quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

CHAPOLIN COLORADO, VODCA E DECEPÇÕES

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Eu acabei de ter uma ideia sobre escrever alguma coisa, mas não conseguia focar em nada.
Não subestime a minha falta do que fazer e nem o talento de ser idiota quando estou sentado junto ao Tédio bebendo,  definitivamente não é uma ideia genial que fará você refletir depois disso. Pela pressa eu não vou dar nome ao personagem, nem formarei um perfil dele, logo imagine um vizinho ou um primo distante que não vê há anos. Pode ser um ex namorado imbecil também, pois na leitura é sempre importante você ter  um horizonte, uma imagem onde apoiar sua imaginação.
Imagine este fulano com sérios problemas de autoestima pela falta de sorte, uma semi depressão a caminho e sem exagerar, não tinha um relacionamento intenso e duradouro há anos. Sem emprego fixo e é claro, sem  dinheiro, sem namorada, sem uma família que lhe pudesse servir de suporte, sem algo na sua vida que fizesse com que esse ser que salta de sua imaginação através das palavras tivesse um gosto doce ao viver a vida.

Como está a imagem do seu personagem até aqui? Continuando...
O fulano então começa a pensar que isso tem de mudar, que ele não aguenta mais deixar que a vida tome esse percurso horrível e tão prejudicial, ele pensa que poderia fazer alguma coisa para mudar a trajetória deste rio, mas como fazê-lo? Ele se perguntava.
Passou horas pensando em como mudar isso e várias possibilidades floresceram em sua mente... Ele poderia chamar o Chapolin Colorado para ajudá-lo, “Ó e agora quem poderá me defender?”, ele poderia começar a brincar com cacos de vidro na esperança de acontecer algum acidente no meio da brincadeira, ele poderia começar a economizar dinheiro e daqui há dez ou quinze anos abrir um pequeno comércio que talvez falisse antes de começar a dar lucros, ele poderia passar a se vestir melhor e melhorar o seu humor tornando-se uma companhia mais agradável para que assim as pessoas se aproximassem dele sem medo.
Eram tantas as possibilidades que o sujeito começou a ficar animado. Então se levanta, sorri e agora já aparenta outra pessoa, mais jovem até. Após estufar o peito ele agora vai tomar uma atitude que vai definir sua vida para sempre. Caminha até a geladeira, apanha a garrafa de vodca e dá o play no mais novo episódio de Os Simpsons.

Bento.

Nota do Autor: Se ficou decepcionado com o final do texto, experimente ouvi-lo clicando no “Ouça este Post” localizado logo abaixo. Clicou? Está vendo? Tudo pode ficar ainda pior.

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

OS OPOSTOS SE DISTRAEM, ENQUANTO ALGUÉM CAMINHA POR AÍ COM A PERFEIÇÃO

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A garota mimada ruboriza com o elogio e a voz suave do garoto tranquilo, mas no quinto dia da segunda semana ela irá se desfazer dos carinhos que recebe deste, pois na opinião dela ele deveria ser mais atrevido, mais seguro de si. É perfeição demais e até a mãe da garota gosta dele. Isso é um indício de que jamais dará certo, mãe e filha nunca estão de acordo, não seria agora que isso mudaria.

O garoto põe em prática tudo que aprendeu nos manuais de relacionamentos que achou em sites femininos. 'O homem ideal', não bebe, não fuma, passa horas na academia e em frente ao espelho. Dedicado, compreensivo, prestativo, se pudesse mudaria seu nome para Ivo para completar o kit.

A garota por sua vez quer encontrar alguém que a desafie, com ar de misterioso mantenha a pulga atrás de sua orelha e a faça passar as horas do seu dia tentando decifrá-lo e também decifrar se ele a ama ou não. É o frio na barriga da insegurança misturado com a segurança de seus braços fazendo assim com que seus sentidos sejam todos bagunçados porque é isso que pensa do Amor.

Ela deseja o anti-herói e não o príncipe encantado. E o garoto, no máximo, é o ajudante do herói.


Bento.

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sábado, 7 de janeiro de 2012

COMO O DESINFETANTE QUE DISFARÇA O CHEIRO MAS NÃO LIMPA A SUJEIRA

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Não era a felicidade propriamente dita que fazia Hélio sorrir. Era a maldade.
Era só a possibilidade da vingança, não era ninguém específico, talvez vingar-se-ia dele mesmo, de seu sofrimento, talvez do mundo, era certo que Deus seria uma das vítimas.
Hélio, como todos, era casca e suco. A casca era belíssima, daquelas que enganam as senhoras ingênuas na banca do feirante. O suco que, sem o açúcar da vida, era amargo, acre, azedo, semipodre. Talvez podre.

As pessoas viam seu sorriso e devolviam a gentileza, certas de que estavam presenciando uma vida feliz, enganadas.
Aquilo era sorriso de ódio, de malícia, de planos mirabolantes sendo planejados e que ao colocá-los em prática entraria em transe com sua overdose de prazer.


