sábado, 31 de agosto de 2013

A MERDA JÁ TINHA ODOR DE BOSTA ANTES DE VOCÊ, DEVERÁ CONTINUAR ASSIM MESMO DEPOIS

-

Então estava eu torcendo uma garrafa de vodca. Eu tinha prometido não beber mais vodca durante um bom tempo.
Tenho o péssimo hábito de beber vodca, fazer uma porção de merda e não lembrar-me de nada depois.
Perdi três sábados de minha vida por causa da vodca. Quando digo que perdi é porque não me lembro. Ou seja, durante o último mês minhas semanas tiveram apenas seis dias, pois os sábados são como se não existissem, afinal eu não lembro.

Cheguei a uma conclusão de que nesses meus 25 ou 26 anos - não me lembro ao certo qual é minha idade - devo ter perdido uns seis meses ou um ano por falta de memória. Isso conta quando falamos sobre nossa idade? Contamos só os dias que lembramos? Bem, em todo caso, são quase 365 dias que só conheço pela ótica dos outros. Que contam nossas mazelas no dia seguinte ao porre. Sem memória. A minha dúvida é a de que se não lembramos nós envelhecemos? Ou seria como um guarda-roupa de Nárnia? Quem saberá responder?

De qualquer forma eu tinha aposentado as garrafas de vodca até jogar tudo para o alto e desistir deste teatro. Então reduzi meu estoque e decidi esquecer até não lembrar mais dos últimos seis ou oito meses que se passaram. Desde o batom vermelho, o primeiro beijo e o jeans rasgado até o basta ressentido e repentino. O fato é que tive uma visão de outro ângulo.
Deitei-me no chão gelado, nu, olhando as nuvens, com o copo de vodca sobre meu peito subindo e descendo devido a respiração. Ahh respiração. Tão monótono como os dias que ficava esperando por um "bom dia", "boa noite" ou elogio pelo meu talento de falar sobre você. Tão eu, tão você.

Quero exemplificar o efeito etílico dos 38 por cento de grau alcoólico de uma garrafa de um litro de vodca. Num fim de semana houve uma tentativa frustrada de roubar-me. Acabei com um olho roxo, uma costela dolorida e minha carteira ainda em meu bolso. Roube-me o tempo, jamais meu dinheiro. Roube-me carteira, jamais a lembrança de uma recepção por acaso, com um vestido estonteante e uma história para contar, juntos.

Noutro sábado perdido despertei de um sono longo sentado na privada do banheiro. Uma noite toda de sono dormindo no banheiro. Eu já havia repousado em vários lugares. Calçadas, caçambas de caminhões, bancos de praça, casas de estranhos, camas de estranhas, jamais no banheiro. Haverá uma primeira vez para tudo. Justo! Brigas, merdas, bostas e coisas que causam-me ressaca moral. Ok, quando você quer ser um bêbado como eu tem de estar pronto para as consequências. Logo, numa ótica diferente com o copo de vodca apoiado em meu peito subindo e descendo devido minha respiração, estou de bem com a Rússia novamente. Não por nada, mais por "foda-se tudo", voltei ao casulo de outrora, quarentena maldita dos velhos tempos para sair limpo e intransigente como sempre. Singular como minha história. Com (co) lapsos de decisões infernais. Com a ousadia de saber me por em meu lugar de ausente e canastrão.
A merda já tinha odor de merda antes de você, deverá continuar assim mesmo depois.



Bento.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CLÍNICA DE REABILITAÇÃO ZACARIAS BARBACENO

-

Sabe quando baixa uma coisa na carne e você não sabe de onde vem? Simplesmente vem e pronto. Foi assim. Desisti. Não sei porque veio, nem como veio, só veio.
Bem, por vezes é melhor descomplicar as coisas. Não existe meio termo. Odeio meio termo. Sou de extremos e pronto! Ou é meu ou não é.

Estou num processo de enclausuramento. Muito tempo sem fazer nada e isso pode estar me deixando mais desequilibrado do que eu normalmente sou. Esse afastamento, esse casulo antissocial faz parte de um processo literário, um fim de ciclo purificador de mente, ou melhor dizendo, destilador de ideias.

Não. Se perguntar se estava totalmente são quando tomei tal atitude derradeira responderei na lata: claro que não. Caso contrário não teria coragem de abrir mão, de dilacerar a libido, tornar mais distante o que eu sequer tinha. Mas foi para o bem, não vou negar. Fará o bem, ou não. Porém, devo arriscar. Como eu disse, sou de extremos. Me dou melhor com o drama da realidade de não ter do que com a esperança de que um dia terei. Não sou de futuro, doo-me ao presente, o resto é resto.

Sou de presente, do que posso tocar, beijar, desejar o minuto seguinte, nunca a semana seguinte. O mês então...
Prefiro a morte a aguardar a vontade alheia. O que não quer dizer que darei uma de macaco e pularei em outro galho. Simplesmente tornar-me-ei só, como de costume. Serei eu e a companhia de mim mesmo. Muito mal comportado como sempre.

Abro mão de roubar-lhe os sonhos, os devaneios e etc. Prometo-lhe, farei isso em silêncio, só pra mim. Não mais usufruirei de suas frases, exceto nos diálogos comigo mesmo. Não mencionarei mais seu nome, com exceção quando para chamar a gata. Não passarei mais que meia hora olhando suas fotos. Não desejarei mais seus lábios, sequer suas mãos em meus ombros.

Ainda creio que te inventei. Criei defeitos e qualidades, parentes e inimigos. Como toda personagem, criei enredo e cenário.
Por isso também acredito que assim como te criei, terei o poder de descriar. Como você mesma quis e pediu. Passarei a borracha, ou apertarei o botão Delete para afastar-te de minha mente. Sem final feliz, então sem final. Haverá de alguém interpretar um fim que me favoreça. Caso contrário, será só mais um fim.

Então descobri uma coisa sobre mim com a sua ajuda. Descobri que me exponho vorazmente aos olhos alheio porque preciso. Descobri que de tanto afastar os outros por vezes preciso deles por perto. Que deixo meus defeitos na vitrine para não cometerem o erro de se aproximarem sem aviso prévio, como as placas de "Cuidado com o Cão". Que escrevo não para mudar sua opinião, mas para sentir-te por perto, fazendo-me companhia. Descobri que tenho carência de você, abstinência de você e por isso, só por isso, me internarei nos Carentes Anônimos para curar-me de meu vício.



Bento.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O TEMPO ESTÁ CORRENDO E MINHA VIDA ACABANDO

-

É mais um dia de verão com uma chuva de verão e no coletivo lotado de gente os vidros estão embaçados por meu hálito de vodca azeda da noite anterior e também de outros beberrões. Tem também o hálito podre de um demente ao meu lado, mais o sovaco putrefato de um outro cretino próximo, mas porra! Estamos numa segunda-feira e houve um fim de semana inteiro para um banho. Deveria haver uma placa nos ônibus proibindo isso, assim como existem placas proibindo aparelhos sonoros.

Eu passo o caminho inteiro para o trabalho observando as pessoas e tentando não me desesperar com o que vejo. Não que eu seja muito melhor que eles, só um pouco menos medíocre. Pelo menos na maior parte do tempo. Desço do ônibus e a mediocridade continua por todos os lados.

Tudo bem, meus jeans são rasgados devido a idade, meu tênis é furado de andar, mas meu cérebro é gasto de usar. “Quem sou eu?” É o que perguntarão os incrédulos melindrosos. “Estúpido arrogante” é o que cuspirão ao cruzar meu caminho. Só que somos todos filhos do que queremos ser. Eu poderia preencher infinitas linhas com histórias reais e tristes sobre minha vida. Aquela coisa de esquerdista religioso que nem se dá conta que aparenta um esquerdista religioso colocando a culpa no sistema, no governo, na Globo... Porém, eu prefiro deixar isso para os que não conseguem falar de outras coisas. Na verdade, na verdade, eu poderia falar sobre qualquer coisa. Eu posso. No mínimo fingirei que sei do que estou falando e com uma grande porção de confiança na voz, não há quem não acredite que eu realmente não domine o assunto.
Mas onde eu quero chegar é exatamente sobre aqueles que não dominam nada, quiçá o básico do básico. Repito: sem vitimismo, sem hipocrisia e autoajuda.

O coletivo ainda me reserva qualquer coisa de nojento como uma tosse ensandecida de catarro voador. Gordas com roupas de crianças deixando suas panças como massa crua de pão penduradas para que meus olhos tenham o desprazer de revirar-se. Claro que o fato de meu estômago roncar e embrulhar por causa da ressaca faz com que tudo isso fique ainda mais intragável. E eu penso se ignorância e falta de bom senso andam juntas como o cão e o rabo.

Inconscientemente eu quero resolver tudo, todos os problemas do mundo. Há momentos em que me deixo tomar por uma incredulidade afável e ao mesmo terrível. São resquícios do jovem revolucionário que já fui. Mas logo passa. Passa, pois lembro que hoje pode ser sexta e eu achava que ainda era quinta. O que faz brotar um leve sorriso em meu rosto. Sexta! Ótimo. Bar. Talvez Augusta, que é para tirar esse fedor de ignorância e desprezo com a tal vaidade. Se você não sabe do que estou falando, está frequentando os lugares errados. O que eu posso dizer? Gosto de beber com paisagem. Uma bela paisagem.
Assim como gosto de belas garotas, bebidas caras e pessoas inteligentes. Tudo bem, eu posso ser um grande filho da puta e miserável sem ter onde cair morto, só que meu bom gosto é inegável. Sim, bom gosto. Esse é meu maior castigo, pois tudo isso, bebidas de alta qualidade, bem como, cerveja holandesa, bourbon americano e vodca russa custam bastante dinheiro. Mulheres bonitas e inteligentes custam dinheiro. Uma bela vista, tomando um belo drinque com uma bela mulher custa muito dinheiro. Um dinheiro que eu não tenho. Mas o que eu posso fazer? Cheguei numa altura do campeonato que só gosto de coisas intensas. Desde os porres até o sexo. O tempo está correndo e minha vida está acabando, então, bota intensidade nisso aí garota!
Uns tapinhas, puxões de cabelo e coisas novas são sempre bem vindos.
Então, no meio de tudo isso. Desde os momentos restritos a minha companhia apenas, até em público, existem sorrisos que brotam dos meus dentes amarelos de nicotina. Amarelos são os dentes, não os sorrisos. Coisas tolas como dançinhas súbitas, assovios alegres e cantorias sem timidez aonde quer que esteja. Uma alegria inexplicável. E algum romântico incurável como eu pode dizer: ele está apaixonado. Seria a coisa mais sensata a se pensar e até para tornar o texto mais interessante eu poderia assentir tal argumento. Porém, justificar toda essa estranheza e peculiaridade em uma mulher seria injusto não só comigo, mas também com a tal da alegria.

Estou tão singular como sempre estive. Apenas em estado de graça. Por quê? Não sei. Não espere agora que eu diga algo que te indicará um caminho. Não pense que virá um grande conselho de autoajuda. Pois não virá. Não tem receita. Estou simples e unicamente bem e mentindo como nunca. Ou estou zen ou desesperado ou doído, carcamano, ou ferido e alcoólico. Ou tudo isso. Ou só isso. Bem, é isso.



Bento.

-

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

ALÉM DE MAIS SEXY, MAIS CRUEL

-

"Neste texto contém links para os contos citados, basta clicar nas palavras de cores distintas"

Desde pequenino eu quis ser muitas coisas. Sempre fui um desajuizado, desajustado e incoerente. Lembro-me de querer ser advogado por assistir Advogado do Diabo e desejar àquilo. Os filmes continuaram sendo um prazer mesmo quando muito jovem e eu já quis ser cineasta de Hollywood. Cinema sempre foi um desejo imenso. Queria inventar histórias e eu sempre fui bom nisso. Depois de um tempo eu quis ser Rockstar e consegui. Claro, nada comparado às minhas bandas favoritas, digo isso por tamanho sucesso. Porém, consegui alcançar shows inesquecíveis e noites intermináveis, garotas e bebedeiras gratuitas que meus amigos podem testemunhar em minha defesa. Claro que tem ainda muito a ser feito, no entanto, as histórias pra contar são muitas.

Uma coisa que eu nunca quis e nunca me permiti foi a profissão de palhaço. Nunca gostei de circo, entretenimento barato. Ora, mas quem sou eu? Quem sou eu para criticar uma profissão tão reconhecida? Bom, este é meu texto, resguardo-me o direito de dizer o que bem entender. Nunca me permiti entreter nem servir de passatempo para ninguém. Erros ou não, foda-se, não me use de forma que não seja mútua. Atração por atração que pelo menos sejamos concordantes e condescendentes espectadores, caso contrário eu dispenso. Mais tarde quis tornar-me escritor, coisa que me coube ainda em contar histórias, bem como cineasta e Rockstar, mas desta vez com um pouco menos de vaidade. Continuaria com minhas histórias e personagens, todavia, a escrita quem me domaria neste caso. Então hoje finalmente sonhei. Eu já disse em alguns dos meus textos que pouco me lembro dos sonhos que tenho. Acredito que sonho mais acordado que dormindo, deve ser isso.

Alguns eu até lembro, mas trato logo de tentar esquecê-los. Não pensem que estou falando de pesadelos, isso é outra coisa. Estou falando de sonhos mesmo.

Mas sonhos que nunca irão se realizar é melhor tratar de expulsá-los da memória, pois servem só pro desagrado matinal.

Hoje sonhei que as personagens que criei em meus contos ganhavam vida e conversavam comigo. Ferozes eles me impunham um final mais feliz nas suas tristes histórias.

O beija-flor exigia suas asas de volta, colocaria o dedo em riste se o tivesse. Disse nunca em sua vida de beija-flor ter ouvido falar de um que não tivesse asas. Que a espécie era famosa por causa disso, pela possibilidade de parar no ar e sua velocidade ímpar em bater suas asas. E com os olhos cheios de lágrimas ainda me confessou sobre seu amor pela Rosa Branca. No fim chegava combinar choro e soluço na mesma frase. O que tornava difícil a compreensão.

