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Tem uma coisa em relações que precisa ser dita. Nada é o que parece. Sei, é meio clichê. Chega a parecer título de livro erótico que se vende em banca de jornal. Contudo, eu conheci Bukowski na banca de jornal, logo não julgue sem conhecer antes. Pensando nisso, digo logo, nada é o que parece. Entenda; as pessoas escondem o que não aprovam, ou o que acreditam não ser aprovado pela sociedade e hoje em dia se vive cagando regra sobre o que se é permissível ou não. “Será que aprovam?”. “Será que vou ganhar likes?”. “O que será que vão comentar sobre isso?”. Conceitos são ditados pelas mídias sociais, que basicamente se consiste em velhas que ganharam smartphone de seus filhos sentindo-se culpados por não dedicarem tempo suficiente aos idosos e jovens virgens que não fazem amizades na escola e se sentem poderosos quando online. Aliás, somos todos lindos online, é como Nárnia, poderosos e fodões. Aos olhos alheios, claro. Postamos “cozinhando" e logo imaginam que você é basicamente um Master Chef anônimo, mas você está fritando um ovo com bastante dificuldade. Relações são assim também. Ao olharmos um casal de mãos dadas passeando numa noite quente, com a lua desnuda, logo imaginamos que devem ser o casal mais feliz do mundo. É normal imaginar que todas as pessoas do mundo são mais felizes que você. Contudo, o que você não sabe e provavelmente acontece é que a garota deve chupar o irmão dele apenas por vingança, pois ele já a traiu várias vezes confiando que ela sempre vai perdoar, afinal, já perdoou tantas vezes.
Quando vê um casal saindo do mercado e você olha o cara, de rosto marcado pelo tempo e peito avermelhado à mostra carregando sacolas e o saco de carvão. E sua esposa empurrando um carrinho de bebê num sábado ensolarado logo imagina que será um maravilhoso churrasco em família. Um baita pai, uma mãe exemplar e sua pequena cria abraçados e transbordando amor. O que você pode não saber é que talvez este cara quando fica bêbado espanca a esposa na frente da criança, que ele ainda não sabe, mas não é dele e a esposa tem certeza que o dia que souber ele vai matá-la na porrada. E talvez torcer o pescoço do bebê.
E provavelmente você vomite arco íris ao ver um casal de adolescentes. Tão jovens e com tanta coisa para viver e nesse mundo de tanta tecnologia, informação em abundância e com tanta comunicação instantânea eles escolheram descobrir o mundo juntos. Em par. Ao mesmo tempo que se descobrem juntos. O que você pode não enxerga devido a distância é que existe a possibilidade do garotão se sentir extremamente atraído pela rola do amigo quando estão no vestiário do futebol. Que ele já acordou com a cueca molhada depois de um sonho onde ele se lambuzava com a porra quente escorrendo pelo seu rosto vendo seu amigo satisfazer-se com aquilo. O que você talvez não consiga imaginar é que a garota foi constantemente abusada pelo tio, que divide a casa com sua mãe, herança da avó. Que enquanto sua mãe ia trabalhar o tio vestia as calcinhas da garota e obrigava ela massagear suas partes íntimas. Isso tudo aconteceu durante boa parte da sua infância e agora que cresceu ainda acha que ninguém vai acreditar nela. Por isso ela pensa todos os dias em matar o tio e depois cortar os pulsos, mas ainda não se decidiu se mata o tio com uma martelada na cabeça, ou várias, enquanto aquele vagabundo tira o cochilo da tarde, ou apenas corte o pau dele e enfie em sua boca igualzinho ele fazia quando ela era mais nova.
Para não dizer que não falei de amizades, aquelas mesmas que não passa uma semana sequer sem juras de amor e fotos antigas no Facebook. O que elas não contam é que um torce para o outro permanecer na merda, mais forte que torcem por seu próprio sucesso, afinal, ser um falido de merda em companhia de um amigo é até tolerável. O que dói só de imaginar é continuar um verme e ainda ter que presenciar seu amigo ou amiga arrumando um amor, que sendo feliz e realizado. Amigos para sempre, mesmo que seja na merda.
Tudo é uma questão de ótica. O filme que você viu na adolescência jamais te trará a mesma sensação de antes. Algumas coisas são boas só na primeira vez. A maioria de nós tenta reviver relacionamentos de anos atrás achando que dessa vez dará certo, agora que o tempo fez seu trabalho e ambos então mais maduros e melhores. O que você não sabe é que algumas pessoas apenas não melhoram. Outras ainda pioram e tornam-se desconfiadas e traiçoeiras, talvez o responsável por essa pessoa se tornar assim seja você. Sim, temos grande influência nas pessoas que passam por nossas vidas, mas sempre para pior. Afinal, não é maravilhoso poder fazer um monte de merda e responsabilizar nosso passado ou pessoas que passaram? Só o que não admitimos é nos responsabilizarmos pelo monte de bosta que virou nossa vida. Seria demais para nós. Alguém precisa pagar por isso. Não eu. E você?
Bento.
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