domingo, 18 de maio de 2014

ALGUMAS PESSOAS BEBEM E PARAM. EU NÃO INVEJO ESSAS PESSOAS

-

Uma das poucas coisas que eu acho aceitável no Brasil é a quantidade de feriados. Evidente que alguns especialistas dirão que numa sociedade séria isso seria inadmissível, portanto soa-me um tanto incoerente de minha parte, porém nunca enganei ninguém falando que eu gosto de trabalhar. Como diria Bukowski: trabalho só serve para manter quatro paredes em volta da gente, um homem que tem quatro paredes pode vir a dominar o mundo. Eu diria que trabalho serve para ter quatro paredes e uma garrafa de qualquer coisa alcoólica. Existem momentos em nossas vidas que qualquer coisa alcoólica, por pior que seja, já é um bom motivo para sorrir. Evidente que eu já passei desta fase e posso me dar ao luxo de escolher o líquido que vai me embriagar, por isso, em vista de mais um feriado, tratei de abastecer o frigobar com felicidade gelada e o balcão caseiro com felicidade quente, com isso planejei "viajar" todos esses dias de folga e foi o que fiz.

Conheço algumas pessoas que bebem um pouco e param, como quem guarda alguma coisa para o futuro, ou esconde alguma coisa. Bem, eu não invejo essas pessoas. No caminho de volta da loja de bebidas vi um cachorro morto e pensei; este poderia ser qualquer um de nós. Nunca entendi, por exemplo, a frase sobre copo meio vazio e copo meio cheio, acho um desperdício de qualquer forma. Eu sempre esvazio o copo e encho de novo e sigo assim até que não sobre mais nada. Notou a diferença?

Pensei em guardar o feriado para escrever e acabou que não dando certo, acabei recebendo visitas que trouxeram mais visitas e no fim demos uma festa que durou dias e tive que expulsar algumas pessoas, caso contrário estariam em casa até hoje. Quando se está bêbado numa casa cheia de outros bêbados não há espaço para privacidade. Divide-se pensamentos, quartos, cama, banheiro e tudo é uma coisa só. Copos passam de boca em boca, cigarros passam a não ter dono e todos se alimentam da embriaguez do outro, bem como o soluço, ao beber com alguém bêbado acabamos ficando bêbados igual. Bebíamos e ouvíamos música, gemidos, conversas paralelas e chegamos à conclusão que ao beber despertamos instintos que sequer conhecemos. Sempre fui um cara de beber para ficar bêbado e gostar disso, me gosto mais bêbado que sóbrio, inclusive gosto mais das pessoas quando bêbado. As melhores coisas da minha vida eu fiz bêbado, talvez as piores também, mas não vou tirar o tesão do momento por causa de algumas pequenas coisas. O fim nunca será mais importante que o começo, exceto quando estamos falando sobre sexo.

