Curioso como o meu dia
começou hoje. Eu acordei e descobri que estava trancado no meu quarto. Há tempo
que a fechadura da porta está com problemas e por vezes ela trava e só é
possível abrir pela parte de fora. O problema é que eu durmo na parte de dentro
do quarto, bem, normalmente durmo na parte de dentro.
Outra coisa curiosa é
que eu não via muito problema quanto a ficar o dia todo trancado. Eu tenho tudo
aqui dentro; bebidas, banheiro, TV, internet, porém, lembrei-me que não tinha
cigarros. Na verdade eu tinha uns oito ou dez cigarros, mas do jeito que eu
fumo isso não duraria por muito tempo. Foi quando começou a bater um certo
desespero.
Antes que me pergunte
sobre o motivo pelo qual eu não tentei pular uma janela ou arrombar a porta eu
já respondo. Já disse uma vez aqui que meu quarto não tem janelas, somente
vitrôs. E eu não poderia arrombar a porta, pois teria de arrumá-la depois e eu
odeio arrumar as coisas. Posso afirmar que sou um preguiçoso, mas um preguiçoso
só para arrumar coisas. Vou dar um exemplo; em meu banheiro, há uma alça de
ferro, daquelas que servem de suporte para prender o rolo de papel higiênico.
Então todas as vezes que estou na privada e preciso usar o papel a alça cai.
Por vezes, já de madrugada, quando não existe barulho algum em nenhum outro
lugar, lá estou eu no banheiro precisando de papel e a alça cai no chão do
banheiro fazendo um estardalhaço rompendo o silêncio da madrugada escura.
No entanto, por que eu
estou falando de privadas e papel higiênico neste texto? Simples, eu passo
horas lendo livros no banheiro. Curioso. Sempre que preciso usar o banheiro eu
levo um livro e passo horas por lá, isso é, quando o livro é muito bom e me
prende a atenção eu esqueço o que tenho que fazer e fico lá. Só depois vou usar
o papel. Escrevo também no banheiro. Bem, a gente nunca sabe quando vem a
inspiração e sim, às vezes ela vem quando eu estou no banheiro. Então levo
cigarros, café, livros e algumas vezes começo a escrever por lá mesmo.
O que eu quero dizer
com isso é que eu deveria arrumar a alça de ferro que segura o papel higiênico,
faz tempo que deveria, mas eu odeio arrumar as coisas.
Voltando a falar da
porta que estava trancada eu lembrei que meus livros novos que comprei pela
internet poderiam chegar hoje. Então, além dos cigarros eu tinha mais um motivo
para arrombar a porta. Também lembrei que tenho um canivete e um peso para
fazer exercícios. Logo, consegui abri a maldita porta sem fazer muito estrago
para ter que arrumar depois. Não muito tempo depois os livros chegaram. Então aqui
estou eu no banheiro, finalmente tomando café, fumando um cigarro e decidindo
quais dos livros de Stephen King eu vou ler primeiro.
Só que existe mais uma
coisa que vocês deveriam saber; eu tenho uma porção de livros bons que comecei
ler e não terminei. Não por falta de tempo, claro que não. É por dó. São bons
livros, a maioria do Bukowski e eu não quero terminar de lê-los por dó. E
também porque talvez eu não goste de terminar as coisas. Ou talvez eu tenha
algum problema em terminar as coisas que eu começo. Eu demorei anos para
terminar meu livro de contos, até que terminei. Só que demorei anos. Não, eu
não demorei para escrever os contos, isso foi fácil, difícil foi juntar todos
num mesmo arquivo e formar um livro. Consegui namorar algumas vezes durante
esses anos, tive três ou quatro empregos, centenas de casos amorosos e não
conseguia terminar o livro. Durante esse tempo eu estudei jornalismo por dois
anos, comecei escrever dois romances - sem terminá-los, claro - e não terminei
o livro de contos. Agora consegui terminá-lo. Falta apenas revisá-lo mais uma
vez e pronto. Quer apostar que isso ainda vai demorar mais uma eternidade?
Enfim, espero que não.
Então eu comecei a ler
um livro de contos do Stephen, mais um livro que não sei quando vou terminar,
talvez eu comece ler outro livro e deixe esse para depois, vai depender do
quanto vou gostar.
Uma parte deste livro
me chamou a atenção. Quando o autor fala sobre a dificuldade de escrever
contos, pois ele sempre se vê tentado a continuá-los. Mas contos não são romances.
Contos são curtos e rápidos. Como casos amorosos, namoros são diferentes.
Contos são transas descompromissadas. Agora já não sei se essas são palavras
minhas ou do autor do livro de contos que estou lendo.
Outra curiosidade é
que tenho evitado dar cabo de meus contos, explico; alguns de meus contos novos
têm como trama principal personagens que eu já criei no passado, assim dando
continuidade às suas histórias. Isso me fez pensar que não é um fato isolado.
Eu já fiz isso com alguns relacionamentos também, sabe quando se volta ao
passado atrás de garotas das quais as histórias já tiveram fim? Pois é. Algumas
vezes dá certo, mas por pouco tempo, o fato é que tenho tido mais sucesso com
os contos neste quesito. Uma garota em especial me fez chegar a essa conclusão.
É mais ou menos como se eu quisesse escrever um romance, porém ela só esteja
disposta a ler contos. Então ela escreve vários destes contos e seria de minha
responsabilidade juntá-los para formar um livro, só que eu tenho um péssimo
hábito de demorar anos para juntar contos no intuito de formar um livro, como
já deixei isso claro.
No entanto eu tenho um
problema mais imediato neste momento, é que acabou o papel.
Bento.
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