Eu, me sentindo um pouco pai dele, criador da situação da qual se encontrava e não posso negar, sentindo-me um pouco culpado também disse que não poderia fazer nada sobre.
Disse ainda que entendia sua mágoa, pois tinham me tirado as asas também e que sua história era um reflexo da minha. Só poderia mudar a dele quando a minha tivesse um final diferente.

O beija-flor não aceitou minha resposta, porém quando iria contra-argumentar o Cabo Procópio tomou sua frente com sua postura ereta de militar me deixando um pouco assustado, disse que sua história deveria ter terminado diferente. Que ele deveria ter morrido na guerra, ele não queria viver sem ter em quem pensar, com quem viver, com quem desabafar. Entretanto tantos que morreram na guerra e deixaram suas famílias a sós.

Quando o Cabo terminou não demonstrava lágrimas, mas tentava esconder as mãos tremulas, não sei se era nervosismo, tristeza ou sintoma da guerra.

Respondi ao Cabo que não poderia deixá-lo morrer na guerra, do contrário não haveria história e ele nunca existiria. E que assim como seu autor ele estaria fadado a viver sua vida como o Destino decidiu, ou não viver.

Talvez fosse por causa de sua doutrina como soldado, mas o Cabo me surpreendeu com a atitude de me dar as costas e aceitar meus argumentos sem reclamar.

Preparando-me para acordar vi Domênico, ou se preferirem, o Dom, se acotovelando entre a multidão de personagens para chegar até a mim.

Domênico estava irreconhecível. Pálido e magro vi que tinha dificuldade de se movimentar.
Quando se aproximou a ponto de poder enxergar seu corpo inteiro, descobri que o motivo do seu andar rastejante e sua aparência deprimente eram os três tiros no peito que havia recebido de uma de suas amantes.

Um dos tiros tinha atingido seu pulmão esquerdo e ele falava com dificuldade. Tanto que teve que agarrar-se em meu colarinho para falar em meu ouvido.

- Eu nunca quis terminar assim. Você mais que ninguém sabe que eu não queria esse fim.

Sua fala era uma mistura de tosse com cochicho. Continuou.

- Eu quis mais que tudo nessa vida um amor, alguém que eu pudesse contar meus segredos. Alguém que conhecesse meus defeitos e os aceitassem. E sei que você tinha o poder de me providenciar isso, mas não! Sempre preferiu atender os caprichos de Dom, aquele crápula, aquele cafajeste...

Neste momento achei que Domênico, ou Dom, ou os dois morreram novamente tamanho era a falta de ar dos dois. O corpo semiputrefato debatia-se em colapso. Aquele tiro tinha causado um grande estrago.

Mas não era a morte, era Dom que reivindicava seu direito de também falar.

Dom como sempre, com sua personalidade totalmente oposta da de Domênico, me surpreendeu mesmo assim, quando reparei o sorriso em seu rosto. O desabafo de Dom foi surpreendente por não haver desabafo. Dom me agradeceu...

 - Como poderia eu, um gentleman, reclamar de meu pai, meu criador? Principalmente quando ele é criador de um final sheakesperiano como este, uma linda história de amor, egocêntrico, mas amor. Romance, tragédia, digno de uma continuação. A verdade é que aquela vidinha que eu levava já estava muito pra baixo. E convenhamos, o Domênico é um chato. Sempre com aquela choradeira de amor pra lá, amor pra cá. Minha paciência já tinha acabado mesmo.

Fiz questão de dizer aos dois que fiz o fim de ambos não pensando em um ou em outro. O fiz esperando o pior, como sempre. Esperando assim que o Destino me surpreendesse.

Eu agradeci os elogios de Dom, mas acho que deveria respeitar mais a vontade de Domênico.

 - E você Domênico  como pode exigir de mim um final feliz se eu mesmo não acredito em um. Não sei o sabor de um.

Eu sou só um escrevinhador, se é que posso me descrever assim. Um escritor não reconhecido, um dramático mal humorado. Não exija de mim mais do que eu posso dar.

E todos reclamavam.

O Pedro que pedia para eu converter a vizinha velha e crente em roqueira para que as reclamações cessassem.

Enésio que pedia seu pênis de volta, pois o que seria de Enésio sem pênis? Enésia talvez? E já era visível alguns de seus traços masculinos dando lugar aos caprichos de mulher.

 - Enésio meu filho. Sou apenas um poeta de veia dramática, criando histórias tristes. Com uma relação de dependência com meu próprio pênis. Um homem como qualquer outro, letrista amaldiçoado pela miséria que vê prazer apenas no que o membro pode nos oferecer. Assim sem mais. E sem ele, seria eu mais uma personagem reclamando de meu Criador.

