sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A MERDA DE UMA PORRA DE UM SÓSIA? CONVENHAMOS...

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Não me fode, pois meu pau é maior e na minha vez você estará fodido. Não! Não quero com isso dizer que sou melhor ou pior, quero apenas dizer que dentro de uma média nacional, sim! Eu sou fodão. Mas quem liga para isso?

Bem, voltemos a falar sobre toda a merda que presenciamos; a internet por exemplo, é um antro de mediocridade. Vejo isso pela minha cachorra que é um exemplo de personalidade; fiel, carinhosa, esperta. E eu nunca a vi acessando o Facebook. Deve haver uma lição nisso tudo.

Existe uma característica que eu admiro muito nas pessoas; a singularidade. Quanto mais original melhor. Independe de talento ou etc. Desde que conquiste-me o interesse. Eu sou um desinteressado por natureza. Um broxa de carteirinha. Nasci com a ânsia de explodir e queimar coisas e eu mesmo fazer melhor e neste caso, quando me sinto capado no intuito da superação eu muito que me admiro.

Bom, espero não me tornar clichê com isso, mas volto a falar de garotas. Afinal, se você que está lendo isso agora e é homem nada mais justo que leia sobre algo interessante e o que é mais interessante para você do que garotas? Com certeza interessa homens dos 11 anos até os 95.

Se você que está lendo é uma garota nada mais justo que esse tipo de assunto também te faça virar os olhos de desejo, pois ninguém é mais egocêntrica que as mulheres. Só por isso existem centenas de revistas, sites e programas de televisão dedicados a tal assunto. É um grupo fechado.

Então eu tenho de dizer; tem uma garota...

Na verdade, é complicado ser tão subjetivo em relação a isso. Recebo tantas mensagens de garotas que se elegem à musa que fico refletindo sobre a minha objetividade falha ou a interpretação de texto péssima dessas candidatas.
Bom, eu assumo meus erros. Porém, no mínimo as pessoas deveriam conhecer-se a si mesmas. Se você que lê isso agora e já teve alguma relação comigo, ou sente que eu perderia o meu tempo escrevendo sobre você, primeiro, leia de novo. Ainda acha que é sobre você? Leia de novo. Ainda suspeita de minha vocação de literalizar nossa relação? Então só o que me resta é dizer; parabéns, você está certa! Ou; Ahhh por favor, limite-se a sua insignificância e se põe no seu lugar.

O que eu posso dizer? São muitos nomes para pouco sentimento, pouca intensidade. Eu não posso escrever para todas porque nem todas me interessam. Ok! Pode me julgar e me chamar de sacana, mas o que eu posso fazer? Sou homem, e por sê-lo tenho o péssimo hábito de me transformar em exatamente aquilo que você deseja, nem que seja por algumas horas. O homem nasceu mais próximo do camaleão do que o macaco. O que não quer dizer que mentimos sempre. Só quando nos é conveniente. Assim você finge que me deseja e eu finjo que estou apaixonado. Você finge que me admira por eu ser um lixo e eu finjo ciúme pelas suas companhias. No fim somos fingidores sacanas que só precisam de atenção e afeto - mesmo que falso - para nos sentirmos vivos.

Mas eu enrolei e enrolei para falar da tal garota. Bem, eu não me importo. Falando ainda de beleza e corpo desejável, tenho de dizer que Deus, o Diabo ou o Destino foi muito bom comigo em relação a isso. Afinal, vamos combinar; isso não me apetece por ser natural. Todo mundo sabe, digo que é um plus. Claro! Olhe para mim. Não me permito beleza menor do que aquela que me deixa constrangido. Se não for uma beleza cruel eu sequer perco o meu tempo. Tenho um histórico a zelar. Faz parte do personagem. O que me interessa é o tal conjunto que impregna, só que no desejo de conjunto desta garota me falta coisas que eu não desejo. Pois eu só preciso daquilo que me é indispensável. E se esse é o preço para possuir tamanho prêmio, eu passo. Já passei, faz tempo. As promessas atuais não me farão mais feliz do que as anteriores de beijos em segredo. Quero beijos e pronto. Simplesmente beijos e afeto. Beijos e libido. Se quisesse promessas jogaria na loteria. O que eu quero é mais intenso, sempre foi. Mas minha intensidade é difícil de acompanhar. Falei da garota que foi atrás de um sósia? Pois bem, jamais será mais do que um sósia. Será sempre uma porcentagem inferior partindo do princípio de ser a merda de uma porra de um sósia. Pelo bem ou pelo mal, é difícil superar-me.



Bento.

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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

JESUS! ACABOU O PAPEL HIGIÊNICO

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Curioso como o meu dia começou hoje. Eu acordei e descobri que estava trancado no meu quarto. Há tempo que a fechadura da porta está com problemas e por vezes ela trava e só é possível abrir pela parte de fora. O problema é que eu durmo na parte de dentro do quarto, bem, normalmente durmo na parte de dentro.

Outra coisa curiosa é que eu não via muito problema quanto a ficar o dia todo trancado. Eu tenho tudo aqui dentro; bebidas, banheiro, TV, internet, porém, lembrei-me que não tinha cigarros. Na verdade eu tinha uns oito ou dez cigarros, mas do jeito que eu fumo isso não duraria por muito tempo. Foi quando começou a bater um certo desespero.

