quarta-feira, 16 de março de 2011

O BEIJA-FLOR SEM BEIJOS (Parte II)

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Boris assistia todos os dias seus irmãos planejando suas rotas para descobrir mais e mais flores novas que pudessem beijar, ele via tudo aquilo e ao invés de entristecer-se como antes só conseguia pensar em Branca. Claro que o fato de não poder aproximar-se, de não poder beijá-la o deixava triste, mas só o fato de ter alguém que o esperava, que contava com sua presença, ter alguém que tinha o dia mais feliz só pelo fato dele existir já fazia de Boris o passarinho sem asas mais feliz do mundo. Porém, ouvindo os planos de seus irmãos percebeu que todos estavam planejando voar em direção da montanha onde Branca se encontrava.

Os corações dos beija-flores batem quinhentas vezes mais rápidos que os dos humanos, mas o coraçãozinho de Boris agora era ainda mais rápido que as asas que um dia pertenceram ao seu corpo.
Boris correu ao encontro de Branca, Boris corria, pulava, caia e levantava-se, mas nunca parava de prosseguir, ele tinha que chegar até Branca antes de seus irmãos ou perderia o grande amor de sua vida.

Finalmente Boris chegou até Branca e viu seu sorriso ao vê-lo de longe, porém Boris só se preocupava em subir a montanha, tentava e caia, tentava e caia.
Seus finos ossos já pediam descanso, a corrida, a escalada e as quedas o machucavam e nem mesmo os gritos de Branca para contê-lo adiantavam.

- Pare Boris! O que está fazendo? Você vai se machucar...

Boris não ouvia, ele tentava subir a montanha e rolava para baixo. Suas patas eram pequenas demais, além de muito cansadas e agora machucadas.

Finalmente Boris esgotou-se.

- Boris! O que está acontecendo?

- Os outros... Os outros beija-flores estão vindo para cá. Logo chegarão até aqui e beijarão aquela que eu amo tanto e quero para mim.

- Mas o que te faz pensar que eu deixarei que outro pássaro me beije além daquele que mesmo sem asas e mesmo sem beijos consegue manter-me viva, alegre e cheirosa? Mais do que qualquer outra flor desta floresta.

- Mas Branca, é a natureza das flores serem beijadas...

- Querido Boris, é a natureza dos pássaros baterem suas asas e voarem e mesmo assim eu o vejo todos os dias fazendo o mesmo caminho, passando por rochas, espinhos e predadores para chegar até mim. Mesmo assim vejo-o depois de todo esse caminho árduo, chegando até aqui de sorriso aberto e disposição para fazer-me rir.
Ora Boris, essa é de longe a maior prova de amor que qualquer pássaro poderia me dar, é melhor que qualquer beijo e sei que um dia, um dia você conseguirá subir até aqui e finalmente me dar o maior e melhor beijo que uma rosa poderia pedir ao Criador.


Bento.

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Um comentário:

Lua ∞ disse...

Caralhooooooo! Com o perdão do palavrão, mas seu texto ficou foda demais!

A rosa era única, assim como o beija-flor, não precisavam de mais nada.

Lindo, senhor Bento!