sexta-feira, 6 de maio de 2011

SÓ O QUE RETORNA AOS TEUS BRAÇOS SÃO AS LEMBRANÇAS

-


Lembrei-me das juntas dos ossos tremendo como a bandeira que se levanta a se render, pois era isso que o corpo fazia a cada gesto seu.
Cada brisa de ar leve que faziam teus fios negros dos cabelos salpicarem em meu rosto levando o perfume até minhas narinas que até hoje levo comigo nos momentos mais impróprios.

A cada nome igual ao seu gritado ao acaso por alguém que nada conheces de nossa história.
A cada xícara de café vazia acomodada com cuidado na mesa para logo depois servir de cinzeiro que me lembrava o fim e a mudança de Destino e endereço.

A cada música que um dia foi compartilhada pelos nossos ouvidos, abraços e afetos.
A cada gesto ou palavra inconsequente que me leva a momentos que outrora faziam de ti vítima e o frio que era comemorado e recepcionado por teus sorrisos pelo simples fato de clarear ainda mais sua pele semelhante o efeito de água e gelo.

Não era dor, nem frio e nem dó.
Não era medo ou amor.
Não era saudade, nem aborrecimento.
Não era desejo e nem tédio.

Era sim a falta de qualquer sentimento pelo vazio de um pedaço importante do peito que agora jaz abaixo do símbolo da morte impregnado na pele sem qualquer suspeita aos olhos alheios de misericórdia.

E por fim, logo depois presenciar a própria sombra convidando a me deitar ao seu lado no chão frio e tornar-me apenas sombra do homem que fui um dia em outros carnavais e réveillons. Uma sombra em alto relevo assim mesmo sem rosto, sem riso.

Busque o ar.
Busque, busque o ar.

Bata os braços e as pernas e tente subir para a superfície.
Olhe para a praia, mas a praia não está mais lá, porém a água estará mais salgada do que nunca. Assim como a vida.

Busque encher os pulmões com qualquer coisa que seja se não de ar...
E foi assim meu sonho.
Sonho?
Tremia ao lembrar-me de ti.
Hoje me lembro de ti sempre que tremo.


Bento.

-

Nenhum comentário: