quinta-feira, 12 de junho de 2014

O FATÍDICO DIA DOS NAMORADOS

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Depois de passar o verão praticamente inteiro fazendo festas que duraram dias eu parei. Parei porque o verão se foi. Parei porque também sou de época. Meu humor é de época e a época de festas passou, agora escrevo. Necessariamente meus finais de semana são de drinks e escrita. Alguns amigos preferem meu humor quando está para festas. Convido os amigos e eles logo perguntam sobre mulheres, veja, não sou nenhum cafetão, nem quero ser. Nem sou desses amigos que gostam de servir de cupidos, pois já tenho meus problemas que não são poucos. Mas é certo que uma ou outra coisa eu faço para ajudá-los, caso peçam. Esses dias estava dizendo: preparem-se para o mês de junho, pois o mês de junho é a melhor época para conquistar as mulheres mais bonitas. Mesmo o mais frio e asqueroso homem da face da terra se arruma no mês de junho. Com exceção daqueles que alugam-se no Facebook, como se fossem grande coisa, esses são tão desesperados que eu duvido que arrumem algo. O resto se arruma e explico. O mês de junho é mês dos namorados, do fatídico dia dos namorados. Deus sabe que eu acho isso uma besteira e que passei poucos dias dos namorados namorando, portanto tenho uma certa experiência. O fato é que historicamente a mulher leva isso mais a sério que grande parte dos homens, naturalmente. A mulher não liga de ficar sozinha durante todos os outros dias do ano, mas este elas ligam e o homem que souber se aproveitar disso se sairá muito bem. Conheço uma garota que me fez uma proposta uma vez para começarmos a namorar uma semana antes e terminar o namoro à zero hora do dia 13. Ela ainda me disse que eu nem precisava me preocupar com o presente.

Se querem saber se eu aceitei a proposta eu digo que aceitei sem pestanejar. Não se deixa passar a oportunidade da companhia de uma bela garota num momento tão delicado. E sim, claro que eu não deixei de dar-lhe o presente de dia dos namorados, afinal o presente é metade de tudo o que significa este dia. Então é isso que eu quero dizer, preparem-se para o mês de junho.

Eu disse que o presente é metade do dia dos namorados e é verdade. Algumas mulheres retomam relacionamentos antigos no meio de Maio, só por causa do presente. Juram de pé junto que amam e estão arrependidas. Já vi amigos, que sem um puto no bolso terminaram o relacionamento para não ter de gastar o que não tinham. E não é que eles não amavam, não, era pobreza mesmo. Arrumava qualquer motivo para o desentendimento e só voltava atrás uma semana depois do dia dos namorados. Isso aconteceu num Natal também, mas isso eu conto outro dia.

No meu caso, sempre fui péssimo em dar presentes. Não ligo se ganho, se não ganho eu anoto. Mas sou horrível para dar presentes. Uma conhecida do trabalho, não vou citar o nome, só que ela mandava flores para ela mesma endereçadas para entregar no meio do expediente e todos achavam lindas as flores que ela recebia.

O problema do dia dos namorados, para quem está solteiro, é sair de noite. Onde quer que você vá há casais espalhados pelos bares, cinemas, cafés, livrarias, esgotos, cemitérios e todos eles te fazem lembrar que você está só. Como já citei, tem gente que fica sozinho o ano todo, mas dia 12 é intragável. O mundo te lembra que você está só. Com os comerciais no intervalo do jogo de futebol, as comédias românticas no domingo de tarde e domingo já não é o dia favorito dos solteiros.

Esse ano lembrei que era dia dos namorados por causa de uma amiga. Estava em casa de bobeira, pensei em arrumar uma companhia para a tarde e pensei nela, visita sempre certa. Peguei o telefone e para minha surpresa ouvi: estou na casa do namorado. Ela disse. Eu respondi: mas já? Estamos no início de Maio ainda. Ela riu e bem, fui beber sozinho.

