segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O QUE PENSAM OS MEDÍOCRES?


Não sei o que pensam os sonhadores, aqueles que se deixam levar por boatos do inconsciente remediando um futuro catastrófico.

Não sei o que pensam os inocentes. Aqueles que se julgam alheios às peripécias do Destino e se incluem nos grupos seletos de uma força maior, de Deus, do plano desconhecido e etc., etc., etc. Não acredito nem em inocentes e nem em planos mirabolantes.

Não sei no que acreditam os odiosos incontroláveis que se dispõem a apontar seus dedos gangrenados e pobres ao léu na busca incessante de jogar a culpa em alguém e se indispõem até consigo mesmo.

Nem sei o que pensam os felizes, aqueles que têm chaves para todas as portas e desejos realizados. Num mundo onde todos pisam em ovos, eles flutuam como anjos etéreos domesticando os infelizes mais ignorantes e desistentes.

Não pense que estou alheio a tudo isso. Admito minha ignorância, porém observo.
Analiso como telespectador comedor de pipoca e bebedor de Coca-Cola. Transmito os risos e lágrimas como num filme de terror-documentário de comédia-romântica-dramática. Não paguei meio ingresso, assisto num todo, praticando minha pieguice e fanatismo pelos personagens mais incorretos. Admiro só o que posso visualizar em mim mesmo. Culpa, culpa, culpa minha, assumo. Nem sempre, digo, quase nunca torço pelo mocinho tedioso de tão correto.

Deve estar se perguntando por que faço tanta alusão a filmes e ao cinema. Respondo que é mais um dos vícios e fracos. Tão fraco e com tantos vícios, que eu insisto em lembrá-los nas comparações mais inoportunas.

Eu se pudesse faria filmes tristes, mas sem finais e explico: você nunca verá ninguém sair de uma sala de cinema reclamando do começo ou do decorrer do filme. As críticas sempre se tratam do final. Se o mocinho morre, desagradam os hipócritas-bom-samaritanos. Se o vilão morre no fim, desagrada os antipáticos–underground–antissociais-maquiavélicos. Ou seja, impossível agradar a todos, tanto quanto agradar-me nessa incessante tragédia da vida literária que criei para a personagem vivida por mim todos os dias de minha vida. Tudo bem, talvez não tenha escolhido eu mesmo, talvez me tenha sido entregue numa incontinência pirata e irreparável de me prejudicar. No entanto não ligo, não me ligo, não mais, pois não sei o que pensam os deuses, o Deus, o Diabo, o canhoto. Não sei o que pensam os bons ou os maus, os nômades e os lázaros. Não sei o que pensam os bárbaros e os civilizados. Só me entendo com os lunáticos e malucos e doidos e insanos e...



Bento.

3 comentários:

Paolla Milnyczul disse...

Nossa menino, adorei seu blog!
Parabens!
Lindo texto!!!!

Deise Lima disse...

Bem, ao certo ninguém sabe o que qualquer um pensa, na verdade nem mesmo quem pensa sabe, as vezes, o que o faz pensar tal coisa. Ai ai ai,confuso demais essa coisa, mas acho que é por aí. rsrsr
Abraço!

Lucas Montenegro disse...

Gostei muito cara. É legal essa diversidade de pensamentos, onde no fundo nós só conseguimos compreender bem aquilo que de alguma forma parece conosco, com algumas exceções, eu diria.
Achei legal também porque me parece um texto que diz muito sobre você, não são simplesmente palavras jogadas a esmo. Eu gosto quando a pessoa se arrisca a se mostrar como é, isso é arte.

Abraço!