quinta-feira, 5 de setembro de 2013

NUM PUTEIRO EXISTEM MENOS MENTIRAS QUE NAS IGREJAS

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Nesses dias eu estive pensando seriamente em entrar para o grupo dos modernos e comprar um celular novo. Sabe? Essas coisas modernas que fazem de tudo até ligações. Bom, eu posso comprar, porém pensei e pensei.

Se me convidar para bebermos, atravessar São Paulo inteira conhecendo todos os bares desde os pubs mais finos, com moças típicas de capas de revistas e cervejas à preço de ouro com rapazes musculosos calçando aqueles terríveis sapatênis com cabelos penteados cuidadosamente para o lado, até os botecos mais podres nos becos mais sujos com baratas fazendo festa no teto do banheiro, mictórios com gelo e rodelas de limão, coxinhas da semana passada e ovo colorido eu sequer penso duas vezes antes de gastar dinheiro. Fora isso torno-me um judeu mesquinho. Minto!

Tem uma outra coisa que não suporto gastar dinheiro e é com mulheres. Entenda o que eu quero dizer. Não suporto comprar mulheres. Confesso que já bebi uma ou outra cerveja em puteiros e coisas do tipo. Outro dia levei alguns primos recém descobertos na vida noturna, para que pudessem entender o quanto de loucura é possível usufruir em uma só noite e deixei que aproveitassem de tudo que estivesse ao nosso alcance. A conta no final sobrou pra mim, é claro. Mas confesso que odiei e foi mais um favor que qualquer outra coisa. Não um favor, isso pode ficar parecendo mendigagem. Não houve. Só achei importante que se quisessem conhecer essa vida então que seja através dos olhos de quem pode lhe conceder tamanho aprendizado. Porém nunca me senti bem pagando por uma coisa que eu posso evitar. Ora ora ora, as feministas zeladoras dos bons costumes arcaicos podem estar vomitando arco-íris agora, no entanto não estou prestando favor algum a ninguém nem levantando nenhuma bandeira. Acho que é uma ótima profissão e que serve sim de ajuda para um grande número de homens solitários, eu só as acho caras e sem libido. Não sei se é bem essa palavra, talvez falte um pouco de romantismo, ou um pouco de pecado. Digo isso, pois, um homem nunca é tão sincero como quando está com uma puta. Ali ninguém mente. Num puteiro existem menos mentiras e falsidade do que em qualquer igreja. Caem as máscaras e todos são sinceros quanto seus sentimentos. É interesse e pronto! De ambas as partes. Do consumidor ao prestador de serviço.

O homem, ao conquistar qualquer mulher, ao conversar com qualquer mulher esconde sua natureza de Baco e veste a armadura de príncipe de contos de fadas e em sua mente ele é o melhor de todos os amantes. Conquistariam até a irmã com todo o charme que tentam exalar. Nos puteiros o homem não fala, não pensa, portanto não mente. Quem fala é o cartão de crédito. Mente só no vencimento da fatura escondendo dos olhos acusadores de esposas e etc.

Quando digo que é o único lugar que o homem não mente, acredite, homem mente em qualquer lugar, até para ele mesmo. Toma banho e mente para si que é cantor. Só não mente para a puta. Não precisa. Homem mente até para outros homens. Na verdade, não há lugar do qual o homem mente mais do que numa roda de amigos. Pode reparar, um querendo ser mais macho alfa que o outro e nesta batalha de hormônios todos são mentirosos. As mulheres acham que numa roda de homens o assunto se resume à mulheres, o que não deixa de ser verdade, entre futebol e bebidas as mulheres sempre vencem, mas quando falam de mulheres o intuito são os homens e sua virilidade. O melhor, o mais fodão, o comedor. Com a puta não tem isso, não tem conquista, não tem charme, não se gasta charme com puta, exceto se você não tiver dinheiro, mas aí é melhor ficar em casa. Puta não é ônibus que você pode entrar pela porta de trás sem pagar, pelo contrário, por trás é ainda mais caro.

A puta é a religião, é o padre do homem. Ali todos são confessos, todos são verdadeiramente homens e pronto. Não tem porém. Veste-se com a camisinha e desnuda-se de personagens.
Uma vez fui para o quarto com uma garota de programa, não fiz exatamente nada, invariavelmente nada. Claro! Não posso transar com alguém sem tocar os lábios, sem me dar o luxo da conquista. Vaidade, eu sei. Vaidade que me cobra o preço. Sou um Narciso que não me permito ereções fabricadas. Conversamos a noite toda e digo: foi uma das melhores conversas que já tive, pois não havia mentiras, nem de minha parte nem dela. Ali ninguém queria conquistar ninguém, só queríamos acabar a noite bebendo e com a sensação de dever cumprido. Mais um dia numa vida sem Destino. Nem meu, nem de ninguém.



Bento.

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