediam mulheres em vagão de metrô, em bares e etc. Ela usa uma calça social e um coque já bagunçado. Vejo certa dificuldade em andar tão depressa pela calçada acidentada. Imagino ela caindo e um sorriso vem no canto da minha boca. Seria engraçado para terminar um dia tão estressante. Olho para trás e ninguém. Ao lado, fábrica e comércio. À frente uma caçamba e uma praça mal iluminada. Meu estômago ronca e o pescoço branco da garota andando toda torta à passos rápidos pisca toda vez que ela passa abaixo de um dos poucos postes que tem na rua. Tenho fome e lembro da matéria que vi no jornal. “Mulher morta encontrada sem parte do seio”. Penso, por que não?<br />
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Uma grande pedra para amassar o crânio. Um pedaço de vidro para arrancar um pedaço do seio direito. Tudo cedido pela caçamba que provavelmente foi colocada por Deus em meu caminho. Com a fome que estou, poderia comer crua mesmo. É de lamber os lábios. Pequenas tetas sangrentas em minha mão e só por isso não julgo o assassino que mordeu o seio da garota morta. Ao invés disso coloco o bife na sacola junto do whisky e caminho para casa. Finalmente uma refeição depois de dias.<br />
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Bento.<br />
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Imagem de <a href="https://apolloniasaintclair.com/" target="_blank">Apollonia Saintclair</a><br />
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<br />Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-68021574191758446872018-07-16T10:35:00.000-03:002019-06-24T11:29:10.361-03:00GOTAS DE SANGUE REPOUSAM EM MINHAS BOTAS PRETAS ep2<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnu6Y8W9MddEJeEd6X-ZF-akD7xUDjJSnGm5bfoXPgWQKDJIwZecEWsOlbEpC4MV6ZEz9a3MapaUzWHCrbtt51YUZGZSvsEDigFLm9K_ogluO8eCktEIiRinPRC44HBHzqu4YhYU91TB4/s1600/FB_IMG_1531312182930.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="651" data-original-width="720" height="361" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnu6Y8W9MddEJeEd6X-ZF-akD7xUDjJSnGm5bfoXPgWQKDJIwZecEWsOlbEpC4MV6ZEz9a3MapaUzWHCrbtt51YUZGZSvsEDigFLm9K_ogluO8eCktEIiRinPRC44HBHzqu4YhYU91TB4/s400/FB_IMG_1531312182930.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem de Apollonia Saintclair</td></tr>
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Finalmente é segunda feira e o celular desperta freneticamente até que eu o escuto. Abro um dos olhos apenas para apertar a opção soneca e repito isso várias vezes até que acordo finalmente. Preferia estar morto, mas tenho que trabalhar. As contas não serão pagas sozinhas e os problemas no escritório não serão resolvidos sozinho.<br />
Primeiro o cigarro como de costume. Me apresso o máximo possível para fazer o café? Claro que não. Não me arrisco à levantar da cama antes de terminar o primeiro cigarro. Enquanto isso penso em dezenas de motivos para não ir trabalhar e nenhum deles me convence.<br />
No banheiro descarrego todo o álcool que bebi há dias com certa dificuldade já que o pau está tão duro quanto um pedaço de madeira. Chega a doer e por isso decidi terminar na pia para facilitar. Já estou atrasado antes mesmo de começar e preciso fazer café.<br />
Fico me perguntando por que afinal eu já não faço café antes de dormir para que já o tenha pronto quando acordar e chego a conclusão que de noite estou bêbado e só consigo pensar se tem ou não álcool suficiente para alimentar meu vício.<br />
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Café pronto, volto ao banheiro para beber e fumar e pensar na vida. Na verdade não há muito a ser feito exceto ir vivendo os dias conforme o Destino nos apresenta. Todas as conversas inúteis, as amizades falsas, os mendigos pedindo esmolas. Todos os olhares de escanteio por causa de um sapato diferente, um penteado mal arrumado, um pelo na barba fora do lugar. As pessoas mais estranhas parecem comum para outras e isso funciona também com ações e todos fingimos sermos educados em busca de aprovação e eu não sou diferente. Não para buscar aprovação, mas para não levantar suspeitas, já que no dia anterior deixei quatro cadáveres para trás. Assim que saio do banho ouço rádios de polícia na minha porta e vou olhar pela janela. Na verdade estão em frente a casa do vizinho. Alguém não voltou para casa naquele domingo. Ouço os policiais comentando sobre a cena. Palavras como banho, sangue, massacre parecem querer erotizar a coisa toda. Porém são só pessoas, mortas, bem como animais são mortos em abatedouros todos os dias e ninguém dá a mínima. Não vejo como somos tão diferentes deles. Fedemos e matamos tanto quanto. Enfim chegam à minha casa perguntando se ouvi ou vi algo e nego dizendo que cheguei tarde no sábado e passei o domingo dormindo. O que não é de todo uma inverdade. O policial parece compreender já que está com uma cara de ressaca tão incriminadora quanto a minha. Muito simpático para um policial. Não quis esticar muito o assunto talvez pelo meu roupão de banho ser rosa com grandes flores lilás. Não o culpo, mas o roupão era de uma garota que esqueceu ao partir da minha casa. Peço um cigarro e ele tem. Só não é dos meus. Pena. O meu estava acabando e antes de nos despedimos ele pergunta como eram os vizinhos ou se eu havia presenciado alguma briga entre o casal. Digo que não pois não fico muito em casa já que estou sempre trabalhando, por fim entro e vou me vestir.<br />
Muitos policiais, muito barulho. Pessoas amontoando-se na rua para tentar ver alguma coisa. Um ou dois carros da imprensa, mas nada demais. Só mais um crime banal na cidade grande. Cada vez mais as pessoas estão habituadas à violência e sangue e crimes e famílias inteiras matando-se por motivos fúteis. Crimes passionais, crimes por motivos mesquinhos e tudo o mais. Ninguém se importa, só querem ver, saber para poder ter assunto no almoço com o pessoal do trabalho, postar no Facebook ou YouTube. Mas na verdade, ninguém se importa realmente que dois casais morreram assassinados num almoço de domingo. Um simples almoço de domingo. A sociedade está calejada de crimes ediondos tão ou mais devastadores que este. Nem morte de crianças impacta esta geração. E eu sigo andando pela rua à caminho do trabalho.<br />
Meus cigarros finalmente acabam e acho melhor não parar na padaria perto de casa. Muitos policiais me deixam nervoso e a segunda feira mais a ressaca já mexem demais com meus nervos. Continuo andando até um mercadinho e peço minha marca favorita. Só temos Eight, ela diz. Com um sorriso simpático que me dá nojo. Sorrisos simpáticos forçam você a devolvê-lo com mais simpatia e eu já sou obrigado a trabalhar e conviver com pessoas que eu não gosto, sorrir para elas é sacrificante para mim. Pergunto se não tem outra marca, ela diz que não, mas que aqueles cigarros importados ilegalmente do Paraguai são ótimos também. Eu estou prestes a sair com sua negativa, mas depois de querer me oferecer cigarros ilegais, que sonegam impostos, que não geram empregos, que matam nossa economia, sem falar na saúde de quem os consome, foi praticamente como cagar na minha cara e querer que eu agradeça depois. Sempre com aquele sorriso simpático de merda colado em seu rosto enrugado de quem abriu um mercadinho para ajudar na aposentadoria.<br />
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Decidi colocar meu sorriso mais simpático no rosto e digo que vou aceitar sua sugestão e assim que virou-se acerto o lado de sua cabeça com a máquina de cartões. Ela cai para o lado como um presunto gordo e velho. Dou a volta no caixa e passo a pisar em seu rosto com minha bota de solado militar. Uma, duas, três... Até que sinto quebrar algo como a casca de um ovo quebra ao ir para frigideira, então paro. Satisfeito, mas com uma puta vontade de fumar. Limpo a sola da bota na calça da velha até ouvir um barulho vindo do fundo do mercado. Um rato escondendo-se do gato, estava satisfeito e calmo, mas não poderia deixar ninguém para trás. Seria injusto com a velha e comigo. Na geladeira pego uma garrafa de cerveja, um bom trago com certeza ajuda qualquer crise de estresse. Geladinha, quase de doer o dente. Me aproximo sem muita pressa, mais um gole e acho o rato. Um garoto, não mais que dezesseis anos, magricela como uma garota se escondendo atrás do balcão de pães e frios. Ele se assusta soltando um grito agudo assim que quebro metade da garrafa no balcão derramando o restante da cerveja. Acho um desperdício jogar fora metade do líquido delicioso principalmente quando é importada, mas são ossos do ofício. Agarro seu cabelo com força pressionando contra os pães e a garrafa corta-lhe a garganta entrando bem fundo enquanto o garoto está abaixado com lágrimas nos olhos. Gotas de sangue repousam em minhas botas pretas. Fácil de limpar. No relógio ao lado dos frios reparo que estou atrasado. Não era um bom dia até eu sair da cama, mas as coisas estão melhorando. Cigarros! Lembro que preciso fumar.<br />
Parto em direção à porta. Fui inconsequente penso. Alguém poderia aparecer nesse ninho de rato e eu ter de acabar com mais um cadáver na conta. Ao passar pelo caixa, reparo, ao lado da caixa registradora, quase não notei. Como sou burro! Ou sortudo. Danadinha, digo ao corpo da velha morta atrás do caixa. Se tivesse falado que era fumante... E ainda mais da minha marca favorita. Pego o maço na caixa registradora, retiro um e foi um trago delicioso. Devolvo o maço. Melhor correr para o trabalho.<br />
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Bento.<br />
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<br />Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-21716483030653924992018-06-12T11:33:00.000-03:002018-06-12T11:33:56.105-03:00MENSAGEM DE DIA DOS NAMORADOS-<br />
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Tem uma coisa em relações que precisa ser dita. Nada é o que parece. Sei, é meio clichê. Chega a parecer título de livro erótico que se vende em banca de jornal. Contudo, eu conheci Bukowski na banca de jornal, logo não julgue sem conhecer antes. Pensando nisso, digo logo, nada é o que parece. Entenda; as pessoas escondem o que não aprovam, ou o que acreditam não ser aprovado pela sociedade e hoje em dia se vive cagando regra sobre o que se é permissível ou não. “Será que aprovam?”. “Será que vou ganhar likes?”. “O que será que vão comentar sobre isso?”. Conceitos são ditados pelas mídias sociais, que basicamente se consiste em velhas que ganharam smartphone de seus filhos sentindo-se culpados por não dedicarem tempo suficiente aos idosos e jovens virgens que não fazem amizades na escola e se sentem poderosos quando online. Aliás, somos todos lindos online, é como Nárnia, poderosos e fodões. Aos olhos alheios, claro. Postamos “cozinhando" e logo imaginam que você é basicamente um Master Chef anônimo, mas você está fritando um ovo com bastante dificuldade. Relações são assim também. Ao olharmos um casal de mãos dadas passeando numa noite quente, com a lua desnuda, logo imaginamos que devem ser o casal mais feliz do mundo. É normal imaginar que todas as pessoas do mundo são mais felizes que você. Contudo, o que você não sabe e provavelmente acontece é que a garota deve chupar o irmão dele apenas por vingança, pois ele já a traiu várias vezes confiando que ela sempre vai perdoar, afinal, já perdoou tantas vezes.<br />
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Quando vê um casal saindo do mercado e você olha o cara, de rosto marcado pelo tempo e peito avermelhado à mostra carregando sacolas e o saco de carvão. E sua esposa empurrando um carrinho de bebê num sábado ensolarado logo imagina que será um maravilhoso churrasco em família. Um baita pai, uma mãe exemplar e sua pequena cria abraçados e transbordando amor. O que você pode não saber é que talvez este cara quando fica bêbado espanca a esposa na frente da criança, que ele ainda não sabe, mas não é dele e a esposa tem certeza que o dia que souber ele vai matá-la na porrada. E talvez torcer o pescoço do bebê.<br />
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E provavelmente você vomite arco íris ao ver um casal de adolescentes. Tão jovens e com tanta coisa para viver e nesse mundo de tanta tecnologia, informação em abundância e com tanta comunicação instantânea eles escolheram descobrir o mundo juntos. Em par. Ao mesmo tempo que se descobrem juntos. O que você pode não enxerga devido a distância é que existe a possibilidade do garotão se sentir extremamente atraído pela rola do amigo quando estão no vestiário do futebol. Que ele já acordou com a cueca molhada depois de um sonho onde ele se lambuzava com a porra quente escorrendo pelo seu rosto vendo seu amigo satisfazer-se com aquilo. O que você talvez não consiga imaginar é que a garota foi constantemente abusada pelo tio, que divide a casa com sua mãe, herança da avó. Que enquanto sua mãe ia trabalhar o tio vestia as calcinhas da garota e obrigava ela massagear suas partes íntimas. Isso tudo aconteceu durante boa parte da sua infância e agora que cresceu ainda acha que ninguém vai acreditar nela. Por isso ela pensa todos os dias em matar o tio e depois cortar os pulsos, mas ainda não se decidiu se mata o tio com uma martelada na cabeça, ou várias, enquanto aquele vagabundo tira o cochilo da tarde, ou apenas corte o pau dele e enfie em sua boca igualzinho ele fazia quando ela era mais nova.<br />
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Para não dizer que não falei de amizades, aquelas mesmas que não passa uma semana sequer sem juras de amor e fotos antigas no Facebook. O que elas não contam é que um torce para o outro permanecer na merda, mais forte que torcem por seu próprio sucesso, afinal, ser um falido de merda em companhia de um amigo é até tolerável. O que dói só de imaginar é continuar um verme e ainda ter que presenciar seu amigo ou amiga arrumando um amor, que sendo feliz e realizado. Amigos para sempre, mesmo que seja na merda.<br />
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Tudo é uma questão de ótica. O filme que você viu na adolescência jamais te trará a mesma sensação de antes. Algumas coisas são boas só na primeira vez. A maioria de nós tenta reviver relacionamentos de anos atrás achando que dessa vez dará certo, agora que o tempo fez seu trabalho e ambos então mais maduros e melhores. O que você não sabe é que algumas pessoas apenas não melhoram. Outras ainda pioram e tornam-se desconfiadas e traiçoeiras, talvez o responsável por essa pessoa se tornar assim seja você. Sim, temos grande influência nas pessoas que passam por nossas vidas, mas sempre para pior. Afinal, não é maravilhoso poder fazer um monte de merda e responsabilizar nosso passado ou pessoas que passaram? Só o que não admitimos é nos responsabilizarmos pelo monte de bosta que virou nossa vida. Seria demais para nós. Alguém precisa pagar por isso. Não eu. E você?<br />
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Bento.Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-82920166485808718452018-05-16T19:10:00.001-03:002018-05-16T19:10:27.033-03:00O FÍGADO É O MELHOR AMIGO DO HOMEM (Enquanto o quarto está mais vazio que de costume) ep1-<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMrWjgxGurroVxxlv80hpK-4KWqh3TyRk1D9mQCh9rzWUjKGKt-wc4kLesA7E9ewTXoFoZDRuBqWYibCtLL7K4QQuqYnwH7XmWZYlkfQXisqMIFyESoEoGZNxBjHV1z1gsqZhSQbRjPy4/s1600/apollonia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="810" data-original-width="457" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMrWjgxGurroVxxlv80hpK-4KWqh3TyRk1D9mQCh9rzWUjKGKt-wc4kLesA7E9ewTXoFoZDRuBqWYibCtLL7K4QQuqYnwH7XmWZYlkfQXisqMIFyESoEoGZNxBjHV1z1gsqZhSQbRjPy4/s640/apollonia.jpg" width="360" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem de Apollonia Saintclair</td></tr>
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É domingo e acordo com a baba represada nos fios de barba. Gostaria de dormir um pouco mais. Dormir até de tarde, quando o estômago roncasse tão alto à ponto de acordar os vizinhos. Tão tarde talvez como um personagem de Edgar Allan Poe e só acordar em meu funeral, tendo de unhar a tampa da caixa funerária na esperança de chamar a atenção dos coveiros enquanto reclamam das condições de trabalho e o salário miserável. Ou interromper a discussão da última rodada do futebol quando os nervos estarão ferrenhos em busca de provar que seu time é melhor. Bem, mas quem eu estou querendo enganar? Eu trabalho na segunda e o máximo que consigo é dormir até às dez sendo despertado pela bexiga pressionando a uretra pedindo pelo amor de Deus para ser esvaziada. Os pés gelados como uma lata de cerveja num churrasco. Os olhos ardem ao menor sinal de luz. Por isso uso o tato para achar o maço de cigarros afim de que o primeiro trago do dia ajude no despertar. Acho-o e a luz da chama do isqueiro queima os olhos. A cama está mais vazia que de costume e só por isso ainda tenho parte do lençol cobrindo meu corpo. Não ouço pássaros, nem carros na rua. Apenas o barulho da pressão da panela que provavelmente vem da casa do vizinho e automaticamente imagino o almoço de domingo com pessoas que não se suportam fingindo uma tarde familiar sadia. Escondendo seus segredos e suas angústias para evitar discussões, até que um dos parentes beba demais e fale mais que o necessário, como uma faísca numa fábrica de fogos de artifício. Eu não preciso mais passar por isso, pois minha cama está mais vazia que de costume e é só por isso que bebi sozinho até às duas, ou três da manhã – não me lembro – como se não houvesse amanhã. Então lembro que os cigarros que tenho não vão durar até segunda, que as garrafas que tenho não vão durar até segunda se continuar bebendo neste rítmo e que se não levantar agora pode ser tarde demais para a minha bexiga.<br />
