terça-feira, 14 de julho de 2015

AINDA HOJE NÃO SEI O QUE É SER CHUPADO POR UMA BANGUELA

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Uma vez estava eu saindo de um motel afastado, quase de improviso, com uma das garotas mais safadas que eu já conheci. Íamos do motel para o metrô e lá cada um de nós tomaria um curso diferente. Eram duas quadras e eu andava como um coxo, tamanha a dor no saco, pois eu transara com toda a força que tinha e ela queria mais e mais forte. Nem o homem mais forte do mundo poderia saciá-la. Eu pelo menos tentei. Mas foi a dor no saco mais deliciosa que eu me lembro.

Uma outra vez, estava em casa, numa daquelas festas que eu costumo fazer sem motivo e sem data para acabar. As pessoas apenas vão chegando e trazendo bebidas e trazendo mais gente que também vão trazendo mais bebidas e bem, parece nunca ter fim. Até que alguém gorfe, e outro alguém apague, uma garota ou duas urine nas calças, e em cada canto da casa tenha alguém transando ou tentando transar. Calhou que neste dia me sobrou o banheiro do meu quarto e era a terceira vez que eu entrava ali com uma garota diferente. Pela janela do banheiro ouvíamos a conversa sem sentido de bêbados falando sobre nada e gargalhadas insanas. Ela ajoelhada e eu resolvi que era um bom momento para umas palmadas em seu rosto. Primeiro um tapa, depois dois e vocês sabem como isso funciona. Ela nem parecia que gostava nem que não, mas de repente decidiu revidar e seus braços eram mais fortes que os meus. De supetão levei um tapa no rosto de baixo pra cima que quase me deixou sóbrio de novo, porém estava bêbado e o tapa fora tão forte que pendi para trás como quem estava prestes a cair. Então a garota dos braços mais fortes que os meus agarrou meu pau e me puxou junto dela impedindo minha queda. Poucas vezes me vi surpreso, mas nada supera o tapa, a quase queda e ser laçado por meu próprio pau. Rimos disso e ela continuou a fazer o que estava fazendo. Decidimos parar com os tapas por hora.

O que quero dizer com isso é que são sempre as pequenas coisas que me marcam. A minha memória que quase funciona raramente deixa passar esses pequenos momentos de que somos escolhidos pelo Destino para aprontar de bom humor. Não há muito que se esperar das pessoas nesta bagunça que chamamos de vida. Não há muito que esperar nem de nós mesmos, mas esses momentos simplórios fazem com que acordar cedo e sentir o azedo do suor que exala por debaixo da camisa do filho da puta que não tem coragem de tomar um banho antes de dividir o mesmo metro quadrado que você no ônibus lotado faça um pouco mais de sentido. Porém não muito.
Só que a vida é bem mais flagelos que momentos intrigantes como estes, logo, não vou negar que por vezes me passa pela cabeça morrer. Não morrer para sempre, não é isso. É morrer uns três ou quatro dias só. Assim, sem mais nem menos. Apenas morrer e não ter ninguém enchendo meu saco, sem cobradores ou Testemunhas de Jeová em minha porta. Sem carros do ovo, da cândida, ou do churros. Sem panfleteiros de pizzarias. Sem ter de me preocupar com cigarros e sem guarda noturno. Só morrer, pura e simplesmente morrer. Descansar a mente, o corpo, esquecer das coisas. Já reparou que passamos mais tempo tentando esquecer que lembrar? Isso pode ser um sinal. Um sinal de que a coisa está de mal a pior.

Estava lembrando desses casos assim, por acaso. Entre uma dose de Borboun e outra, analisava o conceito que tinha das mulheres e o conceito que as mulheres tinham sobre mim. Dizem que os amigos sempre lhe dizem a verdade, eu nunca acreditei nisso, porém tenho uma conhecida que já tomou porres homéricos comigo, que jura de pé junto que sou a pior pessoa do universo, aliás, não duvido que ela goste da minha companhia só por isso. É mais fácil de conviver com alguém que está mais fodido que você, não há pressão para melhorar. Em seus ápices de embriaguez chegou a me comparar com o próprio Diabo, mas acho que ela me superestima.

