quinta-feira, 31 de outubro de 2013

NÃO É SÓ POR EU SER UM RANZINZA COM ASCO DE IDIOTAS

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Eu odeio desperdiçar a escrita com coisas idiotas. Isso tem um motivo maior e não é só porque eu sou um ranzinza com asco de idiotas, é mais que isso. O tempo das pessoas é cada vez mais escasso e se você perderá tempo lendo isso então que pelo menos eu tenha algo interessante, ou ao menos original para dizer. Então eu poderia começar dizendo: a vida é difícil e o mundo dá voltas. Mas isso é tão idiota quanto você perder tempo lendo o óbvio ou autoajuda, pois quem acha que é tão esperto a ponto de dar conselhos com certeza é um idiota e precisa urgentemente de conselhos, não meus, é claro.

Ou: a vida é linda e Deus e blablabla. Outro desperdício de tempo, meu e seu. Prefiro contar uma piada, afinal, pelo menos no fim você vai rir e rir nunca é um desperdício de tempo.

Só que eu estava falando de um motivo maior para tudo isso e este se deve ao fato da minha vida ser mais breve que as de vocês. Não por eu ser mais velho, claro que não. É só porque minha rotina tende a ser um pouco mais tóxica que o normal. Sem alimentação saudável, sem exercícios e a única parte do meu corpo que vê filtro solar são as áreas tatuadas. Adicione o fato de trocar o leite por cervejas no café da manhã e por vezes trocar o almoço por cigarros e o jantar por porres, então temos uma vida abreviada e a não ser que você seja atropelado por um caminhão, dê um tiro na própria têmpora ou adquira um câncer o meu tempo é um pouco mais escasso e por este motivo eu odeio perder tempo com idiotas. Vê como existe um motivo maior para tudo?

Além de não gostar de perder tempo eu enjoo fácil das coisas e em certas situações eu não dou mais que uma ou duas oportunidades de acontecer. É por essa impaciência que eu tenho a maioria dos meus arrependimentos. Porém, poderia ser pior, eu poderia ter o dobro da minha idade e não ter provado metade das coisas ou garotas das quais posso escrever hoje e seria um escritor pior do que já sou.

No entanto eu tenho falado tanto sobre as coisas que me enjoam que deixei de lado as que eu nunca me canso. Eu tenho a mania da observação e da análise. E sobre isso eu nunca me canso, apesar que isso nem sempre me traz coisas boas. Reparar em tudo nem sempre é bom, você pode ver coisas das quais vai se arrepender. Um dedo mindinho do pé torto, por exemplo, é uma das coisas que eu poderia deixar passar despercebido e ao invés disso eu sou capaz de fazer uma tragédia grega sobre.

Mas eu logo adianto que sou um fútil. Daqueles de dispensar uma transa se a lingerie não estiver ao meu gosto. Se eu entender que a vaidade de qualquer garota é menor que a minha eu vou pra casa me virar sozinho. O mínimo que uma mulher tem que ser é vaidosa. Uma mulher pode ser um poço de imbecilidade, ela pode ser uma idiota egoísta, ignorante até a raiz do cabelo, porém, se não for vaidosa, se mate. O mundo não aceita uma mulher sem vaidade. No entanto quero que entendam que não estou falando de casamento, o assunto aqui é atração no sentido mais simplório da palavra. É tesão e pronto.

Então eu reafirmo; sou um fútil de mão cheia e assumido. Caso não chamasse Bento, "Fútil" seria uma das opções. O que eu posso fazer? Meus olhos são muito mal acostumados. Gosto de dizer que me agrada beber com paisagem e como estou sempre bebendo o ideal é que quem esteja ao meu lado possa me oferecer o que eu almejo. Pode ser um vício, ou não, mas belos rostos podem salvar o dia. Agora sabe o que pode acabar com o dia? Uma garota linda com um cara asqueroso e sem bom senso. Ninguém merece ver uma coisa dessas.



Bento.

domingo, 27 de outubro de 2013

OS IDIOTAS DE HOJE SÃO HERANÇA DOS IDIOTAS QUE JÁ MORRERAM

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Eu me atualizo com poetas do século passado, pois as notícias de hoje são as mesmas de ontem. Os idiotas de hoje são herança dos idiotas que já morreram.

