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"O que mais me dificultava nos relacionamentos adolescentes era a facilidade tremenda em
conquistar a mãe da mulher com quem desejava ficar. Conquistava a sogra, não a filha.
Surgia como o par ideal da família, nunca de quem gostava." Texto de Fabrício Carpinejar,
retirado de seu livro "Canalha!"
O que me levou a pensar enquanto corria os olhos por esse texto é que eu nunca fiz sucesso
nem com sogras, nem com sogros. A explicação é bem simples, nunca fui nerd, nunca sentei
na primeira fileira de carteiras da sala de aula, nunca fui o melhor aluno, pelo contrário.
Só era o primeiro quando era para achar algum culpado da bagunça na sala, das carteiras e
cadeiras quebradas, das pichações nas paredes. Incrível como professores nunca erram,
eles sentem o cheiro da culpa, se não fossem professores poderiam ser detetives.
Agora imagine, grande parte dos meus futuros sogros e sogras numa reunião de Pais e Mestres,
ouvindo que eu era o pior aluno da escola, acusado até de ser "cabeça" de uma gangue escolar,
essa foi a palavra usada pela professora. "Cabeça". Eu tinha treze anos, nem cabeça eu tinha.
Por ser "Cabeça" dessa tal gangue os alunos não me "entregavam" por medo, por isso ainda
me mantinham na escola por falta de provas, assim como um criminoso. Ora, que pai iria gostar
de ter um meliante desses como futuro namorado ou esposo de suas adoráveis filhas.
Não vou negar, a maioria das "Adoráveis filhas" amavam isso, a impunidade adquirida por mim,
a sagacidade e ousadia que cometia meus "crimes escolares" deixavam-nas no mínimo curiosa
mas os pais...
Tudo bem, mesmo que a minha história ainda não fosse conhecida por alguns pais e mães tinham
outro, porém, eu sempre fumei e sempre bebi, sempre tive banda de rock, sempre falei palavrão
como se fosse um amém, e sempre preferi perder o amigo mas nunca a piada. Exemplo:
Um ser normal vai à casa da de uma futura namorada ou já atual, sentado na sala na companhia
do pai e da mãe da garota, a TV ligada na novela ou no Faustão, mãos suadas, nervosismo, o
sujeito louco para que aquilo acabe o mais rápido possível, a sogra em questão oferecendo toda
comida que dispõe na geladeira e na dispensa, fora o que ela ainda poderá cozinhar durante
o tempo que você está ali e o ser normal negando tudo com uma educação exagerada, dizendo
já estar devidamente alimentado. E é o mais correto a fazer, porque meu caro, se você aceitar
será o pior erro que você irá cometer na sua vida, se for algo gostoso até aí tudo bem você vai
saborear aquilo, porém, vão vir mais coisas e mais coisas. Agora se for algo ruim... Você jamais
vai dizer que não gostou, vai comer aquilo fingindo que esta ótimo, e a partir daí isso será o seu
prato favorito para sua sogra. Imagine todas as vezes que você visitá-la ter que comer a mesma
gororoba sem reclamar. Pesadelo. Nunca quis isso pra mim. E o sogro, ah o sogro. Se você torce
para o mesmo time de futebol que ele é até melhor, porém, ele vai discordar de toda e qualquer
opinião que você deixar escapar, se você disser que o Ronaldo é excelente ele vai dizer que o
Ronaldo está gordo e vice-versa. Se torcer pelo time rival amigo, corra, corra o mais rápido
possível, e se seu time esta melhor do que o dele, ou ganhou do rival na ultima rodada então
você estará fodido. Ele vai tentar te provocar e provar que o time dele é melhor que o seu o dia
inteiro, e você educado jamais discordará do sogro.
Um ser anormal, Eu: Jamais aceito comida, não antes da quinta visita quando eu já me senti
na liberdade de chamar a sogra pelo nome: Sogrona, ou Sogrinha dependendo da estatura.
E quando vejo que não tenho saída, que ela sabe que eu estou com uma fome de doer, depois de
passar o dia todo em sua casa e a desculpa do devidamente alimentado não irá funcionar eu logo
falo que não gosto e pronto. Na lata, não gostei. Ela vai insistir mais umas duas vezes e depois
desisti resmungando que eu não gosto de nada. Gosto da sua filha já é alguma coisa.
As piadinhas do sogro batem e voltam, lembram quando disse que perco o amigo, mas não a
piada? Tiro sarro da cara dele e ainda gargalho como uma comemoração da minha vitória
naquele round de sarro. Outro ponto é o fato de eu ser Corintiano convicto e nada me para
quando se trata de defender o escudo e a honra do meu time. O fato de eu torcer pelo Corinthians
tem dois lados da moeda, um lado é que a grande maioria de sogros são também corintiano
pelo tamanho e popularidade de nosso time, porém, quem não é Corinthians é anti-Corinthians,
é mais que um time rival, é uma pedra no sapato, é um inimigo, um terrorista afegão dentro de sua
própria casa e isso com certeza não me ajuda, ainda mais porque eu nunca perco um round e
as chances de voltar para uma segunda reunião de família sem que o sogro saia da sala são
mínimas.
O estranho é que meu último sogro até que gostava de mim eu acho, pelo fato de sermos bem
parecidos em algumas coisas. Ele gostava de tomar uns tragos e chegar em casa sem saber
bem como chegou, ouvia MPB na maior parte do tempo e cantava junto com rádio assim como
eu, além de fazer batuque no ritmo descompassado de qualquer musica, de origem pobre que
venceu na vida, talvez houvesse uma certa identificação entre nós dois, nunca soube que falou
nada a favor de mim, mas também nada contra. É incrível que para alguns pais todo menino pobre
mesmo que trabalhador é vagabundo. Acho que ele não tinha esse preconceito.
A minha sogra. Bem, a minha última sogra gritava aos quatro cantos que me amava, porém, falava
mal de mim pelas costas em qualquer oportunidade. É certo que me defendia em algumas brigas
de casal, mas acho que ela teve um pouco de responsabilidade pelo término do relacionamento
e seus salgados eram maravilhosos, de verdade. Nisso eu dei sorte, não precisei fingir, matei muita
larica com eles.
O mundo não é nada fácil mesmo, além de você ter que lidar com todas as variações de humor
e ter que aprender todos os truques para agradar as mulheres, o que nunca vai acontecer, você
ainda tem que aprender à lidar com os sogros, nesse caso eu não me esforço não. O que tiver
que ser será. Não agrado nem minha própria mãe, quanto mais mãe dos outros.
Bento.
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2 comentários:
kkkkkk
Você é foogo,meu...me diverti com esse texto..rsrsrs
A parte que você falou que você era o pior da classe e asmeninas curtiam isso, pois é ,eu era uma das meninas que nãoseiporquecargasdaagua,eu sempre ficava afim do menino mais bagunceiro da classe.
Mudando de assunto...
Eu nunca tive problema com família de namorado, meu ex eu era SUPER ligada, no domingo tinha as comidas mais perfeitas *-* , so torciam para times diferentes do meu, mas isso não era problema,porque na época não era tão ligada em futebol.
A família do meu atual se eu falo oi com eles é muito, então..to tranquila.
Já você, meu amigo, acho que você também só teve sogros e sogras conversadores neh, pq do jeito que você fala.
Mas como você falou, o importante é que você goste da filha deles e trate bem ela e não eles. =p
as para mulheres são tudomais facil. No seu caso o sogro quer mais é que o HOMEM se dê bem. Pra vcs mulheres o problema são as Sogras... Já nós homens estamos mexendo com "As Filhinhas do Papai". rs Complicado!
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