Então eu escrevo isso no fim de Maio e enquanto a maioria se prepara para se "prender" em junho eu estou me desvencilhando. Sim, me afastando de qualquer coisa e descomplicando. Hoje descompliquei um tanto mais.
Anos atrás namorei uma garota de 500 anos de idade. Na verdade, quando namorei ela tinha vinte e uns, ela foi virar uma múmia só depois. Vejam: nunca fui de manter amizades com ex-namoradas porque acho um desperdício de amizade, e de tempo. Porém, neste caso fui surpreendido com uma proposta contemporânea demais para uma garota de 500 anos. Ela queria uma relação de sexo e eu pensei: bem, por que não? Nunca negue uma coisa que você não tenha motivos suficientes para negar. E qualquer amizade que envolva sexo nunca será uma perda de tempo. Corrijo: qualquer coisa que envolva sexo nunca será perda de tempo. Aceitei a proposta sem levar em conta os seus 500 anos. Na primeira semana de amizade colorida a tal garota mostrou para que veio, passando por cima de cláusulas contratuais de qualquer amizade de sexo, quis me envolver numa cripta que só existem nos namoros. Sorte minha que tinha a lei dos solteiros ao meu lado.
Agora eu volto a citar os 500 anos de idade da garota para explicar sua idade de múmia egípcia. Eu me considero um cara velho. Sou o primeiro a pedir a palavra com o tilintar do talher na taça e dizer: não passo de um velho. Porém, esta garota me supera em pelo menos 450 anos. Não duvidaria se ela me dissesse que aprendera a bordar com as caravanas de portugueses descobridores. E sim, sei que vão dizer que eu mergulho numa vala comum quando a acuso de complicada, mas este caso é insuperável. Mais até que complicada, essa garota era incoerente. Todos nós temos pudores, coisas das quais não aceitamos no próximo e que nos afasta um dos outros. Até aí todos concordam? Ótimo. Bem, a incoerência é uma das coisas que me causam calafrio. A incoerência não anda, não se mexe, não desatina. Não se faz nem um lanche de mortadela com a incoerência. Eu disse que ela era incoerente mas bem que poderia dizer que ela era omissa e submissa. Tem a ligeireza de uma velha com artrose. A rapidez de um cavalo manco.

Mesmo que não acreditem vou dizer assim mesmo. Eu tentei conviver com isso, nem sei por qual motivo, porém tentei. Só que o que me fez querer rasgar o cu com a unha fora tal submissão. Puxando pela memória me veio um caso de muito tempo atrás, eu era um jovem dos mais rebeldes e isso contava pontos a meu favor. E nesta época havia duas garotas interessadíssimas neste autor. O que esperar de duas garotas que compartilham o interesse pelo mesmo cara se não briga e inimizade? Para minha surpresa, as duas trataram o caso como duas garotas de atitude que eram. Para não brigar decidiram que seria um dia de cada. De segunda a sábado. Primeiro uma e no outro dia a outra. Eu achei genial e lisonjeiro. Elas poderiam complicar tudo, mas preferiram descomplicar. Esta garota de 500 anos nunca seria capaz de um feito como este simplesmente porque lhe faltam independência e maturidade. E eu? Bem, eu ando descomplicando tudo. Colocando o lixo pra fora e limpando a casa e foi assim com a garota anciã.

O problema maior com esta garota é que não tínhamos uma relação de casal, pois não éramos namorados. Também não tínhamos uma relação de sexo porque não transávamos. Logo, não tínhamos nada e se não tínhamos nada não havia motivo algum para manter-me ocupado com isso. Mas voltando ao assunto que desperta mais interesse à mesa de bar com amigos bêbados: preparem-se para junho, pois é um grande mês. Um grande mês - para os homens - porque garotas simplesmente não gostam de ser rejeitadas e nada mais, nenhuma outra data, nenhum outro momento as fazem pensar e repensar suas vidas como o dia dos namorados.




Bento.

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