segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

CAIXA DE PANDORA DE AMORES FINADOS

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Minha mãe tem o péssimo hábito de fazer faxina e jogar tudo fora, não pergunta, não titubeia. Joga fora e pronto. Tantas letras de músicas inacabadas, tantos textos sem terminar e comprovantes de pagamentos sem arquivar.

Quando me dou conta já é tarde demais e vou correndo até o lixo com esperança de salvar minhas aflições.
Das músicas, dos textos e das contas a pagar.

Se me perguntarem porquê, afinal, eu não arquivo ou guardo os papéis antes que eles sejam incinerados pela chama da mania de limpeza de minha mãe? O motivo é óbvio, eu não sou nem de longe, organizado. Só me acho na bagunça. Coisa de homem.

Mas eu nem sempre fui assim.
Puxando pela memória, lembrei-me de minha primeira namorada, lá pelos meus quatorze anos. Ela me dera de presente uma caixa de charutos, vazia evidentemente. O tabaco ainda não me fazia companhia naquela época.
A caixa era tão bonita que tive que achar uma serventia para ela, caso contrário ela teria o mesmo fim que os papéis que hoje são dispensados pela faxina.

Decidi então, guardar as cartas que minha namorada me entregava, folhas de caderno com rabiscos e corações que demonstrava o amor de adolescente.
O namoro acabou, as cartas ficaram e o hábito de guardá-las também. Por necessidade comecei a guardar alianças de compromisso, pulseiras, pingentes, até um chaveiro de pelúcia que eu tinha vergonha de usar. Tudo que fizesse lembrar-me dos momentos e frações de sentimentos seriam guardados ali.
Uma caixa de pandora de amores finados.

Também não me pergunte por qual motivo eu ainda guardo essa caixa, confesso que não a abro há mais de um ano.
As coisas empoeiradas ali dentro podem me levar do céu ao inferno e vice-versa, na segunda opção até seria bom, mas como arriscar? Mas é bom saber que tenho um backup de minha mente, de minhas lembranças.
Dizem que para entender o presente e o futuro é preciso entender o passado.

Sei também que se por qualquer motivo eu precisar formatar a memória RAM de meu peito, terei minha essência guardada na caixa que mistura o cheiro de charutos e as cartas perfumadas.


Bento.

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6 comentários:

Elaine Cristina disse...

Caramba...
Eu achei que era a única a fazer esse tipo de coisa... rsrsrsrsr
Tenho várias caixinhas de Pandora guardadas em casa... E minha mãe sempre quer jogá-las fora!
Bem que dizem que mãe só muda de endereço mesmo... rsrsrsrsrsrsrs
Curti muito teu post!!!

Victor Von Serran disse...

Quando comecei meu namoro, tive de jogar algumas coisas fora, como fotos de ex namoradas nuas, videozinhos, cartas cheirosas e etc..acho que todo mundo no fundo guarda essas coisas porque entendemos o valor de forma diferente. Talvez isso nos torne diferentes.

Abraço Bento e obrigado por todo o apoio la´no grupo e tudo mais !

Priscila Santos disse...

O problema é a mórbida curiosidade de abri-las novamente, mesmo sabendo que vai se arrepender depois.

Bento Qasual disse...

Elaine, mãe é mãe. Acabei de chegar e achar outro quarto no lugar do meu! rs

Bento Qasual disse...

Vitão, poderia ter guardado as fotos e os videozinhos, pelo menos... hehehe

Bento Qasual disse...

Sempre nos arrependemos depois Priscila, mas a vida não é feita de arrependimentos e erros?