Antes que me pergunte sobre o motivo pelo qual eu não tentei pular uma janela ou arrombar a porta eu já respondo. Já disse uma vez aqui que meu quarto não tem janelas, somente vitrôs. E eu não poderia arrombar a porta, pois teria de arrumá-la depois e eu odeio arrumar as coisas. Posso afirmar que sou um preguiçoso, mas um preguiçoso só para arrumar coisas. Vou dar um exemplo; em meu banheiro, há uma alça de ferro, daquelas que servem de suporte para prender o rolo de papel higiênico. Então todas as vezes que estou na privada e preciso usar o papel a alça cai. Por vezes, já de madrugada, quando não existe barulho algum em nenhum outro lugar, lá estou eu no banheiro precisando de papel e a alça cai no chão do banheiro fazendo um estardalhaço rompendo o silêncio da madrugada escura.

No entanto, por que eu estou falando de privadas e papel higiênico neste texto? Simples, eu passo horas lendo livros no banheiro. Curioso. Sempre que preciso usar o banheiro eu levo um livro e passo horas por lá, isso é, quando o livro é muito bom e me prende a atenção eu esqueço o que tenho que fazer e fico lá. Só depois vou usar o papel. Escrevo também no banheiro. Bem, a gente nunca sabe quando vem a inspiração e sim, às vezes ela vem quando eu estou no banheiro. Então levo cigarros, café, livros e algumas vezes começo a escrever por lá mesmo.
O que eu quero dizer com isso é que eu deveria arrumar a alça de ferro que segura o papel higiênico, faz tempo que deveria, mas eu odeio arrumar as coisas.

Voltando a falar da porta que estava trancada eu lembrei que meus livros novos que comprei pela internet poderiam chegar hoje. Então, além dos cigarros eu tinha mais um motivo para arrombar a porta. Também lembrei que tenho um canivete e um peso para fazer exercícios. Logo, consegui abri a maldita porta sem fazer muito estrago para ter que arrumar depois. Não muito tempo depois os livros chegaram. Então aqui estou eu no banheiro, finalmente tomando café, fumando um cigarro e decidindo quais dos livros de Stephen King eu vou ler primeiro.

Só que existe mais uma coisa que vocês deveriam saber; eu tenho uma porção de livros bons que comecei ler e não terminei. Não por falta de tempo, claro que não. É por dó. São bons livros, a maioria do Bukowski e eu não quero terminar de lê-los por dó. E também porque talvez eu não goste de terminar as coisas. Ou talvez eu tenha algum problema em terminar as coisas que eu começo. Eu demorei anos para terminar meu livro de contos, até que terminei. Só que demorei anos. Não, eu não demorei para escrever os contos, isso foi fácil, difícil foi juntar todos num mesmo arquivo e formar um livro. Consegui namorar algumas vezes durante esses anos, tive três ou quatro empregos, centenas de casos amorosos e não conseguia terminar o livro. Durante esse tempo eu estudei jornalismo por dois anos, comecei escrever dois romances - sem terminá-los, claro - e não terminei o livro de contos. Agora consegui terminá-lo. Falta apenas revisá-lo mais uma vez e pronto. Quer apostar que isso ainda vai demorar mais uma eternidade? Enfim, espero que não.

Então eu comecei a ler um livro de contos do Stephen, mais um livro que não sei quando vou terminar, talvez eu comece ler outro livro e deixe esse para depois, vai depender do quanto vou gostar.

Uma parte deste livro me chamou a atenção. Quando o autor fala sobre a dificuldade de escrever contos, pois ele sempre se vê tentado a continuá-los. Mas contos não são romances. Contos são curtos e rápidos. Como casos amorosos, namoros são diferentes. Contos são transas descompromissadas. Agora já não sei se essas são palavras minhas ou do autor do livro de contos que estou lendo.

Outra curiosidade é que tenho evitado dar cabo de meus contos, explico; alguns de meus contos novos têm como trama principal personagens que eu já criei no passado, assim dando continuidade às suas histórias. Isso me fez pensar que não é um fato isolado. Eu já fiz isso com alguns relacionamentos também, sabe quando se volta ao passado atrás de garotas das quais as histórias já tiveram fim? Pois é. Algumas vezes dá certo, mas por pouco tempo, o fato é que tenho tido mais sucesso com os contos neste quesito. Uma garota em especial me fez chegar a essa conclusão. É mais ou menos como se eu quisesse escrever um romance, porém ela só esteja disposta a ler contos. Então ela escreve vários destes contos e seria de minha responsabilidade juntá-los para formar um livro, só que eu tenho um péssimo hábito de demorar anos para juntar contos no intuito de formar um livro, como já deixei isso claro.

No entanto eu tenho um problema mais imediato neste momento, é que acabou o papel.


Bento.

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sábado, 21 de setembro de 2013

O ASSASSINATO DE BÁRBARA

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Doutor Quaresma chegara ao seu escritório como fazia todos os dias. Deixou sua maleta 007 com Cassandra e deu bom dia aos pacientes na recepção.