Outro dia estava eu no bar e encostou um cara, daquele típico cara que joga dominó na frente do boteco e pendura a chave do carro no bolso junto com o pé de coelho. Barrigudo, um cavanhaque que ele deveria manter desde a adolescência e careca, uma careca lustrosa. Me ofereceu um drink, eu neguei e isso foi motivo suficiente para ele achar que poderia puxar conversa comigo. Nunca fui de conversar muito no bar porque caras de bar normalmente são mentirosos e esse indivíduo não era diferente. Ele dizia-se muito rico e já tinha comido mais de quinhentas mulheres só nas horas que passamos ali bebendo, que foi o tempo que ele teve para contar mentiras. O fato é que a maioria das pessoas mentem quando falam sobre sexo. Algumas pessoas aumentam, outras diminuem os fatos, mas todos mentem. Anos atrás, quando eu tinha um pouco mais de humor conheci uma garota que falava quase que sem respirar. Estávamos sentados numa mesa bebendo algumas cervejas e ela falava, falava... Já tinha feito de tudo. Sexo com três caras, três garotas, dizia que tinha feito sexo numa moto em movimento e tudo mais. Com ela era sem pudor, ela dizia. Fazia o diabo e poucos homens era páreo para ela. Eu logo entendi aquilo como um desafio e eu tenho um sério problema com desafios e apostas, pois normalmente venço e vitórias viciam. Como eu não corro de desafios fui preparado e concentrado. Pedi duas doses de whisky, virei as duas, uma após a outra e saímos daquele bar medíocre para um lugar que pudéssemos ver o circo pegar fogo.
Adianto que a tal garota não era grande coisa, não tinha um rosto que faríamos nos sentir orgulhosos de andar de mãos dadas ao seu lado, mas é difícil ter alguém com o dedo em riste mirando seu rosto dizendo-se melhor que você. Já no quarto o whisky começara a fazer efeito e todo homem sabe que whisky retarda o prazer mais que qualquer coisa neste mundo. Naquela luta as doses misturadas com uma porção de cerveja seria minha armadura e partimos para a briga. Era tudo mais-ou-menos e a garota era uma boneca, a única vez que se mexeu foi para ir até o banheiro. Acabou que eu mandei a garota à merda e fui brigar sozinho em casa. Mas tudo bem, isso não é motivo para se matar, no máximo mais três ou quatro doses de whisky para esquecer a noite ruim.
Eu nunca fui bom em matemática, mas sei que as estatísticas são cruéis. Quanto maior o número de vezes que você repete uma ação maior é a chance de alguma coisa sair errado. Se eu não estivesse tão bêbado nas aulas de matemática eu poderia dizer que alguma professora minha já tinha dito isso. De qualquer forma, o que eu quero dizer é que quanto mais garotas você conhece, maior é a chance de você se dar mal ou deparar-se com coisas bizarras.
Teve uma outra garota, e reparem que em nenhum momento citarei nomes porque não importa, essa garota tomou toda a atitude, desde o convite para beber uma cerveja até o convite para sairmos do bar para um lugar com quatro paredes que nos fornecesse privacidade. Não importa quantas vezes uma garota tome a atitude do convite para o sexo, isso sempre causará surpresa e não é só porque torna as coisas muito mais fáceis, é porque sai daquele estereotipo de mulherzinha que precisa ser enganada. Talvez isso venha causar certo incômodo para quem estiver lendo e tomarão o fim da história como uma vingança do destino contra a opinião divergente do autor, mas eu não acredito nisso, acredito na lei da estatística. Então, voltando ao bar - bebemos cervejas até não caber mais garrafas da mesa e foi quando recebi o convite para saímos de lá. Eu conhecia todos os motéis próximos, dos mais caros até os cubículos que dividíamos com baratas. Pendurei a conta no bar e fomos procurar privacidade.

Não me lembro bem do motivo pelo qual não conseguimos um quarto. Talvez o fato de ser sexta-feira 13, talvez pela idade da garota que era segredo até aquele momento, o fato é que decidimos pegar o trem para minha casa e continuar bebendo por lá. Eu, como todo bebedor de cerveja que se preze, mijava de cinco em cinco minutos e tratei de procurar um banheiro de algum bar. Já a garota não se rendeu à sua bexiga dizendo ter nojo de banheiros de bares. Entendam, naquela noite bebemos litros e mais litros de cerveja e ela não tinha se esvaziado nenhuma vez. Eu deveria ter previsto algo do tipo, alguma coisa estava ou tornar-se-ia muito errada com o passar do tempo.  Resumindo a história, já dentro do trem a caminho de casa, a tal garota de atitude que tinha nojo de banheiros de bares e que segurava a vontade de urinar por muito tempo acabou se aliviando ali mesmo, no trem, na minha frente e de mais três ou quatro bêbados que também voltavam para suas casas. Aliviou-se ali, com sua calça jeans mudando de tom devido ao líquido quente escorrendo pelas pernas.

Entende o que eu digo sobre estatísticas? Se você está praticando tiro ao alvo com bitucas e acerta as três primeiras vezes que tenta, as chances de acertar a quarta são bem pequenas. Com mulheres também é assim, quanto maior o número mulheres que você conhece maior é a chance de encontrar esse tipo de situação digna de ser contada em um bar com os amigos tomando cerveja e falando merda. Ainda não é motivo para cortar os pulsos, é só uma história que arrancará risadas e pronto. Mesmo assim eu admito que estou enchendo linguiça. Há duas semanas que eu tento terminar esse texto e não consigo. Não consigo porque duvido da qualidade de tudo que escrevi até agora. Escrevi e apaguei e escrevi e tornei a apagar pois tudo era uma merda do tamanho do mundo. Numa de minhas tentativas isto seria um conto, um péssimo conto, por sinal, onde eu conversava com um bêbado irritante no bar, porém, não sei se leram, mas publiquei algo semelhante duas semanas atrás, que já era semelhante ao que tinha postado três semanas atrás, portanto apaguei e me ofendi por ser tão repetitivo. Fiz mais quatro ou cinco tentativas depois destas e todas eram uma merda e esta, muito provavelmente não seja melhor, mas também, que se foda. A maioria das pessoas que leem isso regularmente não estão com essa bola toda, então vamos nos contentar com o que temos hoje, amanhã é outro dia.



Bento.

-

Nenhum comentário: