segunda-feira, 12 de julho de 2010

VILÃO X MOCINHO

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A cada gole, a cada decepção, a cada novidade, é um passo a mais para o nada, o não sei o quê, do inicio ao fim. Às vezes acho que vou sobreviver, às vezes acho que o fim será breve, acordo e acho que estou melhor, o mais distante possível, como aquela boa e velha luz no fim do túnel. Às vezes acho que não tem escapatória, que foi um espelho que quebrei e terei que pagar durante 7 anos ou mais... O cigarro me mata, o álcool me mata e daí? Foda-se! Tudo me mata, dormir me mata, acordar me mata, pensar me mata, viver me mata, a cada ano que passa a vida me mata aos poucos.

Me liberto a cada gole é verdade, mas na ressaca, volta a assombração, como num filme de terror, que quando você menos espera esta lá, o vulto, o fantasma, o zumbi à me assustar e sugar minha alma, só não sei o final desse filme.

Definitivamente não sou o mocinho, longe, bem longe disso. E os finais dos filmes nunca são bons para os “não-mocinhos”.


Definitivamente quero terminar esse filme vivo, como qualquer pessoa em sã consciência, porém minha loucura e sanidade são duas coisas que não caminham juntas, elas não se dão muito bem, estão sempre separadas, quando uma está a habitar meu corpo a outra foge para algum lugar talvez na 3°, 4° ou 5° dimensão.
Algum outro lugar inabitável pra mim ou qualquer parte de meu corpo ou minha alma.

O álcool. O álcool me deixa zen, em transe, por algumas horas... Às vezes esse transe vem sem mesmo o consumo dele, é quando a loucura esta me possuindo. Ah mas a sanidade é tão lúcida e tão mortal, tão sincera. Tão sincera. E ela grita, grita e me acorda, me traz de novo para o mundo real, esse mundo onde não há sonhos, não há perdão, não há esperança, um mundo frio, calculista, onde todas as pessoas competem com as outras, e um tenta comer o outro. E não estou falando de sexo.
É o mundo animal. O mundo real.
A cada decepção.

As correntes existem, elas estão aqui por algum motivo que ainda não descobri, mas elas não deveriam estar aqui. Elas deveriam depois de tanto tempo e, eu sinto que já faz uma eternidade, traduzindo, bilhões e bilhões de anos, é o que me parece, sumir, mas elas não se corroem, elas não evaporam, são feitas talvez de algum material não corrosivo com o tempo, não reciclável, são feitas de um material especial, 50% castigo, 40% punição, 10% culpa.

A minha criptonita.

Mas não pense que eu sou algum Super Homem, longe, bem longe disso. Fato!
Mas que isso não é normal, não é. E olha que eu geralmente gosto do anormal, mas isso já é demais e quando a pimenta é no nosso anus, as coisas ficam bem diferentes. Então os dias passam, e essa bipolaridade que se tornou minha “nada mole vida”, continua a me assombrar, sou como uma estrela de Hollywood de 3° categoria num filme de terror bem trash, isso quer dizer que as coisas não vão acabar bem para mim, provavelmente nesse filme, ou eu sou encontrado morto logo na primeira cena, ou vou ser acusado de ser o assassino, ou algum mocinho vai me matar, ou seja, vou morrer de qualquer forma.

Ó conhaque, venha me salvar, assim gritando, "pelas forças do Dreher eu sou o Bento". Não! Está errado.

Esse é o He-Man e, eu não tenho nenhuma vocação para mocinho, esqueceu?

Não. Eu não sou certinho, engomado, eu fumo, eu bebo, eu falo palavrão, eu erro, eu não trato todas as pessoas bem, apesar de me esforçar para isso e, como todo mocinho que se preze haverá de tender para a falsidade e eu não sei ser falso, eu sou sincero demais e isso é coisa de vilão. Sabe aquele que esta prestes a matar o mocinho e conta todo o seu plano mortal? Pois é, ai o mocinho se liberta e atrapalha tudo. O mocinho é o meu destino, eu sou o vilão, que no final, ou morre, ou fica louco, ou etc., etc. e etc. O Mocinho jamais, J A M A I S, buscaria alívio à sua alma numa garrafa de aguardente composta com gengibre.

