quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

ÀS GORDAS: ASSUMAM-SE

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Noite passada tive sonhos com assombrações de outras vidas. A primeira vida. Digo isso, pois é preciso morrer de amor pelo menos uma vez na vida para poder dizer que aproveitou seus anos quando morrer de morte morrida, ou matada. Este sonho trouxe das mais mutantes sensações, da alegria ao caos. Caos de outrora. Sonhei com a musa das musas. Com o start de todas minhas loucuras e literalidade, castigos e opressões impostas por este que escreve, claro.Como Punição por perder algo de tanto valor quanto as coisas que se têm Invariavelmente mais valor: ar, órgãos, demências e coisas que te Cobram o exílio da realidade, nem que por pouco tempo. Coisas das quais, se sem, viver fica tão mais sem graça e sem sentido. Sonhei com o quanto fui feliz e o quanto perdi. Há tempos não sonhava com isso, calhou de noite passada, justo esta noite, que de especial, buscando pela memória, não existe nada. Bem como seria só mais uma noite senão fosse tal sonho. Tão real. Eu pouco sonho, tenho uma coisa com sonhos, sempre fora uma fuga recíproca. Eu fugia deles e eles de mim. E não é que ontem, justo ontem, sonhei.

“Coisa de doido” vão dizer.

Quem sabe?

Sei só que me empobreceu, este sonho, deixou-me pobre durante o dia todo. Pobre de alma, de confiança, pobre de todo o resto que sobrou. Tudo o que reconstruí, se foi, por hoje, pois sonhei, com a musa das musas...Virei o mendigo das lamentações. Talvez isso explique os rancores Hard Cores dos últimos tempos. Ou talvez não. Análises nunca são fáceis, principalmente tratando-se das artimanhas do Destino. Nos dias de hoje ninguém é grato a nada, tudo vira obrigação. Simpatia vira falsidade, educação é fraqueza. Esperto é quem abusa do próximo. Frango, foi educado perdeu o lugar. Ceder o lugar para uma garota assusta, ou pode ser confundido com desculpa para olhar-lhe a bunda.
Fazer novas amizades cansa, é um querendo ser mais interessante que o outro e no meu caso ninguém é, exceto aqueles que não se esforçam para ser. Na verdade, tudo o que você acha que pode me interessar está errado. O que me interessa é justamente o que você pretende esconder por sentir vergonha. Conheci uma garota e em duas semanas de conversa ela me chamou de ogro. Fiquei impressionado pela sua rapidez e precisão de caráter. Mas a pergunta é: o que será que ela faz com esse talento? A mesma me chamou de sincero, uma obviedade, mas guardou o que eu lhe disse, outro talento; saber ouvir. E o que fará com a informação dada?

Bem, conheci outra garota, talvez sem o mesmo dom de julgamento de caráter, que quis prestar um favor a uma amiga feia apresentando-me. Conheceu minha negativa e quis saber os motivos, mas sem que eu fosse estúpido. Disse exatamente assim: me diz porque não, mas sem ser estúpido. Eu respondi que não se pode ter tudo nesta vida, ou quer explicações ou não.
Desviei o olhar até aqui para dizer que isso é herança também do motivo do sonho. Antes eu era só um rebelde sem causa, hoje leciono e sigo regras e cartilhas de como sê-lo e só com quem merece. Tornei-me um língua frouxa com autocontrole. Aprendi, com custos, que não preciso ser legal com todos, só com quem merece. Exatamente o contrário que fazia antes.
Fiz de minha impaciência dos velhos tempos a transparência dos dias de hoje. Sendo assim, escrevi logo na entrada de meu quarto: não sou de ereções gratuitas. Para um bom entendedor meia palavra basta. Não gosto de repetir as coisas que deixo claro.
Outro dia me pediram um autógrafo. Vejam só, um autógrafo? Quem sou eu para tal? Neguei, claro. Para um beberrão como eu, escrever dedicatórias seria uma das últimas coisas que desejaria desta vida infame. Ofereci uma cerveja e a garota levou à mal. Negou e ficou brava, partiu falando mal de mim. Vê como educação é confundida hoje em dia? Sequer eu reconheço-me como artista, quem é ela para tomar-me como tal? E a proposta da cerveja foi sincera, poxa. Eu, se pudesse optar, preferiria mil vezes uma cerveja com Bukowski que um autógrafo. Mas gosto é gosto.
Ainda falando sobre gosto: falei sobre bundas e peitos outro dia. Prefiro belos peitos, sempre, mas as bundas. O problema da bunda é que quem dá as ordens é a cintura. Qualquer bunda, por maior que seja, se for acompanhada de uma cintura que siga seu tamanho perde seu valor. Já os peitos, bem, belos peitos serão sempre belos peitos independente de qualquer coisa. No entanto eu estou sempre dispensando uma cintura tamanho G. Fodam-se vocês pró-gordas. Não faço diferença de ninguém, mas só fodo com quem desperta minha libido. Isso é um direito adquirido. Veja, eu perdi metade das minhas transas rotineiras pelo simples motivo de manter a barba em constante crescimento. Existem garotas que não se sentem atraídas por longas barbas e eu não fiquei me fazendo de tadinho por aí. Assumi a responsabilidade. Que é basicamente o que todas as gordas deveriam fazer. Assumir-se. Está cheio de idiotas por aí que preferem as gordas, alguém tem de dar atenção às magrelas e é aí que eu entro. Ossos sempre chamaram minha atenção desde as aulas de biologia no colégio. Isso e as garrafas de vinho atrás da escola. Hoje não sou mais tão fã de vinho, mas de ossos...