 - Cassandra. Na minha sala, por favor.

Cassandra, a recepcionista seguiu o psicólogo até sua sala.

 - A recepção está cheia hoje Doutor.

 - Pois é. Como tem gente retardada nesse mundo. Todos eles esperando que eu posso ajudá-los com uma palavra de conforto ou que mostre o caminho certo para eles. Uns imbecis...

 - Não fala assim doutor, esqueceu que estou quase me formando?

 - Mas eu dou o maior apoio. Não tem jeito melhor de tirar dinheiro de idiotas do que a psicologia. Claro, exceto se você for algum pastor ou político.

 - Ou os dois. Disse Cassandra.

Hahaha

 - Anda. Temos que ser rápidos.

Os dois riram e Cassandra começou a tirar a roupa.
Quaresma abriu a braguilha e Cassandra sentou em seu colo.

Dez minutos depois Cassandra estava na recepção.

 - Senhor Carlos?

 - Sim.

 - Me acompanhe por gentileza, o Doutor Quaresma vai atendê-lo.

 - Ah sim. Pois não.

Carlos então acompanhou a recepcionista até a sala do psicólogo. A garota fechou a porta e deixou os dois homens sozinhos.

 - Olá, bom dia. Como vai? O psicólogo estendeu a mão para o paciente para cumprimenta-lo.

 - Bem, eu acho. Carlos respondeu.

 - Benedito Quaresma, muito prazer.

 - Muito prazer, Carlos Rodrigues.

 - Sente-se Carlos. Fique o mais à vontade que conseguir.

Carlos sentou-se numa poltrona à frente do psicólogo. De veludo, macia e com suporte para os pés. Muito confortável. Passou os olhos pela sala e pôde ver diplomas emoldurados numa das paredes à sua frente e abaixo deles havia uma escrivaninha de madeira maciça de cor escura. A sala não era muito bem iluminada. Quaresma estava de pé à sua esquerda mexendo num gravador e ajeitando um bloco de anotações. Carlos também pôde ver um pequeno bar do outro lado da sala, com garrafas de whisky e outros destilados. Carlos conhecia todas aquelas marcas de bebidas, pois ultimamente vinha abusando do álcool.

 - Senhor Carlos, o senhor fuma?

Quaresma estava agora com uma cigarreira prateada com suas iniciais "BQ" impressas e apontava para Carlos oferecendo-o cigarros.

 - Posso? Perguntou o paciente estendendo a mão para se servir de um cigarro.

 - Fique a vontade. Gosto de pacientes que fumam, pois assim posso fumar também.

 - Um vício maldito esse, não?

 - Nenhum vício é maldito, maldito é não tê-los.

Doutor Quaresma finalmente sentou-se à frente de Carlos, repousou o gravador na mesinha de centro e começou a fazer anotações em seu bloco de papel.

 - Agora senhor Carlos, quero que relaxe e saiba que tudo que me disser ficará restrito a nós dois devido a confidencialidade entre psicólogo e paciente. Portanto, fique tranquilo para me dizer o que quiser para que eu possa ajuda-lo da melhor maneira possível. Você me entende?

 - Claro.

 - Vou começar confirmando os dados da ficha que preencheu na recepção. Ok?

Carlos balançou a cabeça confirmando.

Carlos Rodrigues, 29 anos, brasileiro, nasceu em São Paulo, solteiro e sem filhos. Profissão: assistente de produção e escritor nas horas vagas. Fuma e bebe socialmente. Enquanto Quaresma lia a ficha de Carlos ele passava mais uma vez os olhos pela sala sem janelas e carpete cor de vinho. Quadros e algumas estatuetas faziam do ambiente um lugar confortável, mas com ar arcaico. Perto do bar um objeto destoava de todas as coisas velhas que tinha ali. Uma guitarra Les Paul vermelho sangue.

 - Está correto?

 - Esse sou eu.

 - Ótimo. Bem, vamos lá. O que te trouxe até meu humilde consultório, Carlos? Posso te chamar só de Carlos?

 - Sim. Bom... É... Estou um pouco nervoso, me desculpe. Nunca fiz isso.

 - Todos ficam. Se quiser posso te servir uma bebida.

 - Não está muito cedo para beber?

 - Melhor cedo do que tarde não é?

Carlos sentia muita confiança na forma de falar do psicólogo. Além da chupada na parte lateral de seu pescoço e a braguilha aberta de sua calça social mais justa que o normal, fazia Carlos ter quase certeza que ele dera uma rapidinha com a recepcionista gostosa antes de atendê-lo. E pelo preço da consulta, as roupas caras, o relógio europeu e a cara de ressaca que Quaresma apresentava, Carlos podia jurar que a recepcionista não era a única vagina que o doutor tinha desfrutado recentemente.

Quaresma apertou o botão REC do gravador e foi até o bar. - Whisky?

 - Sem gelo, por favor.

Benedito serviu duas doses. Entregou o copo para Carlos e voltou a sentar-se.

 - Então, comece me dizendo o que você gosta de escrever.

 - Em geral eu escrevo romances policiais, mas meu primeiro trabalho não conquistou muito a atenção das editoras.

 - Por qual motivo?

 - Porque disseram eles que havia muitos tiros e nenhum mistério.

 - Mistério é importante para um romance policial. Mas mortes me agradam muito se quer saber Carlos. E como se sentiu com a rejeição?

 - Nada demais. Comecei a escrever outro agora com mais mistério.

 - Ótimo ótimo. Confiança é muito bom.

 - É...

 - E o trabalho?

 - Vai bem, serei promovido em breve.

 - Bom, bom.

Quaresma continuava fazendo anotações.

 - Tem namorada?

 - Não.

 - Alguém?

 - Bem, tinha...

 - E?

 - Pois é. É por isso que estou aqui.

 - Então me diz.

 - Tem uma garota...

 - Qual o nome dela?

 - Bárbara.

 - Faz jus ao nome?

 - Sim. Faz sim com certeza.

 - E onde ela está agora?

 - Para falar a verdade, não tenho a mínima ideia.

 - Vocês se veem com frequência?

 - Mais do que eu gostaria.

 - Como assim?

 - Eu a vejo em alguns lugares estranhos.

 - Desculpe, ainda não entendo. Quaresma deixou finalmente o bloco de anotações de lado e bebeu um gole de seu whisky.

 - É... É estranho.

Carlos mostrou-se desconfortável em sua poltrona. Também deu um gole em seu whisky e continuou.

 - Eu não sei quem é essa garota entende?

 - Explique melhor.

 - Não me lembro de onde a conheci. Não sei onde mora, não sei seu sobrenome. Eu simplesmente a vejo em lugares estranhos e ela está sempre linda. Mas não tenho certeza se as outras pessoas conseguem vê-la.

 - Então você acha que essa garota não existe?

 - Não! Sei que ela existe. Só não sei se ela existe para as outras pessoas.

 - Hum, interessante. Benedito voltou a anotar. - Quando foi a primeira vez que a viu?

 - No bar.

 - E ela estava sozinha?

 - Sim.

 - E falou com ela?

 - Na verdade ela quem falou comigo.

 - E como foi?

 - Foi ótimo. Ela é engraçada, boca suja e bebe bastante. Sexy, linda...

 - E você se apaixonou?

 - Sim. Mas não sei... Talvez ela esteja na minha cabeça.

 - Qual foi a última vez que a viu?

 - Ontem de noite?

 - E onde estava ontem?

 - Em casa, bebendo sozinho até ela aparecer.

 - E alguma vez você a viu quando não estava bebendo?

 - No começo não.

 - E agora?

 - Bem, eu estou sempre bebendo.

 - E você não quer mais vê-la?

 - Não.

 - E se parar de beber?

 - Cara. Eu sou escritor. Que espécie de escritor eu seria se parasse de beber?

 - Você está certo. E mesmo assim quer parar de vê-la?

 - Sim. Está me atrapalhando. Quero dizer, eu saio com outras garotas e tal. Mas sempre que acontece ela aparece e fica me olhando e eu me sinto como se estivesse a traindo.

 - Você diz quando está sozinho com uma garota no quarto e ela aparece assim, do nada?

 - Isso.

 - Bom, eu acho que você é muito louco.

 - Como? Carlos assustou-se com a afirmação do psicólogo.

 - Sim, acho que você tá chapado. Um Zé Pinga que tá vendo uma mulher que não existe. Doidão. Mas eu não te julgo. Eu gosto de tomar umas coisas pra ficar louco às vezes.

Carlos não sabia o que dizer. Já vira alguns filmes sobre psicólogos e nunca tinha visto nenhum falar daquele jeito. Quaresma continuou.

 - Eu no seu lugar, se ela é gostosa como você diz, eu faria de tudo para continuar vendo-a. Pense pelo lado bom. Uma garota que transa com você e some sem que você precise ligar no dia seguinte? É quase a mulher perfeita. Mas se você quer deixar de vê-la eu vou tentar te ajudar.

 - É... Nunca pensei desta forma. Mas não acho que seja saudável.

 - Não. Não é mesmo, mas eu não ligo muito pra isso. De qualquer forma... Eu poderia te receitar algumas pílulas, porém, você não vai parar de beber e a mistura de antidepressivos com álcool só vai piorar as coisas. Vamos tentar fazer isso de uma forma não convencional.

 - Como?

 - Mate-a!

 - Matá-la? Carlos agora quase tinha certeza que aquele doutor só podia estar louco. - Está louco?

 - Hahaha não sou eu quem está vendo mulheres que não existem, Carlos.

Carlos calou-se.

 - Preste atenção. A Bárbara não existe, certo?

 - Não tenho certeza.

 - Ora homem. Se ela aparece no quarto enquanto você tá enrabando uma garota qualquer, ou ela é uma ladra que te segue por aí - o que seria melhor ainda - ou um fantasma - e eu não acredito em fantasmas - ou ela está dentro da sua cabeça. Portanto, se matá-la, você estará matando uma coisa que não existe.

 - É. Pensando desta forma...

Quaresma então tomou seu último gole de whisky, olhou o relógio e com um sorriso satisfeito no rosto disse para Carlos voltar na próxima semana para dizer como foi.

