terça-feira, 2 de outubro de 2012

VIDA DE QUINTA CATEGORIA


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Eis que os anos passam, mas o relógio não anda.
As rugas surgem ao lado da morte e os pés permanecem intactos e fincados no mesmo lugar.
O sol continua seu ciclo apocalíptico, a chuva rega as flores nos campos, as violetas nos jardins. A neblina embaça os vitrais e as crianças brincam de desenhos usando o bafo quente de seu hálito e a ponta dos dedos pedindo seus desejos mais singelos aos deuses. Enquanto eu, mantenho a cruz em meu peito servindo somente de enfeite burlando um religioso que eu poderia ser e nunca fui.
Todavia, minhas mãos trêmulas só resistem ao prego para levar o cigarro até a boca. É seu único hábito, seu único prazer. Não existe mais o entrelace dos dedos, o atrito dos nós.

Como um filme em preto e branco, um drama de quinta categoria, as personagens surgem e somem sem qualquer explicação, sem enredo digno de atenção. Nem para ser chamado de trash ou clean, ou clássico servem. Não se inventa um gênero para isso, não merece os festivais, pois, a mente falha adapta o presente e o futuro conforme os lapsos de memória do passado. As personagens, os roteiros, os cenários? Nunca serão relíquias de colecionador, foram esquecidas.
Do elenco, o ator principal foi o mais mal pago, o menos reconhecido.
Não houve imprensa, nem entrevistas e os créditos no final da película só continham seu nome como punição. Nunca por glamour.

O diretor é desconhecido, o roteiro tão velho quanto andar para frente e o figurino, bom, era melhor quando não existia. Porém, como todo filme ruim com orçamento irrisório, sempre existe grande possibilidade de uma sequência. Com outros personagens e cenários mais divertidos, ou não.


Bento.

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