quinta-feira, 26 de abril de 2012

SÃO SÓ DETALHES

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Esses dias eu tive que ligar para uma senhora e me atendeu um cara. Com esse "cara" quis dizer jovem. Mas não gosto de usar o termo "jovem", é antigo demais.
A tal senhora não estava, então agradeci e disse que retornava depois e do outro lado da linha recebi um "disponha". Disponha?
Desliguei o telefone e fiquei pensando. As pessoas não falam mais assim hoje em dia. Disponha. Os jovens... Quer dizer, os caras não falam mais assim nos dias de hoje.

Ganhamos um pouco em liberdade, em modernidade, mas perdemos em educação. Falei do metrô outro dia, ninguém é gentil mais com o próximo.
Direitos e deveres só ficam no papel.
Aquele cavalheirismo que vemos em comédias românticas clássicas perdem-se no meio de sátiras e piadas de mau gosto.

Conversando com minha mãe em alguns raros momentos de descontração ela me leva ao passado contando histórias sobre seus namoros na adolescência e comparamos com os dias de hoje quando conto as histórias da minha adolescência.
Realmente o futuro é sempre mais castigado, relaxado. Ninguém faz questão de impressionar.

Eu, como sabem, sou um romântico incurável -- adoro dizer isso, pois é verdade --, mesmo assim, não pense que vou ficar romantizando com qualquer cretina que aparecer no meu caminho. Existe quem merece e quem não merece.
Conheci uma garota que merece, aí mandei flores, na verdade não a conheço ainda, nos falamos... Conhecer vem com o tempo. Quem sabe?
Aí mandei flores, coisa que tempos atrás era comum, não hoje.

As pessoas têm medo de entrar em floriculturas, os jovens, os caras. É só uma loja de flores. Não sei como esse comércio sobrevive ao capitalismo se as pessoas tem receio de comprar seus produtos.
Quando fui escolher as flores, perguntaram: Mas você vai na floricultura? Espantados. Como se eu fosse numa casa mal assombrada. Respondi: No açougue é que não poderia ser. Certo? As pessoas mandam chocolates, mas não flores. Nunca vou entender isso.

No entanto eu fico feliz de ter esse espasmo de clarividência. A maioria das pessoas não enxergam, vivem andando e andando e não olham em volta, passam pelos detalhes como água pelos dedos. O cigarro me ajuda com isso, acendo um cigarro e relaxo prestando atenção nos detalhes. Nunca poderia fazer isso como não fumante, ninguém para no meio da rua por nada senão para fumar. Paciência.

Só sei que a beleza que eu vejo, nem todos veem. É a beleza dos mínimos detalhes. A beleza está nos detalhes, sempre esteve. É só reparar.


Bento.

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Um comentário:

joa jr. disse...

A beleza está nos detalhes, sempre esteve.
É isso mesmo, os mínimos detalhes que fazem a diferença... Você cada vez mais abordando bons assuntos. Parabéns bento.