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Ao caminho do banheiro, tranço as pernas e agradeço por meu quarto ser estreito à ponto de meus braços abertos alcançar as duas paredes opostas. Reparo que o quarto está mais vazio que de costume, menos roupas, menos sapatos, menos coisas e me apresso para chegar ao banheiro evitando os espelhos, esvazio todo o álcool que meu fígado lutou para filtrar a noite inteira. Com uma das mãos apoiadas na parede acho graça e agradeço secretamente por meu fígado conseguir resistir à noite melhor que eu. Grande amigo eu tenho! E dizem que o cachorro que é o melhor amigo do homem. Quem diz isso é porque nunca matou uma garrafa de Bourbon e sobreviveu para contar história.<br />
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Então enquanto vistorio e aprovo o trabalho de meu fígado reparo que o banheiro está mais vazio que de costume. Sem cremes, xampus, sabonetes íntimos, toalhas e cheiro de menstruação. Apenas um pacote de lenço umedecido esquecida acima da caixa de descarga. Enquanto isso ainda sou incomodado pelo fato de que os cigarros não durarão até segunda e lamento o fato que terei de colocar meu par de botas e ver pessoas, falar com pessoas, dar sorrisos falsos e comentar sobre o tempo. Tempo este que olho pelo vitrô do banheiro e vejo que não é dos melhores. É domingo e não há uma sombra sequer. Ainda por cima cai uma garoa tão fina quanto o fio de uma lâmina. Suponho que tão cortante quanto o fio de uma lâmina e é neste momento que me arrependo de não ter comprado mais cigarros no dia anterior. Balanço o pau e dou mais um sorriso de canto de boca pensando que esse não é dos meus maiores arrependimentos. Há piores. Muito piores.<br />
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Preciso de café e desta vez terei de fazer eu mesmo, já que minha casa está mais vazia que de costume. Penso se vale o sacrifício de fazer café ou começo o dia continuando o que estava fazendo antes de cair no sono. Por hora, opto pelo café.<br />
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Forte e amargo. Não tão diferente quanto gosto dos meus drinques, pois bebemos para esquecer dos problemas, mas não podemos esquecer do sabor da vida. Ouço gargalhadas na casa dos vizinhos e isso me faz despertar do silêncio ensurdecedor. Enquanto ferve a água vou até a vitrola para abafar a alegria da vida alheia. Se eu não te incomodo com minhas aflições, não me venha exibir seu sucesso.<br />
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Só o cheiro de café entrando em minhas narinas já me faz despertar ao ponto de voltar a notar que talvez fosse melhor um par de meias para esquentar os pés que agora parecem tão frios quanto peixes mortos no supermercado. Dói ao tentar mexer os dedos para esquenta-los e a água parece preguiçosa ao descer pelo coador de pano levando consigo o café até a garrafa. Espero pacientemente e passo a lembrar do quanto bebi ontem, do quanto bebi antes de ontem e acendo mais um cigarro para esperar e esperar e vejo que a vida não é muito mais que isso. Esperar e esperar. Esperar que a música acabe. Esperar que o ônibus passe. Que o salário caia, que as contas cheguem. Esperar que alguém te ligue, ou pela resposta daquela promoção. Esperar pela nota da prova ou sua vez na fila do banco. Esperar pela mensagem de uma garota ou esperar que as pessoas vejam algo bom em você. Esperar que a vida mude ou que as próximas eleições cheguem. Esperar a estréia de um filme ou que a sexta feira chegue. A vida é muito mais esperar que realmente desfrutar de algo. Então enquanto a água escorre no coador a torneira da cozinha pinga e a garoa lá fora continua e a vida alheia segue e eu me sinto congelado não só pelo frio, mas pelo o tempo que não passa esperando pelo café e talvez eu tenha pegado no sono de novo enquanto espero. Engano meu. Sou despertado de meu devaneio pelo carro do ovo que anuncia mais alto que Sonny Boy Willison ame sua gaita na vitrola. Então meu estômago dá sinal de vida e diz que ovos no café da manhã seriam muito bem vindos, só que eu não vou colocar meus pés gelados nessa garoa fina apenas para satiafazê-lo.<br />
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Finalmente café, amargo, contudo forte. Mais um cigarro. Agora John Lee Hooker termina uma canção e ouço mais risadas. Histórias de vida alheia e aquilo me irrita. Misturo um pouco de vodca no café para acordar mais rápido. Penso em lavar o rosto, porém se a água estiver tão gelada quanto meus pés é melhor não. O café quente com sabor de vodca desce pela garganta e arrepia os pelos dos braços. Como o Popeye e seu espinafre. Todo o corpo desperta e se aquece, menos os pés, ainda blocos de gelo. Apelo pelas meias? Ainda não.<br />
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Agora os vizinhos além da conversa e gargalhada decidiram colocar música alta com um gosto discutível. Sento-me na beirada da cama como um canceriano sem lar que sou para tomar meu café e fumar meu cigarro desejando que aquele domingo pudesse durar para sempre, porém, sem carro do ovo, sem vizinhos e com os pés quentes. Mas quem eu estou querendo enganar? Eu tenho que acordar cedo na segunda para trabalhar como faço toda semana, independente se minha cama está mais vazia que de costume ou não. Então começo a pensar que todos temos direito de descansar no domingo. Dormir até morrer, mas cientes de que temos de acordar na segunda para morrermos aos poucos em coletivos lotados esperando que o salário caia e que as contas cheguem para esperarmos nas filas dos bancos e mais uma vez sou despertado de meu devaneio por gritos e gargalhadas e barulho de panelas e pratos caindo e talheres em atrito com pratos de porcelanas e de repente me vejo com uma chave Philips do tamanho de meu antibraço presa no elástico de minha calça de moletom tocando a campainha do vizinho e ele não pode ouvir o que digo do lado de fora do portão porque sua música de merda está alta demais. Então ele vem abrir a barreira de madeira, com sua caixa de correspondência pendurada por arames e me dá bom dia com uma lata de cerveja barata na mão. Me convida para entrar. Então sou eu, meus pés gelados e a música horrorosa e eu penso que eu não queria incomodar e digo isso a ele. Eu só queria curtir minhas aflições e agonias em paz enquanto bebia minha vodca com café na esperança de dormir e morrer e ao invés disso sou obrigado a escutar aquelas canções com letras desprezíveis e de duplo sentido. Então ando pelo corredor com meu vizinho à minha frente e decido que alguém precisa pagar por atrapalhar meu domingo. Sendo assim ele é o primeiro. Com a chave Philips acerto-lhe a nuca e a chave passa pelo couro cabeludo e o osso do crânio com mais facilidade que eu imaginava. A primeira serve para ele cair de joelhos em minha frente, com o pé direito gelado calçando um chinelo piso em suas costas para puxar a chave. Nisso um jato de sangue tão quente quanto o café acerta-me o peito manchando minha camiseta branca. Mais essa ainda, talvez tenha que tomar banho, neste frio. A segunda é só por garantia e estouro seu tímpano com o espeto de aço.<br />
Continuo no corredor e vejo minha vizinha, esposa, responsável pelo cheiro de tempero de feijão que tomava conta de minha narinas fazendo meu estômago colar nas costas. Acerto-lhe o olho esquerdo e seu corpo desfalece escorrendo pela chave como o macarrão que ela fervia escorria pelo garfo. Na mesa, mais um casal, que congelou ao ver o rosto da anfitriã coberto de sangue brilhante e escuro. Belisco a carne semi assada na forma esperando as batatas e sinto uma dorzinha no dente. A mulher clama por Deus. O homem decide se mexer e pega a faca ao lado do prato tentando se proteger mais que proteger a mulher. Sinto que a carne ainda está meio dura e mastigo com firmeza, mais dor no dente. Pego a panela com água e macarrão e arremesso em sua direção. Na mesma hora ele cai no chão se debatendo de dor. Sua pele parece descolar do osso como frango frito. A mulher levanta de supetão e reza. Me amaldiçoa. Sua mão em meu peito tenta me afastar em vão. Acerto-lhe abaixo do queixo com força e vejo a ponta da chave Philips sair na parte de cima de sua cabeça desmanchando seu penteado. Parte do couro cabeludo na ponta da chave. Seus olhos apagados me encaram. Com a mão em seu pescoço apertando-lhe contra o armário cheio de louças combinando com aquelas que estavam à mesa retiro a chave. O sangue escorre pelo seu decote. Entro na sala e desligo a música finalmente. De fundo escuto minha vitrola rolando Mustang Sally e sinto paz.<br />
<br />
Volto para meu quarto e ao término da música finalmente sou capaz de ouvir a agulha encontrando todos os arranhões do vinil. Com a camiseta suja limpo o meio dos dedos sujos de sangue. Por fim, visto uma nova camiseta, coloco um par de meias nos pés e agora eles estão quentes como pães recém saídos do forno. Finalmente um domingo feliz. Mais uma dose de café. A vida é boa. Se souber aproveita-la.<br />
<br />
<br />
<br />
Bento.Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-34337756977482969022016-09-12T22:49:00.001-03:002016-09-12T22:49:55.552-03:00O PEIDO É TÃO PESSOAL E INTRANSFERÍVEL COMO NOSSOS PENSAMENTOS MAIS OBSCUROS-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quando eu era jovem sempre fiquei intrigado quando ouvia os professores falarem
sobre pensadores. Nas salas de aulas cheias de moleques encrenqueiros como eu,
e eu era sempre o pior - segundo estes mesmos professores - por que eu entendia
que o cara ganhava um salário só para pensar. E lá ficava eu pensando com meus
botões, imaginando um cara que colocava seu despertador programado para acordar
às seis da manhã, tomava seu banho, ligava a TV no jornal matinal enquanto
vestia-se e tomava o café da manhã. Colocava comida para os cachorros, para o
gato e ao invés de sair de casa rumo ao emprego como fazia minha mãe e meus
irmãos de manhã enquanto eu me arrumava para ir para a escola o pensador
simplesmente sentava numa varanda com sua xicara de café e com seu dedo
indicador pressionando a têmpora ficava lá, pensando. Soprava a fumaça do café
fumegante pensando e anotando as coisas que entendia ser importantes. Então de
repente, nota-se a hora do almoço e pronto! Para de pensar um pouco para
alimentar-se e uma hora depois voltar ao trabalho. Sempre imaginei isso como a
coisa mais chata do mundo, ou pelo menos UMA das mais chatas. Perguntava-me eu,
quem em sã consciência, escolheria ser um pensador? Depois de velho fui
perceber que trabalhar num escritório enviando relatórios, atendendo telefones,
tendo que pegar ônibus e metrô lotados de gente que fazem coisas bem parecidas com
as minhas é bem pior que a vida que eu imaginava que o pensador levava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mais velho ainda comecei a invejar
tanto a vida dos pensadores que passei a desejar uma vida igual. Afinal,
trabalhar em casa, para gente como eu que suava frio quando ouvia notícias
sobre greve do metrô seria maravilhoso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">No fim descobri que pensador pode ser
qualquer um de nós e não necessariamente ganhamos algo para isso. Mais ou menos
como a música, nem sempre os melhores são reconhecidos. Com isso cheguei à
conclusão que o problema não são os pensadores ou os músicos, ruim mesmo é
envelhecer. Tantas ilusões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Por esses dias peguei uma gripe e me
entupi de remédios. Todos aqueles conhecidos que prometem curar a gripe e até
um ou outro que consegui clandestinamente sem receita para curar-me. Adiantou
momentaneamente, pois cinco dias depois cai de gripe de novo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tenho um grande problema com
medicamentos e contra eles, pois enquanto os consumo não posso beber e isso é
um problema enorme. Está certo que vez ou outra misturei vodca com xarope para
curar a gripe e fiquei numa loucura tamanha, mas isso é uma história para
contar em outro momento. Por isso só me medico em último caso, pois acredito
piamente que não há doença que o álcool não possa curar, com exceção da doença
da idiotice, essa... Nem Deus poderia. Enfim, estava com uma gripe longínqua e
devido a conselhos familiares e de minha namorada resolvi tomar antigripal e
antibiótico. Veja minha situação, sou corintiano desde que nasci, qualquer
coisa que envolva a palavra anti já me causa descrença instantânea. Bom,
resumindo; claro que não deu certo. Acabou que eu fiquei no remédio, sem beber
uma gota de álcool e não melhorei. Mas... E friso o "mas" por que
realmente deve-se chamar atenção ao fato. Então, é justo que pare, respire
profundamente e se diga, lá do âmago; MAS... bastou uma boa noite de bebedeira
com destilado e escrita para a coriza recolher-se ao nariz, a garganta dar a
pausa à tosse e tudo mais ir pra casa do caralho. Tem gente que não acredita.
Acha exagero. Acha que é mentira de bêbado, porém afirmo que nunca tive uma
doença que o álcool não curasse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Pensando nisso, enquanto doente e
tomando minha cagibrina, lembrei que a muito não parava para beber sem
preocupação. Digo, de pausar qualquer pensamento mesmo. Sem pensar em contas,
em relações, em trabalho. Apenas sentar, beber e sair escrevendo. Reparar em
cada aranha que faz moradia nos cantos do quarto. Em cada mancha de umidade. No
barulho do motor da geladeira da vizinha. No salto alto da nora da outra
vizinha quando ainda vira a esquina, que chega de madrugada voltando da balada,
e logo depois pega o molho de chaves na bolsa para abrir o portão. Os carros
que passam e raspam o assoalho na lombada. E os gatos correndo brincando no
telhado. E no momento que escrevo isso lembro de quando adolescente, quando
trabalhava de office-boy sonhava em estar em casa, ouvindo Frank Sinatra, com a
chuva de dez dilúvios batendo na janela, frio de matar, e eu dentro de casa
tomando uma boa xícara de café preto para esquentar o corpo vestido de calça de
moletom e seres me pagando só para escrever. Vê que desde muito jovem eu era
velho e solitário? Nunca fiz questão de companhia. Nunca me senti sozinho
comigo mesmo. Sempre tive algo para reclamar, é claro, afinal escreveria sobre
o quê? Mas sempre fiz questão de manter-me sozinho pois minha companhia sempre
me foi suficiente. Evidente que vez ou outra você precisa da companhia de
outras pessoas para que não passe a vida dependendo de uma alegria
masturbatória, uma mão amiga vez ou outra é indispensável. Porém a solidão
assusta a maioria das pessoas. Hoje em dia solidão demais é confundida com
depressão, não sei se por influência da indústria farmacêutica, da mídia ou dos
analistas, mas acho que subestimamos uma boa solidão, estar só, falando apenas
consigo mesmo, e desvendando nossos próprios segredos. Tem gente que se assusta
com seus próprios pensamentos e por isso tenta sempre estar rodeado de pessoas.
Se o sujeito não consegue se abrir com ele mesmo, algo está errado. Quer um
exemplo? Somos tão mais tolerantes com nosso peido que com os dos outros,
claro. Peidamos debaixo das cobertas e cobrimos a cabeça. Cheiramos nossos
gases e damos risada. Já qualquer flatulência alheia nós achamos o fim do
mundo, pois o peido é tão pessoal e intransferível como nossos pensamentos mais
obscuros, mas ainda assim dividimos com poucos que conquistam nossa confiança.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Digo mais, passei meses segurando
peido no começo de meu namoro. Tanto que por várias vezes tive que sair do
quarto só para peidar e era um alívio do tamanho do mundo. Hoje, ainda bem, eu
e minha namorada dividimos nossos peidos como dividimos uma mesa num
restaurante, ou uma pizza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sendo assim, acredito piamente que a
solidão nos ensina humildade. É preciso reconhecer nossos defeitos para lidar
com o defeito dos outros, qualquer coisa diferente disso se transforma em
hipocrisia. Então depois disso tudo, digo para aqueles que ainda permanecem
descrentes com a solidão, friso que a pior solidão não é aquela que você sente
quando está só, num quarto escuro ouvindo blues e tomando algo forte. Ou quando
se está numa cabana no meio do mato tomando café e relendo um livro clássico.
Não é a solidão de término de namoro onde se fica em casa comendo chocolate e
assistindo comédia romântica, nem a solidão de uma prisão tão pequena que mal
consegue ficar ereto. Não, pois esse tipo de solidão tem também a ausência de
esperança. Você não espera nada dela. É tão somente você e um grande vazio.
Assim ficamos alheios a tudo, nada pode nos atingir. Somos invencíveis,
inabaláveis, imortais e inatingíveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Digo que a pior solidão é aquela que
sentimos quando estamos no meio de uma multidão ou num relacionamento de via
única. Quando percebemos que o próximo não tem tanto interesse em nós como
temos deles. Afinal, nestes casos, a solidão vem junto da frustração de esperar
e esperar que o outro indivíduo sinta prazer de sua companhia e se alegre pelo
simples fato de te ver feliz. Essa solidão, sequer um mar de whisky poderá dar
jeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Bento.<o:p></o:p></span></div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-60761026705286366552016-03-12T20:48:00.000-03:002016-03-12T20:48:15.985-03:00COMO MOSQUITOS ATRAÍDOS PELA LUZ PARA SEREM MORTOS-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Não se preocupe em deixar frutos nesta vida e ser gentil com
as pessoas, pois no fim todos nós terminaremos sozinhos. Não há um ser humano
sequer neste mundo que não colocará seus sentimentos e bem estar à frente de
todas as outras pessoas. </div>
<div class="MsoNormal">
Lembro-me de minha casa, meses atrás, havia tantas latas
espalhadas quanto um ferro velho. Era o sonho de todo catador de latinhas,
passar alguns minutos ali recolhendo alumínio até fazer um bom dinheiro, como
aqueles programas de televisão que tinha minutos para escolher os prêmios que
queria levar.</div>
<div class="MsoNormal">
Eu poderia recolher e vender tudo aquilo, mas tinha a
preguiças dos gatos, só funcionava de noite. E recolher latas e carregar sacos
pretos de lixo até o ferro velho não estava, nem de longe, em minha lista de prazeres.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu já fui mais de festas. Houve um tempo que chegara a fazer
duas festas por semana em casa. Regadas a cervejas, carnes sangrentas e música
alta a ponto de receber visitas frequentes de policiais em minha porta
informando sobre o descontentamento dos vizinhos com nossa festa de dar inveja
a Baco. Hoje faço festas mais particulares, quando faço, com minha garota e é
só. Muito suor e destilados. Cervejas e sexo. Mais que isso eu estaria
mentindo. A diferença entre minhas festas antigas e as atuais não é só o
possível sexo, pois isso nunca foi problema. É que hoje em dia é possível fazer
festa sem dizer uma palavra sequer. Quando muito um "passe a perna para
cá" basta. Entenda, não é sempre (quase nunca) que estou com vontade de
conversar e falar sobre coisas inúteis. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Veja um exemplo; outro dia estávamos numa festa de
aniversário com algumas pessoas que eu não via há tempos. Chegamos e apresentei
a garota aos antigos amigos e logo sentamos para dar início aquele velho e
chato papo bosta "olá, quanto tempo, o que tem feito?". Levei um
pacote de cerveja como é de bom tom em toda festa onde se é convidado, afinal,
é o único líquido que bebo e somente com o álcool sou capaz de sair de casa e
socializar decentemente com pessoas e meu pacote continha todo o álcool que
existia na festa, assim, dei graças aos céus por minha boa educação. Caso
contrário teria saído dali no mesmo instante que cheguei.</div>
<div class="MsoNormal">
Digo isso, pois minhas cervejas eram as únicas que existia
no lugar e não havia nada mais alcoólico a não ser o usado para acender a
churrasqueira. Não que fosse novidade pra mim, afinal eu já fiz drinks com cada
coisa... O que quero dizer é que cada vez mais as pessoas estão preocupadas com
saúde e comidas saudáveis e exercícios físicos e para todo lugar que olho vejo
seres com corpos esculturais e roupas tão minúsculas quanto a velocidade de
raciocínio. Parece clichê, mas normalmente o ser mais forte não é o mais
esperto da sala. Normalmente. O que não quer dizer que isso não tenha suas
vantagens.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Minha garota mesmo, vez ou outra lhe pego revirando os olhos
por um ou dois caras que aparecem na TV com as tetas tão rijas que poderia
arrastar uma charrete com elas. Mulheres têm destas coisas, às vezes. Ela acha
que não percebo, mas estou sempre atento. Basta um cara com aqueles músculos
aparentes para lhe prender a atenção. Eu já sou exatamente o oposto. Apesar de ter
ganhado um pouco de peso, ainda me mantenho magro como salário mínimo e tão
sedentário quanto um bicho preguiça. Só me mexo quando extremamente necessário
e sempre que posso evitar, faço. Caminho até o mercado para buscar cervejas e
nada além do que posso carregar, pois acredito piamente que todo homem só
precisa ter a força necessária para carregar exatamente aquilo que vai beber e
comer, e é tão somente por isso que não sou adepto de gordas. Além disso, eu
ainda faço piadas, veja quanta coisa boa. Algumas garotas preferem homens
carismáticos aos fortes, afinal, foi-se o tempo que nós, machos, precisávamos
de força para sobreviver. Mas algo me preocupa. Não é que me faça perder o
sono, mas às vezes me pego pensando. É muita força para animais irracionais
andando por aí sem nenhuma cautela. Em algum momento pode dar merda, bem como
homossexuais agredidos nas esquinas e etc. É pouco raciocínio e muitos músculos
andando por aí sem qualquer vigilância e não que eu queira ser o mensageiro do
Apocalipse, mas não precisa ser muito esperto para prever que em algum momento,
numa sociedade escrota que vivemos hoje, com uma forte tendência ao fanatismo,
religioso, político entre outros, em meio a uma cultura empobrecida de ideias e
ideais, onde os artistas têm tanta massa cinzenta quanto seus seguidores
amebas, irá acontecer uma barbárie sem precedentes.</div>
<div class="MsoNormal">
Nessa mesma festa que eu narrei, todos os garotos que
cresceram comigo, todos davam o dobro de mim, contudo não leram dez por cento
dos livros que eu li. Nem vou citar sobre porres, pois eu ganharia de mil a
zero. Não sei se estão conseguindo me acompanhar, porém vou simplificar. Talvez
tenhamos daqui a 50 anos, jovens senhores vivendo até seus 100 anos, saudáveis
e acéfalos, que criarão crianças acéfalas e por fim, sumiremos da face da Terra
como os animais que um dia, dominaram o mundo por serem racionais. Em plena
época onde a informação tem sido de maior acesso, as pessoas simplesmente não
conseguem acompanhar sua velocidade ou priorizar seu raro tempo naquilo que
realmente tenha importância.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Neste mês, fará seis anos que eu escrevo sem parar. Nestes
anos, eu li e ouvi de tudo que é tipo que se possa imaginar, desde o início eu
falo sobre isso, sobre este tópico e de lá para cá só piorou e não creio que vá
melhorar. É uma data importante pra mim. Numa conta rápida, supondo que eu
escrevesse apenas um texto por mês, o que é pouco perto do que escrevi, teria
eu escrito 72 textos neste período. Que é mais que todas as matérias de jornal
que esses seres musculosos leram nem sua vida medíocre. Pode apostar. Mas hoje,
tenho mais de 500 textos postados neste blog e não que isso me faça melhor que
eles, claro que não. Supondo que eu bebesse uma caixa de cerveja por semana
nestes seis anos e uma garrafa de destilado por mês, chutando baixo, eu teria
absorvido 72 garrafas, e 288 caixas de cerveja, sendo cada caixa com 12 latas,
eu teria bebido 3.456 latas de cerveja e 72mil mililitros de destilado dentre
eles whisky, vodca, conhaque, cachaça, tequila e derivados. Fatalmente isso não
me fará viver até os 100 anos. Contudo, talvez me faça ser lembrado, mesmo que
seja um exemplo a não ser seguido, de como viver a vida. Só isso já basta, para
não querer fazer parte deste exército de testosterona que andam sem rumo sempre
a caminho da multidão. Bem como mosquitos atraídos pela luz para tão logo,
serem mortos.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Bento.</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-20064868927819929662016-01-10T16:01:00.001-02:002018-07-17T18:34:20.359-03:00AS RELIGIÕES, AS PUTAS, A MÚSICA E AS ARTES CÊNICAS, TUDO ESTAVA VAZIO<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiT8kR-hnLfQDX5sD3a_hUrStIA6xnCvQCka4oIUg-DFGcu-n6BhIuW8Mh1uZcVoGAp-mhBXRKv7YRUq92PXsup1WphOnTDYatPf8lGxhoR3g1DBz8CgAXbo_uvintuzQhLcocPJo5muzw/s1600/apo2.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiT8kR-hnLfQDX5sD3a_hUrStIA6xnCvQCka4oIUg-DFGcu-n6BhIuW8Mh1uZcVoGAp-mhBXRKv7YRUq92PXsup1WphOnTDYatPf8lGxhoR3g1DBz8CgAXbo_uvintuzQhLcocPJo5muzw/s400/apo2.png" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">I<a href="http://apolloniasaintclair.tumblr.com/" target="_blank">magem de Apollonia Saintclair</a></td></tr>
</tbody></table>
<br />
-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Alarme falso.</div>
<div class="MsoNormal">
Uma vez levantei e corri para o banheiro ainda com as
remelas grudando os olhos, com muito sacrifício sento no vaso e percebo que
eram só gases. Achei que iria cagar, mas fui ludibriado pelo peido. Já que
estava ali decido terminar o cigarro antes de levantar.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Isso às vezes acontece e não é só dos gases que falo. Há
muito alarme falso na minha vida. Um dia desses mesmo, jantei e passei mal.
Comi, deitei e foi só encostar a cabeça no travesseiro e a boca encheu d'água,
era o vômito se anunciando e sei que vão lembrar que eu digo que nunca vomito e
é verdade. Há dois dias eu não bebia e gorfei todo o almoço e janta na privada.
Bebi água e voltei correndo para ajoelhar de novo no chão do banheiro e colocar
o resto de Deus-sabe-o-que para fora. Depois de três, quatro vezes que bebi
água e voltei a vomitar decidi tomar uma dose de whisky. Batata! Alarme falso.
Pensei que iria morrer, mas era só falta de álcool. Pensei no whisky, pois já
não havia nada para por pra fora. <br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Poucas coisas são tão ruins quanto vomitar. Seu corpo vira
autônomo e decide que você não vai sair do banheiro enquanto ele não mandar.
Mesmo quando tentamos lutar contra, os músculos da barriga deixa claro que
somos fracos insistindo em colocar para fora tudo que ele não quer mais. De
qualquer forma, há momentos que é melhor por cima que por baixo. Hoje mesmo,
estou há alguns dias sem beber. Não tenho um centavo no bolso e enxuguei todas
as garrafas que tinha em casa. Acreditem, até o enxaguante bucal com álcool
acabou. As coisas passam a ter outro sentido quando se está sóbrio. Eu
sinceramente não entendo como as outras pessoas aguentam o mundo sem alguma
coisa para ficar doidão. Mesmo assim fui trabalhar num calor de cinco infernos
e eu com um humor de querer morder os cachorros na rua. Uma ou duas vezes tive
vontade de correr atrás do rabo só para ver se tonto, as pessoas ficariam menos
tediosas. Na empresa desligaram o ar-condicionado por causa do racionamento de
energia e eu transpirava como um macaco. Por vezes tive de ir ao banheiro lavar
o rosto e percebi minhas mãos trêmulas. Talvez eu precisasse de um médico, mas
com o dinheiro que eu NÃO tenho não podia me dar ao luxo de perder um dia de
trabalho. O espelho mostrava meu rosto cansado de quem tem uns quarenta anos e
eu ainda não cheguei nos trinta. Estranho como quando estamos alto por causa de
uma birita não reparamos nessas coisas. Os fios brancos da minha barba
brilhavam como sabres de luz de Star Wars. Bebia água como um desesperado para
repor o líquido que perco devido o calor e também por hábito de estar sempre
bebendo algo. Mastigava a água até, pois tinha fome como um mendigo. O café da
máquina era péssimo como água de um copo sujo de cinza de cigarro. </div>
<div class="MsoNormal">
O cigarro era outro problema. Estava prestes a acabar, por
isso eu fumava metade e apagava para guardar a outra metade pra mais tarde. Não
damos o devido valor a um cigarro até perceber que é o último do maço e que não
existe outro maço. Eu poderia usar isto como metáfora para muitas coisas nessa
vida medíocre, mas até escrever é difícil quando se está sóbrio. Sempre odiei
poetas sóbrios. E vendedores sóbrios, artistas sóbrios, balconistas sóbrios,
enfim. Acho que me fiz entender. <br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O fato é que tudo me lembrava álcool. As pessoas exalavam
álcool. Tudo piorou quando a senhora da limpeza me deixou maluco depois de
limpar minha mesa com álcool perfumado e caprichou tanto que eu me segurei para
não acabar lambendo o móvel. A secretária, por alguns instantes ao me passar um
telefonema me deixou confuso e eu tive que pedir para que ela repetisse o
recado que aos meus ouvidos soaram como "quer que eu te leve uma cerveja
bem gelada"? quando na verdade ela perguntou se eu queria que retornasse
ao Bezerra do almoxarifado que estava atrás de falar comigo e já tinha ligado
duas vezes. Eu respondi que não podia falar no momento. Precisava de um
cigarro, de muitas cervejas e um chinelo para amenizar o calor. Pernilongos
pairavam sobre nossas cabeças e eu poderia comê-los na esperança de terem
picado algum bêbado por aí e quem sabe absorver um pouco de etanol misturado
com sangue. Talvez não fosse a primeira vez, pois já misturei álcool com tanta
coisa. Última vez que me lembro misturei xarope à vodca para curar uma tosse e
de quebra a gripe. Sempre fui bom de improviso. Uma vez estava tão falido que
tive que usar o Bom-Ar como desodorante porque não tinha nem para comprar uma
Minâncora, não via problema algum em pegar um pouco do álcool hospitalar que a
empresa comprava para a limpeza dos banheiros e alcançar uma pequena brisa
sequer. </div>
<div class="MsoNormal">
Se eu tinha esperança que ao transpirar evaporasse um mínimo
de álcool que continha em meu fígado ou estômago entrando em minha corrente
sanguínea agora já se fora. Eu estava sóbrio e duro. Que vida ingrata. De
pensar que eu já havia dado tanto lugar para velhinhas sentarem nos ônibus e
como Deus me retribuía? Sem uma gota sequer de álcool para aturar essa vida
maldita. Sentia-me tão desambientado neste lugar como quando estive num noivado
evangélico à base de refrigerante quente e salgadinhos frios. E a maior prova
de que essas igrejas não são de Deus é eu acreditar piamente que ao adentrar
qualquer lugar sagrado eu entraria em combustão tão rápido quanto um acendedor
de churrasqueira e muito disso devido ao álcool tomando meu organismo. Mas não
agora.<br />
<br />
Pensei em churrasco e me deu calafrios. Lembrei da cerveja no gelo e sal
grosso. A carne grelhando. Infinitas batidas e caipirinhas de todas as frutas
da temporada. Precisava sair dali e beber alguma coisa antes que enlouquecesse,
se é que já não estou louco. Eu poderia matar o primeiro que surgir na minha
frente e beber de seu sangue com um canudo se tivesse a certeza de que aquilo
me tiraria dessa realidade maluca e tediosa. Já estava ouvindo vozes. Mate mate
mate mate!!!!!!!!!! As veias pulsantes no pescoço fino e liso da garota que senta-se
à mesa ao meu lado. Morda! Arranque um pedaço! Mastigue! Corte, esquarteje, pique,
beba!! Beba!! A voz continuava. O calor e os mosquitos me irritavam. O ar, o
barulho e até o silêncio me tirava do sério. Estava enlouquecendo. Os barulhos
das teclas que as outras pessoas insistiam em pressionar. O click do mouse, as
ventoinhas dos computadores, os ácaros nos carpetes todos malditos barulhentos.
Simplesmente não conseguiam ficar em silêncio e respeitar a minha dor. Me
ofendiam apenas por estarem vivos e existir. Mate mate mate mate!! Aquela voz
continuava. Eu precisava sair dali, mas minhas pernas tremiam. Meu corpo
tremia. Eu desejava mais que a vida um copo, umas garrafa de algo amargo,
forte, rasgando a garganta ao descer. Batendo no estômago e me lembrando que
estou vivo. VIVO! E que a vida podia ser melhor que esses pedaços de carne
ambulante que perambulam por aí com seus sorrisos falsos, suas peles oleosas,
seu fedor. Eu precisava matá-los, precisava limpar o mundo desses nojentos. Mas
mais importante, eu precisava beber, então minha faxina rancorosa poderia
esperar. Sentia firmeza nas pernas pela primeira vez no dia e corria. Saí dali
e corri até o hall. Não tinha elevador disponível então corri pelas escadas. De
dois em dois degraus tropecei duas vezes e quase parti a cabeça ao meio. Do
lado de fora do prédio continuei correndo e fui como um alucinado até o bar mais
perto que conhecia e estava fechado. Continuei correndo e encontrei mais bares
fechados. Nem era feriado, era um dia de semana como qualquer outro. Corria e corria
e mais bares com suas portas de aço abaixadas e trancadas e mercados fechados,
padarias e Casas do Norte, mercearias e qualquer lugar que vendia álcool estavam
fechados. Finalmente avistei um posto. Continuei correndo e a loja de
conveniência estava fechada então tive uma ideia genial. A bomba! Claro. A
bomba de etanol, álcool puro e da fonte. Parei ao lado do frentista sem fôlego.
Não sei dizer como consegui correr tanto. Não com os trinta cigarros diários. Mas
logo que parei comecei a sentir o resultado de tanto esforço. Meus pulmões
colados nas costas e sem ar. Minhas pernas começaram a tremer novamente. A
garganta seca quase não permitia que eu falasse. Álcool! Álcool, pedi ao
frentista. Ele não entendeu e então eu repeti e tive que fazer um esforço
enorme para isso. Álcool! Me dê um pouco de álcool. E daí que era álcool
automotivo? E daí que aquilo poderia corroer meus órgãos e me matar? Eu já
estou morto. A sociedade estava morta. Com todos os seus demônios e sua
hipocrisia e suas doenças. Herpes, AIDS, gonorreia, mau hálito, caspas,
furúnculos anais, hemorroidas, diabetes, gastrite e um mundaréu de
enfermidades. E os gordos, os idosos, os pais de família. Eu só precisava
beber. Morreria por uma gota de álcool e para melhorar o meu dia, o frentista
olhou bem nos meus olhos, sem respeitar meus sentimentos e jogou a realidade
toda em meus ombros novamente.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não temos nenhum combustível. Estamos vazios. Ele disse.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vazios! Claro que estão. Não só o posto. O mundo estava
vazio. As religiões, e as putas, a música, e as artes cênicas, tudo estava
vazio. De um vazio absolutamente tedioso e é por isso que eu precisava de
álcool. Então eu corri. Continuei correndo como se não houvesse amanhã e
possivelmente estava certo. Vi a avenida. Os carros indo de um lado para o
outro com seus condutores e suas vidas patéticas e vi um caminhão. Enorme e
vinha rápido. Vinha como quem estivesse atrasado para algo. Dois passos. Apenas
dois passos seria o suficiente para dar cabo daquilo. Dois passos e o caminhão
espalharia meus órgãos podres devido o consumo excessivo de álcool pela
avenida. Fazendo uma festa de sangue e pele e tripas. Dei os dois passos e
esperei. Mais espera. Em toda a minha vida não houve um segundo sequer que eu
não estivesse esperando alguma coisa. O garçom trazendo meu drink, a garota
sair do banheiro para transarmos e um monte de outras coisas. Travei os dentes
com toda a força que restava em meu corpo. Era a hora e quando estava a um
milímetro de distância, tão perto que podia sentir o calor do radiador em
minhas narinas, no último instante, fui surpreendido com o som do contrabaixo
de Lemmy tocando Aces Spades saindo do meu celular. Era o despertador me
acordando para ir trabalhar de novo. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Então, você que lê isso agora, se é que há alguém lendo
isso, deve estar respirando aliviado achando que estou contando apenas um sonho
que tive. E tudo seria maravilho se realmente fosse isso mesmo. Um sonho e
pronto. Porém, hoje completa 36 dias que não consigo sair deste sonho. Todos os
dias, sem exceção, o contrabaixo, o alarme falso do peido, o calor, os bares
fechados e o caminhão. Tudo de novo e novo e de novo. Preso num ciclo vicioso,
infinito, como um rato correndo em sua roda dentro de sua gaiola. Sempre igual.
