Ser sozinho é observar o silêncio como um semelhante.
A solidão é a madrasta rechonchuda que compartilha de suas derrotas, mas nunca o seu sucesso.
A solidão será sempre mais requintada, sempre mais bela e admirada. É por isso que filmes dramáticos sempre ganham o Oscar e não as comédias.
Esse negócio de "tô sozinho, tô feliz" é tão inventivo como os contos que eu crio.
O solitário não é feliz porque não tem com quem compartilhar a felicidade, não tem com quem dividir piadas e sorrisos e rir sozinho é tão constrangedor como chorar em público.
O feliz esconde o sucesso com medo de lhe roubarem a felicidade. Já o solitário é exibido, faz questão de chamar atenção, por isso alguns suicidas preferem morrer com platéias.
O solitário não é infeliz pela abstinência de felicidade, ele é infeliz pela overdose de autopiedade.
Mas uma coisa devemos admitir, o solitário será sempre mais intelectual, pois tem mais tempo para refletir sobre os problemas do mundo na esperança de resolvê-los diante da impossibilidade de resolver os próprios problemas.
Toda solidão deve vir sempre acompanhada de uma boa dose de pessimismo, assim como o vinho para ser bom tem de ter rolha.
É dessa intelectualidade que surgem os poetas e todo poeta é triste por profissão. Assim como o solitário é autodidata, não existem escolas para poetas.
O diploma do poeta é o insucesso na vida sentimental. Só é reconhecido quando passa, no mínimo, por mais de três casamentos. Exceto se a morte vir antes.
A diferença do solitário e o feliz é que o solitário tomou consciência de que a felicidade é algo impossível de ser alcançado, só que mesmo assim não desiste, pois apesar de pessimista todo solitário é teimoso. Já o feliz é iludido e acomodado.
As pessoas tomam o solitário como o exemplo a não ser seguido, "tudo que ele disser, faça o contrário e assim será feliz" o que nem sempre é verdade, afinal grande parte deles agem diferente do que dizem.
Você deve se perguntar "por que os solitários não se juntam e são felizes?" É simples, nem os solitários se aguentam.
Principalmente aqueles que passam o tempo todo lamentando o sofrimento.
O feliz se aproxima do solitário porque a tristeza alheia potencializa a felicidade, no entanto a recíproca é verdadeira e assim, permanecem solitários.
Outra coisa do solitário é que ele é exigente demais, ele não vai entregar-se diante de qualquer declaração de amor. O feliz sim vai até se enganar diante de um falso amor porque tem medo da solidão, mas não o solitário, pois ele já é mestre na arte de ser sozinho.
E é por isso que no meio de tanta tragédia, roubos e corrupção ainda tem gente que deseja com todas as forças ter seu peito invadido e o coração roubado.
Ter seu corpo tomado pelo terremoto de uma paixão, mesmo que de verão e ter seus pensamentos e sonhos sequestrados por um bandido ou bandida linda, sexy, compreensiva, carinhosa...
Bento.
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Um comentário:
Bentinho,
Demais! Penso que não só o poeta, mas todo blogueiro tem um pouco do que você relatou. Ainda bem que temo o grupo no face.
Beijos e boa semana!
Lu
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