Então penso nas garotas das quais cometeram o erro de cruzar meu caminho. Todas elas santas, faço questão de frisar. O que pensam de mim? Não que seja importante a ponto de mudar a minha opinião, contudo pode ajudar a entender o porquê não permaneceram e qual a minha responsabilidade nisso tudo.

O fato é que algumas garotas gostam do que eu escrevo, no entanto não gostam tanto quando me conhecem e provam o que leem na vida real. Justo.

Lembro-me de uma garota, de olhos verdes como uvas verdes. Não se adaptou a liberdade que eu dava a ela. Talvez quisesse alguém ciumento, que quisesse saber onde ela estava a cada passo, que a proibisse de ter amizades masculinas e controlasse todas as suas ações e bem sei que apesar de reclamarem, existem muitas garotas que gostam desde tipo de cara machão. Eu poderia ser este cara? Claro que poderia, mas eu não poderia ser este cara e ainda por cima ser exatamente a pessoa que eu digo ser. Então começaria uma relação traindo, não ela, mas a mim mesmo. Não digo que hoje ela me odeia, porém acredita piamente que eu não quisesse nada com ela. Eu queria, só que gosto de analisar as coisas e as pessoas e isso leva algum tempo.

Penso na idosa de 500 anos. Meu único arrependimento quanto a esta garota de 20 anos é que, idosa que era, ainda possuía todos os dentes. Ainda hoje não sei o que é ser chupado por uma banguela, mas nunca é tarde. Esta, talvez me odeie, mas tenho sérias dúvidas. O que acontece é que ela se convenceu de que eu sou o pior do mundo, mas não consegue esquecer os bons momentos, logo, sempre quer reviver os bons momentos de outrora. Só que todos sabemos que há coisas que nunca se repetem.

Outro dia recebi uma ligação de uma garota casada. Em outros tempo traía seu marido comigo, mas isso faz muito tempo. Teve um filho recentemente e depois de tanto tempo de fidelidade forçada queria voltar a traí-lo. Esta não me odeia, tenho certeza. Poderia dizer que até me ama, do jeito dela, mas talvez seja amor. Contudo, não mais do que ama o marido. Melhor pra mim, pior pra ela.

Tive uma relação conturbada com uma garota de pernas finas uma vez. Digo conturbada, pois nunca estávamos disponíveis ao mesmo tempo. Quando ela quis eu estava ocupado me diminuindo, e quando eu estava disponível ela estava ocupada com outros relacionamentos. De qualquer forma, por mais que em algumas vezes quisesse me odiar ela não conseguia. Não conseguia, pois para odiar é preciso dar importância, nutrir qualquer sentimento para depois querer o mal. Mas a única coisa que a garota de pernas finas sentia era vaidade. Gostava do drama que eu fazia, e eu sou bom com dramas. Fazia bem ao seu ego estar entre as linhas dos meus textos e esperava ansiosa para ler sobre si. Sentia-se musa de seu autor predileto. E ela era. E eu era. Hoje não mais, nem pra mim, nem pra ela. Hoje ela lê outras coisas, eu escrevo sobre outras e assim a vida segue. Mas definitivamente não me odeia.

Já Nelia, talvez seja a única que nutre algum ódio e rancor por mim. Odeia porque me amou. Odeia, pois não pude ser o homem que ela queria que eu fosse. Odeia-me porque eu era só um garoto. Odeia porque eu não podia fazer malabarismo em faróis, porque não podia dormir em redes, porque não podia desvendar o mundo. Também pudera, sequer conseguia me desvendar. Meus segredos e sonhos, o que eram? Meus amigos e familiares, quem eram? Odeia então, porque eu não era capaz de acompanhá-la em sua jornada para desvendar seus traumas. E ainda pensando nisso, vejo que não tenho nada em comum com essas garotas nem com seus ideais e suas fantasias. Algumas delas queriam apenas um escritor falido para se sentirem o centro de algo importante, contudo, eu nem sou tão escritor assim e nem tão falido assim. E mesmo não sendo, vivendo a realidade da minha escrita, perceberam que não é tão fácil estar ao lado de um beberrão teimoso que precisa de sexo como um alcoólatra precisa de álcool e eu preciso tanto de ambos.



Bento.

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