Sempre. Igual.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Bento.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
-</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-73427889341472706392015-10-28T22:03:00.000-02:002019-07-11T22:07:31.824-03:00A PRIMEIRA CANECA DE CAFÉ DEPOIS DO CIGARRO NA GARGANTA QUASE VIRGEM DE UMA NOITE MAL DORMIDA-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Eu sempre
disse que tenho uma queda por enforcamentos. Não por mim, claro que não. Nem
quero dizer que sinto vontade de me enforcar. Passei a vida inteira
"enforcado" e acho que já foi o bastante. De qualquer forma, sempre
senti um pouco de euforia ao tomar conhecimento de alguém que se enforcou. É só
uma coisa minha, nada demais. Perdoe-me aqueles que tiveram pessoas próximas
enforcadas - ou não perdoe - que se foda. A verdade é que respeito toda forma
de desistência. Tiros na têmpora, saltos de prédios e em frente a trens,
ingestão de veneno, inalação de gases e etc. Acho o ato de DESISTIR muito
corajoso, nem todos conseguem. Não acho covarde aquele que desiste, acho burro
aquele que continua insistindo em algo que não vai dar certo. Acredito que as
coisas podem dar certo assim como podem dar errado, sendo assim todos temos a
opção de continuar ou não e assim como todas as opiniões, esta também é
individual. E vamos combinar que a vida é uma merda e que nem todos temos
estômago para aguentar certos caprichos do destino, muito menos arcar com todas
as nossas medíocres ações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sendo assim,
nada mais que justo dar espaço para outra alma mais assertiva, que por ventura,
possa vir acampar por esse mundo. Contudo, a vida não se resume só em mazelas,
há também aqueles pequenos momentos onde nos sentimos o pica grossa no
universo, por exemplo, quando temos duas cabeças entre nossas pernas brigando
por um pedaço de nosso pau. Você nunca soube o que isso? Bom, se nunca, nessa miserável vida, pôde ter um momento como este, ainda lhe sobra o caminho da
Escada e a Corda, como diz Matanza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Falando ainda
sobre aquelas pequenas coisas que trazem felicidade. Aqueles pequenos momentos
que enxergamos mais que os olhos humanos enxergam. Ao acordar no fim de semana
de folga e perceber que o sol está castigando a cabeça das pessoas e ao colocar
a cara para fora, logo você sente os pelos eriçados devido os raios solares
queimando de leve sua pele, parecendo ganhar mais potência, fruto do álcool que
transpira de seus poros quase a ponto de entrar em combustão. A felicidade que
propicia a primeira caneca de café depois do cigarro na garganta quase virgem
de uma noite mal dormida. A segunda caneca de café. E depois disso, poder abrir
a geladeira e encontrar uma garrafa geladinha, transpirando, deixando as pontas
dos dedos dormentes de tão gelada. Seguido de um Tissssss que dá água a boca. E
o primeiro gole, que faz formigar todo o interior e o céu da boca, quase
dormentes, a língua e a parede da bochecha. Isso é para poucos. O sabor, a
dormência, quase que de pau duro você agradece a semana inteira de sacrifício e
sacrilégios para poder ter estes pequenos momentos de felicidade puro e
simplesmente magníficos. É preciso muita consciência e inteligência para
saborear momentos como estes. Um gole, depois outro e outro e só parar para
acender outro cigarro. E sair no sol de novo e a pele estranhar novamente a
luz. E perceber que os cachorros também aproveitam o calor, deitados com a
barriga pra cima sob a luz solar, como quem faz fotossíntese, afinal, somos
todos adubos. Todos nós, não passamos de relés adubos para a terra. Sendo assim
eu poderia muito bem ficar aqui em minha cadeira de praia, curtindo o meu
sábado, olhando os bichos curtirem o sol e só me levantar para pegar outra
cerveja e mijar, que é inevitável. Contudo tenho uma garota nua em minha cama
que precisa ser alimentada. Precisa de energia para que possamos aproveitar o
fim de semana e terminar de desidratar-me. E também a ela. Então volto à penumbra
do quarto para vê-la nua, com o lençol caprichosamente cobrindo-lhe apenas
metade da bunda. E que BUNDA. Outro gole na cerveja e a metade da bunda e as
pernas de fora e o lençol, pensando; são sempre as pequenas coisas que me
agradam, não há definição melhor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Melhor que
isso, só o caminho até o mercado, indo buscar mantimentos para o almoço,
tomando minha cerveja debaixo de um sol de dezoito infernos e meio, sentindo o
cheiro de liquido vaginal em meu volumoso bigode depois de chupá-la semi
acordada, pois não resisti àquela visão de bunda e pernas sobrando abaixo do
meu lençol.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mas mesmo um
cheiro no bigode tem de ser interpretado. Eu interpreto de um jeito. Na fila do
mercado, feliz, com uma caixa de cerveja na mão e o cheiro de boceta no bigode
eu me sinto feliz como quem há muito não sente. E penso nas outras pessoas na
fila e mesmo aqueles que carregam suas caixas de cervejas, será que sentiam o
mesmo aroma que eu? E se sentiam, será que sabiam interpretar tamanho
significado e prazer que ali continha? E você que está lendo agora, será que
consegue?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não adianta
querermos nos comunicar quando o ouvinte não se interessa pelo conteúdo da
mensagem. É preciso parar para ouvir. Duas pessoas conversando não
necessariamente quer dizer que estão se comunicando. Por vezes são apenas
palavras soltas como numa sopa de letrinhas, como num teste de ditado. Começar
o fim de semana com uma caixa de cerveja e o tal cheiro no bigode é sair
ganhando de goleada. Dito isso, espero ter sido compreendido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Pois bem, eis
que volto pra casa com a sacola cheia de mantimentos suficientes para o preparo
de um bom Chilli de fazer a língua queimar. Mais um motivo para encharca-la de
cerveja e tudo corre muito bem, obrigado. Só que um ranzinza como eu não pode
levar a vida como se fosse um mar de rosas. Não eu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Consigo me
desprender dos problemas quando estou com um Bourbon de qualidade no beiço e
meus cigarros a tiracolo enquanto ouço Howlin Wolf no rádio, mas sei que eles
estão lá guardados, só esperando para chegar segunda-feira e voltarem a me
atazanar. Mas e quando esses problemas não são suficientes? E quando eu,
acostumado ao limbo, à sarjeta, começo a pensar que a maré esta tranquila
demais e preciso de uma tempestade para me ferir e fazer pensar? Entendam;
sempre fui de viver à flor da pele. Não seria natural se eu simplesmente
sentasse em minha cadeira de balanço e começasse a planejar crianças, que por
sinal eu as odeio. Logo, vai eu enxergar defeitos e situações que me deixam
estressado e dignas de lamúria, pois tenho que reclamar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sendo assim o
ranger da cadeira de balanço me incomodava. O sol baixou e com o cair da noite
veio o frio e não demorou pra que eu começasse a praguejar. O Chilli não estava
apimentado suficiente, a cerveja ficou choca, o filme que íamos assistir me deu
tédio. O cabelo da minha garota não estava bom, seu micro pijama não me
excitava suficiente e assim veio mais praguejo. Praguejo atrás de praguejo.
Afinal, já disse, sou um ranzinza acostumado com o cheiro de merda nas narinas
e sempre fui adepto da teoria de que não se pode elogiar muito a sorte senão
ela acha que está bom e o abandona.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Bento<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-</span></div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-16142819271600462702015-09-22T22:02:00.000-03:002015-09-22T22:03:03.908-03:00SÓ QUE SOMOS SÓ UM AMONTOADO DE CARNE, BANHA, PUS E TRIPAS-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
É curioso como podemos fazer coisas repetidamente, todos os
dias, mecanicamente e nunca nos darmos conta. Como um aparelho doméstico,
funcionando e funcionando e é só. Dias atrás eu me vi no meio do caminho para o
trabalho e sequer me dei conta de como fui parar ali. Simplesmente parei e
pensei; mas como foi que vim parar aqui? Olhei-me e estava vestido, com as
chaves, cigarros e celular no bolso, tudo em ordem. Cabelo penteado, passei a
língua nos dentes e estavam escovados, mas eu não me lembrava de ter feito nada
disso. Digo, lembro-me de acordar e acender um cigarro e depois disso PUFF!
Qualquer memória foi pro saco, como se eu estivesse ficado bêbado e aparecido
ali, acordado do porre ali. Só que era de manhã e eu estava indo trabalhar.
Tudo daquele momento para trás se perdeu. Não lembrava dos cigarros que fumei,
nem das canecas de café que tomei. Não lembrei de ter cagado, de tomar banho,
de pegar o ônibus ou o metrô, de nada. Estava ali automaticamente, fiz o
caminho inconsciente porque eu faço todos os dias. Não lembro da cara de cu do
cobrador, não lembro dos velhos que fazem questão de acordar cedo e encher o
transporte coletivo. Não lembro dos gordos que ocupam o dobro de espaço num
transporte que já não cabe mais ninguém. Não lembro se li meu livro, se usei o
banheiro da estação. NADA. Só lembro de estar ali, no meio do caminho para o
trabalho como faço todos os dias. Um lapso? Seria loucura? Finalmente minha
mente estava pedindo, ou clamando, por uma aposentadoria? Então meu corpo
vagaria por aí sem mim ou sem minha mente, ou eu seria apenas um passageiro de
meu corpo, sentindo, vendo, cheirando, porém sem controle nenhum sobre qualquer
músculo. Com consciência, mas sem autonomia. Espectador da minha própria vida.
O interessante é que meu corpo, em carreira solo, possivelmente teria mais
sucesso que eu (quem não teria?). Talvez eu esteja com dislexia. Talvez eu
esteja morto sem me dar conta, mas as contas continuam chegando, então estou
vivo, pois os cobradores são os primeiros, a saber, das nossas vidas ou mortes.
Reparei que quando me dei conta do meu lapso eu estava andando rápido, quase
correndo, mas por quê? Bem, estou sempre atrasado e também estava naquele dia,
mas se sempre estou atrasado então qual a diferença? Correr por quê? Aliás,
esta é uma pergunta que eu vivo me fazendo e eu não consigo responder nunca.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O Tédio. O Tédio e as outras coisas. Por quê? Pra quê?
Acordar por quê? Levantar pra quê? </div>
<div class="MsoNormal">
Por que comer se daqui a pouco estarei com fome novamente?
Por que tomar banho? Por que tenho que sair de casa? Por que levantar da minha
cama? Trabalho todos os dias, de segunda à sexta, o mês inteiro, pago as contas
e começo tudo de novo, por quê? Pelo final de semana? Trabalho exclusivamente
pelo final de semana. É nisso que minha vida se resume? Trabalho e final de
semana. Uma semana toda de martírio para poder passar o final de semana todo na
minha cama esvaziando garrafas. Pra quê? Por quê?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As pessoas são decepcionantes, a vida é decepcionante.
Talvez você ainda não tenha passado por situações ruins suficientes para
perceber que nenhum de nós vale o esforço de um pequeno músculo sequer. O
curioso é que todos nós nos superestimamos. Sempre achamos que somos um pedaço
de carne selecionado por Deus. Inventamos que existe alma apenas para nos
sentirmos importantes, só que somos só um amontoado de carne, banha, pus,
tripas, tudo isso misturado com altas doses de egocentrismo. Todo homem acha
que seu pinto é maior e melhor que os dos outros. Toda mulher acha que trepa
melhor que todas as outras. Tem caras que gastam o que não tem para comprar
carros enormes e caros para se sentirem mais e melhor. Mulheres que colocam
silicone e passam horas no salão de beleza tentando ser a droga de uma boneca
inflável ambulante. E aí você pensa; o cara se resume a dois braços musculosos.
Tudo bem se você preferir um pedreiro em tempo integral, tudo é uma questão de
gosto. Tudo bem se você prefere comer uma garota com os glúteos tão rijos
quanto seu pau. Tudo é uma questão de gosto. Mas é exatamente aí que você
começa a perceber que a vida já não representa grande avanço e que as pessoas
não estão demonstrando seu melhor. É uma mecânica que eu particularmente não
aprovo, se é que aprovo qualquer coisa mecânica.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Enquanto isso vou escrevendo no ritmo que a inspiração
mandar. Esperando a falência do mundo como espero do fígado. Vivo a vida em
meia dúzia de latas de cerveja por vez. Exercitando a arte de menosprezar a
humanidade e lamentar por estar certo. Vejo pernas e bundas e peitos passeando
pelas calçadas. Pedaços de carne, por vezes suculentas, mas na maioria não
passa de banha crua e molenga. Poucos cérebros, pouca consciência, nenhuma
aptidão para tomar as rédeas de suas próprias vidas. Transeuntes vegetativos.
Zumbis babando e escarrando e cagando. Não mais que isso. Um exército, se
prestar bem atenção, não passa de uma massa de gente, um exército de seres
repetindo gestos, imitando falas, frases e comportamento. São coadjuvantes da
vida real, não se fazem notar. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Conversando com um amigo uma vez, ele me contava sobre uma
transa que teve com uma garota. Ela despiu-se e deitou na cama de pernas
abertas. Este meu amigo olhou a garota branca como um palmito e seu corpo não
era tão diferente. Nada de peitos, o pouco de bunda que tinha a posição que ela
escolhera não favorecia. O maior volume de carne que tinha em seu corpo estava
na região do abdômen e o que foi bem pior, quando pensou em levantar suas
pernas para ensaiar um frango assado pode reparar em restos de papel higiênico
picados como quem limpou a bunda depois de cagar com uma marca de papel da bem
vagabunda. Bêbado como estava na hora, ele pensou; já que estou aqui... </div>
<div class="MsoNormal">
Bem, meteu-se dentro de uma camisinha e como um cientista
maluco com sua veste protetora entrou de cabeça naquele mundo subterrâneo. Fico
eu aqui pensando com meus botões; ainda não inventaram camisinha ou nada parecido
que protege contra a humanidade, além da solidão.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Bento.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
_</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-67481455827856410102015-08-28T15:18:00.000-03:002015-08-28T15:18:05.918-03:00COM ESSA GAROTA NUA ADORMECIDA EM MINHA CAMA ENQUANTO EU BEBO MEU WHISKY-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Na maior parte do tempo observo o quão deprimente as coisas
corriqueiras podem ser. Os elogios sem motivo, as amenidades, o convívio com as
outras pessoas. Vizinhos, colegas de trabalho, família e etc. É tudo um grande
teatro mal ensaiado de péssimos atores e é só isso. Relações de uma fragilidade
como ossos de galinha. Todos mantendo a pose da coxa de galinha assada até que
se quebra e pronto. Viram inimigos. Esses são nossos relacionamentos mais
comuns. Não quero que pensem que sou grande coisa porque não sou. Não sou, pois
não consigo fingir. Não sei acordar de manhã comemorando mais um dia de vida
medíocre, esperando que as coisas melhorem e desejando paz na Terra. Invejo
essas pessoas, de verdade. Não acho isso uma coisa boa, de forma nenhuma, mas
vamos combinar que a ignorância traz sim felicidade. Não tanto quanto o
dinheiro, mas quem não tem cão caça com gato. Digo isso para deixar claro que
não sou grande coisa. Não vou me fazer de vítima, porém sinto sinceramente que
não passo de um amontoado de palavras que já foram boas e nada mais. Além,
claro, de ser um beberrão convicto, que precisa de uma boa dose de algo
alcoólico e forte para poder levantar da cama e enfrentar o dia. Um sedentário
bosta que evita fazer qualquer coisa esperando que a inspiração venha no
intuito de escrever qualquer bobagem que me faça sentir algum prazer por
respirar. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Houve um tempo que eu fui a maior promessa da literatura de
minha geração. Hoje não passo de um ex-futuro-escritor. Tento escrever qualquer
coisa e não saio da primeira linha, e quando faço acho tudo uma porcaria.