Bento.

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domingo, 1 de dezembro de 2013

NINGUÉM ESTRIPA POR ESTRIPAR, EXISTE SENTIMENTO NO ATO

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Alguns são tão idiotas, mas tão idiotas que eu desconfio de tanto talento. Não acredito e pronto. É tanta falta de credo que acho que é fingimento, porém penso; só um idiota para fingir tamanha idiotice. Também é possível que essa certa intolerância com idiotas parta de um estado de espírito um tanto quanto irremediável, de estar de saco cheio de qualquer coisa e sobre tudo. Irremediável, mas não voluntário nem eterno.
Então esse "saco cheio" foge um pouco da literalidade, na verdade isto se aplica à realidade infame, tediosa, ensebada e irritante. Um rotina transparente e demente de; puta que pariu os dias passam e as horas continuam sempre no mesmo lugar. Assuntos desfalecidos, conversas previsíveis, falências das palavras. Como se eu estivesse "emburrecendo", se é que isso existe.
Evidente que um emprego de merda ajuda a seguir com a desgraça. Mas o que eu quero deixar claro é que tanta inutilidade está até conseguindo tirar o charme do bar e olha que cervejas e mesas rústicas com garçons me chamando de Bêêênto sempre fora um lugar sagrado. Sinto-me o último dos pecadores num mundo de santos infames.

É bem verdade que eu já tive diálogos mais interessantes e abandonei-os sistemática e conscientemente, no entanto quem diria que eu mergulharia num infindável calabouço de mediocridades.
Acordo com o desespero de outrora e se não me engano, por motivos não tão diferentes. Não pensem que é exagero não, é desespero de faltar ar no peito e a barriga colar às costas. Das sobrancelhas quererem tomar os olhos tamanha a rigidez da feição. Também não pensem que pode ser só mais um dia que o humor partiu sem hora para voltar, é mais que isso. Mas então penso; por quê? Ontem não foi melhor que hoje e hoje não será pior que amanhã, ou talvez eu dê esse azar, porém não sou homem de acreditar em azares. Acredito que só tem azar quem tem sorte e eu estou bem longe de ser sortudo desses que ganham na loteria, no bingo, sorteios de rádios e etc. Está certo que vez ou outra achei uma ou duas notas de reais perdidas por aí, mas sei que perdi mais que achei, então não vale.
Fico sem saber então? Claro, não posso deixar de dizer que existe um dia ou dois que torno-me ranzinza mais que o normal só que neste caso foi pior que isso. Sei só que foi uma confusão que há muito não presenciava. De uma singularidade de insultar o chefe e matar os vizinhos. Resisti em comprar uma arma por achar assassinatos com armas muito clichê. Os Serial Killers que usam as mãos são bem mais sentimentais, existe um mantra, uma poesia em cada corte, cada tripa retirada. Ninguém estripa por estripar, há sentimento no ato, então resisti.

Sei que o dia foi passando com a lentidão dos dias ruins e acontecendo fatos para piorar tudo, porém, como já disse, era difícil piorar, mas a simples tentativa de fazê-lo já me irritava ainda mais.
Logo, o dia estava chegando ao seu fim, sem chefes agredidos e sem vizinhos chacinados. O dia estava tão merda que só chovia por onde eu passava e foi aí que aconteceu. Muitos dirão que foi um fim de dia clichê, tratando-se de quem é. Eu discordo. Foi lindo e mágico ao mesmo tempo.
Eu e o whisky tínhamos tido uma briga feia. Dessas de ficar sem se falar por dias.  Fui eu quem resolveu tomar a iniciativa e parei no caminho para uma garrafa nova. Sequer cheguei a abrir a garrafa, não precisou. Era como rever um amigo de longa data. Tocamos-nos, sem nos falar, bastou um trocar de olhares, um sorriso de canto de boca, o primeiro sorriso do dia. Onde diabos estávamos com a cabeça quando brigamos? Acabou o dia ali, era outro agora, melhor, mais tragável. Não precisávamos dizer nada, como velhos amigos bastou um olhar. Tudo poderia ser nosso novamente, o mundo e todo o resto. Éramos dois, a sós, poderíamos conquistar a tão sonhada eternidade, mesmo que malditos, eternos.



Bento.

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