Eu tenho um guarda-roupa enorme e cheio de gavetas onde a maioria delas eu não uso mais para nada. Algumas delas eu retirei e joguei-as fora por falta de uso. O meu isolamento temporário do mundo me fez perceber que apesar de ser um acomodado eu sou viciado em mudanças. Com tanto tempo em recesso em meu quarto, pelo menos uma vez por semana tenho de fazer uma mudança na decoração para que meus olhos tenham sempre algo novo para ver. Então é claro que esse vício se aplica em minha vida pessoal. Mesmo que eu veja a mesma pessoa todos os dias eu preciso que esta me apresente algo de diferente para que meus olhos não coagulem numa mesma imagem.

O que acontece é que eu não sou o mesmo de ontem e serei diferente amanhã. O meu humor é instável, minhas ereções também. Hoje quero ouvir Blues, amanhã vou querer ouvir clássicos do brega e ontem estava ouvindo os sons mais pesados que você pode imaginar. Ontem eu estava apaixonado por uma morena, hoje vi uma ruiva que me tirou de rota e torço para que amanhã eu encontre uma japa que me interesse, só pra variar. O principal continua sempre na mesma, porém, alguns derivados mudam constantemente. Não espere uma explicação razoável para isso, pois eu não tenho. Simplesmente acontece.

Só que eu não mudo conforme o mundo, pelo contrário, o mundo que eu vejo é que muda conforme minhas mudanças de humor. Um dia de sol pode ser um tédio caso eu não esteja afim de qualquer coisa. No entanto, um dia nublado, bem acompanhado, pode se tornar um dia inesquecível. Mais um exemplo? Ontem tomei duas cervejas e parei. Não era dia, não estava afim. Hoje estou na décima e torço para que o mercado fique aberto até mais tarde, pois ainda cabe mais uma caixa. Pode ser que meu fígado esteja criando vida própria e me dando ordens, pode ser, mas acho difícil.

A vida não é mais do que o que você faz para sobreviver. Tudo está ligado às suas ações. Onde você está, com quem você anda, como você se diverte? Ouvi uma história de um cara que não tinha pernas nem braços e era feliz. Ok! Foda-se. Não desejo isso para o meu maior inimigo. Minto! Talvez deseje, mas quem pode ser feliz assim?

Bem, tem outro cara que eu conheço que não faz sexo há anos, os motivos eu não sei, talvez psicológico, talvez ele não passe de um inútil, nos dias de hoje? Ou você é um religioso estúpido ou um doente. De qualquer forma, quem pode sobreviver assim, sem sexo? Mesmo assim ele ainda está respirando e pelo que eu saiba ele nunca tentou tirar a própria vida e nem têm corpos apodrecendo em sua garagem - até onde eu sei pelo menos.
Eu já adianto que eu não suportaria. Podem me chamar de fraco se quiserem, então eu sou, mas digo; não suportaria! Nem as pernas, nem os braços, principalmente sem sexo. Suicídio, eutanásia, tudo isso passaria pela minha cabeça antes mesmo de você poder dizer "puta que pariu". Quem pode me julgar? Mas esse sou eu.

O que eu quero dizer com isso? Não sei, cada um que dê a importância devida ao sexo. Eu dou muita.

Se reparou nas últimas crônicas deu para entender que eu ando falando de sensações. Mais sensações do que situações. Isso se deve às minhas longa férias que durou meses. E muitos desejariam estar em meu lugar, porém, tudo que é demais enche o saco e eu me enchi. Precisava sair disso e sai. Então, logo no primeiro dia que precisei acordar cedo me arrependi, queria voltar a dormir, só que a vida é feita também de arrependimentos, sem isso você é um bosta sem crédito nenhum. Apresente-me alguém que não tenha se arrependido uma vez sequer e eu te mostrarei a semente da mediocridade.

Não quero com isso dizer que sou grande coisa, todavia tenho uma lista de arrependimentos enorme, do tamanho do mundo e posso apontar um monte de garotas das quais podem testemunhar sobre meus erros. Você mesma que está lendo isso, pode ser uma delas, aproveite e conte também seu causo.



Bento.

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domingo, 20 de outubro de 2013

O QUE FAZEM COM SEUS PINTOS?