Talvez, de tanto escrever fracassos tornei-me minha musa. Dou voltas e não saio
do lugar. Cinco anos escrevendo, até que fui longe. Mais longe que esperavam,
já eu esperava mais. Sou um escritor de livro nenhum. Tenho um romance
inacabado, outro que nem comecei a escrever e outro livro de contos que nunca
concluo. Como tudo na vida não concluo porra nenhuma. Dou voltas no mesmo lugar
como um peão de madeira de quando era criança. Um fracassado. Hoje não sou
metade do filósofo que já fui e em minha melhor fase não fui um décimo do poeta
que poderia ser. Talvez por preguiça, omissão, ou por perder tempo transando
com todas as garotas que cruzaram meu caminho. Preciso comprar um carro, um
computador novo, e uma televisão nova... E a maior emoção que tenho ultimamente
é acordar de pau duro devido a bexiga pressionar a próstata.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vejo as pessoas estudando cada dia mais e me pergunto; para
quê? Não estou exigindo resposta, eu já as tenho. Cada dia mais e mais
informação é despejada por todos os veículos de comunicação e hoje todos são
comunicadores empenhados e continuo sem entender. Na prática, não se usa. Os
jovens chegarão somente ao ápice de sua ignorância. Os velhos regridem para
acompanhar os jovens na sua imbecilidade, pois é mais fácil render-se a ela que
superá-la. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Então, estou finalmente de férias, e sendo assim, tenho por
vinte dias a vida que gostaria de ter até o fim de meus dias. Não faltam
cervejas e cigarros, todos devidamente organizados ao alcance das mãos e para
que não falte numa madrugada qualquer. Gosto tanto de cervejas que poderia
economizar um bom dinheiro vendendo as latas como os carroceiros fazem, mas sou
orgulhoso demais para pensar nisso, e trabalho demais para ter de economizar
com latinhas recicladas. Pensei nisso outro dia e por capricho comprei
garrafas. Nesses dias mudei a marca da cerveja. Mudei, pois é bom mudar em
alguns momentos. Há muita resistência na mudança em qualquer pessoa. Apesar de
ouvirmos por aí que as pessoas odeiam rotina, toda mudança assusta como o uivo
do vento na janela numa noite solitária. </div>
<div class="MsoNormal">
Por falar em mudanças, passei meus 30 dias de carma anual
sem maiores problemas. Terminei os últimos cinco numa viagem confortável e
aconchegante. Estava a garota do Bourbon e eu num quarto antigo sem televisão,
com moveis barulhentos e digo que poucas coisas são tão belas quanto ver uma
garota de lingerie passeando pelo cômodo fazendo suas coisas de garotas. Sequer
a imagem do mar em seu vai-e-vem de ondas e seu ronco contínuo é tão belo
quanto ver uma garota em sua rotina diária de cremes e esmaltes e elásticos de
cabelo e camiseta surrada passeando em frente aos meus olhos ajeitando a
calcinha, penteando os cílios, e essas coisas de garotas. Eu poderia ter
viajado, comprado minhas cervejas, fumado meus cigarros e sequer ter colocado
meus pés na areia e sentido a brisa fria do mar e o sol escaldante queimando
minha pele, pois poucas coisas são tão belas quanto acompanhar o vai-e-vem da
garota do Bourbon só de lingerie, com suas dobras, suas curvas, indo para lá e
para cá, dobrando coisas, arrumando outras coisas em seus lugares como quem
rege uma orquestra, como dona do mundo e do tempo. Passaria horas bebendo e
fumando e vendo o desfile desta garota fazendo exatamente nada, apenas exalando
sua feminilidade e destilando seu perfume de cremes, desodorantes e perfumes e
mais cremes e é tão delicioso que eu poderia comê-la, literalmente, comê-la.
Mordê-la e mastiga-la e engoli-la. Fatia-la e engoli-la, tamanha delicadeza de
seus passos, seus dedos ao tocar o chão gelado, quase como um gato, quase sem
tocar o chão. A rotina de vê-la ali passando de lá pra cá sabe-se lá fazendo o
que preenchendo o ambiente dela. Só dela. Todo o ambiente, todo o quarto, era
só ela. Eu não passava de mais um móvel usado e barulhento. A diferença é que
eu fumava, arrotava, peidava, bebia e às vezes transava. Digo às vezes, pois
percebi que a idade chega pra todo mundo e ter de acompanhar a libido de uma
garota de 21 anos não é tão mais fácil na minha idade, mas eu ainda não fico
devendo muita coisa. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Contudo, eu pensava assim até brigarmos. Afinal, para me ver
brigando com alguém basta deixar-me num quarto com qualquer ser humano durante
uma semana e sim, eu, inevitavelmente acharei motivos para brigar com esta
pessoa. Amigo ou inimigo. Não importa. Qualquer pessoa que fique tanto tempo
próximo de mim me causará problema. Bem, briguei. Arrumei motivos para discutir
e assim fiz. Caso contrário não seria eu. Depois que fiz passamos a noite sem
nos falar e dormimos sem nos tocar. Até o dia seguinte, ela amolecer meu
coração com o cheiro de café fresco, pois mesmo brava ainda assim levantou-se
mais cedo para preparar o café preto, só pra mim, por saber que meu humor é
muito pior sem o café preto de manhã. Uma santa esta garota. Pois bem. Mesmo um
velho ranzinza como eu não poderia ficar imune a este carinho. Mesmo assim, me
fiz de difícil na primeira hora após fumar o primeiro cigarro, após
levantar-me, tomar meu banho matinal, e ainda assim mantinha-me de cara
fechada, que era para ver que eu ainda estava bravo, só que não estava. Eu já
tinha sido conquistado pelo café. Mas homem tem destas coisas. De marcar
território, como cachorro de rua eu estava marcando o território. No sentido
figurado eu erguia minha perna para mijar na dela. Como somos pobres de
espírito, nós homens.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Preparávamos para irmos à praia quando ela consciente de
suas ações ou não, já indecentemente penetrada naquele biquíni, pediu sabedora
ou não, para que eu passasse protetor nas suas costas. A partir daí, velho,
ranzinza, macho alfa, tornei-me escravo de minha libido e fizemos o melhor sexo
de conciliação da história. Com tapas e unhadas a ponto de descontarmos toda a
raiva adquirida na noite anterior. E digo; o melhor sexo de conciliação da
história, de todos os tempos. Afinal, algumas coisas, feitas com raiva, nem
sempre causam arrependimento. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Agora estou aqui. Escrevendo, nem tão fracassado assim. Com
essa jovem garota nua adormecida em minha cama, enquanto eu bebo meu whisky,
fumo meu cigarro e escrevo escondido no banheiro para não acorda-la.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Bento.</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-16876267694546647002015-08-12T14:06:00.000-03:002015-08-12T14:06:20.026-03:00SOU O JESUS CRISTO DO RUM [A BARBA]-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Então eu estava muito nervoso. Era noite. Daqueles dias
cansativos que você demora mais pra voltar pra casa que o período todo de
trabalho. E o relógio te informa que em algumas horas você já precisará estar
de pé e acordado novamente para ir trabalhar. Só que você não quer dormir. Você
quer aproveitar a noite. Olha pela janela e vê a lua que te convida a beber e
se divertir. Mas isso é só para quem tem direito. Nós trabalhadores não
podemos. Nós, telefonistas, pedreiros, balconistas, eletricistas, encanadores,
professores, vendedores, motoristas, lavadores de carros, limpadores de
vidraças, atendentes, expositores, estoquistas, dentre todas as outras coisas,
nós não temos este direito. Nós apenas dormimos e acordamos e trabalhamos, pois
o mundo precisa de nós. O mercado e a economia precisam de nós. Inclusive aqueles
que têm o direito de beber numa noite dessas, no meio da semana, eles também
precisam de nós. E eu estava lá, em frente ao espelho, vendo meus olhos
cansados de acordar quase sem dormir, querendo sair e me divertir sem poder.
Mas confesso que antes de chegar em casa passei no boteco e pedi duas doses. Da
forte. Por este motivo, talvez, eu quisesse trocar a janta pelo gargalo de uma
boa cerveja gelada. Eu disse uma?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um calor de sentir-se sujo. Duas doses no estômago depois de
um dia cansativo e já me sinto poderoso. Quase como quando ouço The Doors no
último volume. Olho no espelho e sou só sobrancelhas e bigode e barba. O cabelo
já passa da hora de cortar e sinto calor. Lembro-me que escondido na cômoda,
para as horas de emergência, tenho um meio litro de rum pela metade. Já ajuda
em alguma coisa. Para fazer durar mais adiciono em cada dose dois dedos d'água.
De meio faço quase um inteiro. É o milagre da multiplicação. "Sou o Jesus
Cristo do rum", eu grito sem me importar com os vizinhos. Um pirata com a barba ruiva tomando rum como quem bebe água. Mais uma dose e
agora fico nu para suportar o calor, mas ainda não é suficiente. Meu rosto não
faz questão de esconder as marcas do tempo e dos incontáveis porres. Das noites
sem dormir. Dos desamores. Há muito que contar em cada ruga, cada cravo, cada
pelo de barba. E a barba? Enorme, com pelos eriçados, rebeldes, precisando
aparar, mas que tempo tenho? Quando minhas horas de descanso reservam-se para
dormir e beber e escrever. Algo me incomoda e a barba pode ser quem vai pagar o
pato. Então entre o cigarro aceso e mais uma dose de rum eu acho a tesoura e
começo a cortar a barba. A cada chumaço de barba largada no lavatório é um
pouco de sofrimento que vai pelo ralo. Leva tempo para manter uma barba deste
tamanho. Porém, não mais tempo que economizei quando optei por não perder tempo
fazendo a barba.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A verdade é que de lua, como sou, por vezes preciso de uma
grande mudança em minha rotina para sentir-me vivo. Vivo e ativo. Vivo e útil.
E ainda tem a garota do Bourbon que permanece preenchendo meus finais de
semana. Uma linda esta garota. De uma paciência ímpar. Também pudera, para me
aturar, somente tendo uma paciência de monge tibetano, mas ao invés disso, ela
é descendente de nordestinos mesmo, talvez seja isso. Além de paciente ela é
quase tão preguiçosa quanto eu, logo, não se importa de ficar deitada tomando
cerveja, falando sobre qualquer coisa e transando.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não existe muito mais o que
se possa querer numa garota quando esta não reclama de seus cigarros, sua
vontade incontrolável de algo alcoólico e seu vício em sexo, dito isso, por
vezes eu abro mão de meu casulo para levá-la em lugares que queira ir, afinal,
quando se está com uma garota como ela é preciso abrir mão de algumas coisas
para mantê-la por perto. É uma via de duas mãos. Não se pode viver sem abrir
mão de coisas. Abri-se mão da cerveja importada de trigo para poder investir em
quantidade de cervejas nacionais e assim poder comprar garrafas que vão te
deixar suficientemente bêbado. Abre-se mão, por vezes, da garrafa de Bourbon
importado para poder tomar um bom café da manhã a cada três dias de ressacas
consecutivas. Abre-se mão de comer em restaurantes boca-de-porco, que servem
comida como quem serve para um batalhão, com quase um porco inteiro frito em
seu prato clamando para ser saboreado com as mãos para poder impressionar uma
garota num restaurante que serve comida como se fosse alpiste, com pratos
decorados como aquela tia perua. Vivemos abrindo mão de coisas esperando
conseguir outras, porque ainda somos daqueles que têm que escolher entre dormir
ou aceitar o convite da lua que nos chama para beber e ficar bêbado e vomitar
metade do que bebemos para poder beber mais e não lembrar do que fizemos na
noite passada. Nós ainda somos os telefonistas, pedreiros, balconistas,
eletricistas, encanadores, professores, vendedores, motoristas, lavadores de
carros, limpadores de vidraças, atendentes, expositores, estoquistas,
faxineiros, porteiros, zeladores, carteiros, ajudantes, auxiliares... E
continuaremos até que a morte nos convide para dançar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><br /></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Bento.</div>
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<br /></div>
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-</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-24917995452965167922015-07-14T22:21:00.000-03:002015-07-14T22:21:06.614-03:00AINDA HOJE NÃO SEI O QUE É SER CHUPADO POR UMA BANGUELA-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Uma vez estava eu saindo de um motel afastado, quase de
improviso, com uma das garotas mais safadas que eu já conheci. Íamos do motel
para o metrô e lá cada um de nós tomaria um curso diferente. Eram duas quadras
e eu andava como um coxo, tamanha a dor no saco, pois eu transara com toda a
força que tinha e ela queria mais e mais forte. Nem o homem mais forte do mundo
poderia saciá-la. Eu pelo menos tentei. Mas foi a dor no saco mais deliciosa
que eu me lembro.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Uma outra vez, estava em casa, numa daquelas festas que eu
costumo fazer sem motivo e sem data para acabar. As pessoas apenas vão chegando
e trazendo bebidas e trazendo mais gente que também vão trazendo mais bebidas e
bem, parece nunca ter fim. Até que alguém gorfe, e outro alguém apague, uma
garota ou duas urine nas calças, e em cada canto da casa tenha alguém transando
ou tentando transar. Calhou que neste dia me sobrou o banheiro do meu quarto e
era a terceira vez que eu entrava ali com uma garota diferente. Pela janela do
banheiro ouvíamos a conversa sem sentido de bêbados falando sobre nada e
gargalhadas insanas. Ela ajoelhada e eu resolvi que era um bom momento para
umas palmadas em seu rosto. Primeiro um tapa, depois dois e vocês sabem como
isso funciona. Ela nem parecia que gostava nem que não, mas de repente decidiu
revidar e seus braços eram mais fortes que os meus. De supetão levei um tapa no
rosto de baixo pra cima que quase me deixou sóbrio de novo, porém estava bêbado
e o tapa fora tão forte que pendi para trás como quem estava prestes a cair.
Então a garota dos braços mais fortes que os meus agarrou meu pau e me puxou
junto dela impedindo minha queda. Poucas vezes me vi surpreso, mas nada supera
o tapa, a quase queda e ser laçado por meu próprio pau. Rimos disso e ela
continuou a fazer o que estava fazendo. Decidimos parar com os tapas por hora.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O que quero dizer com isso é que são sempre as pequenas
coisas que me marcam. A minha memória que quase funciona raramente deixa passar
esses pequenos momentos de que somos escolhidos pelo Destino para aprontar de
bom humor. Não há muito que se esperar das pessoas nesta bagunça que chamamos
de vida. Não há muito que esperar nem de nós mesmos, mas esses momentos
simplórios fazem com que acordar cedo e sentir o azedo do suor que exala por
debaixo da camisa do filho da puta que não tem coragem de tomar um banho antes
de dividir o mesmo metro quadrado que você no ônibus lotado faça um pouco mais
de sentido. Porém não muito.</div>
<div class="MsoNormal">
Só que a vida é bem mais flagelos que momentos intrigantes
como estes, logo, não vou negar que por vezes me passa pela cabeça morrer. Não
morrer para sempre, não é isso. É morrer uns três ou quatro dias só. Assim, sem
mais nem menos. Apenas morrer e não ter ninguém enchendo meu saco, sem cobradores
ou Testemunhas de Jeová em minha porta. Sem carros do ovo, da cândida, ou do
churros. Sem panfleteiros de pizzarias. Sem ter de me preocupar com cigarros e
sem guarda noturno. Só morrer, pura e simplesmente morrer. Descansar a mente, o
corpo, esquecer das coisas. Já reparou que passamos mais tempo tentando
esquecer que lembrar? Isso pode ser um sinal. Um sinal de que a coisa está de
mal a pior.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Estava lembrando desses casos assim, por acaso. Entre uma
dose de Borboun e outra, analisava o conceito que tinha das mulheres e o
conceito que as mulheres tinham sobre mim. Dizem que os amigos sempre lhe dizem
a verdade, eu nunca acreditei nisso, porém tenho uma conhecida que já tomou
porres homéricos comigo, que jura de pé junto que sou a pior pessoa do universo,
aliás, não duvido que ela goste da minha companhia só por isso. É mais fácil de
conviver com alguém que está mais fodido que você, não há pressão para
melhorar. Em seus ápices de embriaguez chegou a me comparar com o próprio
Diabo, mas acho que ela me superestima.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Então penso nas garotas das quais cometeram o erro de cruzar
meu caminho. Todas elas santas, faço questão de frisar. O que pensam de mim?
Não que seja importante a ponto de mudar a minha opinião, contudo pode ajudar a
entender o porquê não permaneceram e qual a minha responsabilidade nisso tudo.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O fato é que algumas garotas gostam do que eu escrevo, no
entanto não gostam tanto quando me conhecem e provam o que leem na vida real.
Justo.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Lembro-me de uma garota, de olhos verdes como uvas verdes.
Não se adaptou a liberdade que eu dava a ela. Talvez quisesse alguém ciumento,
que quisesse saber onde ela estava a cada passo, que a proibisse de ter
amizades masculinas e controlasse todas as suas ações e bem sei que apesar de
reclamarem, existem muitas garotas que gostam desde tipo de cara machão. Eu
poderia ser este cara? Claro que poderia, mas eu não poderia ser este cara e
ainda por cima ser exatamente a pessoa que eu digo ser. Então começaria uma
relação traindo, não ela, mas a mim mesmo. Não digo que hoje ela me odeia,
porém acredita piamente que eu não quisesse nada com ela. Eu queria, só que
gosto de analisar as coisas e as pessoas e isso leva algum tempo.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Penso na idosa de 500 anos. Meu único arrependimento quanto
a esta garota de 20 anos é que, idosa que era, ainda possuía todos os dentes.
Ainda hoje não sei o que é ser chupado por uma banguela, mas nunca é tarde.
Esta, talvez me odeie, mas tenho sérias dúvidas. O que acontece é que ela se
convenceu de que eu sou o pior do mundo, mas não consegue esquecer os bons
momentos, logo, sempre quer reviver os bons momentos de outrora. Só que todos
sabemos que há coisas que nunca se repetem.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Outro dia recebi uma ligação de uma garota casada. Em outros
tempo traía seu marido comigo, mas isso faz muito tempo. Teve um filho
recentemente e depois de tanto tempo de fidelidade forçada queria voltar a traí-lo.
Esta não me odeia, tenho certeza. Poderia dizer que até me ama, do jeito dela,
mas talvez seja amor. Contudo, não mais do que ama o marido. Melhor pra mim,
pior pra ela.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tive uma relação conturbada com uma garota de pernas finas
uma vez. Digo conturbada, pois nunca estávamos disponíveis ao mesmo tempo.
