Homero era só
desespero. Num quarto de hotel barato ele bebia no gargalo de uma garrafa de vodca
barata. Na escrivaninha havia uma pistola carregada que serviria para tirar sua
vida após terminar seu drink e o cigarro que fumava. Entre um trago e outro ele
teve uma visão que o deixou confuso. Não se sabia se aquilo que via era real ou
seria a vodca fazendo efeito em seu cérebro. Porém ele viu um anjo, um ser
luminoso e cheio de graça entrar pela janela do hotel e aproximar-se. Após
estar bem próximo ele reconheceu a face de Deus o olhando com carinho e afeto.
- Você é
Deus? Ele perguntou.
- Não
homem. Sou Miguel, o arcanjo. Nosso Pai me enviou e sei que existe outro
caminho para seu sofrimento. Não tire a vida que o Senhor te deu. O anjo falava e Homero arrepiava-se não se
sabe se por medo ou emoção.
- Mas
Miguel, eu perdi tudo. Família, amigos, dinheiro. Não tenho nada, nem ninguém. Ainda mais desesperado Homero agora chorava
copiosamente.
- Você
acredita em Deus homem? O
Arcanjo perguntou.
- Sim Miguel.
Acredito. Acredito.
- Então
tudo na sua vida rumará para o caminho da felicidade. Tenha fé. Jogue fora
essas drogas do Demônio.
Meio descrente Homero
perguntou se teria sua família de volta e o anjo respondeu que sim.
- E meus
amigos? O anjo respondeu que
sim. Perguntou se teria seu dinheiro de volta e o anjo também respondeu que
sim.
Então uma esperança
divina tomou conta do quarto de hotel e Homero buscou o lixo e começou jogar as
drogas fora. Primeiro os cigarros. Depois o isqueiro. Jogou também a garrafa de
vodca. Por fim, tomou o revólver. Pegou na mão, olhou para o anjo e perguntou:
- Vamos
filho, jogue a arma fora.
- Vou
jogar Miguel, vou jogar... Mas antes me diga uma coisa. E o Palmeiras?
- O que
tem o Palmeiras homem de Deus?
- Ele
será grande de novo?
- O
Palmeiras?
- Isso
Miguel. Uma das coisas que me fizeram ter vontade de me matar é a situação do
meu time. Homero tinha fé que
teria uma resposta positiva do anjo também sobre seu time do coração.
- O
Palmeiras? O anjo perguntou
tentando achar uma resposta viável.
- Isso
Miguel. Isso. O Palmeiras! E então?
Homero já demonstrava
impaciência. Até que o anjo finalmente respondeu gesticulando a ação para que o
homem soubesse como fazer.
- Ora
homem. É melhor mirar na boca, pois na têmpora corre o risco da bala alojar-se
no cérebro e não funcionar.
Assim partiu o anjo.
Bento.
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