domingo, 5 de dezembro de 2010

DORINHA E ADALTO (Parte II)


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Depois de Dorinha sair de sua casa, Adalto chorou, ligou, implorou, mas Dorinha estava irredutível.
Adalto então resolveu parar de tentar, já não sabia mais o que fazer, queria muito ter seu amor de novo ao seu lado, mas não tinha mais jeito, Dorinha era assim, cabeça dura, era capaz até de enganar o amor por suas convicções, por achar que não era mais amada ludibriou o amor. Adalto gostaria de ser assim também, porém não tinha esse dom e na relação entre amor e Adalto o ludibriado era ele.
Isolado, sem sair de casa, bebendo e fumando mais do que dez homens juntos, se martirizava pela perda da amada.
Pôs a culpa em Dorinha, pôs a culpa em si, pôs a culpa em Deus e voltou a pôr a culpa nele próprio.
Não sobrara nada mais daquele bom e velho Adalto a não ser o amor por Dorinha.

Enquanto isso Dorinha resolveu achar alguém que lhe desse valor, que quisesse assumir o compromisso de viver com ela pelo resto da vida e achou.
Achou Berkeliano que era totalmente diferente de Adalto.
Berkeliano era educado, fino, estudara no exterior e voltara para o Brasil há pouco tempo, conheceu Dorinha em um passeio para reconhecer a cidade em que nasceu, afinal, havia tempo que não pisava em São Paulo. Acostumado com as garotas europeias não demorou para que Dorinha chamasse sua atenção.

Dorinha era branquinha, magra, cabelos negros e lindíssima, logo ela e Berkeliano estavam namorando. Depois de dois meses o casório já estava marcado, os pais de Berkeliano de tão tradicionais trataram de ir falar com a família de Dorinha para combinar a festa.
Dorinha estava feliz com o casamento, porém lhe faltava algo. Berkeliano era muito educado, mas nada romântico. Dorinha começou a se lembrar das canções que Adalto fazia para ela no violão e sempre dava jeito de colocar seu nome no meio do refrão.

Berkeliano era muito respeitoso. Respeitoso até demais para o gosto de Dorinha, logo ela se lembrava dos beijos de Adalto, e nos cantos escuros onde se agarravam longe dos olhos dos curiosos quando Dorinha tinha sempre que esfriar os ânimos de Adalto.

Berkeliano era um rapaz tolerante e paciente. Paciente até demais para o gosto de Dorinha, afinal ela sentia falta dos palavrões e grosserias que Adalto falava como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Berkeliano era amável, amável e confiante e Dorinha achava que o fato de Berkeliano não ter ciúmes era porque não a amava e lembrava-se das discussões com Adalto que sempre terminavam com o ciumento pegando-a pelo braço e falando ao seu ouvido o quanto tinha medo de perdê-la.

Dorinha pegou-se pensando que tinha ao seu lado um Berkeliano perfeito, todos gostavam dele, ou pelo menos demonstravam isso em sua presença. Família e amigos aprovavam seu casamento, nas festas era Berkeliano quem chamava mais atenção, mas era toda a imperfeição de Adalto que fazia de sua vida incomparável, inconstante, imprevisível. Fazia com que ela se sentisse viva e sem medo de errar, pois caso errasse, Adalto jamais a julgaria, pois era tão cheio de imperfeição quanto ela.

Dorinha então decidiu buscar em seu inconsciente aquela última conversa que teve com Adalto e chegou a conclusão que os argumentos dele tinham certo fundamento, Adalto tinha razão.
Dorinha foi procurar Adalto e se desculpar, afinal era melhor esperar um pouco mais pelo seu sonho de casar, mas estar ao lado de seu grande amor. Com todos seus defeitos.



Bento.


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2 comentários:

Anônimo disse...

História ta perfeeeita
ansioosa para a continuação
=D

Bento Qasual disse...

Acabou a História!!!
rs