Não sei o que pensam
os sonhadores, aqueles que se deixam levar por boatos do inconsciente
remediando um futuro catastrófico.
Não sei o que pensam
os inocentes. Aqueles que se julgam alheios às peripécias do Destino e se
incluem nos grupos seletos de uma força maior, de Deus, do plano desconhecido e
etc., etc., etc. Não acredito nem em inocentes e nem em planos mirabolantes.
Não sei no que
acreditam os odiosos incontroláveis que se dispõem a apontar seus dedos
gangrenados e pobres ao léu na busca incessante de jogar a culpa em alguém e se
indispõem até consigo mesmo.
Nem sei o que pensam
os felizes, aqueles que têm chaves para todas as portas e desejos realizados.
Num mundo onde todos pisam em ovos, eles flutuam como anjos etéreos
domesticando os infelizes mais ignorantes e desistentes.
Não pense que estou
alheio a tudo isso. Admito minha ignorância, porém observo.
Analiso como
telespectador comedor de pipoca e bebedor de Coca-Cola. Transmito os risos e
lágrimas como num filme de terror-documentário de comédia-romântica-dramática.
Não paguei meio ingresso, assisto num todo, praticando minha pieguice e
fanatismo pelos personagens mais incorretos. Admiro só o que posso visualizar
em mim mesmo. Culpa, culpa, culpa minha, assumo. Nem sempre, digo, quase nunca torço
pelo mocinho tedioso de tão correto.
Deve estar se
perguntando por que faço tanta alusão a filmes e ao cinema. Respondo que é mais
um dos vícios e fracos. Tão fraco e com tantos vícios, que eu insisto em lembrá-los
nas comparações mais inoportunas.
Eu se pudesse faria
filmes tristes, mas sem finais e explico: você nunca verá ninguém sair de uma
sala de cinema reclamando do começo ou do decorrer do filme. As críticas sempre
se tratam do final. Se o mocinho morre, desagradam os hipócritas-bom-samaritanos.
Se o vilão morre no fim, desagrada os antipáticos–underground–antissociais-maquiavélicos.
Ou seja, impossível agradar a todos, tanto quanto agradar-me nessa incessante
tragédia da vida literária que criei para a personagem vivida por mim todos os
dias de minha vida. Tudo bem, talvez não tenha escolhido eu mesmo, talvez me
tenha sido entregue numa incontinência pirata e irreparável de me prejudicar. No
entanto não ligo, não me ligo, não mais, pois não sei o que pensam os deuses, o
Deus, o Diabo, o canhoto. Não sei o que pensam os bons ou os maus, os nômades e
os lázaros. Não sei o que pensam os bárbaros e os civilizados. Só me entendo
com os lunáticos e malucos e doidos e insanos e...
Bento.
3 comentários:
Nossa menino, adorei seu blog!
Parabens!
Lindo texto!!!!
Bem, ao certo ninguém sabe o que qualquer um pensa, na verdade nem mesmo quem pensa sabe, as vezes, o que o faz pensar tal coisa. Ai ai ai,confuso demais essa coisa, mas acho que é por aí. rsrsr
Abraço!
Gostei muito cara. É legal essa diversidade de pensamentos, onde no fundo nós só conseguimos compreender bem aquilo que de alguma forma parece conosco, com algumas exceções, eu diria.
Achei legal também porque me parece um texto que diz muito sobre você, não são simplesmente palavras jogadas a esmo. Eu gosto quando a pessoa se arrisca a se mostrar como é, isso é arte.
Abraço!
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