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Um dia desses ouvi o que pensava que talvez nunca mais ouviria, ou que pelo menos iria demorar um pouco mais para que se dirigissem à minha pessoa com essas palavras: “eu gosto de você!” Assim, sem mais nem menos. Assustou, fato.
Eu tive uma pequena pane de um ou dois segundos e pronto! Recuperei a sanidade.
Foi como um motor saindo de giro, um peixe de aquário quando tirado de seu habitat natural para fazer a limpeza diária, sendo transportado para outro recipiente.
Passaram-se dois segundos, mas eu consegui pensar em várias coisas nesse curto período de tempo, não fiquei feliz, nem triste, a única coisa que me veio em mente foi, por quê?
Espera! Pensei em tudo que foi dito e vivido pelos dois e cheguei à conclusão de que não haveria tempo para isso. O “eu gosto de você” foi como um puxão de orelha, uma bronca, do tipo “Ei, acorda!”, mas pode ter sido um pedido de desculpas também, “eu gosto de você então me perdoa”?
Porém não era isso que eu esperava, aliás, não teve tempo para isso.
O “eu gosto de você” pode ser algo como, eu gosto, mas não abusa. Ou eu gosto, mas não me enche o saco! Os “eu gosto de você” acompanhado de “poréns” não me enganam.
No entanto esse “eu gosto de você” foi infantil, foi desnecessário, foi na verdade irresponsável, o “eu gosto de você” não existia, a própria enganadora estava tentando se enganar, e talvez ela se enganou mesmo, nos enganamos às vezes. Só que eu não caí no conto. Não que não fosse tentador cair na mentira, mas com o tempo você vai cansando de levar porrada e aprende a se esquivar para que não saiamos nocauteado no fim da história. Aprendemos a não dar ouvidos a Carochinha.
Esse “eu gosto de você” pode ter sido uma forma de conseguir o objetivo não alcançado, sabe aquela sensação de “eu quero só porque eu não posso ter”?
Um “eu gosto de você” desesperado, transpirando ganância, remediando o irremediável, algo do tipo.
Foram dois segundo suficiente para que surgisse um sorriso de canto de boca, acompanhado de um “rá” e depois um “fala sério!”. O contador de histórias aqui sou eu, pensei. Mas não falei, não quis ser indelicado.
Fiz o que tinha de fazer, me despedi e tomei meu rumo, desesperado é ela e não eu, fico aguardando um “eu gosto de você” sem interesse, aquele que vem de repente, fugindo da boca. Aquele que você diz e se arrepende no primeiro instante se perguntando se deveria ter dito mesmo. Aquele que vem do peito, sobe pela garganta, você tenta mantê-lo dentro da boca sem sucesso, ele usa a língua como trampolim e foge. Como um ladrão. O “eu gosto de você” vomitado, fujão, esse é o mais sincero.
Depois que disse não tem mais volta, e você nem queria dizer, mas disse. Só lhe resta esperar a reação do outro, no caso a minha. Nesse “eu gosto de você” eu acredito. Acredito, acredito, acredito... O resto é história... Continuemos esperando.
Bento.
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3 comentários:
Eu gosto de voce... quatro palavrinhas que saem de nossas bocas sem mais nem porque, sera?
Talvez não.
O maior erro do ser humano é sempre achar que sabe exatamente o que o outro esta pensando.
Não se pode julgar quando não c sabe.
As vezes as palavras são realmente sinceras, mas o teu escudo . não lhe permite enxergar.
Sabe que eu odeio essa expressão? Essa e o famoso 'eu te amo'. São usados como se não significassem nada.
Concordo com você, aquele 'eu gosto de você' que escapou é o sincero, e é tão gostoso de ouvir. XD
Abraços
Acredito que todo mundo espera esse "Eu gosto de você" o difícil é saber qual é o verdadeiro já que somos seres dual que gosta, mas consegue fazer sofre a pessoa que dizemos gostar. Somo assim transpiramos incertezas até nas coisas que parecem ter a, mas pura certeza.
Parabéms como sempre!!!
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