terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

MÓVEIS USADOS

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Outro dia me perguntaram se eu era feliz.
A minha resposta, por motivos que não sei ou talvez não almeje explicar eu não direi aqui.
Nós nascemos, vivemos e morremos e, nascer e morrer é a parte mais fácil.
O que eu não entendo é, porque somos obrigados a sermos felizes?
Onde é que está escrito que seremos felizes?

Alguém em algum lugar garantiu isso como é prometido um bom desempenho do seu computador novo, ou a economia de energia da sua geladeira nova?
A vida não tem manual de instruções assim como também não tem garantia.
Você não poderá reclamar com o fornecedor ou fabricante por que nada lhe é prometido. Então porquê essa obrigação? Porque temos que ser felizes? Os aparelhos de TV deixam de existir quando o controle remoto quebra? Um armário deixa de ser armário quando aparenta defeito em uma gaveta? 

Quando nascemos temos cinquenta por cento de chances de sermos felizes ou não, os cinquenta por cento que não são param de funcionar ou são colocados à venda e substituídos por outros mais novos e de tecnologia superior?

Tudo bem, eu posso concordar que surge um pingo de inveja quando os móveis usados passam em frente às vitrines e veem as últimas novidades em felicidade dos outros cinquenta por cento de móveis sendo disputados por uma odisseia de compradores e seus carnês de doze ou vinte e quatro vezes sem entrada, sendo anunciados por vendedores vestidos de Silvio Santos com microfones em mãos a contar as vantagens dos móveis felizes que acabaram de sair do forno.
Porém, ainda acredito que há espaço para aquela poltrona velha, com um calço em um dos pés e forro rasgado em algum canto de qualquer casa.


Bento.

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