Sempre digo que tenho imã para malucos, loucos, débil mentais, retardados, desafortunados, doidos varridos, leprosos, petistas, apolíticos, amaldiçoados, delinquentes, crentes, bêbados, depressivos e bêbados depressivos. O que é bem pior.
Minha mãe sempre disse para me misturar com pessoas iguais ou melhor que eu e eu levo isso comigo até hoje.
Dizem que nós atraímos exatamente àquilo que transmitimos e eu jamais vou discordar.
Por isso mantenho a promessa de um dia ter um pequeno apartamento no centro de São Paulo. O centro é o lugar que existe o maior número de malucos por metro quadrado do mundo todo. É um eterno tributo ao Raul Seixismo e como me vejo no maluco beleza e em sua dedicação de aprender a maluquice da vida.
Gosto dos malucos, pois não dependem de nada no caminho da felicidade. Sempre digo que quem não fala sozinho é o pior dos solitários. E o maluco é o maior dos tagarelas.
Fico pensando na excentricidade e na falta de limites do doido e chego a conclusão de que é isso que o mundo pede de você todo o tempo. Viva sem limites e seja original. (já vejo brotando a semente louca dentro de alguns coraçãozinhos ao ler isso) "eu também sou maluco, ora, veja" estão dizendo alguns. Outros devem estar pensando "eu também quero ser maluco, como eu faço?" e ao invés de buscar na internet eu lhes adianto o resumo da resposta: VIVA. Busque a vida e pare de tentar sobreviver.
Apesar de excêntrico, o maluco, como uma flor, não deixa notar-se quando morre. Ou você acha que os loucos do centro da cidade vivem para sempre? Morre e nem se vê, nem se fala. Não atrapalha o ir e vir da cidade que não para. Com exceção, em alguns casos, quando são forçados a morrer.
Estou lembrando agora um catador de papel que andava pelo bairro na minha infância. Ninguém sabia o nome dele, mas nós o apelidamos de "Verdade" e explico. Verdade era um negro, baixo, e usava um boné de eleição, não me lembro se de prefeito ou vereador, mas era um boné de eleição. Vermelho era o boné.
Verdade tinha uma carroça, dessas de pegar papel e bagulhos e sempre parava em frente ao mesmo poste que contava com o nome da praça e fazia o mesmo gesto. Tirava o boné como faziam os mais antigos na hora do cumprimento e ficava a conversar com o poste. O curioso é que ele mexia os lábios, mas não conseguíamos ouvir o que dizia, a única coisa audível era o "É verdade, é verdade...".
A praça tinha o nome de Platão, e ali ficava Verdade conversando talvez com o próprio e ouvindo os conselhos do grande filósofo. Em busca da sua própria verdade.
Sem me estender demais sobre o Verdade, digo que ele, um dia parou de passar pela velha praça. De repente, alguém perguntou, não sei se um garoto, ou a dona do bar, talvez o funileiro ou um qualquer, alguém notou e perguntou:- Cadê o Verdade? Sumiu.
Por isso digo que o maluco só se deixa notar quando quer, que é
quase nunca.
O mundo, tenho por mim que foi feito pelos doidos, para os doidos. Veja Adão, era louco porque amava. Mesmo depois de Eva ter trocado o paraíso por uma simples maçã continuou a amá-la.
O débil grita quando tem de falar baixo e sussurra quando tem de gritar, afinal, quem disse que tem de ser ao contrário?
Bento.
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7 comentários:
Bento adorei seu texto maluco beleza. Eu sou louca pela vida, pelas pessoas, pela alegria. Assumidamente louca.
E quem não conversa com a vassoura que fica ali no canto esperando sua disposição para trabalhar? Ou com a plantinha triste? Ou confidencia seus amores e dores ao travesseiros? Loucos podem não fazer falta, mas fazem a alegria quando estão por perto, mesmo que seja de forma quase imperceptível.
E viva os loucos!
Beijokas doces
Adorei seu texto, Bento... eu acredito naquela frase que diz qeu de médico e louco todos temos um pouco. O problema é que alguns tentam camuflar e, muitas vezes desaparecer com seu lado amalucado.
Sinceramente, concordo com o véio safado, Bukowski quando escreveu que "algumas pessoas não enlouquecem, que vida horrível elas devem levar". Sim, no meio dos malucos, há os que são mais malucos que outros, aos olhos culturalmente enbassados da sociedade. Como é o caso da forma como o mundo, com certeza, via o "Verdade", que vc citou no texto. Enfim, eu desejo nunca querer esconder minha loucura. Não quero uma vida normal, nem um mundo normal. Como disse o nosso eterno maluco beleza "A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal".
Câmbio, desligo!
bjks JoicySorciere => Blog Umas e outras...
Caraaaaaca... vim aqui reler meu comentário e fui ver algo gritante! Pô, corrigindo *eMbaÇados
O M eu garanto que foi por conta do botão, pois o m é do lado do n aqui no macbook. Agora o ç, foi total falta de atenção. Porra, Joicy, cê tá doida, fia!? Desculpe, Bento. Se vc puder aceitar esse recado, para aparecer a ratificação no blog, eu agradeço! hahahaha bjks
Bentinho,
Saudades de seus escritos! Falo para todo mundo que tenho medo dos normais, pois esses se fingem de cordeiro para brindar como raposas. Maravilha de texto, como sempre.
A maior insanidade é repelir a anormalidade de si mesmo.
Beijos.
Lu
RETIFICADO Joicy!! rs
Mas fique tranquila, acontece com todo mundo. Eu prometi que preciso ler Bukowski, li apenas um ou dois contos e já me apaixonei!
Obrigado pela visita.
bjobjo
Bento.
Saudades de suas visitas Lú!
Combinamos assim então: Eu amaluco por aqui e você amaluca por aí e vejamos quantos doidos desvendamos.
rs
bjobjo
kkkkkkkkkkkkkk... nessa postagem eu devia estar doida, só pode. Valeu por postar a rEtificação, Bento!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
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