Esses dias eu tive que
ligar para uma senhora e me atendeu um cara. Com esse "cara" quis
dizer jovem. Mas não gosto de usar o termo "jovem", é antigo demais.
A tal senhora não
estava, então agradeci e disse que retornava depois e do outro lado da linha
recebi um "disponha". Disponha?
Desliguei o telefone e
fiquei pensando. As pessoas não falam mais assim hoje em dia. Disponha. Os
jovens... Quer dizer, os caras não falam mais assim nos dias de hoje.
Ganhamos um pouco em
liberdade, em modernidade, mas perdemos em educação. Falei do metrô outro dia,
ninguém é gentil mais com o próximo.
Direitos e deveres só
ficam no papel.
Aquele cavalheirismo
que vemos em comédias românticas clássicas perdem-se no meio de sátiras e
piadas de mau gosto.
Conversando com minha
mãe em alguns raros momentos de descontração ela me leva ao passado contando
histórias sobre seus namoros na adolescência e comparamos com os dias de hoje
quando conto as histórias da minha adolescência.
Realmente o futuro é
sempre mais castigado, relaxado. Ninguém faz questão de impressionar.
Eu, como sabem, sou um
romântico incurável -- adoro dizer isso, pois é verdade --, mesmo assim, não
pense que vou ficar romantizando com qualquer cretina que aparecer no meu
caminho. Existe quem merece e quem não merece.
Conheci uma garota que
merece, aí mandei flores, na verdade não a conheço ainda, nos falamos... Conhecer
vem com o tempo. Quem sabe?
Aí mandei flores,
coisa que tempos atrás era comum, não hoje.
As pessoas têm medo de
entrar em floriculturas, os jovens, os caras. É só uma loja de flores. Não sei
como esse comércio sobrevive ao capitalismo se as pessoas tem receio de comprar
seus produtos.
Quando fui escolher as
flores, perguntaram: Mas você vai na
floricultura? Espantados. Como se eu fosse numa casa mal assombrada.
Respondi: No açougue é que não poderia
ser. Certo? As pessoas mandam chocolates, mas não flores. Nunca vou
entender isso.
No entanto eu fico
feliz de ter esse espasmo de clarividência. A maioria das pessoas não enxergam,
vivem andando e andando e não olham em volta, passam pelos detalhes como água
pelos dedos. O cigarro me ajuda com isso, acendo um cigarro e relaxo prestando
atenção nos detalhes. Nunca poderia fazer isso como não fumante, ninguém para
no meio da rua por nada senão para fumar. Paciência.
Só sei que a beleza
que eu vejo, nem todos veem. É a beleza dos mínimos detalhes. A beleza está nos
detalhes, sempre esteve. É só reparar.
Bento.
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Um comentário:
A beleza está nos detalhes, sempre esteve.
É isso mesmo, os mínimos detalhes que fazem a diferença... Você cada vez mais abordando bons assuntos. Parabéns bento.
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