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Texto exibido na coluna Fala, Bento! na Worknet 13/08/2010
A sala de aula era como um livro daqueles mais grossos para Betina, poderia levá-la para onde quisesse bastava desejar e pronto lá estava ela. Dependendo da matéria aplicada pelos professores ela iria mais longe até o canto mais isolado do mundo ou poderia apenas estar no quintal de casa num pique nique improvisado.
Uma vez Betina estava em alto mar numa jangada feita com suas próprias mãos, o sol acima das cabeças, os peixes a testemunhar sua conversa com a companhia que ela escolheu, regada ao vinho e queijos que trouxe de casa, em suas viagens pelo mundo ela podia escolher a companhia que quisesse, sem julgamento, sem vergonha, sem medo de ser feliz, e como era feliz.
Os amigos não à entendiam, satirizavam sua criatividade, sua dispersão, o que eles não entendiam é que o isolamento dado por eles magoavam sim, mas ela compensava isso com uma ida até as montanhas mais altas só para se sentir mais perto do céu e de Deus para dizer: Eles não entendem Pai. Perdoe sua ignorância e falta de criatividade para ver o mundo com as cores que o Senhor pintou.
Enxergar o mundo é como olhar uma pintura, uma obra de arte viva, e Betina voava com os pássaros no céu rumando para o sul, andava com a lentidão dos elefantes nos dias mais quentes a procura de um refresco e dançava e rolava com eles na lama, se ela quisesse ganhava até um par de orelhas gigantes e uma tromba. Enquanto o professor falava ela se divertia abraçando as arvores da floresta mais distante, onde estava não existiam placas de “não alimente os animais” ela caçava com as onças, deslisava nos galhos das arvores com os macacos, era a arquiteta de ninhos com os pica-paus.
Mas ela tinha um amor, e como todos os outros queria senti-lo, queria desfrutá-lo, mas diante de qualquer tentativa de aproximação trocava as palavras e se sentia encabulada, ao invés de falar o que queria acabava falando o que não era para ser dito, esquecia do mundo, das horas bem ali, já não sabia o que era esquerda ou direita, isso nunca à ajudava muito, pelo contrario só a distanciava mais do seu desejo de ser amada também, ela queria poder tocá-lo, queria dividir seus segredos, suas alegrias adquirida em suas viagens. Ela sonhava tanto com isso, muitas vezes já se colocou no lugar de todas aquelas princesas de contos de fadas imaginando que seu amor era o príncipe a lhe salvar, nos sonhos era muito bom mas queria poder viver aquilo, torná-lo real. Tinha outro porém, ela tinha problemas com nomes por isso apelidou seu amor de Anjo é incrível como algumas palavras ela nunca esquecia, e ele merecia seu apelido, ele nem sabia, mas fazia tão bem a ela, mesmo sem conversarem realmente ele a entendia em sua conversas particulares, ela perguntava e imaginava sua resposta, ela contava seus problemas e imaginava ele trazendo uma solução, ela pedia um cafuné e imaginava os dedos dele penteando seus cabelos chegando até a nuca e ali parando massageando com leveza, como era bom imaginar suas caricias.
Muitos de vocês estão se imaginando no lugar de Betina tenho certeza, pois, quantas vezes já não viajamos sem sair do lugar para fugir daquela aula chata, daquele sermão dos pais quando fomos flagrados fazendo algo errado? Quantos de nós já não perdemos o rumo quando estamos à frente daquela pessoa que faz nosso estomago remexer por dentro? Quantas borboletas tivemos que espantar de nossas barrigas simplesmente por que foi nos lançado um olhar, ou alguma palavra qualquer, mesmo que seja só um “Bom dia!” acompanhado de um sorriso? Quantos de nós ficamos sem fala a estar frente à frente, olho no olho com nosso amor sigiloso? As palavras não vem, elas se misturam na boca você pensa uma coisa e diz outra, são tantas coisas a dizer em tão pouco tempo que a língua enrola, e por mais que conversamos horas e horas com a pessoa amada ainda assim achamos que faltou muita coisa a ser dita, então nos sentimos uns idiotas e trocamos as letras das palavras, o que era AMOR torna-se ADOR. Exigimos mais tempo, para fazer certo dessa vez.
Betina é disléxica, muito dessas coisas citadas acima acontece por causa de sua doença, mas eu guardei essa informação para o final de proposito. Viram como mesmo que diferentes somos mais iguais do que imaginamos? Quem é realmente doente, aquele que sempre enxerga o colorido da vida, ou aquele que vê o mundo sempre cinzento? Ser normal é ser diferente ou ser diferente é que é normal? Seria você em seu mundo cinza, seu mundo “normal” mais feliz que Betina? Quantas vezes você se apaixonou hoje? A dislexia é uma doença ou um amor incondicional?
Não sabe o que é Dislexia? Saiba mais em www.dislexia.org.br
Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 05% e 17% da população mundial é disléxica.
Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.
Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de avaliação dá condições de um acompanhamento mais efetivo das dificuldades após o diagnóstico, direcionando-o às particularidades de cada indivíduo, levando a resultados mais concretos.
Minha homenagem a todos os disléxicos e seus familiares.
Bento.
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2 comentários:
Nossa ;O lindo o texto!!!
Na minha opnião temos mesmo que sair do nosso mundinho normal... o/
afinal ser diferente é o que há...
Muitas vezes temos medo de sermos nós mesmos, pelo que os outros vão pensar!
Más não tem que ser assim, não mesmo!
;*
Nossa ;O lindo o texto!!!
Na minha opnião temos mesmo que sair do nosso mundinho normal... o/
afinal ser diferente é o que há...
Muitas vezes temos medo de sermos nós mesmos, pelo que os outros vão pensar!
Más não tem que ser assim, não mesmo!
;*
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