 - Acabou o tempo Carlos. Faça isso e volte semana que vem para me dizer como foi. Cassandra marcará um horário pra você.

 - Ok. Obrigado pelo whisky.

 - Não agradeça. Até logo.

***

No mesmo dia, Carlos marcou um encontro com Bárbara, em seu apartamento. Na verdade não tinha como contatá-la, sem celular, sem endereço, no entanto sabia que toda vez que estava sozinho e começava beber conhaque, sozinho e ouvindo música, ela aparecia. Colocou todos os seus vinis antigos e nada da Bárbara aparecer. Estava quase no fim da garrafa e caso ela chegasse ao seu fim ele teria de sair e ir até o posto de gasolina mais próximo para buscar algo mais forte para ficar bêbado e finalmente ver Bárbara. A garrafa acabou e lembrou-se que tinha um pouco de erva numa das gavetas do armário da cozinha. Assim enrolou um cigarro de maconha e decidiu fumar para ver se obtinha sucesso e nada da Bárbara aparecer.

 - Parece que ela está prevendo, porra!

Parecia que ela estava prevendo. Carlos fumou o cigarro, ficou sonolento, mole, quase dormindo. Porém sabia que não podia dormir. Aquilo teria de acabar naquele dia. Resolveu levantar-se do sofá e ir até o posto buscar uma garrafa de vodca. Sabia que com vodca era quase certeza que Bárbara apareceria. Voltou ao apartamento, abriu a garrafa e serviu-se de um copo longo de chope cheio de vodca. Virou o primeiro com dificuldade. Quase gorfou, mas conseguiu se segurar. Serviu outro e esse bebeu devagar.

Depois de algum tempo bebendo e ouvindo música finalmente Bárbara apareceu.

 - Você sequer me citou em seu último texto...

 - Desculpe. Mas foi um texto encomendado. Por mim eu só escreveria sobre você.

 - Hahaha mentiroso. Estava me esperando?

 - Desde cedo. Você demorou!

 - Desculpe. Estava bebendo com uns amigos.

 - Venha aqui. Sente-se. Quer vodca?

 - Não sei. Estou meio bêbada.

 - Ah venha. Só um pouco...

 - Ok.

Os dois beberam durante mais algum tempo e conversaram sobre futilidades.
Carlos confessou-lhe que fora ao psicólogo para entender a relação dos dois.

 - E o que ele disse?

 - Me deu força. Disse que se eu gosto de você então que leve isso pra frente. Inventou Carlos.

Os dois já estavam um pouco sonolento quando Carlos decidiu usar a almofada do sofá da sala para agredir Bárbara. Com a almofada pressionada com muita força no rosto de Bárbara tentava fazê-la perder o ar. A garota debatia-se e tentava gritar, porém o som era abafado pela almofada. Carlos manteve a almofada pressionada com força depois mesmo da garota parar de se debater e tentar gritar. Para ter certeza de que tinha obtido sucesso.



terça-feira, 17 de setembro de 2013

VENDE-SE BOM SENSO - DESCONTOS ESPECIAIS PARA APOSENTADOS E PENSIONISTAS - E SE VOCÊ LIGAR AGORA...

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Trabalhando em plena segunda-feira com uma ressaca que não me permitia sequer abrir os olhos e mal levar o cigarro até a boca resolvi fazer uma experiência.
Após ver tantos homens andando pelas calçadas da cidade com belíssimos sapatos sem meias, mesmo achando um pouco anti-higiênico resolvi experimentar para poder falar com conhecimento de causa.

Notei que minhas glândulas sudoríparas localizadas nos pés são mais dedicadas que as outras e me senti em plena segunda, mesmo estando abaixo de um ar condicionado, como se estivesse com os pés numa salmoura.

Concluo assim que, na grande maioria dos casos, o que serve para os outros, não necessariamente me servirá.
Isso serve para outras coisas também.

Trabalho com um garoto que usa o mesmo corte de cabelo que o Neymar. Sem tirar nem por. Mas o Neymar, com perdão da redundância, é o Neymar. Craque de bola, jogador internacionalmente reconhecido e milionário. O Neymar pode ter o cabelo que quiser e mesmo que queira usar sapatos sem meia, ele pode.
Já o garoto de escritório que pega ônibus e metrô lotados no horário de pico matinal tende a ficar um tanto quanto ridículo.

A história se repete quando falamos de moda. Veja, longe de mim querer invadir a área profissional de Glória Kalil, mas existem algumas peças do vestuário feminino que deveriam ser proibidos principalmente para as gordas.

Antes que minha cabeça seja alvo de pedras já adianto que foi um comentário puramente estético, não quero e nem vou separar os gordos do resto da sociedade e atirá-los em câmaras de gás. Talvez os gordos petistas e peemedebistas, mas isso é assunto para política e não vem ao caso.

Uma vez na fila do banco vi uma moça com seus vinte e poucos anos, quase tão baixa quanto alguém com ananismo e tantos quilos quanto uma balança doméstica pode contar usando uma blusa que em mim, com meus 60 quilos, mantidos com uma dieta à base de cerveja, whisky e cigarros seria bem difícil de entrar. Ok! Eu mesmo defendo a liberdade de qualquer indivíduo parecer ridículo onde quer que vá. Assim como defendo o direito das outras pessoas de olharem com desdém tamanho pecado estilístico, pois se o que é bonito serve para se mostrar, o contrário é sim verdadeiro.