Não! O Mocinho tem mais classe, o mocinho toma Danone, veste calça de moletom (eca), usa chinelo com meia, “tipo certinho mesmo”.
O mocinho na verdade é um semi-gay, algo ilusório, não existe, porque ninguém é mocinho todo tempo e aquele que se diz com tal qualidade é um sujeito falso, com máscara, e as máscaras caem, mas nem sempre à vista de quem importa. Ora, mas eu sou só um relés mortal, semi-alcoólatra, semi-feliz, semi, semi, semi, quem sou eu?

Quem sou eu para falar e julgar um bom e velho mocinho?
Mas não se engane, não estamos falando de mocinhos da "Malhação", esses são raros. Bonitos, charmosos, inteligentes, espertos, e com alguma causa social por trás.

Não! Os mocinhos atuais são feios, sem estilo, lerdos, tímidos, incapazes, pobres coitados que se aproveitam da fragilidade das mocinhas cansadas de procurar e não encontrarem perfeição nos vilões. E os mocinhos invejam os semi-alcoólatras, os semi-felizes, os semi, semi, semi, semi.

Mocinhos na verdade são um saco, eles fazem escotismo, são estudiosos.

Vilões são autodidatas.
Vilões tem um talento, um dom.
Vilão nasce vilão, é uma exceção, não uma regra.

Mocinhos são regras.

Ou se fazem de regras, mocinhos são semi-gays, já disse isso?
Nada contra gays, tiro o chapéu para os gays, gays são corajosos, eles tem coragem de se assumirem gays numa sociedade totalmente preconceituosa, mas os mocinhos não. Mocinhos são apaixonados pelos vilões, eles só não admitem, mas são fãs de vilões, invejam os vilões.

Mocinhos queriam ser vilões, mas não podem, não sabem, não nasceram vilões, nasceram semi-gays, que para serem gays basta saírem do armário.
Vilões não tem armário, vilões tem passado, o que é bem pior.

O passado nos condena, somos condenados pelos erros que cometemos. Mocinhos não erram, eles já nasceram errados.

A diferença do mocinho para o vilão é que o vilão não faz questão nenhuma de esconder seus erros, ou acertos, aliás, faz até bem para o ego deles, na verdade na verdade, vilões não precisam esconder, sempre tem um mocinho pronto a apontar o dedo, julgar e contar algum defeito ou erros de trajetória do vilão.

Já o mocinho tem muitos esqueletos no armário e você vai se perguntar por que os vilões não fazem o mesmo e desenterram os esqueletos dos mocinhos? Ah isso é fácil, porque vilões tem muitas coisas para se preocupar, muitos planos mirabolantes, muitos nomes para guardar, não temos tempo de julgar ou cuidar da vida alheia, um vilão nunca é dedo-duro.
Resumindo, Veríssimo falou sobre “A Pessoa Errada”, vilões são sempre a pessoa errada, as mocinhas só não enxergam isso, os mocinhos dificilmente sabem quem é Veríssimo.

Mocinhos seguem moda, vilões fazem moda.

Mocinhos mentem. Vilãos também, claro, mas vilões contam aquela "mentirinha" que toda mulher gosta de ouvir, mocinhos tentam fazer igual todo o tempo, por isso mentem sempre, o que os tornam...

Ora, qualquer pessoa que me conhece tempo suficiente sabe, que sou um bom e velho vilão, um vilão clássico, que jamais serei, nem quero, nem gostaria de ser mocinho, me sinto bem sendo vilão. O que não gosto é ser confundido com mocinho, porque falso nunca fui, inveja, nunca tive, muito pelo contrário, sou alvo dela.

O que me chateia é a cegueira, pobre cegueira das mocinhas, que às vezes, na maioria das vezes tem vilões como amantes, e mocinhos como maridos, vilões como amor eterno, mas mocinhos como “idiotasmediocres” como pai de seus filhos.

Mocinhos na verdade não servem pra porra nenhuma.

Mocinhos são a escoria da sociedade, o planalto, a câmara do senado, dos deputados, os presídios, os direitos humanos, estão cheios, lotados eu diria de mocinhos, mas só os vilões são eternos. Amores eternos. Amantes eternos, acredite!
Se você acredita em paraíso, o paraíso esta cheio de vilões.
Mocinhos vão para o inferno.

Bento.

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Um comentário:

maah - disse...

.Gostei MUITO do texto. Comparações dignas e REALISTA. Parabéns Zé.