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Não é segredo para ninguém que eu estou num processo de reabilitação de diálogos inúteis. Um afastamento temporário de pessoas, nem bem nem mal, só de pessoas, todas elas. Eu preciso disso às vezes. Nos relacionamentos, com sexo ou sem, até aqueles que se resumem a amizades, é preciso muita paciência, de ambas as partes. No meu caso, muita paciência do lado de lá e muita paciente de minha parte também. Só que eu não sou nada paciente. Eu disse uma vez que estou num enclausuramento, porém esta palavra já me deu nos nervos. Enjoei dela como enjoo de tudo, por isso prometo não usá-la novamente durante anos. Mas outra coisa que eu disse e já faz muito tempo, foi que estou num retiro espiritual trancafiado entre pôsteres de bandas clássicas, pinups maravilhosas e garrafas de destilados sortidos. Desde os caribenhos até os europeus, não faço diferença de bebidas alcoólicas desde que tenham conteúdo e me ajudem a chegar onde preciso. É quase a mesma coisa que penso sobre mulheres.

Não são bem as pessoas que me deixaram enjoado a ponto de fechar-me em meu cotidiano de filmes, livros e escrita. Bem, um pouco é por querer aproveitar mais o fim de minhas férias. Também tem o fato de estar me sentindo um pouco monótono em meus parágrafos. Monótono sim, claro, só escrevo sobre o que vivo, a realidade é minha sina e minha realidade está mais monótona que os documentários do canal à cabo sobre insetos. Por fim, são os diálogos que me causam mais ânsia que qualquer outra coisa. Assuntos rotineiros de problemas pessoais dos quais não me interessam nem um pouco e que eu insisto em fingir que estou ouvindo. Crises de existência de idiotas que sequer sabem o que é crise ou existência.

E são exatamente esses diálogos cretinos, esse discurso decoreba e ultrapassado dos que não sabem o que dizer, mas que precisam alastrar aos outros alguma dignidade. Pra mim não passam de idiotas.
Só abrir a boca para repetir clichês é idiotice. Logo, num reino de idiotas vista-se com a coroa. Eu que me acho um idiota às vezes te saúdo.

Confesso aqui um equívoco que cometi numa outra crônica. Disse que de todas as minhas ex-ultrapassadas-santas-qualquer-coisa não cometiam o erro de cometer-me novamente, assim, procurando algo parecido comigo. Errei, assumo. Uma delas juntou-se com um sósia. Claro, claro. Um sósia apenas em relação a minha face. Em personalidade, mesmo sem saber posso garantir sem medo de errar. Não deve chegar nem perto e volto com o bordão; isso não quer dizer que seja bom ou ruim.

Mas este não é um texto de revolta. Não revolta, um texto de desabafo? Não creio nisso também. Sobra o quê? Uma crônica amaldiçoada pelo ímpeto de agredir com palavras e eu sou tão bom nisso. O melhor de todos os tempos, provavelmente. Sou tão bom nisso que faço sucesso com minhas crônicas até hoje, mesmo depois de tanto tempo, pois estou sempre agredindo alguém, mesmo que este seja eu. Porém, basta um idiota para rever os meus conceitos de idiotice. Que incrível.

Uma outra coisa que tem me deixado inconvenientemente entranho psicologicamente é o fato de lembrar mais que o necessário do passado. Tão chato, tão estranho. Peguei-me outro dia, ao caminho do mercado atrás de cervejas para aproveitar a sexta-feira de sol e começar o porre desde cedo procurando Wally. Veja você quanto passado eu fui atrás. Andava e procurava. Dobrada a esquina eu esperava encontrá-la. Penso que algumas coisas me trazem a inspiração, porém, talvez achasse errado. Talvez a inspiração seja quem traga certas pessoas indesejadas à lembrança. Tão difícil dizer ao certo, tão fácil lembrar.

O fato é que nas pausas das lembranças de pernas finas eu tinha todas as lembranças do mundo. Lembrava-me de ir ao mercado buscar cervejas, lembrava que meu estoque de cigarros estava acabando entre outras coisas. Agora, nos últimos dias, quando não me lembro das pernas finas penso no bambolê e suas marcas. Lembro-me do sósia e tudo o mais.