Isso é a essência da maquiagem, esconde-se os defeitos e destaca-se as qualidades. Se a gorda da fila teve o bom senso de se maquiar - de forma discutível, mas dou pontos pela intenção - por qual motivo não teve para se vestir?
Ainda ouço a gorda em questão dizer para a dona atrás dela que o seu problema não era o peso e sim a altura, numa teoria infundada de que deveria crescer e não emagrecer. Já deixo claro aqui que também sou a favor das pessoas se enganarem o quanto quiserem, eu mesmo digo que sou vítima de meu próprio estelionato, diariamente.

Sei que surgirá, no entanto já repúdio qualquer argumento de que a sociedade impõe um padrão estético e que o capitalismo tal e tal... Atire a primeira pedra quem nunca consumiu chá verde, quem nunca fez dieta do miojo entre tantas outras coisas. Eu sou o primeiro a criticar o vício de exercícios que criou-se em busca do corpo perfeito, mas também me traio querendo ser um pouco mais forte que meu corpo magricela aparenta, mas eu falo de bom senso e nada mais.
Mulheres musculosas se enquadram também no grupo de pessoas desprovidas de senso autocrítico e isso, ou você tem, ou não tem.

Eis onde quero chegar, tem gosto para tudo, essa é uma verdade incontestável. Porém acredito que o bom senso é para qualquer civilização, tão mais importante que a própria educação como base desta.

De qualquer forma, minha opinião é só minha opinião. Não trate de valoriza-la mais do que ela realmente merece.



Bento.

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terça-feira, 10 de setembro de 2013

QUAIS SUAS INTENÇÕES COMIGO?

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Sei que pode ser um pouco tarde para lhe perguntar isso: mas quais as suas intenções comigo? Pareço agora um pai inquisitor do século passado, mas qual a sua intenção comigo, ou melhor, quais eram suas intenções comigo? Afinal, acredito que isso já virou passado. Para mim virou passado recente, para você nunca foi presente, sequer futuro.

Bem, adianto-lhe: minhas intenções com você sempre foram as piores possíveis. Desejei lamber-te dos dedões dos pés até as orelhas. Passando por suas costelas à mostra devido a magreza e chupar-te até desatar a esfera do piercing que tenho na língua com a ajuda de sua pélvis. Incessantemente, incansavelmente, prazerosamente. Abriria mão de minha ereção, apesar de ser inevitável, afinal, trazendo-lhe tanto prazer eu chegaria ao ápice da libido tão logo. Claro que como um gentleman que sou, só após você, primeiro as damas. No entanto, quais suas intenções comigo?

Desculpe-me o linguajar. Talvez não esteja acostumada com tanta sinceridade, pelo menos com uma verdade tão invasiva. Só que sou um homem que já não tenho nada mais a perder. Quais as suas intenções comigo?

Ora, ora. Não quero que pense que minhas intenções com você tratam-se somente de libido, todavia eu já expliquei-me tanto sobre todas as outras coisas que me tornei clichê e eu odeio clichês. Para não cometer tamanho pecado com minha literatura deixo de lado e falo somente sobre o que ainda não disse. Menos açúcar, mais limão e neste caso, me dou razão quando digo: o limão é sempre mais azedo quando está só.

Abro um parêntese agora para dizer que nossa atual relação de ação e reação através da escrita é o mais próximo da realidade do que qualquer diálogo que tivemos durante meses Só que sinto em dizer: Foi fraco, bem fraco. Fico imaginando sua vontade de dar uma resposta aos meus textos e penso que ainda falta muito. Precisa praticar mais. Eu já achava que você era melhor que isso, hoje não tenho tanta certeza. Na intenção de usar palavras fortes para despejar toda sua melindragem em forma de insultos no máximo faz lamentar-me, não pela tentativa de agressividade, mas pela mediocridade do insulto. Eu creio que merecia, pelo menos, um texto melhor. Não é opinião, é a verdade. Gosto assim.

Deixando todo o clichê de lado e destilando toda a minha amargura de solitário por todo o processo de enclausuramento que eu já citei antes assumo que de todas as suas opções eu sou talvez a pior. Talvez? Não, não. Sou a pior opção de todas as opções em toda a história. Enquanto você, que diz utilizar-se da razão está mais que certa. Mas qual a sua intenção comigo? Pois se for como amigo, esquece! Sou o pior amigo de todos os tempos. Um amigo horrível, tanto que eu mesmo desdenho de minha amizade.
Tenho amigos com filhos que sequer conheci. Tamanho meu insucesso em amizades que estes filhos atingirão a maioridade, entrarão na faculdade e sequer terão um rosto ou um timbre de voz para ligar a minha imagem. Logo, não cometerei a heresia de ser seu amigo. Jamais!

Pode me chamar de cuzão, covarde, caipira, bundão, calhorda. Crie insultos se quiser, tão criativa que tu és, estará sempre certa. Só não me peça o que eu não posso te dar. Como amante sou melhor, sempre fui.
Melhor que ser filho, irmão, amigo, empregado, fui amante. Não sempre, mas aprendi com os erros. Talvez devido aos traumas, me tornei um amante incrível e um ser humano péssimo. Sou desatento e escroto até comigo mesmo, mas me cobro para ser um amante venerável. Os fins justificam os meios.

Quais são suas intenções comigo?

Insulte-me, me bata, me maltrate, porém me ame. Eu até gosto de uns tapinhas de vez em quando. Uma vez ganhei um tapa no rosto em público tamanho a canalhice que fiz e me senti orgulhoso. Não por ter sido canalha, claro que não, mas por tamanho sentimento que aquele tapa significou. Ninguém estapeia outra pessoa por nada, sem motivo. Expurgue-me, porém me deseje.

Ou você pode continuar com sua autoflagelação e vitimismo fazendo de si o veneno do mundo. Entretanto confesso-lhe que este não é seu melhor personagem. Eu sei, porque já atuei na mesma peça, com o mesmo personagem e ele cai melhor em mim, mesmo assim abandonei-o, mesmo traindo minha vaidade. Fez um sucesso danado, só que neste caso, o fim não justifica os meios. Por muito tempo ele impregna na pele e é quase impossível largá-lo. Saia dessa antes que seja tarde. Caso contrário tornar-se-á uma poetisa ranzinza igual a mim e já temos tanto em comum não precisamos de mais. Prefiro perder-te para outro alguém do que para você mesma.



Bento.

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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

LISTA DOS 10 + INÚTEIS DA CATEGORIA DE ESCRITORES INÚTEIS E MAIS MAL PAGOS DA HISTÓRIA DE TODOS OS ESCRITORES INÚTEIS E MAIS MAL PAGOS

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Há mil anos eu queria ser rico, muito rico. Tão rico a ponto de queimar dinheiro. Porém pensei que só os loucos queimam dinheiro, logo, refletindo profundamente sobre meu desejo de infância, percebi que por trás de meu desejo de ser rico, na verdade eu queria ser louco. Vendo por esta ótica, hoje sou um homem realizado, já posso morrer em paz.

Mas não é disso que eu quero falar. O que eu realmente preciso deixar transparecer é o motivo de tudo isso. Não que eu tenha que justificar-me, pouco importa para você, eu sei. Sou só um babaca. Não faz nenhum sentido perder meu tempo, no entanto, odeio fazer sentido e eu tenho tempo de sobra. Se tempo é dinheiro então eu deveria estar na Forbes, como um dos jovens mais promissores da alta sociedade.
O que eu realmente quero dizer é que o excesso de tempo me deixa sem horizontes, eu sei, sei que eu sempre quis isso, desejei com todas as forças ter um tempo só para mim. Porém, descobri que esse tempo era todo seu.

A vida precisa fazer sentido, na minha opinião. Meu corpo pede, precisa fazer sentido. Não eu, a vida precisa. Pois então, tudo isso só faria sentido caso eu estivesse ganhando as fichas e neste caso eu apostava alto e só o que conseguia era ver minhas fichas indo para o centro da mesa sem volta. Tenho o vício do pôquer, então se não me entende em minhas alusões peço desculpas. A vida precisa fazer sentido e simplifico dizendo que fichas são beijos. Uma mão boa seria quando você me colocaria em seus planos e seus abraços ou qualquer carinho representaria um Full House. Nossas pernas finas entrelaçadas significariam um All Win sem precedentes. Entraria eu para o Hall Of Fame dos maiores jogadores de todos os tempos.

Eu sou um bom jogadores, droga! Eu sou um bom jogador e sei quando sair de uma mão que não irei ganhar. Esse é todo o segredo do jogo. Não basta saber blefar, haverá de se sair bem quando tiver a humildade de saber que está numa mão ruim e desistir para começar de novo na próxima rodada. O jogo só acaba quando termina as fichas. Só que fora isso eu ainda estou na lista dos dez mais inúteis da categoria de escritores inúteis e mais mal pagos da história de todos os escritores inúteis e mais mal pagos.

Agora eu chego num devaneio para explicar algo maior que pode ser que chegue a um sentido maior nisso tudo, não espero sucesso, mas se tiver sucesso você pode me dizer depois.
Eu tenho um grande amigo de infância que me conhece como a palma da mão dele. Nós já fomos grandes atletas e quem me conhece sabe que eu não tenho nem trejeitos de atleta, mas já fomos. Poderíamos ter sido grandes atletas profissionais, talvez nossa loucura e vício em álcool nos tenha impedido de chegar lá.
Éramos grandes atletas, com qualidades singulares em todo nosso grupo de amigos e jogávamos futebol numa quadra pública com todos os piores elementos de nosso bairro. Ladrões, drogados, traficantes, garotos de programa, políticos e etc. A quadra era pública, logo, qualquer um que chegasse com disposição jogava contra nós e tínhamos um talento nato de humilhar pessoas com nosso talento.
Num dia como qualquer outro chegou um grupo de chilenos, mas bem que poderiam ser bolivianos, peruanos, nunca se sabe. Eles eram todos brutamontes e eu era só isso que eu sou, pele e ossos e cigarros. Venceu a origem brasileira para o futebol, o talento clichê para o tipo de esporte. Fizemos o que queríamos, quando e quanto queríamos. Coube ao grupo partir, da quadra, não do país. Todavia, humilhados. É praticamente isso, em seu talento clichê de me deixar para escanteio, eu parto - da quadra, não do país - sem mais.