Quando ela quis eu estava ocupado me diminuindo, e quando eu estava disponível
ela estava ocupada com outros relacionamentos. De qualquer forma, por mais que
em algumas vezes quisesse me odiar ela não conseguia. Não conseguia, pois para
odiar é preciso dar importância, nutrir qualquer sentimento para depois querer
o mal. Mas a única coisa que a garota de pernas finas sentia era vaidade.
Gostava do drama que eu fazia, e eu sou bom com dramas. Fazia bem ao seu ego
estar entre as linhas dos meus textos e esperava ansiosa para ler sobre si.
Sentia-se musa de seu autor predileto. E ela era. E eu era. Hoje não mais, nem
pra mim, nem pra ela. Hoje ela lê outras coisas, eu escrevo sobre outras e
assim a vida segue. Mas definitivamente não me odeia.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Já Nelia, talvez seja a única que nutre algum ódio e rancor
por mim. Odeia porque me amou. Odeia, pois não pude ser o homem que ela queria
que eu fosse. Odeia-me porque eu era só um garoto. Odeia porque eu não podia
fazer malabarismo em faróis, porque não podia dormir em redes, porque não podia
desvendar o mundo. Também pudera, sequer conseguia me desvendar. Meus segredos
e sonhos, o que eram? Meus amigos e familiares, quem eram? Odeia então, porque
eu não era capaz de acompanhá-la em sua jornada para desvendar seus traumas. E
ainda pensando nisso, vejo que não tenho nada em comum com essas garotas nem
com seus ideais e suas fantasias. Algumas delas queriam apenas um escritor
falido para se sentirem o centro de algo importante, contudo, eu nem sou tão
escritor assim e nem tão falido assim. E mesmo não sendo, vivendo a realidade
da minha escrita, perceberam que não é tão fácil estar ao lado de um beberrão
teimoso que precisa de sexo como um alcoólatra precisa de álcool e eu preciso
tanto de ambos.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Bento.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
-</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-85541558106781216842015-07-06T22:47:00.000-03:002015-07-06T22:47:11.572-03:00CAFÉ ESTOCOLMO - OUVIDOS DE ALGUÉM TÃO MAIS FODIDO QUE VOCÊ-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Então por esses dias, de um frio de encolher o pinto que
fica difícil até de mijar, não saía de casa sem um bom Café Estocolmo. Se não
sabem o que é um Café Estocolmo vou dizer; é quase um Café Irlandês - café e
whisky-, mas como não tinha whisky misturei com Dreher mesmo. Aí me perguntam;
mas por que café Estocolmo? Não sei, mas se inventei eu coloco o nome que
quiser. Dúvida; posso fazer Café Estocolmo com qualquer outro conhaque barato?
Claro que não. Estocolmo é só com Dreher, invente outro nome para o seu drink.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas como tudo que é bom acaba, o Dreher também acabou e tive
que voltar para o café tradicional. O tempo também melhorou e não tive maiores
problemas com o frio. Então chegou o final de semana e uma garota me presenteou
com uma garrafa de Jack Daniel's que solucionou todos os meus problemas em
relação a cafés. Cheguei à conclusão que uma garrafa de Jack me faz mais feliz
que muita coisa nesta vida. Claro, é possível comprar uma garrafa a qualquer
momento, mas ganhar... Bom, ganhar é outra coisa. Me dar um Jack Daniel's é
como dar um buquê de rosas para uma garota, me ganha facilmente. Não sei se a
garota sabia disso ou não, de qualquer forma parabéns a ela. Já estamos juntos
há algum tempo e mesmo sem o Jack eu poderia citar alguns fatos aqui para
justificar o tempo que estamos juntos, ela já tinha me ganhado pelas noites de
sábado que dividimos a cama fumando e bebendo e transando, mas o Jack veio para
acabar com qualquer suspeita.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Falando nisso, eu tenho um sério problema com cerveja. Não,
meu problema não tem nada a ver com gastar todo meu salário no bar, muito menos
as noites que dormi na rua, me meter em brigas de bar que não conseguiria dar
conta, nem com as garotas que deixei de transar porque estava tão bêbado que
meu pau mal conseguia levantar. Também não tem nada a ver com vício, pois eu
posso parar de beber cerveja a hora que eu quiser, posso ficar dias sem beber
cerveja, desde que tenha whisky ou qualquer coisa alcoólica para substituir.
Nem tem nada a ver com religião e essa baboseira toda de céu e inferno. Meu
problema com cerveja deve-se a minha bexiga. Depois de um tempo bebendo eu
começo urinar desesperadamente. Mal saio do banheiro e já quero mijar de novo.
É difícil manter uma conversa civilizada, com uma garota no bar, quando você
quer mijar de cinco em cinco minutos. E quanto mais eu seguro pior é a
sensação. Dói nos olhos, lacrimejando eles acusam meu desespero. Começo a
transpirar e é um suor frio. Então tenho que beber em lugares onde existe um
banheiro por perto, ou pelo menos uma esquina qualquer onde eu possa me aliviar
sem pressão. Então você pensa; porra nenhuma de problema! Problema tem a
África, o Oriente Médio, a economia do país. E eu respondo; só lido com os
problemas que eu posso resolver.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Na verdade, eu só lido com problemas que me interessam. Sim,
me chamem de egoísta se quiserem. Mal posso esperar por isso. A verdade é que
pouco me interessa qualquer coisa que não tenha a ver com álcool, sexo e
dinheiro, afinal, o que é mais importante que isso? </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Outro dia estava falando com uma amiga. Ela dizia que estava
em crise em seu namoro. Jurava ela com a certeza que as mulheres têm, e só as
mulheres têm, que o cara iria terminar o namoro e que quando isso acontecesse
ela iria me fazer uma visita. Eu respondi que seria bem difícil isso acontecer
pelo mesmo motivo que citei logo acima; ganhei um Jack, estava transando com a
mesma garota já fazia algum tempo e que eu não estava disponível. Não, se
pensam que eu estava dando uma de orgulhoso, eu não estava, afinal transa é
transa. Ela, para não ficar por baixo disse que só iria lá em casa para
conversar, contudo, nunca houve uma vez que ela tenha ido em casa só para
conversar. Todas às vezes, ou transou comigo ou com qualquer outro que
estivesse de visita. Desta vez não seria diferente, certeza, senão pra mim para
o meu cachorro, mas vai que meu cachorro não estivesse com vontade, aí acabaria
sobrando pra mim e como eu já disse, não estaria disponível. Mas as mulheres
sempre tentam nos convencer desta coisa de sexto sentido e tudo mais. Quando não
há razão nenhuma para desconfiar elas colocam a culpa no sexto sentido. Lenda,
pura lenda. Caso fosse verdade não haveriam tantas garotas enganadas por aí.
Porém, sempre que acabamos com seus argumentos e tentamos colocar algum juízo
na cabeça de uma garota, apelam para o sexto sentido. Já o homem, na dúvida, vai lá e trai na
esperança de ter sido o primeiro, pois corre o boato em qualquer roda de homens
que quem traiu não pode ser traído. Besteira. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu acho tudo isso uma tremenda besteira. A maioria do que se
considera de conhecimento popular é uma anomalia idiota. Tudo é uma tremenda
babaquice. Ditados populares são toscos como conselhos de velhos. Achamos que
com a idade vem a experiência mas sei que um adulto imbecil dificilmente se
tornará um velho sábio, assim são as coisas. Por isso que digo que toda essa
coisa de ciúme e traição e término de relacionamentos, geralmente acontece por
um egoísmo sem fim. Traem para se sentirem seguros (egoísmo), são consumidos
pelo ciúme por causa do sentimento de posse (egoísmo), e não importa o que
dizem, mesmo o amor maior do mundo não impede você de levar um pé na bunda
quando se tornar um estorvo para o outro. Tudo está relacionado ao interesse.
As mulheres não amam estorvos, amam quem der mais, quem tem mais a oferecer.
Assim que começar a ser um peso você ficará sozinho, como todo mundo. As
mulheres aprenderam que os homens não podem demonstrar fraqueza. Quando um
homem precisa de suporte, é o bar que estará lá para lhe estender a mão, um
copo de algo forte e alcoólico, e se tiver sorte, os ouvidos de alguém tão mais
fodido que você.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><br /></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Bento.</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-90948385959885628842015-06-27T18:33:00.000-03:002015-06-27T18:33:16.677-03:00SOMOS TODOS EGOÍSTAS ENTÃO SÓ ME CHUPE SE FOR CONVENIENTE-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Com o tempo
vamos afastando as pessoas de nossas vidas. É um processo natural. Depois de
muito tempo, as pessoas que ficam do seu lado são aquelas que realmente merecem
- o castigo de sua parte ou da deles - e estes têm seu valor. Quem de vocês
podem se dar ao luxo de dizer que convive com alguém desde sempre? Isso é raro.
Nós conhecemos várias pessoas ao longo da vida e algumas delas pensamos que
permanecerão o resto de nossas vidas, mas invariavelmente partirão, ou nós
partiremos, por falta de contato, por preguiça, ou simplesmente porque aquela
pessoa acaba se tornando um grande e insuportável pé no saco. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A maioria das
pessoas que eu conheço eu me afastei por preguiça. Também por não me importar,
mas mais por preguiça mesmo. Por exemplo, odeio ir na casa dos outros. Se eu te
encontro em meu caminho é bem possível que eu pare e tomaremos umas cervejas
juntos, mas se eu tiver que ir até algum lugar para te encontrar e relembrar os
velhos tempos, não me espere, pois não vou. Não vou porque tenho preguiça. Com
exceção é claro, se valer a transa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Basicamente a
vida se resume em quem quer te dar somado ao tempo que ninguém dá pra você. É
tudo uma coisa se demanda e oferta. Se a oferta é grande não há porque se
preocupar em percorrer caminhos tortuosos em busca de uma transa que você pode
facilmente conseguir ao lado de casa. Pode perguntar para qualquer virgem, ou
idiota, estes dão a volta ao mundo para transar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tive um amigo
que namorava uma garota que morava em outra cidade e todo fim de semana ele
viajava só para transar. Você pode dizer a si mesmo que era por amor, mas eu
garanto que se ele tivesse a possibilidade de transar com qualquer outra que
morasse mais perto ele faria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Conheci uma
garota uma vez que vendeu seu carro para ajudar o namorado a pagar a faculdade.
Esta garota, apesar de simpaticíssima, era de uma falta de beleza sem igual,
também era gorda e os dentes da frente separados, contudo, o que fazia dela a
última na face da terra em matéria de sexo era o grande calombo que tomava
praticamente sua nuca inteira. Este calombo impedia que nascesse cabelo ali. Então
ela tentava esconde-lo com o cabelo da parte de cima da cabeça, uma tentativa
até que válida, mas que não adiantava muita coisa. De qualquer forma, como toda
desgraça ainda é pouca, o tal calombo dava de soltar um liquido viscoso e
fétido, logo, nenhum cara em sã consciência, nem os mais bêbados, queriam se
arriscar a colocar o pau ali dentro, com exceção do já citado namorado. Digo,
pelo menos ele deveria transar com a garota, afinal, ninguém se dispõe a vender
o próprio carro para ajudar alguém sem levar nada em troca. Mesmo os ignorantes
religiosos doam suas coisas em troca da promessa - infundada - de um bem maior
futuro. Resumindo, o cara se formou e deu um pé na bunda da garota do calombo.
As coisas são assim, as pessoas são assim, bem como chegam, partem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Eu estou
dizendo isso talvez para justificar o fato de que eu simplesmente não me
importo. Não me importo porque já vivi tempo suficiente para saber que as
pessoas partem e nem sempre a culpa é minha. Não estou me eximindo de culpa, eu
sou o primeiro a apontar o dedo pra minha cara e me julgar, mas nem sempre sou
o culpado disso. Não me importo porque sei que as bundas mudam, os peitos
mudam, mas num todo, geralmente trata-se da mesma coisa. Garotas que me acham
interessante pelo modo que penso, que escrevo, mas principalmente pelo meu
jeito de quem não se importa. É um ciclo, entenda; o que me torna interessante
é a mesma coisa da qual vai deixa-las emputecida depois de algum tempo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Eu nunca
destrato ninguém, já disse isso aqui. Se destratasse não voltariam e a ideia é
que elas sempre voltem, pelo menos até o momento que elas são interessantes.
Dito isso, sou culpado quando dizem que se sentiram importantes, mas na verdade
a culpa é dos seus relacionamentos passados com imbecis que as trataram como
bosta. Faço tudo intensamente, também já disse isso, então olho nos olhos
enquanto as penetro, agrido quando me pedem e faço tudo como se fosse a última
vez, afinal, com meu estilo de vida pode mesmo ser. De repente um orgasmo pode
se transformar em um enfarte e meu coração pedir arrego, pode acontecer, não
seria nenhuma surpresa, e caso aconteça quero chegar ao lugar que tenham
reservado pra mim com um belo sorriso no rosto e a sensação de trabalho bem
feito. Logo, sou culpado quando me acusam de comê-las de forma que lhes deem
esperança de que houve sentimento, mas sou inocente delas tirarem a calcinha
para qualquer cuzão que as comem como quem toma café de manhã apressado para o
trabalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mas eu também
já me senti vítima. Algumas garotas aceitaram transar comigo apenas para serem
citadas em meus textos. E depois disso partiram. É difícil passar por uma
situação desta, quando você ainda não está saciado e a pessoa te deixa na mão
porque já conseguiu o que queria. Porque no final é isso, estamos todos em
buscas de recompensas, metas que almejamos atingir. No final, somos todos
egoístas e não fazemos nada que não seja para o nosso próprio bem. A garota só
dá para alguém por acreditar que aquilo a fará bem de alguma forma, se não for
por prazer sexual, que seja pelo prazer sentimental - e tem muita mulher que
continua dando pro cara errado pelo simples fato de gostar do cara - ou pelo
prazer da vaidade - e as mulheres são expert em dar pro cara pelo simples fato
dele lhe dar em troca roupas e plásticas e viagem para que ela possa alimentar
a vaidade de postar as fotos no Facebook - ou o prazer de qualquer coisa que
venha te fazer feliz. Os homens que aturam uma relação da qual não quer pelo
simples fato de ter roupa lavada e sexo sem sacrifício - e o que tem de cara
por aí que se sente preso como um animal em seus relacionamentos - ou os caras
que ainda se prendem a garotas com medo de assumir que na verdade gostaria de
ter sua próstata cutucada por uma rola grossa e cheia de veias - eu conheço
alguns. É justamente por isso que eu não saio por aí chorando e falando mal das
garotas que se vão e não voltam. Afinal somos todos egoístas, então só me chupe
se for conveniente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Bento<o:p></o:p></span></div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-63699185327106667602015-06-01T08:55:00.002-03:002015-06-01T08:55:25.314-03:00ENQUANTO ELA ESTÁ DEITADA EM MINHA CAMA TAMBORILANDO OS DEDOS NUM COPO DE WHISKY<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
-</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Parte de mim esta aqui. Deitado em meu quarto, com o livro
do Bukowski ao lado que não tenho coragem de abrir. Na verdade tentei engatar
na leitura por três vezes e não consegui. Coloquei alguns Blues pra rolar, mas
mesmo assim olho para as paredes, os pôsteres e nada. Albert King faz um
vibrato na guitarra suficiente para deixar qualquer fã com os pelos do braço
arrepiado e eu sequer ergo os olhos para contemplar.</div>
<div class="MsoNormal">
Fica estranho quando você faz todo o mantra para escrever.
Antes algumas cervejas, uma dose de um bom Bourbon e espera a inspiração vir só
que ela não vem. Nessa brincadeira foram vinte latas de cerveja, meia garrafa
do Jim Bean e um maço de cigarros e nada. Absolutamente nada. Apelei para as
fotos antigas e mesmo assim foi como ver paisagens do Bing. Senti vontade de
matar duas ou três personagens que nelas estavam e pensei que poderia partir
daí para escrever qualquer coisa, mas me enganei.</div>
<div class="MsoNormal">
Mais Blues, mais Bourbon, mais cigarros e cervejas e não
escrevi uma linha sequer. O pior? Eu ainda enxergava meus dedos e onde eles
tocavam.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Passei a pensar no outro dia e comentar sobre transar com
amigas que bebem como gente grande. E transam como gente grande. E pensam como
gente grande. Aquele tipo de garota que faz tudo aquilo que tem vontade e eu as
respeito por isso. O tipo de garota que faz tudo que um homem faz só que
melhor.</div>
<div class="MsoNormal">
Eu sempre tive um fraco por garotas marrentas. Que fazem
barraco na rua por ciúmes. Que gargalham alto e choram quando estão com raiva e
não fazem questão de esconder de ninguém. Porque garotas assim sentem tudo a
flor da pele e sempre me passam a imagem de verdade. Eu posso estar errado num
caso ou em outro, mas em suma é isso.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se voltar alguns textos verá que eu tinha tempo para dar e
vender. Hoje eu gostaria de ter para compra-lo, pois não está fácil. Não tenho
espaço na agenda sequer para me masturbar, quanto mais fazer social com uma
garota enquanto ela está deitada em minha cama tamborilando os dedos na borda
do copo de whisky pensando quanto tempo é necessário para que ela tire a roupa
sem que eu pense que ela é uma vadia. O que essas garotas não sabem é que
quanto mais vadia, mais eu gosto. Gosto, pois como costumo dizer; pureza só é
bom para nossas filhas e a vodca. Gosto das vadias porque ninguém é santo e
quem finge ser pode fingir várias outras coisas e eu não gosto de fingimento.