Algumas vezes eu falei aqui da minha idade mental avançada. Sabe aquele tipo de coisa de gostar de músicas antigas, charutos e whisky envelhecido? Do tipo que ainda utiliza-se do cavalheirismo e etc. Então eu, em algumas noites esporádicas arrisco-me a sair de casa e num ônibus ou num bar e passo a explorar o ambiente, a reparar em minha volta e chego à conclusão de que os garotos de hoje são extremamente sem noção de nada. Com cabelos iguais e horríveis, roupas iguais e péssimas, com atitudes idênticas e de um mau gosto incrível. Tudo é baseado em músculos e gel de cabelo e quanto maiores os músculos e quanto mais alto o penteado mais eles se sentem satisfeitos e eu penso: o que fazem com seus pintos? Pensam em seu sexo? Importam-se com isso?

Na minha época só nos preocupávamos com nossa desenvoltura durante o sexo e se as garotas com quem transávamos voltariam. E olha, eu só tenho 26 anos, não tem muita diferença. Teremos daqui a alguns anos jovens garotas mal comidas e com namorados que brigam pelo horário no cabeleireiro? As discussões de relacionamento se basearão nos esmaltes que utilizarão na manicure ou no tipo de depilação? Bom, eu sou um chato com meu cabelo, assumo, mas não me incluo nesses penteados ridículos, meu bom senso sempre fala mais alto.


Bento.


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terça-feira, 15 de outubro de 2013

DOUTOR BENTONSTEIN

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Poucas coisas me fazem mais infeliz que ter de atender um telefone. Principalmente quando o idiota que me liga quer saber quem fala antes de se identificar. Bom, mas isso é o de menos. Só o fato de ter de atender ao telefone já me deprime.

O que eu quero dizer é que quando estou em casa, guardado e fazendo o que quer que seja que me agrade, qualquer coisa que me atrapalha neste processo me irrita e ainda ter de dialogar com alguém do qual não estou nem um pouco afim me dá vontade de matar alguém, mesmo que seja eu.

Sabe? Eu não me importo de ter de assassinar alguém, mas ter de atender ao telefone...
O problema é que por vezes, o toque do telefone torna-se mais irritante do que ter de atendê-lo, logo, minha irritação é inevitável.

Sim, claro. Eu sou um chato. Um pé no saco do tamanho do mundo. Um insuportável de carteirinha. Eu poderia dar aulas de como ser um filho da puta. Mas tem um porém. Como eu já disse; eu me agrado com pequenas coisas.

Hoje por exemplo fiquei feliz de comprar um whisky e ganhar um copo de brinde. Como sou totalmente contra tomar whisky num copo que não seja apropriado para tal destilado, fiquei grato.

Outro dia achei um engradado de garrafas de cerveja e reutilizei-o para uma estante de livros e fiquei orgulhoso com a ideia, portanto, feliz também com isso. Veja; sou um chato, no entanto me torno um tonto por qualquer coisa. Claro que esses são quaisquer exemplos que achei assim, do nada. Mas eu poderia citar qualquer outra coisa, bem como uma vitória do Corinthians, um beijo escondido na escada ou qualquer coisa do tipo.

Todavia, por ser um chato, é claro que isso não pode vir de qualquer pessoa. Por exemplo, os beijos escondidos na escada têm de ser de alguém no mínimo importante, caso contrário seria só um beijo. Uma vitória do meu time sobre outro qualquer me traz alegria, mas não mais que uma vitória num clássico. Tudo gira sobre o grau de importância. Uma dose de um whisky qualquer não me faz tão feliz quanto uma de Jack Daniel's. Tudo, tudo mesmo está relacionado ao que é importante para cada um e isso é tão subjetivo quanto sentir prazer em partes incomuns do corpo. Ok. Isso foi uma tentativa de piada que só uma pessoa irá entender, mas enfim. Basicamente é isso.

Outro dia recebi mensagens no celular e me enganei sobre a remetente. Foi um pouco estranho, pois, não sabia que minha demanda estava obtendo tanto resultado assim. De qualquer forma fora uma confusão que eu precisei de um pouco mais de minha massa cefálica para garantir um bom prazer. Só que existe um talento natural para esse tipo de ocasião, então não posso reclamar.

Já repararam que eu escrevo em forma de tópicos? Bem, se não repararam, aconselho prestar mais atenção. Afinal, que caralho que vocês estão fazendo que não conseguem reparar nisso?

Outra coisa que eu gosto de assuntar é sobre minhas ex. Bem, tem uma coisa de passado que me aprisiona, porém me agrada. Mesmo que seja só para lembrar ou escrever. Uma coisa que eu gosto sempre de deixar claro é que são todas santas e o único errado fui eu. Claro que não é uma regra, no entanto, por que ficar desenterrando sentimentos passados se não for para tirarmos algum humor disso?

