segunda-feira, 15 de outubro de 2012

GIULIARD BORSANDI VII


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Indica-se ler os episódios anteriores: GIULIARD BORSANDI VI


Eu já pensava na morte da bezerra, pensava em como estaria Nelia, Ricardinho e a puta que pariu.
Ficar bêbado é uma merda, beber sozinho também. Começamos a pensar em coisas que não queremos pensar, em pessoas que não queremos pensar.
Aquela música de merda tocando no meu ouvido e fazendo meus tímpanos explodirem, já estava clamando pela tal bandinha que iria tocar naquela noite. Não que fosse muito boa, mas era melhor que aquela música eletrônica de retardado que me dava vontade de cortar os pulsos. Mais meia hora daquilo e eu acharia a banda Qasual, que era a atração da noite, quase um Led Zeppelin. Exagero meu, mas aquela música eletrônica me dava nos nervos. Jamaica gostava.

O bar já estava cheio e Jamaica não parava. De um lado para outro servindo os recém-chegados. Agora já estou na sexta caneca e consequentemente a sexta dose de whisky - Jack Daniels, abaixo disso é água suja - quando me surpreendo com uma mulher sentando ao meu lado, num vestido negro que, sentada, quase dava para ver suas nádegas.

- Oi. Posso me sentar aqui?

Ela tinha trinta e quatro anos. Suculenta. Um rosto de mulher que, sim, eu toparia levá-la até meu escritório para olhar debaixo daquele vestido, caso ela não fosse um trabalho.
Ela, era Janaina Alves, vocês devem conhecê-la como "mulher do pastor".

- Claro que pode. Você pode tudo.

Respondi dando mole para ela, pois realmente fiquei interessado naquele vestido e em tudo o que continha debaixo dele, porém me contive. Pô! O pastor iria me pagar uma bala por àquilo. Valia mais que uma transa com uma vadia qualquer.

Transar com vadias não pagava conta. E eu estava com muita sorte para ela aparecer ali, num dia de folga, quando eu já tinha perdido vários dias atrás de uma oportunidade de pegar aquela safada prevenida. Hoje ela tinha se descuidado, não por querer, mas o destino às vezes coopera. Quem diria que a puta apareceria no mesmo bar que seu delator, num dia de folga e num dia que o pastor estaria em casa dormindo. Pelo que eu sabia.

A mulher me olhava com cara de desejo, eu já estava bêbado e de pau duro, ela era gostosa e o álcool sempre me deixava mais excitado.

Era a sétima caneca, servi uma para ela, eu pensava em quanto eu ganharia com essa história do pastor e pensei em avisá-lo. Mas mesmo que eu a levasse para um quarto de motel, como eu poderia fotografar ou filmar esse tipo de coisa quando eu mesmo estivesse fazendo parte. Corria-se também o risco do pastor ficar puto comigo e não querer me pagar, nunca se sabe o que se passa na cabeça de um corno, principalmente um corno evangélico. Então fui devagar...

Paguei uns drinks para a moça e continuamos conversando. Ela me queria, estava claro para quem quisesse ver, não que eu fosse muita coisa, ela escolheu o primeiro que estava na frente dela, quis o destino que fosse eu, mas poderia ter sido o Zé, o Mané, ou até o Guião, se ali estivesse.

Era isso! Por isso que eu bebo, penso melhor assim. Dou um fora na mulher e ela vai procurar qualquer outro cara para satisfazer sua libido de mulher da vida.
Talvez eu até entenda o motivo para ela sair às escondidas para trair o marido, pelo pouco que conheci do pastor, duvido muito que ele tenha gás para apagar o fogo de uma gostosa como esta. Puta mulher gostosa.

 - Bem Janaina, gostei muito de conversar com você, mas sei que você deve estar querendo diversão essa noite e não ficar aqui perdendo tempo comigo...

Então Janaina me interrompe fazendo a sua cara mais sensual da noite:
 
 - Então nós vamos nos divertir em outro lugar?

Eu não consegui segurar o riso de criança que ganha um brinquedo novo. Porra! Meus hormônios me diziam para mandar o pastor para a puta que pariu e comer àquela senhora quantas vezes fosse possível, afinal, era meu dia de folga. Mas minha razão ainda estava sóbria e se eu tivesse que fazer uma social com ela depois do sexo provavelmente eu iria querer me matar, tamanho tédio, ou acabaria soltando alguma indireta que faria com que ela percebesse que eu sabia de sua vida mais do que ela já tinha me revelado.
Pensei que esse puritanismo ainda iria me foder, mas...

 - Não, gata. O que eu quero dizer é que sou casado e não quero atrapalhar sua noite, portanto, acho melhor você ir se divertir.

 - Mas eu também sou casada e se isso não é problema para mim, acredito que não será para você. Ela era uma profissional. Já devia ter feito aquilo várias vezes. Estava acostumada e totalmente disposta a arrumar uma transa.

 - Olha, não vou te julgar. Você deve ter seus motivos para isso. Porém, não traio minha esposa. Continuei mentindo.

Ela desistiu. Tomou o restante de seu Martini e me deu um beijo molhado no rosto. Quase enfartei com aqueles seios deliciosos próximos ao meu rosto. Senti seu perfume doce e meu pau ficou ainda mais rijo. Eu iria explodir.

Fiquei olhando ela se sentar numa mesa mais próxima do palco.
Uma mulher como aquela, rica, madura e muito gostosa, só poderia estar sozinha num bar como aquele com um só propósito; sexo selvagem com um cara que sequer perguntasse seu nome e que nunca mais o encontrasse na vida.

 - To te estranhando guri. Tá dispensando mulher, agora? Perguntou Jamaica sem me deixar notar que estava observando minha conversa com a mulher do pastor.

 - Só tenho olhos pra você magrela.

Respondi com um sorriso irônico nos lábios. Ela sorriu balançando a cabeça percebendo a ironia.
Evidente que eu não desperdiçava uma oportunidade de trepar se não houvesse um bom motivo. Como o de hoje com a mulher do pastor. Mas a parte de só ter olhos para Jamaica não era tão inverdade assim. Como já disse, ela era a única garota que eu conhecia que poderia me fazer esquecer a vadia da Nelia. Mas enfim...

Não demorou muito para que um roqueiro musculoso sentasse na mesma mesa que Janaina e começassem a conversar intimamente. Era agora, assim que saíssem do bar eu os seguiria e completaria meu trabalho. Afinal, eu sou Giuliard Borsandi, detetive particular. Mesmo que a contragosto.



Bento.

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