E todos os outros mortos em meus contos que tentavam chegar mais perto, como num filme de horror oitentista, trash, com cheiro de corpos em decomposição. Sangue seco em seus corpos, miolos pendurados, tripas arrastando no chão, bem como Carolinne e logo depois Helena trazia os restos de Cidão num saco plástico preto arrependida de abandoná-la. Amapolo ainda tinha vestígios das penas de sua época como pombo exigindo de mim que eu o fizesse voar. Alaor gostaria de um pai hétero.
Rodrigo Paulo que de Paulo não tinha nada me exigia no mínimo um whisky novo. E Patrício gostaria de um novo capítulo para que pudesse continuar em sua ânsia de assassino. Entre tantos outros personagens que exigiam de mim mais do que eu poderia dar no momento. Logo, depois do primeiro drink do dia, após o café e o cigarro, dentre outras discussões comigo mesmo e com outras pessoas, concluí que fui autor também de algumas paixões em minha vida. Que uma garota magricela em questão não passou de uma personagem que eu mesmo criei. Que os sonhos que tinha com ela todas as noites não passavam de uma premonição do que aconteceria com todos os outros personagem dos contos que criei.
Dei a luz uma garota que eu achava que pudesse existir, com pernas finas, barriga chapada, tatuagens e com uma beleza ímpar, tal qual só poderia ter saído de minha mente fértil. Jamais existiram beijos e apartamentos com camisetas velhas de Rock n' Roll, drinks durante a madrugada e diálogos instantâneos sobre o cotidiano e as dores do mundo. Nasceu de mim, nome, sobrenome, pintas, defeitos e dedos dos pés. Tudo meu. Eu criei, mas não passara disso. Outro sonho com outra personagem, que acima até de Alicia, além de mais sexy, mais cruel ainda.

Enfim acordei, abri um whisky novo e resolvi escrever linhas de contos mais realistas e parar de sonhar.



Bento.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

QUANTOS CORINTHIANOS CONHECEM A DEMOCRACIA CORINTHIANA?

-

"A Democracia Corinthiana foi um movimento surgido na década de 80, Isso no período da ditadura militar. O Corinthians foi o primeiro clube a utilizar a camisa com dizeres publicitários. Por iniciativa do publicitário Washington Olivetto (criador do termo 'Democracia Corintiana') o time estampava em suas camisas frases de cunho político, como "diretas-já", "eu quero votar para presidente"." - FONTE Wikipédia
Outra "revolução" partindo do clube paulista foi lá em 1910, em sua fundação, quando o futebol nacional recém chegado da Europa ao país tratava-se de um esporte elitizado. Daí surgiu a alcunha de "Time do Povo", primeiro clube formado por operários, trabalhadores de baixa renda e etc.

Hoje, no ano de 2013, o Sport Club Corinthians Paulista é assunto na mídia do país inteiro por causa de um selinho de Emerson Sheik num amigo de anos - um dos principais jogadores do atual time, multicampeão e feitor de dois gols na final da Libertadores, talvez o título mais esperado pela torcida. Numa época em que grande parte dos países já reconhecem as relações homoafetivas, isso parece normal, apesar de sempre haver aqueles que são contra e não se limitam à suas próprias escolhas de sexualidade, eles precisam impor suas escolhas à todas as outras pessoas, e falando de corinthianos, os verdadeiros corinthianos, não posso deixar de citar que cai numa contradição e torna nula a luta de Sócrates, Casagrande e Wladimir de DIREITOS IGUAIS  para todo SER HUMANO.


Sei que muitos vão dizer que nós corinthianos nunca deixamos passar uma oportunidade de brincar com o apelido de "Bambi" aos são-paulinos, alusão clara sobre a sexualidade dos jogadores e torcedores do time do SPFC. Para estes, eu já adianto, a diferença entre corinthianos e são-paulinos é que neste caso do SHEIK, nós estamos levando a sério, não pelas brincadeiras que possam derivar disso, mas sim por defender o direito garantido por lei e pelo bom senso, de que num mundo livre as pessoas possam tomar decisões que cabem apenas a elas mesmas.  Digo isso sobre o poder midiático que o Corinthians tem pelo tamanho de sua torcida. Não podemos deixar escapar a oportunidade de defender esses direitos com unhas e dentes e lábios, e engrandecer ainda mais a história deste clube de tamanho imensurável e revolucionário. E daqui a alguns anos termos mais essa conquista, de que mudamos o país novamente com nossas próprias mãos. Para aqueles que discordam de minha opinião, independente de agremiações, deixo aqui também o meu RESPEITO, afinal, também defendo a liberdade de concordar ou não do que bem entenderem, a LIBERDADE também é garantida para vocês.


Bento.

-

domingo, 18 de agosto de 2013

EU GOSTARIA DE TER VISTO SEU UMBIGO

-

Somos todos como engradados de cervejas, apesar de caixas e marcas diferentes, o objetivo é o mesmo: ficarmos bêbados no final.

Algumas são mais fortes, outras mais escuras. Por vezes sua força vem em doses cavalares com ajuda de destilados ou comprimidos para ajudar a dormir. Dentre outras vem em pequenas doses, com amendoins e amigos e sinuca e conversa fiada.