Então eu sempre friso que elas são perfeitas e santas e eu sou a escória de toda a situação. Porém, numa brisa que tive outro dia comecei a juntar os pontos e tentar formar uma garota perfeita. Logo, uma missão impossível, mas se for para teorizar sobre qualquer coisa é melhor que seja sobre impossibilidades, caso contrário qual é a graça?

Portanto, juntei os pontos e como um Doutor Frankenstein formei meu monstro particular; a beleza, as tatuagens, os cabelos e os seios da A; mais as pernas finas, barriga, e personalidade da B; claro que um relacionamento não pode ser feito apenas de verdades, então desejaria a falta de talento de mentir da C, pois assim eu estaria sempre à frente e por fim adicionei a boa vontade, sexualmente falando, da T.  Depois disso, perdi um pouco mais de tempo imaginando como seria este monstro criado por mim e cheguei à conclusão que seria um Bento sem pênis, com seios e mentiras, é claro. Portanto, um ser perfeito para que eu pudesse me relacionar, porém, como toda perfeição, seria um tédio do tamanho do mundo. Então eu seria um péssimo médico louco. Melhor continuar escrevendo.



Bento.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

EU INVENTO COISAS E POSSO CRIAR O QUE EU QUISER

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A coisa que eu mais odeio em shows e baladas é que os diálogos transformam-se em gritos, não se ouve metade do que foi dito e você ganha inúmeros cuspes no rosto nessas tentativas de dialogar. Mas claro que para os imbecis que não têm o que dizer, isso não faz diferença.
Isso e a minha velhice de preferir sentar-me na calçada em frente algum bar e beber por longas horas olhando o movimento.

Tem uma coisa entre mulheres e homens que nunca muda. Num show as mulheres desejam o artista e os homens desejam estar no lugar do artista para que as mulheres os desejem. Tudo que se passa na cabeça de um homem hetero está voltado para a conquista do maior número de mulheres possíveis.

Eu mesmo sou um Narciso irremediável. Nunca sou o mesmo quando há mulheres no recinto. Só que isso é inevitável. Existe uma coisa, um sentido a mais em meu corpo talvez, que sempre me faz agir de forma diferente quando há uma mulher bonita no mesmo ambiente que eu. Os movimentos são calculados, as palavras são medidas e tudo isso é automático. Eu tenho duas pessoas dentro do mesmo corpo. Uma quando está numa roda de homens e outra quando existe uma mulher em potencial e de beleza palpável numa distância considerável. Talvez seja instinto, ou não.

Na verdade, é o meu pior lado que se impõe dentre todos e toma conta de minha personalidade. Não tenho controle e pronto. Foco-me numa coisa e muita pouca coisa me impede de atingir o objetivo. Porém, dentre todas as conquistas existem os fracassos e eu há tempos não perco meu tempo com batalhas perdidas. Se não posso vencer seria irracional de minha parte persistir, pois, persistência cega é para idiotas.

Não me entenderam quando eu disse que invento coisas. Eu crio situações, arquiteto sensações e tudo mais na busca de inspiração. Como um ator que precisa entrar no personagem para atuar eu preciso fazer o mesmo para escrever. O que não quer dizer que eu seria um bom ator, assim como nem todo ator escreve bem. Mas é um exercício que tem dado certo até então.

Isso começou há muito tempo. Mesmo as lembranças tem data de validade e minhas lembranças das calamidades pessoais estavam se esvaindo.
Eu tinha uma fonte de inspiração que partira há vários anos e quando a lembrança te abandona você tem que criar algo para substituí-la. Não é fácil, no entanto é possível. Logo, tudo o que lembro do passado foi criando por mim. Lágrimas eventuais, flashes esporádicos, tudo isso, fruto do cérebro, não mais do peito.

Mas sabe? Mesmo o maior criador de casos do mundo não é capaz de manter essa criação eternamente, então é necessário achar outra fonte para beber dela ou fazer o que os criadores fazem de melhor. Criar outra. Logo, se você for bom, se for bom mesmo, poderá criar quantas fontes de inspiração quiser. Para a mente sequer o céu é o limite. Crie mundos, histórias, personagens, situações, sentimentos. Tudo é possível no mundo que você criar para si mesmo, nele você pode ser qualquer coisa, inclusive você mesmo, porque se for muito ruim é possível dar a desculpa da ficção. E o melhor de tudo é que só residem neste mundo quem você decidir que merece.



