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Passei a contestar o
fato de trabalhar o mês todo e o salário nunca - repito - NUNCA durava o
bastante, assim passei a me interessar por política e para quem eu estava dando
meu voto de confiança. Assim como na vida que percebi que eu já escolhia quem
eu queria por perto ou não.
Algum tempo se passou
e assim como o país minha vida financeira melhorava, mas nada que a inflação e
os juros do meu cartão de crédito não tratassem de acabar com minha alegria.
Minha vida sentimental
fora tomando rumos extremos e meus defeitos vinham à tona como espinhas na adolescência.
Bem como os mensalões e quedas de ministros. Então um dia decidi que precisaria
fazer alianças para governar minha vida que já era quase uma guerra civil, logo,
criei uma lei de que passaria longe de qualquer mulher comprometida. Como se
estivesse de frente à uma prateleira de supermercado e deixasse de escolher
produtos que não tivessem acordos de redução de tributos para importação.
Afinal, ser amante é
como pedir empréstimo, depende da disponibilidade de crédito para enfim, gozar.
Foi quando me tornei
presidente de minha vida. Eleito com cem por cento de aceitação sem segundo
turno.
Nomeei alguns
"desconhecidos" do qual eu confiava plenamente para me ajudar como
ministros. Raul Seixas, por exemplo, era meu Ministro do Planejamento, indicando
caminhos certos e investimentos de alto risco no qual eu poderia chamar de
"maluquices características em torno de autoabsolvições".
Já Nélson
Rodrigues era o meu Ministro da Justiça, com ele aprendi que, até os caminhos
mais prazerosos podem acabar mal e, os caminhos não tão prazerosos assim podem
acabar piores ainda.
André Vianco era meu
Ministro da Cultura e me ensinou a acreditar no inimaginável, apostar no que
ninguém acredita, afinal, o credo é uma opção de escolha.
Fabrício Carpinejar me
influenciou a ver as coisas mínimas, a solidão das multidões e a alegria de uma
tarde de barriga para cima no sofá calçando apenas meias. Portanto, era meu
Ministro de Relações Exteriores.
Por fim, Bukowki, o da
Casa Civil, me mostrou que até os mais sérios políticos têm seus dias de fúria,
com drinks em festas particulares e prostitutas descartáveis e ensandecidas em
busca de peças para completar o vazio de suas vidas, bem como eu.
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