quinta-feira, 12 de abril de 2012

UVAS VERDES II

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É certo que eu costumo dominar as situações, relações entre outras coisas, poucas.
Nem sempre é de caso pensado, as situações levam até este fim. Pode ser que isto derive da imagem que eu passo de que não me importo. Digo isto, pois existe uma necessidade incrível de conquista dentro de cada mulher. Alguns vão dizer que é orgulho, eu não, é mais que isso, é talvez a necessidade de se sentir querida, amada. Ora, todos sabem, que por mais que uma mulher se demonstre independente, madura, auto-suficiente, ela ainda será aquela que precisa de um peito (masculino ou feminino) para encostar a cabeça e relaxar.

Então eu passo a impressão de que não me importo, o que sempre é verdade, não, nem sempre. Quase sempre.

Mas existe sempre um momento na vida, aparentemente corriqueiro, quase que um acidente de percurso. Uma lei de Murphy, ou um acaso. O fato é que acontece de repente e você nem percebeu onde se perdeu ou se achou. E eu me pergunto, o que é isso?

Isso é o Destino, afinal, em algum momento ele vai te sacanear. No meu caso, em minha relação com o Destino, eu sou sempre vitimado, ele é sempre o Sátiro. Resta-me falar mal dele e ele me dar motivo para tanto.


Foi então que no meio dessas travessuras eu me vi numa contradição novelesca, entre um odiar incontínuo e um adorar repentino. Entre ódio e desejo, mordidas e beijos, eu fiquei tentando não me importar. Mas sem me enganar e enganar quem me lê agora. Há carinho, muito. Carinho na sua forma peculiar de querer por querer e pronto, é desejo sim, como não? Desejável como o fim de semana, como a lua durante a noite. Tão desejável que até a pele deseja o roçar, a boca a saliva e o cheiro as narinas. Evidente que é também desejo, como não? Afinal despisto a hipocrisia e digo sem desviar o olhar: - Não é só beleza. Apesar de ser bela de arder os olhos. Bela de judiar, como em "Tem Beleza Que é Cruel", mas se fosse só isso garanto que não resistiria ao hábito de não me importar.
Eis que os dedos encontram os cabelos da nuca, os dentes a pele e no ato, ali, bem no ato, naquele momento, eu não sei se odeio ou adoro.



Bento.



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Um comentário:

Luciana Santa Rita disse...

Oi Bentinho,

Tudo bem? Toda mulher já nasce sonhando com a conquista. E aí as uvas verdes são oxigênio. Como sempre, revelador.

Beijos.

Lu