Bento.

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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

NUM PUTEIRO EXISTEM MENOS MENTIRAS QUE NAS IGREJAS

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Nesses dias eu estive pensando seriamente em entrar para o grupo dos modernos e comprar um celular novo. Sabe? Essas coisas modernas que fazem de tudo até ligações. Bom, eu posso comprar, porém pensei e pensei.

Se me convidar para bebermos, atravessar São Paulo inteira conhecendo todos os bares desde os pubs mais finos, com moças típicas de capas de revistas e cervejas à preço de ouro com rapazes musculosos calçando aqueles terríveis sapatênis com cabelos penteados cuidadosamente para o lado, até os botecos mais podres nos becos mais sujos com baratas fazendo festa no teto do banheiro, mictórios com gelo e rodelas de limão, coxinhas da semana passada e ovo colorido eu sequer penso duas vezes antes de gastar dinheiro. Fora isso torno-me um judeu mesquinho. Minto!

Tem uma outra coisa que não suporto gastar dinheiro e é com mulheres. Entenda o que eu quero dizer. Não suporto comprar mulheres. Confesso que já bebi uma ou outra cerveja em puteiros e coisas do tipo. Outro dia levei alguns primos recém descobertos na vida noturna, para que pudessem entender o quanto de loucura é possível usufruir em uma só noite e deixei que aproveitassem de tudo que estivesse ao nosso alcance. A conta no final sobrou pra mim, é claro. Mas confesso que odiei e foi mais um favor que qualquer outra coisa. Não um favor, isso pode ficar parecendo mendigagem. Não houve. Só achei importante que se quisessem conhecer essa vida então que seja através dos olhos de quem pode lhe conceder tamanho aprendizado. Porém nunca me senti bem pagando por uma coisa que eu posso evitar. Ora ora ora, as feministas zeladoras dos bons costumes arcaicos podem estar vomitando arco-íris agora, no entanto não estou prestando favor algum a ninguém nem levantando nenhuma bandeira. Acho que é uma ótima profissão e que serve sim de ajuda para um grande número de homens solitários, eu só as acho caras e sem libido. Não sei se é bem essa palavra, talvez falte um pouco de romantismo, ou um pouco de pecado. Digo isso, pois, um homem nunca é tão sincero como quando está com uma puta. Ali ninguém mente. Num puteiro existem menos mentiras e falsidade do que em qualquer igreja. Caem as máscaras e todos são sinceros quanto seus sentimentos. É interesse e pronto! De ambas as partes. Do consumidor ao prestador de serviço.

O homem, ao conquistar qualquer mulher, ao conversar com qualquer mulher esconde sua natureza de Baco e veste a armadura de príncipe de contos de fadas e em sua mente ele é o melhor de todos os amantes. Conquistariam até a irmã com todo o charme que tentam exalar. Nos puteiros o homem não fala, não pensa, portanto não mente. Quem fala é o cartão de crédito. Mente só no vencimento da fatura escondendo dos olhos acusadores de esposas e etc.

Quando digo que é o único lugar que o homem não mente, acredite, homem mente em qualquer lugar, até para ele mesmo. Toma banho e mente para si que é cantor. Só não mente para a puta. Não precisa. Homem mente até para outros homens. Na verdade, não há lugar do qual o homem mente mais do que numa roda de amigos. Pode reparar, um querendo ser mais macho alfa que o outro e nesta batalha de hormônios todos são mentirosos. As mulheres acham que numa roda de homens o assunto se resume à mulheres, o que não deixa de ser verdade, entre futebol e bebidas as mulheres sempre vencem, mas quando falam de mulheres o intuito são os homens e sua virilidade. O melhor, o mais fodão, o comedor. Com a puta não tem isso, não tem conquista, não tem charme, não se gasta charme com puta, exceto se você não tiver dinheiro, mas aí é melhor ficar em casa. Puta não é ônibus que você pode entrar pela porta de trás sem pagar, pelo contrário, por trás é ainda mais caro.

A puta é a religião, é o padre do homem. Ali todos são confessos, todos são verdadeiramente homens e pronto. Não tem porém. Veste-se com a camisinha e desnuda-se de personagens.
Uma vez fui para o quarto com uma garota de programa, não fiz exatamente nada, invariavelmente nada. Claro! Não posso transar com alguém sem tocar os lábios, sem me dar o luxo da conquista. Vaidade, eu sei. Vaidade que me cobra o preço. Sou um Narciso que não me permito ereções fabricadas. Conversamos a noite toda e digo: foi uma das melhores conversas que já tive, pois não havia mentiras, nem de minha parte nem dela. Ali ninguém queria conquistar ninguém, só queríamos acabar a noite bebendo e com a sensação de dever cumprido. Mais um dia numa vida sem Destino. Nem meu, nem de ninguém.



Bento.

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