Eu sou um pouco mais complicado que isso.
Eu sou aquele que sabe aonde quer chegar, mas não sabe o que deseja encontrar no final.
Talvez por não saber o quão bom pode ser a recompensa não consegue visualizar.
Eu sou a mais completa arte abstrata que o próprio artista não reconhece, mas não se decide se aplicará querosene na tela dando-lhe uma segunda chance ou se mantém viva a inspiração.
Eu sou aquele que pode se chamar de misterioso, porém, não me faltam tentativas de revelar-me com decisões, aspirações e etc.
Eu sou aquele que prefere ir na contra mão sabendo que se der errado ainda faltará a opção mais simples a tomar.
Eu sou aquele que tem sim, como todos, medo do que o futuro me reserva, se é que reserva.
Eu sou aquele que se maltrata para calejar o espírito sabendo que nada é tão ruim que não possa piorar.
Eu sou aquele que se reserva o direito de alegrar-se com poucas coisas, afinal, sempre me faltou a abundância.
Eu sou aquele que se reserva o direito de parar em qualquer lugar para vislumbrar-me e olhar ao redor relembrando como cheguei até aqui, para que os erros possam ser repetidos de caso pensado.
Eu sou aquele que reconhece de três a quatro pessoas diferentes ao olhar-me no espelho.
Eu sou aquele que precisa de música para dormir e café para acordar, mas que gosto de inverter a ordem das coisas às vezes.
Eu ainda sou aquele que troca uma viagem por um bom bar ou churrasco com os amigos, pois se toda pessoa é um universo - como dizia Raul - reconheço o mundo em cada par de olhos.
Eu sou aquele que prefere escrever sobre o que não tem certeza para repassar a leitura e refletir sobre o que se aprendeu, do que afirmar coisas que todos já sabem.
Eu sou aquele que prefere dar opinião para poder mudá-la depois do que omitir-se com medo de errar
Eu acredito no destino e preciso de vez em quando culpá-lo por alguns tropeços e que se isso é uma maneira de esquivar-me da responsabilidade de tomar as rédeas do meu futuro...
Eu sou aquele que faz isso com maestria.
Bento.
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