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A pior coisa que
existe chama-se; esperança.
Eu não me importo de
estar no fundo do poço. Não me importo com os olhares de desaprovação como quem
diz; tinha uma vida toda pela frente...
Não me importo.
Fazemos só aquilo que
queremos fazer.
Somos quem podemos ser
como já dizia um certo engenheiro famoso.
Estou cagando para o
que acham ou deixam de achar sobre qualquer coisa que eu venha fazer ou
escrever.
Se minhas linhas
causam-lhe perturbação ou fervor.
Se às vezes pareço um
suicida ou um beberrão desiludido e sujo.
O que me dói, o que me
faz ter as tripas retorcidas como uma cólica pré-menstrual. O que me faz
verdadeiramente querer quebrar a garrafa de destilado ainda cheia,
desperdiçando assim o néctar dos deuses e enfiar os cacos em minhas artérias, é
a esperança.
Nunca pedi por afagos.
Nunca supliquei por compreensão. Cada um com seus problemas, eu não o ajudo com
os seus e você não se mete nos meus. Vamos combinar que somos todos egoístas em
busca de algo melhor para nós e pronto.
Não me façam de vítima
que eu não me faço de herói. Se não posso ter a felicidade plena, também não
quero esmolas.
Não sou eu quem vai
pedir nada em troca. Deixei de pedir qualquer coisa há muito tempo e sinto que
nada mudou. Sou eu, um Bon vivant admirador de fotos e sorrisos congelados e
estava muito bem assim, obrigado.
Era sempre como um olhar desapercebido da calúnia que estava cometendo comigo mesmo.
Sei que não é nada
romântico. Mas imagine alguém apertando minhas bolas com toda força. Se acha
que é pouco, use uma prensa. Imagine os olhos saltando das órbitas de tanta dor
e a boca seca querendo engolir a própria língua. Tente imaginar seus ossos sendo
quebrados em infinitas partes enquanto você ainda se mantém acordado mesmo com
a dor. Tente pensar como é ter suas unhas retiradas por alicates à sangue frio
com você suplicando misericórdia ao léu, sem ninguém para ouvi-la. Imaginou? É assim que me sinto quando olho uma fotografia sua. Porém repito, estava muito bem, obrigado.
Até alguém me dar uma
porra de esperança de que um dia...
Um dia...
Isso tudo que me mata.
O fundo do poço não é um lugar tão ruim assim. Pelo menos te isola das notícias
boas. Àquelas notícias boas sem você.
Eu sou como um ex-viciado.
Serei dependente até a morte. E um viciado em heroína, quando frente à frente
com uma seringa se corrompe de imediato.
No meu caso, a heroína
é você. A seringa são as pessoas dizendo que você pode tomar rumo e voltar a
criar raízes, pois seu homem já não lhe serve mais, assim como eu também não lhe servi
um dia.
Calma, calma. Essa esperança
está dentro de mim, você não tem culpa nenhuma. Mas sou um viciado, lembra-se?
Qualquer menção ao seu
nome me faz babar como um retardado. Qualquer proximidade do seu corpo me faz tremer. Voltamos à
dependência de ocasião e minha clínica de recuperação é o exílio, como sempre.
Até quem sabe, um dia.
Bento.
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