Sabe quando baixa uma
coisa na carne e você não sabe de onde vem? Simplesmente vem e pronto. Foi
assim. Desisti. Não sei porque veio, nem como veio, só veio.
Bem, por vezes é
melhor descomplicar as coisas. Não existe meio termo. Odeio meio termo. Sou de
extremos e pronto! Ou é meu ou não é.
Estou num processo de
enclausuramento. Muito tempo sem fazer nada e isso pode estar me deixando mais
desequilibrado do que eu normalmente sou. Esse afastamento, esse casulo
antissocial faz parte de um processo literário, um fim de ciclo purificador de
mente, ou melhor dizendo, destilador de ideias.
Não. Se perguntar se
estava totalmente são quando tomei tal atitude derradeira responderei na lata:
claro que não. Caso contrário não teria coragem de abrir mão, de dilacerar a
libido, tornar mais distante o que eu sequer tinha. Mas foi para o bem, não vou
negar. Fará o bem, ou não. Porém, devo arriscar. Como eu disse, sou de
extremos. Me dou melhor com o drama da realidade de não ter do que com a
esperança de que um dia terei. Não sou de futuro, doo-me ao presente, o resto é
resto.
Sou de presente, do
que posso tocar, beijar, desejar o minuto seguinte, nunca a semana seguinte. O
mês então...
Prefiro a morte a
aguardar a vontade alheia. O que não quer dizer que darei uma de macaco e
pularei em outro galho. Simplesmente tornar-me-ei só, como de costume. Serei eu
e a companhia de mim mesmo. Muito mal comportado como sempre.
Abro mão de roubar-lhe
os sonhos, os devaneios e etc. Prometo-lhe, farei isso em silêncio, só pra mim.
Não mais usufruirei de suas frases, exceto nos diálogos comigo mesmo. Não
mencionarei mais seu nome, com exceção quando para chamar a gata. Não passarei
mais que meia hora olhando suas fotos. Não desejarei mais seus lábios, sequer
suas mãos em meus ombros.
Ainda creio que te
inventei. Criei defeitos e qualidades, parentes e inimigos. Como toda
personagem, criei enredo e cenário.
Por isso também
acredito que assim como te criei, terei o poder de descriar. Como você mesma quis e pediu. Passarei a borracha, ou
apertarei o botão Delete para afastar-te de minha mente. Sem final feliz, então
sem final. Haverá de alguém interpretar um fim que me favoreça. Caso contrário,
será só mais um fim.
Então descobri uma
coisa sobre mim com a sua ajuda. Descobri que me exponho vorazmente aos olhos
alheio porque preciso. Descobri que de tanto afastar os outros por vezes
preciso deles por perto. Que deixo meus defeitos na vitrine para não cometerem
o erro de se aproximarem sem aviso prévio, como as placas de "Cuidado com
o Cão". Que escrevo não para mudar sua opinião, mas para sentir-te por
perto, fazendo-me companhia. Descobri que tenho carência de você, abstinência
de você e por isso, só por isso, me internarei nos Carentes Anônimos para
curar-me de meu vício.
Bento.
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