Algumas são melhores quando quentes, outras melhores quando estúpida e cruelmente geladas. Como um tapa na cara ou um soco no estômago.
Claro que também existe a cerveja sem álcool, mas essa não merece sequer um comentário, assim como algumas pessoas sem personalidade, sem alma, sem graça. O álcool está para a cerveja como o cérebro está para o ser racional. E se você olhar em volta sei que poderá contar nos dedos as cervejas alcoólicas que convivem em seu ciclo de amizades.

A cerveja é a criação mais próxima que o homem conseguiu chegar quando Deus fez a mulher e é por isso que temos as cores amarela, preta e vermelha nas cervejas. É uma imitação pura e sincera, porém, sem as ironias divinas. Uma cerveja jamais reclamará de você por olhar para uma outra cerveja na mesa ao lado. Nem mesmo te trairá quando você esquecê-la na geladeira durante dias. Apesar disso ser mais fácil acontecer com uma mulher do que com uma cerveja. Esquece esse negócio de roda, computador ou automóvel, pois tudo isso só foi inventado após muitas noites de insônia e cerveja.

Então é tipo sexta-feira, apesar de não trabalhar e todos os dias são domingos, ou sábados, ou feriados e por incrível que pareça foi uma semana sã. Só fui fazer as pazes com o Willian Lawson’s na quinta e tivemos uma briga feia, hoje já somos amigos novamente e estamos dividindo um cigarro. Então nesta sexta-feira eu estou como a cerveja esquecida na geladeira, esquecido por aqui, mas sem drama, eu que esqueci para poder abrir o bar de casa. Abrir o bar e colocar alguns textos em ordem, ideias em ordem. No entanto, quem eu estou querendo enganar? Escrever é um hábito, como o sexo, quando muito tempo sem prática perde-se a mão e faz tempo que não escrevo, então enquanto volto ao antigo ritmo fico aqui enchendo linguiça. Portanto, se está esperando uma grande coisa, com um final esplendoroso ou algo que te ajude a manter a sanidade nesta merda de vida que se transformou seu cotidiano digo já de antemão; desista! Vá ler o horóscopo.

Bem, diz o ditado popularesco e pobre que mente vazia é moradia do diabo e minha mente está sempre cheia, contudo só tenho pensamentos putrefatos sobre tudo e todos. Não se engane, ainda mantenho uma autoconfiança adquirida depois de muito trabalho e conquista, mas onde quero chegar? Eis a questão. Vale? Ora, por vezes sou usado e gosto. É o mal de conhecer a maioria dos pecados possíveis da humanidade, conhecê-los e aceitá-los é fazer parte disso tudo, sendo assim nem posso culpar o Destino por tanto. Este é o álcool fazendo efeito. São as ideias se encaixando e ensaiando um recital mediúnico sobre o que eu quero, o que preciso e o que realmente alcançarei. As palavras e ideias fogem dos dedos como a cerveja pelo nariz após uma gargalhada. E eu fico pensando, eu gostaria de ter visto seu umbigo aquela noite. Eu gostaria de ter visto os dedos dos teus pés com os dedos dos meus pés e continuar bebendo em outro lugar até sabe Deus que horas, pois as horas não passam, elas voam e logo vem seu adeus e sabe-se lá quando a verei novamente.

Agora aqui estou eu bebendo com Marilyn, claro que não em pessoa, mas estou eu, o Lawson’s, o quadro da Marilyn e a gata que já foi dormir no pé da cama. O bom da Marilyn é que eu nem contei a piada ainda e ela já sorri, aquele sorriso de Marilyn, pinup enlouquecida. Sempre achei que faltaram tatuagens em Marilyn para ela ser realmente perfeita. Tenho um fraco por mulheres tatuadas.

Talvez meu mal seja ser extremamente diferente de qualquer um que conheço. Isso me parece simples e complicado ao mesmo tempo. Falo de todas as minhas ex-qualquer-coisa. Depois de mim nunca mais foram as mesmas. Nunca mais encontraram nada parecido ou que chegasse perto do que eu sou e acho que foi de propósito, claro. As pessoas não querem errar duas vezes.
Eu nunca tento me enquadrar, elas tentaram, mas é complicado, não as culpo. Não vejo ninguém que chegue próximo ao que sou e em momento algum estou dizendo que isso é uma coisa boa. Não eu. Veja que curioso, eu passo metade do meu tempo bebendo e escrevendo e se queres descobrir o que penso ou o que sinto basta perder um pouco do seu tempo lendo isso e ainda assim existem os idiotas que não entendem porra nenhuma e tiram suas conclusões apenas por meus sorrisos amarelos. Quão idiotas. Não posso punir-me por qualquer pessoa que se jogue da ponte. Já não bastam os meus problemas?

Penso em todos os meus amores agora, olho para a Marilyn e ela me ajuda com seu sorriso e cabelos loiros, me fez lembrar que só amei morenas, apesar de ter tara por loiras. Não sei o que isso quer dizer, mas aceito que nenhum amor foi maior do que o que eu sinto por escrever e beber. Nunca tão completo. Nada tão absoluto.
Neste momento o vinil acabou e é melhor me juntar à gata.



Bento.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

VÉSPERA DE QUINZE DE AGOSTO AINDA ME INCOMODA

-

Existe uma literalidade dentro de mim que não cabe ao autor julgar se tens qualidade ou não. Isso pode impressionar às vezes, pode causar estranheza em outras, até alcanço certos objetivos interessantíssimos por meio desta, só que não me apetece. Mas tenho de confessar, um dia houve a caretice cravada em meu peito que arranquei-a sem medo de sangrar. Não que eu me esforce para isso ou aquilo, as coisas simplesmente acontecem. Para alguns eu sou só um metido a poeta e o que escrevo não tem significado nenhum. O que eu posso dizer? Sou um poeta autossuficiente e deixei as amabilidades já faz algum tempo. É preciso lamber a sarjeta para sentir o sabor das minhas letras.

Eu passo muito tempo pensando nas anomalias características de minhas escolhas imprecisas e inconscientes, sem expectativas, sem lamentações no final, pois com o tempo você se acostuma sempre com o pior de todo mundo. Outro dia me disseram que meus textos, minhas histórias, são todas muito cheias de depressão, cabalísticas talvez. Eu digo que são só mais próximas da realidade, da realidade da maioria, afinal nem tudo começa com "era uma vez" e termina com "felizes para sempre" como todo mundo espera. Algumas pessoas passam a vida toda como se estivessem nus em plena Avenida Paulista e morrem com a solidão do sol, bom só quando longe, bem longe.

Por um bom tempo da minha vida eu vivi nos piores lugares da cidade, bebendo coisas da pior qualidade, pois nos meus bolsos tinham apenas cigarros amassados e algumas moedas para manter-me por fora da realidade por algumas horas. Muitos pensam que beber é como fugir, ou um ato de covardia e isso não é nem de longe verdade. Na verdade é de uma imbecilidade do tamanho do mundo, uma coisa que beira o ridículo e a ignorância. É preciso culhões para abrir as portas dos seus mais profundos sentimentos e consciência. É preciso coragem para querer descobrir a verdadeira personalidade que escondemos por debaixo da máscara e de nossos conceitos básicos de regras que escolhemos como base para forjar a imagem que desejamos que o mundo veja. Não é fácil abrir mão disso e não é fácil conhecer-se verdadeiramente, é bem possível que não gostemos do que vemos. É isso que o álcool faz com você, liberta-o das mentiras, da mediocridade de podar a insanidade aprisionada neste corpo.

Durante muito tempo eu via-me morando num porão úmido, com a companhia de lesmas, ratos e baratas. Traças e teias de aranhas faziam a decoração do lugar e havia textos e músicas espalhados por todas as paredes. Talvez tenha sido a minha pior fase, ou o final dela. É preciso estar no fundo de tudo, no cú do inferno astral, é preciso enfiar a cabeça na merda para buscar fôlego e sair dela depois.  Eu não estou dizendo que todos precisam conhecer o abismo da morte para continuar vivendo, algumas pessoas passarão pela vida sem sequer compreender o motivo de tudo ou de nada. Porém, não conheço nenhuma pessoa que valha a pena ser citada que não tenha passado por boas sucessões de insucessos. Depois disso, tudo muda e você não vai querer ser outra coisa. Quando sentimos algo à flor da pele, queremos que tudo seja assim e viciamos. Só que a maioria das coisas e pessoas são tão insignificantes que elas não nos bastam, queremos mais e mais. Viciados em sentir.

Bom, hoje eu me vejo em tempos bem melhores e não dou a mínima, pelo menos não dou o valor que eu dava há anos. Alguns hábitos nunca nos abandonam. A visão do submundo nunca nos deixa. Então quando ouço sobre fossos de lamentações entre outras coisas me soa como convite para um parque de diversões.

E depois de passar por escuridões e por algumas vinganças contra meu próprio ego, mesmo depois de tudo, as vésperas dos dias quinze de agosto ainda me incomodam, assim como um peito mofado me faz querer passear por ele.


Bento.

-

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A DIFERENÇA ENTRE EU E VOCÊ É QUE EU PREFIRO JACK DANIEL'S

-

Aqui estamos nós. Mais uma madrugada gelada de São Paulo, de um inverno tenebroso onde é claro, só o álcool para ajudar a diminuir os arrepios. Parei de escrever por sempre citar a mesma coisa. Estou com um "vício", um cacoete. Quando começo a teclar meus pensamentos sempre sai a mesma coisa sobre a mesma coisa e isso está me deixando com uma sensação de incapaz. Odeio isso. A incapacidade sempre bate um pouco mais forte em meu peito por parecer que eu tenha que provar muita coisa para um monte de gente. Não que eu tenha, mas seria uma questão de honra, por todos os bêbados do mundo. Quando você quer levar uma vida exatamente da forma que você quer você precisa mostrar para algumas pessoas que não é preciso ser um filho da puta ou um bunda mole cuzão que tem que seguir todas as regras medíocres que lhe pregam. Convenhamos, só os idiotas seguem esse tipo de alienação pregadas por nossos avós e eu digo isso por vocês, pois eu nunca tive avô nenhum.

Tenho assistido algumas coisas muito trash. Nas horas vagas, que têm sido muitas. Coisas ofensivas. Coisas desregradas, com libido à flor da pele. Violência, terror, sangue "esporrando" por todos os lados. Agressivas como assassinatos, pornografias extremas e mutilações, coisas do tipo. É mais ou menos como uma droga, uma coisa mais forte para desviar esse tipo de emoção que faz com que eu sempre escreva sobre a mesma coisa. Em busca de algo que me faça voltar ao “normal.” Minto! Estou só tentando me enganar. Estou buscando um motivo para enraivecer e tornar-me oco como sempre fui para parar de passar vontades que jamais matarei. Ficou claro isso?

Sequer lembro como era e isso me preocupa. Então tenho buscado coisas mais agressivas para chegar em algum lugar, só que não está funcionando. Quando você passa a vida se machucando você torna-se um Casca Grossa. Não é qualquer coisa que consegue te ferir. Você passa a ficar imune a algumas coisas. É estranho, pois se parece com alguém que perdeu o medo, mas ninguém perde aquilo que nunca teve e isso está fadado ao nada, ao sem sentido, ao limbo da merda do cavalo do bandido. Gelado como o gelo adicionado no whisky e eu odeio que adicionem gelo no meu whisky ou em qualquer destilado. Eu gosto do original, da receita original e nada que você tenha de adicionar alguma coisa permanece da forma como o criador gostaria que fosse apresentada. Sirva-se de uma boa dose de whisky, num copo propício, por favor, não cometa o pecado de beber um scotch ou um bordon em qualquer copo. Agora olhe bem para ele. Cheire, enfie a merda do seu nariz no copo e respire profundamente. Você consegue sentir? Isso é o cheiro da criação, cheiro de libido, de vida. Seu sangue está começando a correr mais rápido pelas suas veias agora, e você nem bebeu ainda.

Agora olhe para o líquido que está em seu copo. Encare-o com verdade e mente aberta. Não importa o preço da bebida, mas quanto maior melhor. Está olhando? Você se vê nele? Forte, firme e com personalidade. Vai dizer que você não está querendo estar no lugar dele? Independente de qualquer coisa, ele sai da garrafa e está pronto para enfrentar seus problemas, mesmo que seja momentâneo ninguém está nem aí. Pense no agora, esqueça o futuro. O futuro é um cara que levamos nos ombros sem ter certeza nenhuma dele ou de sua fidelidade para com os nossos desejos e só o que temos é o presente. E agora que você encarou e cheirou e está decidido, a primeira dose você tem de tomar como homem. De uma vez só. Vamos lá, você consegue.

Ufa! A primeira dose já foi. É como o medo de altura, depois que você olhou para baixo uma vez o resto é resto. Vamos para a segunda. Encare-o de novo. Bem mais fácil desta vez não? Você já está quase pedindo para o garçom deixar a garrafa. Vê como você já não pensa mais no futuro. Foda-se o futuro, vamos viver o hoje, o agora. Desce a garrafa e vamos ficar bêbados e mandar o mundo e os problemas se foderem, pois é isso que eles merecem. Um belo dedo do meio bem enfiado no cú. E vamos torcer para que esse cú não seja o nosso.

A cada dose de whisky vai ficando mais fácil. Depois da terceira ou quarta você nem sente mais o amargo. É só a loucura descendo pela sua garganta. Prazerosamente descendo pela sua garganta até o seu fígado e ele também agradece, pois é outro viciado igual a você. O whisky não é muito diferente da vida. Quanto mais merda você põe para fora mais fácil é para cagar depois.
Quanto mais você sofre mais fácil fica depois.
Quanto mais murros em ponta de faca você dá mais murros você dará. Com o sofrimento não é diferente, e eu volto a dizer, você só pode perder aquilo que já teve um dia. E se você quer falar de sofrimento comigo, eu já pensei em pelo menos cinquenta formas diferentes de me suicidar. Mas isso foi em outros tempos, numa época distante. Sempre fui um covarde nestes termos, ainda bem. Pois sequer eu mereço tanto de mim mesmo.
Cheers.



Bento.

-