Bento.

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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

QUERO VER O CIRCO PEGAR FOGO, CABEÇAS ROLANDO E CORPOS BOIANDO‏

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Eu tento sempre manter o equilíbrio, afinal, que mundo é esse que todos se esforçam para serem normais?

Penso que você faz tudo por capricho. Sim, numa maldita ânsia de entreter-se com minhas maledicências psíquicas, tediosas e medíocres, mas não para você. Você se diverte, além de sempre esfregar em minha cara a célula tronco da incompetência. Pitadas de um imediatismo crônico e uma visão de futuro débil. Mais do que isso até.

Me dá competência de sobra só para que eu saiba que de nada adianta, quem manda é você e só os seus caprichos são válidos. Egocêntrico como sempre, quer estar sempre no controle, só que sabe menos que eu. Um estúpido que acha que criou o mundo e pode controlá-lo.

Que tal eu, a partir de hoje voltar a usar o dom que você me deu e com o poder que eu já tenho, recomeçar a causar a discórdia? Sou ótimo nisso. Tenho uma fome maldita que tenho de controlar. Não, não, não. Não me faço de rogado. Não espero nada de você há tempos. Não agradeço e nem peço por nada. Porém, sei que está aí. Sei que olha com desdém tentando adivinhar quais serão meus passos.

Que tal eu voltar a destruir alguns lares felizes que você com toda sua hipocrisia se esforça para criar?

Quem és merecedor?

Nem você sabe. Sorteios de almas perdidas no chapéu não são dignos de crédito. Não tem ideia do que está fazendo assim como eu. Então não somos tão diferentes, só que diferente de você eu não subo em um pedestal e me nomeio salvador dos fracos e oprimidos. Eu sei me colocar no lugar de escória e você deveria fazer o mesmo.

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Esse foi um pequeno desabafo que fazia eu para com Deus. Aos meus pés existiam latas de cerveja, garrafas de destilados e eu já não usava mais cinzeiros, então eram bitucas por todos os lados. Era minha forma de puni-lo por todas as bostas que ele me fez. Eu não me dou bem em relacionamentos com seres perfeitos, portanto não me convenço com essa ideia de que Ele não erra.  Era minha forma de puni-lo por todas as bostas que ele me fez.  Ao me enfiarem goela abaixo essas bostas de frases feitas de "imagem e semelhança" tenho de argumentar que; ou esses imbecis estão redondamente errados ou alguém está mentindo sobre Sua perfeição. Tudo bem, todo mundo mente para parecer melhor do que realmente é. Eu já fiz isso, hoje não mais. Só minto dizendo que sou pior do que realmente sou. Sem expectativas não há decepção.

Sobre a babaquice daquele livro famoso que todos leem e acham que com isso ficam mais próximo do paraíso eu sequer vou comentar, pois eu prefiro uma leitura mais realista. Não! Não estou falando de 50 tons de cinza, estou falando da Bíblia.

E assim como eu não tenho nenhum talento para Jó, cortei relações, como faria com qualquer imbecil que quisesse me fazer de idiota. Sem testes.

Então passei a acreditar na lei do merecimento; cada um tem o que merece. Esse negócio de injustiça não existe. Ainda dentro de leis criveis, acredito na bondade e na maldade por igual e elas estão vivas dentro de todos nós, por debaixo da pele, pulsante. Tudo depende do crédito que você dá para cada uma delas e neste caso eu estou tentado a dar uma maior chance à segunda opção. Quero ver o circo pegar fogo. Assistir cabeças rolarem e corpos boiando. Traduzindo; soltemos todos os demônios e deixem-nos brincarem na caixa de areia. Assim, num possível apocalipse de egos eu sopraria todas as sete cornetas sempre visando o meu lado. Nunca escondi que sou um egoísta maldito que quero tudo pra mim, mas o meu "tudo" provavelmente não é nem uma fração do "tudo" que é pra você, por isso digo que brigo por pouco, poucas coisas me agradam e o que me agrada são pequenas coisas. Só que faço uma guerra enorme por esse pouco destinado ao meu prazer.


Bento.

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