Logo, tire a roupa quando achar que deve e se quiser começar tirando a minha
ganhará pontos por isso.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No trabalho, todos os dias, depois de um dia cansativo,
antes de acabar o expediente, sempre na mesma hora, eu saio para fumar um
cigarro e desacelerar os pensamentos. E todos os dias, como se combinássemos,
vem um gato preto até onde eu estou sentado fumando. Ele se aproxima como os
gatos fazem. Cautelosos e lentos. O gato passa por mim, mas sempre notando
minha presença e eu a dele. Ignoramos-nos, mas não deixamos de nos notar. Então
este gato entra num bueiro como um rato faria. Ele entra todo no bueiro, dentro
mesmo e fica lá por alguns minutos. Eu acendo sempre mais um cigarro para vê-lo
fazendo seu ritual. Então, finalmente sai o gato com uma barata na boca. Às
vezes uma barata mais traiçoeira foge correndo do bueiro e o gato preto e magricela
sai atrás dela até alcançá-la. Mas o gato não mata a barata. Ele apenas quer se
divertir. A barata, é claro, não entende. O vê como uma ameaça. E o gato
cuidadosamente bate na barata com suas pequenas e macias patas forte o
suficiente para que o inseto corra e ele corre atrás dela. Na falta de um rato,
este gato brinca com as baratas. E todo dia é assim. Este é um gato de rituais.
Todos os dias, reserva-lhe aquele período para curtir com a barata.</div>
<div class="MsoNormal">
Eu também sou um animal de rituais. Não levanto da cama
antes de um cigarro. Não entro no banho sem antes tomar uma grande caneca de
café. Não faço nada sem música, nem cagar, nem comer, nem dormir ou transar.
Passo um bom tempo na frente do espelho aparando a barba e arrumando o cabelo.
Assisto aos jogos do Corinthians sempre no mesmo sofá, tomando cerveja e com o
volume ao máximo, e grito com o juiz mesmo sabendo que não serei ouvido.
Dificilmente passo um dia sequer sem cerveja. Não durmo sem o último cigarro,
pois aquele pode ser realmente o último. Nunca se sabe quando vamos acordar ou
dormir definitivamente, então todos os dias fumo meu cigarro antes de dormir
refletindo sobre aquele que pode ser meu último cigarro. Não transo sóbrio
porque tenho sempre a companhia de meus demônios. A última garota que transei
sóbrio foi há um pouco mais de cinco anos. Para ser sincero, a única coisa que
faço sóbrio é trabalhar, de resto...</div>
<div class="MsoNormal">
Então talvez, resumidamente meu ritual é estar bêbado? Sim,
ou grande parte dele pelo menos. Consigo fazer várias coisas ao mesmo tempo
apesar de não gostar, prefiro fazer uma coisa de cada vez e também é assim com
garotas, com exceção, claro, se elas estiverem juntas. Se vou mentir começo
sempre com a palavra "então" após uma pergunta, que é para dar tempo
de pensar na mentira, mas também não gosto de ter de contá-las. Prefiro guardar
minha criatividade para outras coisas. Podem ser rituais ou TOC. Nunca sei
dizer ao certo. Sendo assim, não é difícil imaginar o quão complicado acho
manter um relacionamento com qualquer mulher. Não se encontra em qualquer lugar
garotas dispostas a aturar caras com todas essas manias. Normalmente mulheres
não têm rituais, o humor delas é inconstante, o meu não. Estou sempre de mau
humor, pelo menos de manhã.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Dito isso, decidi me afastar um pouco de garotas. Por um
tempo, sem pressão. Parei de ligar e convidá-las para qualquer coisa, deixei de
atender as ligações e responder mensagens. O motivo disso é difícil explicar.
Estou num grau de tédio que supera qualquer coisa. Um desinteresse coletivo. É
preciso uma coisa muito, mas muito interessante mesmo para me tirar de minha
companhia solitária. Ultimamente só abro a porta de casa para duas garotas ou
mais, assim elas conversam entre si e eu posso perder-me em meus pensamentos
inúteis.</div>
<div class="MsoNormal">
Chame isso de preguiça se quiser. Pode chamar de covardia
também, eu chamo de tédio. E tem mais. Eu estava entrando numa vibe de ser
bastante procurado por garotas comprometidas e estava gostando disso. Nunca
gostei de me envolver em relacionamentos alheios, porém estava me envolvendo.
Talvez, também por isso resolvi dar um freio nesta bagunça toda. Mesmo porque
eu tenho uma coisa de chamar atenção de maridos e namorados. Mesmo aqueles que
não conheço, só ao ouvir falar de mim já me odeiam. Algumas garotas me dizem,
naquelas conversas sem propósito que levamos quando não se vê alguém há muito
tempo, elas dizem: Meu namorado te odeia. E eu sequer conheço esses namorados
ou maridos. E eu sequer dei qualquer motivo para que eles me odeiem. De
qualquer forma, não ficaria surpreso se um dia fosse assassinado com um tiro
bem no meio dos olhos por um desses caras ciumentos. Sem motivo, simplesmente
por suas garotas não foderem com eles direito. Simplesmente por suas garotas
não os chuparem direito, ou por suas garotas trocarem os nomes deles pelo meu
na hora da foda. Será? Soube de uma ou duas que fizeram isso, só que eu tenho
tanta responsabilidade por isso quanto tenho pelo aquecimento global. Algumas
pessoas me superestimam demais. Eu sou só um cara, e com tantos problemas que
se soubessem provável que deixariam de notar minha existência. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Então, por isso eu não passo mais meus dias telefonando ou
puxando conversa com garotas que eu mal conheço. É cansativo e desinteressante
no momento. Não movo um músculo, não sem antes uma boa recompensa. Como
qualquer pessoa que escreve, inevitavelmente reflito sobre o final de qualquer
história antes de começá-la.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Bento.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
-</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-88203777953422247642015-05-02T13:33:00.000-03:002015-05-02T13:33:10.361-03:00EMBRIAGAR-NOS - O EVANGELHO SEGUNDO BENTO-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
3:1 - A vida é realmente uma grande bola de merda que roda e
roda e espalha todo tipo de germes por aí. Não se pode achar que vai passar por
aqui sem sujar as mãos. Não quando esse amontoado de anos que formam sua
passagem depende da ação de outras pessoas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
3:2 - A coisa é mais ou menos assim; você vem ao mundo
grudado a alguém e passará o resto da vida tentando entrar em um monte de
outras pessoas e permanecer o máximo de tempo possível lá dentro. Só que nem
sempre é simples. Não é como um boteco barato que você entra, pede uma dose de
algo que o seu bolso pode pagar e sai sem fazer perguntas. É mais que isso. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
3:3 - O mundo a sua volta corresponde a cada ação sua. E por
vezes responde mesmo sem qualquer ação e você tem que estar pronto para tomar a
decisão correta em cada situação, só que você geralmente não está. E instantes
depois de cada ação você pensa em infinitas alternativas que poderia ter
colocado em prática, só que você não escolheu nenhuma delas. Escolheu
exatamente aquela que vai te fazer arrepender-se por não ter parado, pensado,
respirado e aí sim, tudo seria maravilhosamente interessante. Mas a vida é uma
grande bola de bosta. Não se esqueça disso.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
3:4 - Qualquer música no rádio, ou no carro com meia dúzia
de imbecis que passa por você na rua com o volume ao máximo, suficiente para
fazer as janelas tremerem podem te trazer lembranças ou pensamentos insanos. E
mesmo esses idiotas parecem tão mais felizes que você e estão, enquanto volta
do trabalho cansado, o saco transpirando na calça usada há três dias seguidos,
e duas ou três latas de cerveja na mão que confiamos amenizar um pouco toda
essa mediocridade, todos parecem mais felizes enquanto você lê o jornal de
manhã e pensa; por que eu ainda não me mudei para algum pais do leste europeu e
abri um bar? Qualquer coisa pode ser melhor que essa merda toda. Mas você é um
covarde que economiza na marca de pasta de dente para poder pagar a internet.
Eu sei, pois também sou um desses que economiza na pizza para poder comprar um
whisky com maior qualidade que aquele que se vende em bares com baldes cheios
de energéticos. Pois eu, assim como você, necessito de ter um pouco de sabor e
qualidade nesta vida de merda que nos priva de tanta coisa.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
3:5 - Passamos disso para refletir sobre tudo que está em volta.
E não pense que devido aos meus óculos escuros escondendo minha ressaca e o meu
livro comprado em sebo fazem de mim uma pessoa desatenta. Eu reparo em tudo e
nada me encanta. Digo, quase nada me faz manter o olhar mais que alguns
milésimos de segundos, minha mente
automaticamente simula todo o contexto, toda a trajetória de infinitos
relacionamentos e descarta qualquer ação que justifique largar o meu livro e
sorrir para alguém. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
3:6 - Não há escapatória, tudo vai acabar mal para ambos os
lados e normalmente quem ganha é o mais idiota que não consegue sentir as
coisas tão profundamente quanto uma facada numa briga de bar qualquer. Repare
que os idiotas são sempre mais felizes. Não guardam mágoas, porque não guardam
nada.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
3:7 - Você pode ser um escritor, um pensador, um músico, ou
tudo isso e achar tudo uma merda. E digo; provável que achará tudo uma merda.
Já o idiota vai achar tudo magnífico, afinal qualquer merda pro idiota é
sensacional.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
3:8 - Não passaremos por essa vida sem algumas dúzias de pecados
e caso faça digo com toda certeza que cometeu um dos maiores erros de sua vida.
Afinal, para este evangelho, pecado é só uma coisa que implantaram na sua mente
para que tenha peso em sua consciência quando estiver se divertindo. Para que
pense no pobre quando estiver tomando uma cerveja de R$150, ou para que pense
no virgem quando estiver com duas garotas te chupando. Isso é o pecado e nada
mais que isso, um amontoado de leis que te deixa sem jeito quando tem motivos
suficientes para sorrir e contar aos amigos. Para que mantenham as rédeas em
seus corpos fazendo o que bem entendem.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
3:9 - Não haverá salvação para aqueles que se deixarem levar
por religiões e mandamentos arcaicos com a intenção de controlar. Não há
salvação, porque a vida é curtíssima para perdermos tempo com isso.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
3:10 - A cada trepada que deixa para trás por motivos
alheios é um momento de intensa e singular felicidade que joga fora pelo
simples fato de alguém lhe dizer que está errado. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
3:11 - Se é verdade que Deus criou o mundo e que sacrificou
seu filho para nos salvar que no mínimo você viva sua vida com imensa
intensidade para fazer jus de sua morte. Embriagar-nos com felicidade é o
mínimo de agradecimento que podemos oferecer.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><br /></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Bento.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
-</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-69349514337591932015-04-20T15:37:00.000-03:002015-04-20T15:37:40.048-03:00GÊNESIS - O EVANGELHO SEGUNDO BENTO-<br />
<br />
CAPÍTULO 1 - <a href="http://bentoolico.blogspot.com.br/2015/03/a-morte-o-evangelho-segundo-bento.html" target="_blank">A MORTE</a><br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
2:1 – Ao contrário do que pensam, não trata-se de um erro colocar
o segundo capítulo e chamá-lo de Gênesis. Afinal, para entender tudo o que eu
vou dizer, primeiro é preciso familiarizar-se com a morte, pois somos um
amontoado de quase nada tentando dar sentido para coisa alguma. Por isso, este
capítulo aqui começa pelo final. O fim da vida. Nascemos, morremos e se
fizermos tudo certo, seremos felizes neste meio tempo. Não há muito segredo.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
2:2 - Então depois de entender que inevitavelmente
morreremos e poderemos ir para um lugar melhor ou não, entendermos que
poderemos ir para lugar algum, aí sim começamos a conversar e a viver, que é só
o que importa.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
2:3 - Quero partir do princípio que tudo o que sabe sobre
religião, de qualquer origem, bem, esqueça isso. Não há nada mais usurpador que
a religião. Não há nada mais controlador que a religião, por isso, aconselha-se
sempre afastar-se deste tipo de tendência. Nunca será possível tomar estar palavras
como reflexão se já está prefixado em sua mente que existe alguém superior a
você capaz de lhe dizer o que é certo ou errado. Você estará quebrando a única
regra da qual é baseado toda esta resenha. Mas ainda aproveitando para esfregar
na face de qualquer idiota que se opor a essas palavras; se somos todos a
IMAGEM e SEMELHANÇA do Homem, não há porque eu ser mais ou menos que meu
próximo. Veja que até Deus concorda com esta regra que sugerimos aqui.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
2:4 - Este evangelho não é nem de perto religioso, mas
claro, também temos os nossos dogmas e cultos e louvores.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
2:5 - Você que tem o conhecimento deste evangelho saiba que
poderá alcançar a glória sempre que quiser. Mesmo em casa, em sua solidão.
Sempre valorize a própria companhia, pois ninguém poderá ser-lhe tão fiel
quanto você mesmo. Algum grande poeta já disse que se não consegue ser uma boa
companhia pra si, não será para ninguém, todavia isso é outra história. Esqueça
as velas, exceto se fizer questão, o verdadeiro fio condutor da paz interior é definitivamente
o álcool.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
2:6 - Uma boa dose de algo quente e forte, ou gelado e
constante te deixará bem mais próximo de seu "eu" interior. Ficar
bêbado sozinho exige um alto nível de autoconfiança e autossuficiência. Nunca
menospreze seu inconsciente, você pode aprender muito com ele. Isso é quase
como uma meditação, mas mantenha os olhos sempre abertos para ver até onde sua
imaginação pode levá-lo. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
2:7 - Celebre a solidão, celebre a dor, celebre a garrafa
inteira à disposição de sua libido. Se você vai fazer isso pela primeira vez
pode colocar um ou dois dedos de água por dose, mas aconselho diminuir a
mistura gradativamente, pois se quer uma alma pura que a dose também seja.
Cigarros são bem vindos. Com isso você já está pronto para ir onde sua imaginação
quiser. Ao passado, ao futuro, ao céu ou inferno. A noite é sua, faça o que
quiser. Quando fizer isso há algum tempo, quando já estiver num nível superior,
perceberá que não é mais refém da vontade alheia. Só você, as paredes e o
destilado poderão ditar as regras. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
2:8 - Sem a necessidade de outras pessoas, sabendo que pode
muito bem se divertir sozinho, passará a escolher cada companhia e
aproveita-las cada segundo. Não vai se deixar levar por qualquer proposta ou o
medo de permanecer sozinho, afinal, volto a dizer; é e sempre será sua melhor
companhia.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
2:9 - Contudo, preciso alertá-los; aos olhos alheios,
aparentará estranho, sujeito a críticas, olhares esguios, preconceitos e
palavras incrédulas contra sua lucidez, mas saiba que sempre poderá contar com
a compreensão de seus irmãos de bar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
2:10 - O bar sempre será o lugar onde achará proteção e a
sabedoria de uma força maior; a cumplicidade e a capacidade de encontrar
sujeitos em situações piores que a sua para aliviar um pouco a tristeza.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
2:11 - O bar é nosso templo e nossa morada. Depois de nossas
casas é o lugar mais sagrado e protegido. Onde compartilharemos historias e
aprendizados com nossos irmãos. Onde ensinaremos e aprenderemos. Onde seremos
professores e alunos, pois é importante que saibamos que sempre podemos
aprender com o próximo, mesmo que seja uma nova marca de cerveja ou um jeito
novo de assar uma carne.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Bento.</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-17188007577786229162015-03-30T22:23:00.000-03:002015-03-30T22:23:22.684-03:00A MORTE - O EVANGELHO SEGUNDO BENTO-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
1:1 - Todos sabemos que vamos morrer em algum momento. Se
você não se dá conta disso é bom reconhecer o mais rápido possível que você é
um imbecil. Pois ser imbecil não é pecado desde que em algum momento você
assuma isso. </div>
<div class="MsoNormal">
Quando se é um imbecil e acha que está muito bem com isso
você começa de perpetuar tamanha imbecilidade e nada pode te salvar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
1:2 - Então se todos vamos morrer e acredita-se que algo ou
alguém nos colocou neste mundo de merda pra alguma coisa MAIOR, aconselha-se viver até seu último suspiro
exatamente como você quiser. Isso mesmo. Faça todas as coisas que vir à sua
cabeça e mande se foder todos os outros que se mostrarem contrário a isso. Com
exceção, claro, se você estiver invadindo o direito do próximo de também
exercer este direito ou se você for um imbecil. Esta é a única regra. Proteja
essa regra como sua vida. Nunca, nunca mesmo, por mais prazeroso que seja, tire
o direito do próximo de viver segundo estas palavras, afinal, somos todos merda
do mesmo intestino, logo teremos de ter os mesmos direitos. O que não prevê
nenhuma proibição de chamar de idiota aquele que prefere levar a vida até sua
morte de forma que você não concorde. Todos temos direito a opiniões, mesmo o
idiota, pois para tudo existem os prós e os contras, conviva com isso.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
1:3 - Dentro deste argumento você pode apertar o botão do
foda-se e largar sua família, amigos e emprego, porém saiba que não é o único a
odiar trabalhar e também por isso não tente usurpar de outros os benefícios que
o trabalho deles lhes traz, pois por melhor que seja sua vida, não se pode ter
tudo. Trabalho gera dinheiro que gera conforto dentre outras coisas, não queira
ter conforto sem trabalho, com isso estará inevitavelmente quebrando a única
regra aqui apresentada. Qualquer coisa que lhe for dada de livre e espontânea
vontade deve ser aceita sem maiores preocupações.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
1:4 - Sei que vou parecer repetitivo, mas para alguns vermes
é preciso repetir até que a informação fixe em suas mentes de ameba. Todos
temos direitos e deveres e é dever de todos zelar pela única regra que existe
neste evangelho. Não matarás quem não queira ser morto. Não usarás quem não
queira ser usado. Não comerás quem não queira ser comido. Não fará sexo com
quem não queira fazer sexo com você. Parece simples para algumas pessoas, porém
para outras é um tanto quanto difícil conter certos anseios. Mas digo-lhes, se
fosse fácil não seria uma regra. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
1:5 - Ainda dentro desta regra de não se perpetuar sobre a
vontade do próximo, digo que segundo a lei da física dois corpos não podem
habitar o mesmo espaço. Com isso entenda-se que não é apropriado invadir o
espaço do próximo sem o prévio consentimento deste. E mesmo aquelas situações
que você acredita piamente que o outro dê sinais de que quer ter seu espaço
invadido, é melhor ter certeza. Ou queimarás no fundo do inferno da
mediocridade. E todo este evangelho se baseará nisto. Em você ser a escória do
mundo ou ser um sujeito que colherá os frutos de seguir estas palavras. Isso é
mais que algumas normas de etiqueta e menos que um livro religioso imbecil.
