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Eis que os anos
passam, mas o relógio não anda.
As rugas surgem ao
lado da morte e os pés permanecem intactos e fincados no mesmo lugar.
O sol continua seu
ciclo apocalíptico, a chuva rega as flores nos campos, as violetas nos jardins.
A neblina embaça os vitrais e as crianças brincam de desenhos usando o bafo
quente de seu hálito e a ponta dos dedos pedindo seus desejos mais singelos aos
deuses. Enquanto eu, mantenho a cruz em meu peito servindo somente de enfeite
burlando um religioso que eu poderia ser e nunca fui.
Todavia, minhas mãos
trêmulas só resistem ao prego para levar o cigarro até a boca. É seu único
hábito, seu único prazer. Não existe mais o entrelace dos dedos, o atrito dos
nós.
Como um filme em preto
e branco, um drama de quinta categoria, as personagens surgem e somem sem
qualquer explicação, sem enredo digno de atenção. Nem para ser chamado de trash
ou clean, ou clássico servem. Não se inventa um gênero para isso, não merece os
festivais, pois, a mente falha adapta o presente e o futuro conforme os lapsos
de memória do passado. As personagens, os roteiros, os cenários? Nunca serão
relíquias de colecionador, foram esquecidas.
Do elenco, o ator
principal foi o mais mal pago, o menos reconhecido.
Não houve imprensa,
nem entrevistas e os créditos no final da película só continham seu nome como
punição. Nunca por glamour.
O diretor é
desconhecido, o roteiro tão velho quanto andar para frente e o figurino, bom,
era melhor quando não existia. Porém, como todo filme ruim com orçamento
irrisório, sempre existe grande possibilidade de uma sequência. Com outros personagens e cenários mais divertidos, ou não.
Bento.
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