Eu não gosto da
maioria das pessoas que eu conheço. Acho estes chatos e todos tentam passar uma
imagem que não existe. Uma personagem que criaram para si e procuram vender
para quem quiser pagar. Falam, falam, fazem promessas e planos que jamais sairão
do papel. Logo, para manter um certo nível de amizade, para fazer uma social,
você precisa fingir que acredita naquilo tudo.
Não quero dizer que é
uma mentira deslavada, pois estes mentirosos acreditam no que dizem. Só que eu
não tenho saco para ficar fingindo. Por vezes me dá vontade de desmenti-los e
fazer com que despertem para a realidade. A grande maioria se gaba de feitos e
futuros, mas choram todos os dias antes de irem dormir por não suportarem a
realidade tediosa de suas vidas medíocres. Veem o cara na TV e querem a vida
dele já que a sua própria é um lixo. Assistem o sucesso de um conhecido e
inventam algo que lhe pareça melhor no momento só para não ficarem por baixo.
Para terem o que falar. Isso tudo é uma merda e eu não tenho saco para isso.
Bom, talvez eu seja o
chato da história por só conseguir criar esse tipo de mentira com o intuito da
escrita. Minto e assino embaixo. Eu não me esforço para tentar parecer melhor
do que os outros por que a grande maioria não vale meia lata de bosta, então
parecer melhor que estes, não é lá grande coisa. Não vale nem o esforço.
Tanta psicologia
barata que há por aí. Tantos sábios com frases de livros de autoajuda que o
mundo fica parecendo uma boa coisa, lindo e belo e com pessoas felizes, só que
é uma merda. Quer fazer terapia? Não gaste dinheiro. Vá para uma mesa de bar
que lá estão todos os melhores profissionais da psicologia de fim de semana do
mundo. Bando de arrogantes sentando nos seus rabos cagados e dando conselhos
para os outros. Cuzões de meia tigela. Todo mundo é cuzão um dia, porém tem
gente que é cuzão a vida inteira. Um cuzão de profissão. Lecionam cagadas de
conselhos que nem eles próprios conseguem seguir. Gostariam, mas não podem,
pois são fracos demais. Aí uma garota, que era minha, agora não mais. Esta
garota disse que eu sou vagabundo por que tirei umas férias de alguns meses do
meu trabalho. Estou à toa e estou achando uma delícia. Foram dez anos
trabalhando sem trégua, agora eu dei um tempo. Dei um tempo não só do trabalho,
mas sim do cartão de ponto e transportes coletivos fétidos e lotados. Dei um
tempo das pessoas. Um antissocial assumido. Fico bêbado, durmo e acordo para
ficar mais bêbado. Estou num retiro espiritual que de espiritual não tem nada.
É só preguiça mesmo. Não posso? O curioso é que o vagabundo aqui pagava todas
as contas.
Então tem outra
garota. Eu me declarei para essa garota. Era uma coisa que eu tinha guardado no
bolso, era certo receio de mostrá-lo, mas de receoso eu não tenho nada, logo,
foi um erro, então tirei e mostrei para ela. Era tarde demais ela disse. Está
apaixonada e não por mim, é claro. Mais uma vez eu meti os pés pelas mãos e
peguei o caminho errado. Ou o mais fácil. Não sei dizer. O que eu posso dizer?
É um carma que levo comigo de acabar fazendo merda com as coisas boas que bate
à minha porta. E depois disso passei a amaldiçoar esta paixão com todas as
minha forças. Não disse isso, mas ela deve imaginar. Ora, não tenho nada de
santo, não tenho talento para bom moço. Não tenho as qualidades dos falsos nem
a falsidade dos santos. Tenho os defeitos dos poetas, que não lamentam seus
erros, utilizam sim, de seus efeitos para o bem da escrita. E também minha maldição nem está com essa bola
toda. É capaz de dar certo só por que eu quero que não dê. Pois existe uma
coisa entre o Destino e eu que quando não acabo estragado tudo ele faz isso
por mim.
Mas não pensem que
isso é um choro velado. Que coisa! Não espere nunca isso deste que vos escreve.
O arrependimento nada mais é que a curiosidade pelo desconhecido. Uma garota
extremamente apaixonante uma vez me disse: Seja o que Deus quiser.
Só que uma coisa me
parece óbvia. Ao sermos tão parecidos, agradar-te seria tão natural como rir de
minhas próprias piadas.
Bento.
-
Nenhum comentário:
Postar um comentário