Sequer é um manual, mas sim algo para reflexão. Não se pode conviver entre
seres iguais se não igualar-se a eles. E é pensando nisso que eu digo que as
pessoas à sua volta podem não gostar de seus assuntos de bosta, ou das suas
músicas de merda. Logo, o som que você emite também pode romper a barreira do
espaço do próximo que falamos acima. Isso também faz parte da física e não
precisa ser nenhum gênio para entender isso. Agora, se você for um imbecil...</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
1:6 - Caso você seja um imbecil, o único caminho para a
salvação é seguir estas regras. Aceite que morrerás e que você pode passar por
essa breve vida sem construir nada de interessante e definitivo, mas que você
pode se esforçar para isso. Foque na eternidade. Em algo que as pessoas vão
lembrar mesmo após sua inevitável partida. E ninguém se lembra de idiotas, ou
pelo menos não querem lembrar. Por isso não tenha medo da morte e sim da vida.
Ela pode lhe causar maiores e males e tão definitivos quanto uma possível vida
eterna. Morrer é o fim, já viver é um ato contínuo de fazer as coisas de forma
que você sinta-se feliz no final. Sem arrependimentos, contudo, caso os tenha,
que se foda, ninguém é perfeito.</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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Bento.</div>
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<br /></div>
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-</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-69968371142448401702015-02-08T15:36:00.001-02:002015-06-01T08:56:20.772-03:00COMENDO A PRÓPRIA BABA COM UMA COLHER DE SOBREMESA-<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Então eu vinha embora do trabalho pensando em meu banheiro.
Não propositalmente. Era forçado a desejar chegar cada vez mais rápido, afinal,
eu precisava evacuar o mais depressa possível. Porém ou lembrei que em casa não
tinha uma gota de álcool sequer e isso é inadmissível. Travei o reto e passei
no posto de gasolina para comprar cervejas e cigarros. </div>
<div class="MsoNormal">
Resumindo; consegui chegar em casa sem nenhum acidente. E
aqui estou eu. Sentado na privada dando uma boa cagada, ouvindo Albert King com
a gaita de fundo e tomando uma cerveja que ameniza, um mínimo de qualquer coisa
neste calor infernal. Neste momento eu penso; puta momento feliz. Eu sou feliz
agora. Estou feliz. O homem que não puder pagar pela sua própria cerveja não
passa de um verme. O homem que não puder cagar em seu próprio banheiro é um
homem desesperado. Não há futuro.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Agora já é Robert Johnson que canta e eu fixo os azulejos do
banheiro feliz da vida. Não saio daqui enquanto não terminar o cigarro, pois
acredito piamente que cagar e não fumar um cigarro é um pecado mortal. Bem como
os religiosos acreditam em seu deus e suas doutrinas eu acredito que cagar sem
tempo de terminar um cigarro é um insulto aos deuses de qualquer espécie.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A verdade é que além deste momento único e sem sentido,
porém feliz, outra coisa me fez uma criança novamente de tão animado. Somente
uma coisa poderia arrancar sorrisos idiotas e piadas infantis em meio ao mau
humor que prevalece em minha existência. Uma garota. Da qual resolveu dar o ar
da graça. Uma esmola de atenção qualquer e isso já fez de mim o cara mais feliz
do mundo. Ninguém pode dizer o contrário. Pelo contrário. Todos aparentemente
perceberam. Minha garota, ela não sabe, mas sempre foi minha garota e a única
da qual eu sou fiel. Até hoje. E eu acredito, talvez errado, mas acredito, que
ela só voou pelo mundo com tanta segurança porque sabia que sempre haveria um
coração abandonado do qual definhava de amor para que ela pudesse voltar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A musa das musas dá um sorriso e eu começo a regurgitar
inspiração. Seu título não é à toa. </div>
<div class="MsoNormal">
Confesso que fui conferir quantas latas de cerveja eu tinha
bebido na noite anterior para ter certeza que não era o álcool me pregando
peça. Depois disso belisquei-me, sei que não faz sentido, mas nunca se sabe o
que nossa mente pode fazer conosco quando desejamos muito uma coisa.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Perdi o jeito de falar com esta garota. Meço as palavras e
mesmo assim depois de ditas me sinto um idiota, por isso acabo falando demais.
Ainda não sei como não babo como um retardado, mas chego próximo. Piso em ovos
e quase não respiro porque ela é meu dente-de-leão, qualquer brisa e ela pode
partir como todas as outras vezes. Talvez soe gay para quem está acostumado com
os padrões de minha escrita, mas é difícil escrever sobre isso de forma
diferente. Baixo a guarda, transbordo de <i>bundamolice</i>,
e agora sim eu já estou necessitando de um babador.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ela é dona de uma poção do amor que me tira dos quintos dos
infernos e me faz cheirar flores em parques, sorrir para crianças e dar atenção
a velhos na rua. Logo eu que vivo nos porões mais putrefatos na cidade, ser da
noite endiabrado, odiado por onde passo, de discursos intensos e desaforados me
pego elogiando o sol e a chuva e aplaudindo o por do sol. Vejo-me brincando com
crianças e suspirando por canto de pássaros de manhã. Onde já se viu? Logo eu.</div>
<div class="MsoNormal">
Como faz, quando um filho da puta como eu sai na rua
querendo distribuir abraços? Provável que quem ver vai pensar que estou bêbado,
mas nem alto eu faço umas merdas dessa. É quando começo achar que ela é meu
maior entorpecente. Senão o mais forte pelo menos o mais viciante. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há tanta coisa pra dizer e as palavras simplesmente me
engasgam lutando para não soar. Nunca sei o que dizer. As mãos transpiram e
receio magoá-la. Mas não minto tentando parecer algo que não sou, afinal ela
não acredita em nada que eu digo mesmo. Gastar imaginação mentindo seria perda
de tempo, porém me assusta espantá-la com qualquer coisa de minha personalidade
velha e caótica.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas se você estava achando este texto feliz demais para os
padrões aqui vai uma boa notícia - pra vocês que gostam de má notícia. Assim
como esta garota voltou de repente ela se foi instantaneamente. Apareceu
solteira e logo depois comprometeu-se novamente. Foi só o tempo de criar
fantasias e histórias e engolir toda a baba novamente, com uma colher de
sobremesa. Babar e voltar a comer o mingau de esperança. Excluir-me de novo e
eu voltar a reconhecer a raiva estacionando na frente de casa, buzinar
antecipando a campainha. E eu ir olhar com curiosidade.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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- Entre, eu tenho cervejas. Se prepare, pois hoje vamos
ficar bêbados até não acertarmos mais a boca.Eu disse à Raiva, velha companheira.
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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- Mas ela vai excluí-lo e depois procura-lo novamente, pois
é isso que ela faz. Disse a Raiva. E eu respondi cabisbaixo. </div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- E eu vou aceitá-la mais uma vez! Afinal é só o que eu faço
em todos esses anos. Espero que ela me procure e procure e procure novamente.</div>
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<br /></div>
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- Então me sirva àquela cerveja que prometeu. Você sempre
tem as mais geladas. Disse a Raiva.</div>
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<br /></div>
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- Um brinde. Eu disse.</div>
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<br /></div>
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E brindamos. Velhos parceiros de bebedeira. </div>
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<br /></div>
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Bento.</div>
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Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4538110221219588588.post-10415200604002411112015-01-25T23:23:00.001-02:002018-07-17T18:42:18.852-03:00COM UMA RESSACA DE 23 ALCOÓLATRAS<div class="MsoNormal">
Quem estivesse de fora da brincadeira e olhasse em volta
provavelmente acharia que o quarto tinha sido cenário de guerra. Uma garrafa de
Jack tombada em cima da cômoda e outra recém aberta ao lado. Bitucas espalhadas
pelo chão bem como latas e mais latas de cerveja. Embalagens de camisinha
pareciam confetes em noite de carnaval, mas estávamos no natal. A noite também
não era de Tarantino, era mais que isso. Aquilo não foi cenário de guerra, fora
uma festa improvisada de bebedeira e sexo. Um religioso diria que arderíamos
eternamente no inferno. Deus olhara para o outro lado tamanha libido. Já
imagino os demônios assistindo de camarote e dançando ao som de <i>Matanza </i>no volume mais alto. E pecávamos
ao ritmo da bateria de <i>Interceptor V6.</i></div>
<div class="MsoNormal">
Eu estava lá, mas não estava lá. Até meu pênis tava dividido
entre sim e não. Meia vida, ele continuava a trabalhar por hábito, talvez. Bem,
cada um tem o que merece e alguém decidiu que eu não mereço muito mais que
aquilo, logo não se deve reclamar de suas conquistas. Instantaneamente sai de
lá para outro lugar...</div>
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<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>***<o:p></o:p></b></div>
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Outro quarto, sete anos atrás, quem se encarregava da trilha
sonora era o vinil do <i>Deep Purple</i>
repetindo o mesmo lado, incansavelmente. A bebida era Dreher, afinal, cervejas
era um luxo que não tínhamos naquela época. Mas a garota... a garota abaixo de
mim era a mais linda de todos os tempos. O quarto tinha o mesmo cheiro de sexo,
porém os demônios não sorriam desta vez. Não sorriam porque eu estava feliz. Em
todo o mundo, no decorrer da história, ninguém foi tão feliz quanto eu naquele
fatídico momento em que transava com a garota dos meus sonhos e não sei se por
felicidade ou por estar bêbado como um porco eu dormi. Dormi em cima da garota
mais sensacional que já conheci. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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<b>***<o:p></o:p></b></div>
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<br /></div>
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Volto a mente para o quarto atual e enquanto sou chupado e a
música agora é <i>Escárnio</i>, olho para
minha cama e vejo um amigo mandando ver na garota que outra noite estava
montada em cima de mim com uma libido de tirar os móveis do lugar. </div>
<div class="MsoNormal">
Eu acredito que não sou das melhores pessoas, se tem opção
afaste-se, não serei eu quem lhe trará conforto. Não sou dos melhores amigos.
Mas certos caras, daqueles que estão comigo desde os primórdios levam sempre
alguma história pra contar onde eu faço parte, como personagem principal ou
coadjuvante digno de um Oscar. Cedi a transa e a cama para o amigo. Cedi porque
tenho dessas às vezes. Por um pequenino momento torno-me bom. Entenda: Eu, bom.
É mais ou menos tão raro quanto achar um filme bom na TV aberta quando se está
sem dinheiro num fim de semana em casa. Uma coisa rara. Mas se ficar por perto
tempo suficiente vai se deparar com esses bons momentos.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Algumas pessoas dizem que o meu quarto, ou qualquer lugar
que eu esteja, é sempre o pior lugar para se estar quando quer andar na linha.
Bem como Jimmy diz em <i>Amigo Nenhum</i> ou
<i>Tombstone City</i>, depende de como
terminará sua noite. Eu nunca obrigo ninguém a nada, mas dizem que eu desperto
sempre o pior lado das pessoas. Isso pode ser um dom ou uma maldição, porém eu
não acredito no que dizem. As pessoas fazem exatamente o que querem fazer e
quando podem colocar a culpa em alguém pelas merdas todas elas fazem. A ressaca
moral fica mais fácil. Ter as mãos tremendo e o estômago colado nas costas no
dia seguinte fica mais fácil de justificar quando se esta na companhia de um
culpado como eu. Não quero com isso dizer que sou inocente, mas afirmo, ninguém
é.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando eu digo que tenho cara de culpado eu quero dizer que
a maioria das pessoas tem uma visão de mim que não necessariamente seja a
correta. Eu, por exemplo, bebo muito menos que as pessoas acham que eu bebo.
Mas também não significa que eu beba pouco. Eu bebo mais do que muita gente diz
que bebe. Se parecer irrelevante ou sem sentido para você leia de novo. Pode
ser só falta de atenção.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ok, já leu. Viu? Da segunda vez sempre faz mais sentido.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Uma vez minha ex-garota perguntou se eu ainda bebia como
antes. Eu me apressei em dizer que não, pois estou dizendo a verdade. Com
"antes" ela queria dizer na época em que estávamos juntos e digo sem
medo de errar que eu não bebo como antes pois hoje bebo para algo maior. Para
dar a extrema unção à alma. Bebo para relaxar a mente e os músculos. Bebo atrás
de inspiração. Antes eu só bebia e pronto. Entende a diferença?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
De qualquer forma neste momento, onde tudo isso se passava
em minha mente eu era chupado enquanto via um amigo mandando ver numa garota
dez anos mais jovem que ele e estávamos todos numa boa. As cervejas tinham
acabado e mamávamos uma garrafa de Jack Daniels. Era uma noite do terror para
quem ama terror. Era o pecado tomando forma e se tornando adulto. Claro, que
com toda minha contribuição eu deveria ter uma esquina com meu nome em algum
quarteirão do Inferno. Senão uma esquina uma encruzilhada. Pelos serviços
prestados. Porra. No mínimo uma foto de funcionário do mês. Mas não de
propósito. Falo isso segundo as crenças de merda dos religiosos de bosta. Pode
ser que estejam todos errados e que não existe nada mais além de nós, seres
humanos medíocres que servem de adubo para plantas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Whisky, cigarros. Matanza acabava de tocar <i>Rio de Whisky</i> e fazíamos sexo no ritmo
da música. E o Jack suavizando a garganta, preparando o caminho para o
cachimbo. Algumas pessoas acham que essa coisa de beber e fumar e fazer merda é
ruim. Na verdade não é mesmo. Eu por exemplo, acho bem pior passar uma noite
conversando com idiotas e tomando Coca Zero achando que isso vai te fazer mais
saudável. Com a vida que eu levo eu poderia estar morto, mas não estou. E digo
mais: Faz anos que não fico doente e a única dor que sinto é da agulha riscando
a carne quando vou me tatuar. Alguma coisa nesta teoria maluca de não poder
fazer nada de "errado" é falha.</div>
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<br /></div>
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Mesmo assim, enquanto pensava nisso me veio à mente um dos
momentos que mais me assombra. Eu já disse que já fui melhor do que sou hoje,
contudo acredito estar errado. Da época em questão eu melhorei bem, depois de
melhorar eu piorei um pouco. Sabem como é, ninguém consegue manter o ritmo. De
fato eu conheci algumas bêbadas depois disso e algumas santas. Ou seria o contrário?
Não me lembro. Então eu lembrei da ex-garota lavando meus cachorros. Com os
cabelos presos deixando à mostra a tatuagem na nuca. Uma blusa de alça preta
deixava eu ver também a tatuagem no braço e uma saia até os joelhos, nada muito
sexy, mas nela, qualquer coisa ficava maravilhosamente sensual, sexual. Mesmo
uma camiseta minha velha esquecida na casa dela. Ela roubava minhas roupas para
poder dormir sentindo meu cheiro e isso fora talvez, a maior demonstração de
amor que eu já tive em toda a minha vida.</div>
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<br /></div>
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Minha mente volta do passado e segue direto ao futuro quando
as garotas já foram embora e meu saco transpira devido o calor e o suor mistura
com a baba da noite anterior. Há cabelos grudados em meu peito. Os lençóis da
cama foram parar em algum lugar que não consigo desvendar de primeira. A
ressaca é de 23 alcoólatras. A boca com gosto de merda, a cabeça pesando como
uma bigorna. A fumaça do primeiro cigarro arranha a garganta como um ouriço.
Ainda tem o catarro seco que quase que me sufoca. Mais ressaca. Ressaca moral
também, mas não de arrependimento e sim por fazer o tipo de merda que a maioria
dos caras matariam para ter a oportunidade de estar em meu lugar e eu
simplesmente não dar a mínima, pois é evidente para muitos que eu preferia
estar no mesmo lugar com uma só garota que sequer precisa estar no mesmo
continente que eu para me inspirar. E é só pensar nisso que minha mente volta
como se estivesse pilotando um <i>Delorean</i>
e me vejo deitado em meu quarto brincando com os seios dela. Displicentemente
tocando-lhe o mamilo com os lábios, mordendo e me divertindo tanto que passaria
horas e horas fazendo aquilo. Lambendo-lhe e beijando e mordendo e morrendo aos
poucos com as lembranças. Morro cada vez um pouco mais sempre que me perco em
meio ao passado. Sempre um pedaço de brasa que já fora chama se esvai. Ficam as
cinzas que partem com o menor sinal de brisa até o dia que não sobrará mais
nada o que lamentar. E se já não somos derrotados por deixarmos que nos digam a
hora de levantar e deitar, comer e beber, nestas horas não sobram dúvidas.
Quando se é derrotado em seu próprio campo de batalha não é difícil imaginar
que perderá dali pra frente e seguirá perdendo até que o Destino enjoe de você
e passará humilhar algum outro imbecil. É nesta hora que pensamos que a sorte
está de bem conosco e voltamos a cair do cavalo, pois a esperança serve apenas
para te fazer de otário por algumas horas e depois basta. Só que é como o
álcool, basta um gole para atiçar seu lado viciado e quando percebe está bêbado
e aprontando de novo.</div>
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<o:p><br /></o:p></div>
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Bento.</div>
Bento Qasualhttp://www.blogger.com/profile/18381489645929757400noreply@blogger.com0