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Indica-se ler os episódios anteriores: GIULIARD BORSANDI VI
Eu já pensava na morte
da bezerra, pensava em como estaria Nelia, Ricardinho e a puta que pariu.
Ficar bêbado é uma
merda, beber sozinho também. Começamos a pensar em coisas que não queremos
pensar, em pessoas que não queremos pensar.
Aquela música de merda
tocando no meu ouvido e fazendo meus tímpanos explodirem, já estava clamando
pela tal bandinha que iria tocar naquela noite. Não que fosse muito boa, mas
era melhor que aquela música eletrônica de retardado que me dava vontade de
cortar os pulsos. Mais meia hora daquilo e eu acharia a banda Qasual, que era a
atração da noite, quase um Led Zeppelin. Exagero meu, mas aquela música
eletrônica me dava nos nervos. Jamaica gostava.
O bar já estava cheio
e Jamaica não parava. De um lado para outro servindo os recém-chegados. Agora
já estou na sexta caneca e consequentemente a sexta dose de whisky - Jack Daniels,
abaixo disso é água suja - quando me surpreendo com uma mulher sentando ao meu
lado, num vestido negro que, sentada, quase dava para ver suas nádegas.
- Oi. Posso me sentar aqui?
Ela tinha trinta e
quatro anos. Suculenta. Um rosto de mulher que, sim, eu toparia levá-la até meu
escritório para olhar debaixo daquele vestido, caso ela não fosse um trabalho.
Ela, era Janaina
Alves, vocês devem conhecê-la como "mulher do pastor".
- Claro que pode. Você pode tudo.
Respondi dando mole
para ela, pois realmente fiquei interessado naquele vestido e em tudo o que
continha debaixo dele, porém me contive. Pô! O pastor iria me pagar uma bala
por àquilo. Valia mais que uma transa com uma vadia qualquer.
Transar com vadias não
pagava conta. E eu estava com muita sorte para ela aparecer ali, num dia de
folga, quando eu já tinha perdido vários dias atrás de uma oportunidade de
pegar aquela safada prevenida. Hoje ela tinha se descuidado, não por querer,
mas o destino às vezes coopera. Quem diria que a puta apareceria no mesmo bar
que seu delator, num dia de folga e num dia que o pastor estaria em casa
dormindo. Pelo que eu sabia.
A mulher me olhava com
cara de desejo, eu já estava bêbado e de pau duro, ela era gostosa e o álcool
sempre me deixava mais excitado.
Era a sétima caneca,
servi uma para ela, eu pensava em quanto eu ganharia com essa história do
pastor e pensei em avisá-lo. Mas mesmo que eu a levasse para um quarto de
motel, como eu poderia fotografar ou filmar esse tipo de coisa quando eu mesmo
estivesse fazendo parte. Corria-se também o risco do pastor ficar puto comigo e
não querer me pagar, nunca se sabe o que se passa na cabeça de um corno,
principalmente um corno evangélico. Então fui devagar...
Paguei uns drinks para
a moça e continuamos conversando. Ela me queria, estava claro para quem
quisesse ver, não que eu fosse muita coisa, ela escolheu o primeiro que estava na
frente dela, quis o destino que fosse eu, mas poderia ter sido o Zé, o Mané, ou
até o Guião, se ali estivesse.
Era isso! Por isso que
eu bebo, penso melhor assim. Dou um fora na mulher e ela vai procurar qualquer
outro cara para satisfazer sua libido de mulher da vida.
Talvez eu até entenda
o motivo para ela sair às escondidas para trair o marido, pelo pouco que
conheci do pastor, duvido muito que ele tenha gás para apagar o fogo de uma
gostosa como esta. Puta mulher gostosa.
- Bem
Janaina, gostei muito de conversar com você, mas sei que você deve estar querendo
diversão essa noite e não ficar aqui perdendo tempo comigo...
Então Janaina me
interrompe fazendo a sua cara mais sensual da noite:
- Então
nós vamos nos divertir em outro lugar?
Eu não consegui
segurar o riso de criança que ganha um brinquedo novo. Porra! Meus hormônios me
diziam para mandar o pastor para a puta que pariu e comer àquela senhora
quantas vezes fosse possível, afinal, era meu dia de folga. Mas minha razão
ainda estava sóbria e se eu tivesse que fazer uma social com ela depois do sexo
provavelmente eu iria querer me matar, tamanho tédio, ou acabaria soltando
alguma indireta que faria com que ela percebesse que eu sabia de sua vida mais
do que ela já tinha me revelado.
Pensei que esse
puritanismo ainda iria me foder, mas...
- Não, gata.
O que eu quero dizer é que sou casado e não quero atrapalhar sua noite,
portanto, acho melhor você ir se divertir.
- Mas eu
também sou casada e se isso não é problema para mim, acredito que não será para
você. Ela era uma
profissional. Já devia ter feito aquilo várias vezes. Estava acostumada e
totalmente disposta a arrumar uma transa.
- Olha,
não vou te julgar. Você deve ter seus motivos para isso. Porém, não traio minha
esposa. Continuei mentindo.
Ela desistiu. Tomou o
restante de seu Martini e me deu um beijo molhado no rosto. Quase enfartei com
aqueles seios deliciosos próximos ao meu rosto. Senti seu perfume doce e meu
pau ficou ainda mais rijo. Eu iria explodir.
Fiquei olhando ela se
sentar numa mesa mais próxima do palco.
Uma mulher como aquela,
rica, madura e muito gostosa, só poderia estar sozinha num bar como aquele com
um só propósito; sexo selvagem com um cara que sequer perguntasse seu nome e
que nunca mais o encontrasse na vida.
- To te
estranhando guri. Tá dispensando mulher, agora? Perguntou Jamaica sem me deixar notar que
estava observando minha conversa com a mulher do pastor.
- Só
tenho olhos pra você magrela.
Respondi com um sorriso
irônico nos lábios. Ela sorriu balançando a cabeça percebendo a ironia.
Evidente que eu não desperdiçava
uma oportunidade de trepar se não houvesse um bom motivo. Como o de hoje com a
mulher do pastor. Mas a parte de só ter olhos para Jamaica não era tão
inverdade assim. Como já disse, ela era a única garota que eu conhecia que
poderia me fazer esquecer a vadia da Nelia. Mas enfim...
Não demorou muito para
que um roqueiro musculoso sentasse na mesma mesa que Janaina e começassem a
conversar intimamente. Era agora, assim que saíssem do bar eu os seguiria e
completaria meu trabalho. Afinal, eu sou Giuliard Borsandi, detetive
particular. Mesmo que a contragosto.
Bento.
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