domingo, 3 de julho de 2011

ESCREVENDO CARTAS

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Sempre fico atento com as frases postadas nas redes sociais porque elas refletem exatamente as ansiedades, os medos e os perjúrios dos locatários dessas lascas de dor escrita.

Reparei também que elas possuem validade, sei disso, pois algumas frases que colhi e até mesmo as que criei mudam de sentido com seu estado de espírito e grau de solidão.

Quem nunca recebeu um e-mail com um texto romântico e achou piegas no momento em que leu? Saiba que o mesmo texto pode te fazer chorar numa possível fossa futura, afinal essa é a magia dos textos e dos poetas. Fazer com que pareça que cada letra foi dedicada a ti. Quem não quer ser musa ou muso no momento de carência? No momento que fomos abdicados de todo afeto e importância de outrora.

Por isso um texto nunca envelhece.

Ah! Mas quem dera se o amor fosse assim, quem dera se os diminutivos e apelidos melosos fossem mantidos até depois da rotina, talvez não houvesse a própria.

Mas note que você pode usar quantas frases quiser, do poeta que escolher. Nem Shakespeare poderia ser tão singelo, tão intimista, e tão verdadeiro quanto você num momento de perda.

Aprendi isso com uma antiga namorada que nunca se contentava com as letras de músicas que dedicava a ela.
Ela queria mais, ignorava minha voz, ela queria mesmo era ouvir minhas entranhas.

Ela queria palavras soltas mesmo que sem sentido para que pudesse colocá-las em ordem como um quebra-cabeça.

Ela não queria a obrigação da rima.

Ela queria erros de português, seu coração batia mais forte ao ver o rabisco da caneta Bic provando que houve dúvidas na tentativa de demonstrar o tamanho do amor.

O rabisco é a tentativa de agradá-la ainda mais. E quanto mais rabiscos mais amor, pois o amor não pode ser passado a limpo.

E amor sem dúvidas não é amor, sem medo não é amor.


Bento.

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