sábado, 8 de novembro de 2014

NÃO EXISTE PROBLEMA NO MUNDO QUE NÃO PAREÇA INSIGNIFICANTE QUANDO SE ESTÁ SENDO CHUPADO DECENTEMENTE

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Somos todos estranhos mordedores de nada. Somos um monte de bosta sem saber pra onde ir. Digo que a única coisa da qual tenho conhecimento é meu gosto e disso eu entendo super bem. Por mais bêbado que se possa estar sempre sobra uma fagulha de consciência. Você está lá, em algum lugar dentro da sua mente assistindo na primeira fila as merdas que você faz. Claro que "merda", no meu entendimento é um termo ambíguo. Pode ser bom ou ruim dependendo da ótica.

Estamos num calor de 400 graus e eu estava deitado nu com as costas no chão, levantando a cabeça somente para mamar a garrafa de cerveja. A garota estava deitada de bruços na cama alisando meus cabelos e brincando com minhas sobrancelhas enormes. Lucia era o nome dela.

- Não sei o que você tem, mas você tem... Sabe? Ela dizia.

Eu não fazia ideia do que ela falava, mas eu ainda tinha cabelos dela grudados em meu peito magricela e era difícil raciocinar com todo calor que anda fazendo.

- Eu acho que você esta empolgada só porque gozou, amor. Não tem nada demais. Eu respondi.

Ela pegou a garrafa da minha mão e bebeu um gole longo. Pedi que ela acendesse um cigarro e me ajudasse a fumar. Ela acendeu e colocou na minha boca para que eu pudesse tragar e depois ela também fumava.

- Não é só porque eu gozei. Claro! Também é porque eu gozei, mas nem era pra eu dar pra você. Você é o cara mais podre que eu conheço. Ela disse.

Pedi mais um trago no cigarro e seus dedos compridos e magros levava-o até meus lábios. Eu não vou negar que senti um tremendo orgulho subindo pelo meu peito. Eu sempre disse que se é para ser melhor em alguma coisa então que isso lhe traga algo de bom. Ser o pior cara que ela conhecia deixava-a de cabelo em pé e com uma luz de alerta bem acesa. Ela transou comigo por uma inconsequência e já repetiu tal equívoco meia dúzia de vezes. O que ela queria saber é porque não conseguia sentir o mesmo tesão pelos cuzões que levavam ela a motéis caros em seus carros emprestados dos pais e correntes de prata no pescoço que poderiam me fazer tombar para frente. Ela não sabe a resposta até hoje, eu também não sei, mas suspeito que tudo é uma questão de estilo. Faça tudo com muito estilo, com originalidade, pode ser que não dê em nada, mas pode ser que você seja apontado na rua como O Cara. Nunca se sabe.

- Talvez você precise conhecer mais gente. Eu respondi a acusação dela com uma falsa modéstia

- Sem falsa modéstia, senhor Bento. Ela disse.

Eu sorri de olhos fechados e joguei o restante de cerveja da garrafa direto na boca. Um pouco escorreu pela minha barba e ela passou os dedos e chupou. Chupou como se chupasse algo maravilhosamente saboroso. Claro que isso foi o suficiente para que eu ficasse duro novamente e fossemos para debaixo do chuveiro transar mais uma vez.

Toda vez que ela vai embora sentencia que não voltará mais. Eu sinto receio de que um dia ela cumpra a promessa, no entanto não demonstro. Finjo que não ligo, que não acredito e ela parece não acreditar, tomando minha atitude como um desafio. Eu não quero que ela pare de vir, porém não consigo juntar forças para dizer que quero que volte sempre. Toda a minha força foi gasta com alguém que nunca voltou, logo, tenho por mim que quem quer fica, quem não quer parte sem retorno e isso independe de qualquer coisa que fazemos. As pessoas simplesmente fazem o que elas querem, sem se importarem com qualquer outro que não eles mesmos. Não podemos assumir responsabilidades por coisas que não são de nossa alçada, que não podemos controlar. Uma transa é só uma transa até que os dois resolvam dar mais significado a ela.

De qualquer forma, numa outra situação lá estava eu com outra garota. Esta não era tão magra quanto Lucia, nem tão bela, mas conseguia me fazer gozar com uma habilidade que só ela possuía.
Num dia desses lá estávamos bebendo cerveja até que ela decidiu me chupar.
Chamava-se Priscila e chupava como se sua vida dependesse disso. Um talento pouco visto em todos esses anos de bebedeiras e situações imprevisíveis que já tive. Eu sempre valorizei uma garota que chupe e pareça gostar de fazê-lo. Mas para não me afastar muito do assunto. Eu ganhava uma boa chupada e fumava meu cigarro intercalando com goles de cerveja. Para você que está lendo isso lhe garanto. Não existe problema no mundo que não pareça insignificante quando se está sendo chupado enquanto dá uns traguinhos. Tudo no mundo torna-se mesquinho e sem importância. Eu penso que os programas sociais do governo deveriam substituir as bolsas quase-nada e casas populares por belos e deliciosos boquetes. Todos seriam mais felizes. Você pode aguentar morar de aluguel, o que não se pode passar sem é um boquete bem babado.
Cheguei a pensar nos outros caras, quantos deles passaram ou passarão a vida inteira sem uma chupada sensacional? Ou pelo menos sem viver um momento como eu estava tendo a oportunidade de ter. Ela chupando e eu fumando. Quantos contadores, auxiliares administrativos, bancários, vendedores, garis, formarão famílias, farão tratamento de canal, morrerão de câncer sem serem chupados decentemente, ou terão o privilégio de serem chupados por duas garotas ao mesmo tempo? Olhar para baixo e ver duas cabeças brigando para abocanhar seus pintos. Esses caras podem até dizerem que a vida não é só isso, mas garanto a vocês que todos, sem exceção, lamentarão em seu leito de morte os boquetes de suas respectivas esposas. Digo isso, pois boa parte das mulheres chupam com um sacrifício na alma. Algumas mulheres usam o boquete como moeda de troca e só não conseguem mais porque não fazem decentemente. E eu me vi como um cara de sorte. O Destino tem lá suas crises comigo, mas de tempos em tempos me faz um agrado.

Mesmo assim, ainda existem aqueles caras que se contentam apenas com as calcinhas de suas esposas penduradas na lavanderia de seus apartamentos minúsculos com o fundo da peça amarelado virado para o vitrô da cozinha. E a cada garfada no purê de batata ele sente o gosto do que ele imagina ser o mesmo gosto do corrimento no fundo da calcinha. Tudo isso é só imaginação, claro.
Ainda existem os homens que preferem as garotas que deixam seus absorventes usados fora do lixo do banheiro ou que justamente no dia que vai deixar o sutiã a mostra elas escolhem o mais velho e encardido. Preferem a vida de dormir assistindo a novela e ir ao hipermercado aos domingos. Assim como existem mulheres que preferem os homens que tentam se parecer com o Gustavo Lima com tatuagens de arame farpado e cabelos lamentáveis. Ou os barrigudos que passam a vida mostrando o rego acima do cinto. Que levam as chaves penduradas no bolso da calça. Que usam cuecas vermelhas, amarelas e afins. Homens de sapatenis. Homens que vão até a venda de samba-canção. Aos meus olhos são todos estranhamente doentes, bem como eu deva ser insanamente incomum para alguns. Somos todos estranhos. De uma mediocridade tamanha.


Bento.

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