Passou tanto tempo desejando a morte que só por isso continuava vivo, afinal o destino tratava sempre de contrariá-lo.
Enganou-se quem achava que o motivo pelo qual ele não mais chorava fosse por ele ter se fortalecido com a dor e que com o tempo aprendeu a lidar com aquilo.
Não chorava mais, pois não sobraram lágrimas em seus olhos, secou-se, como seu espírito, secou-se.

Sobrou-lhe a violência da angústia, a miséria de sua alma e a podridão de seus sorrisos de desespero perante o vasilhame etílico e os comprimidos de absolvição.



Bento.

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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

SIMPLIFICANDO O POSSÍVEL

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Numa conversa familiar entre homens estávamos falando sobre a juventude carnavalesca de hoje, sexualmente falando.
E percebi que eu defendia, claro, o lado da liberdade e da libertinagem, mas me dei conta que eu mesmo não era praticante do alvo de minha própria defesa, não mais, não mais porquê, porquê, porquê... Porque carnaval todos os dias do ano perde toda a graça. Porque depois de algum tempo as fantasias perdem a originalidade, as plumas de pavão vão perdendo o brilho e todo folião esgota-se de cansaço e mesmo o mais festeiro sente saudades da rotina do escritório-casa e casa-escritório.

Hoje eu dou mais valor a simplicidade da serenata.


Bento.

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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O DEUS DO EU SOZINHO

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Eu sei de cada erro, cada defeito, de cada vírgula sobre o desagrado que é minha personalidade.
Ouço minha vida narrada por bocas alheias e concordo com tudo.
Sei de minha aspereza, sei do poder de estrago que minhas palavras exercem na minha vida e na vida dos que me rodeiam.
Sei que sou mal humorado, estressado, entediado, agressivo, irônico em excesso, sarcástico além do limite, estúpido fora de hora e rebelde sem causa, com causa e as claras.
Sei que pode parecer inevitável não vestir a carapuça, mas não o façam, isso não é indireta para ninguém, sou eu quem está dizendo. É mais um texto autoral, como sempre terá a minha assinatura no final disso tudo.

Aliás, muita gente me julga desta forma não por ter degustado deste veneno, mas sim porque ouviu essas características de minha própria boca, como um marketing pessoal. Às avessas.
E então, nessa revolta, dizem que eu não gosto de nada e isso nunca será verdade.
Gosto de um monte de coisas, porém poucas coisas me agradam.
Eu gosto do que é impuro por exemplo. Gosto de parecer velho mentalmente, às vezes.

Gosto do que é errado, mas sem ferir ninguém, a não ser que seja eu.
Gosto da vaidade.
Gosto do que é amargo, salgado, pois assim nunca me esqueço do sabor da vida.
Gosto da casualidade de acordar sempre alguém diferente.
Gosto de tudo que não tem pudor, gosto do sexual, do carnal, do pecaminoso.

Gosto do que é obscuro e não pode ser explicado, torna-se essencialmente reflexivo e faz exercitar a ferramenta de pensar.
Gosto de quebrar a cabeça.
Gosto de entrar numa sala e tentar imaginar quem são àquelas pessoas que eu nunca vi na minha vida e imaginar as piores coisas do mundo sobre elas.
Gosto de luz de velas porque são inconstantes como eu, nunca se sabe quando irá se apagar.

Gosto de predestinar o meu dia sabendo que no fim, a maior parte dos planos dará errado.
Gosto de saber que não tenho nada do que quero, as pessoas acham que tenho tudo de que preciso e assim a vida segue.
Gosto do que é velho, antigo, pois tudo isso me parece tão mais original do que o novo de hoje em dia. Por isso gosto de pessoas espontâneas, com pensamentos ativos e de personalidade. Aquelas que defendem suas opiniões, mas que não tenha vergonha de muda-las se acharem conveniente.
Aliás, gosto do que me é conveniente, mas nem sempre.

Gosto de lugares pequenos e aconchegante, fica mais fácil controlar os pensamentos, por isso, por mais que um dia eu venha ter a possibilidade jamais morarei em mansões enormes.
Gosto da liberdade de dizer, pensar e fazer o que bem entender. Cantar onde quer que esteja, dançinhas secretas em casa e rir das próprias piadas.
Gosto de ouvir risadas, principalmente as minhas.
Gosto de rituais, mas só os racionais.

Gosto mais dos aniversários alheios do que dos meus.
Gosto do frio em casa e calor na rua.
Gosto de olhos azuis, claro que gosto, mas os castanhos...
E por falar em gosto, houve época que já tive mais paladar.

Gosto do fato de que por mais que me odeiem ainda há respeito.
Gosto de pessoas sinceras e desequilibradas, tudo fica mais autêntico.
Ultimamente tenho gostado de ficar de pernas para o ar só ouvindo o escuro.
Gosto de saber que tudo que acontece de ruim é por minha causa, só por minha causa, logo as poucas coisas boas são méritos meus também e ninguém irá me tirar isso. E se sou eu o responsável pelo bem e pelo mal, chego à conclusão de que sou meu próprio deus. O deus do eu sozinho.


Bento.

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