domingo, 18 de agosto de 2013

EU GOSTARIA DE TER VISTO SEU UMBIGO

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Somos todos como engradados de cervejas, apesar de caixas e marcas diferentes, o objetivo é o mesmo: ficarmos bêbados no final.

Algumas são mais fortes, outras mais escuras. Por vezes sua força vem em doses cavalares com ajuda de destilados ou comprimidos para ajudar a dormir. Dentre outras vem em pequenas doses, com amendoins e amigos e sinuca e conversa fiada.

Algumas são melhores quando quentes, outras melhores quando estúpida e cruelmente geladas. Como um tapa na cara ou um soco no estômago.
Claro que também existe a cerveja sem álcool, mas essa não merece sequer um comentário, assim como algumas pessoas sem personalidade, sem alma, sem graça. O álcool está para a cerveja como o cérebro está para o ser racional. E se você olhar em volta sei que poderá contar nos dedos as cervejas alcoólicas que convivem em seu ciclo de amizades.

A cerveja é a criação mais próxima que o homem conseguiu chegar quando Deus fez a mulher e é por isso que temos as cores amarela, preta e vermelha nas cervejas. É uma imitação pura e sincera, porém, sem as ironias divinas. Uma cerveja jamais reclamará de você por olhar para uma outra cerveja na mesa ao lado. Nem mesmo te trairá quando você esquecê-la na geladeira durante dias. Apesar disso ser mais fácil acontecer com uma mulher do que com uma cerveja. Esquece esse negócio de roda, computador ou automóvel, pois tudo isso só foi inventado após muitas noites de insônia e cerveja.

Então é tipo sexta-feira, apesar de não trabalhar e todos os dias são domingos, ou sábados, ou feriados e por incrível que pareça foi uma semana sã. Só fui fazer as pazes com o Willian Lawson’s na quinta e tivemos uma briga feia, hoje já somos amigos novamente e estamos dividindo um cigarro. Então nesta sexta-feira eu estou como a cerveja esquecida na geladeira, esquecido por aqui, mas sem drama, eu que esqueci para poder abrir o bar de casa. Abrir o bar e colocar alguns textos em ordem, ideias em ordem. No entanto, quem eu estou querendo enganar? Escrever é um hábito, como o sexo, quando muito tempo sem prática perde-se a mão e faz tempo que não escrevo, então enquanto volto ao antigo ritmo fico aqui enchendo linguiça. Portanto, se está esperando uma grande coisa, com um final esplendoroso ou algo que te ajude a manter a sanidade nesta merda de vida que se transformou seu cotidiano digo já de antemão; desista! Vá ler o horóscopo.

Bem, diz o ditado popularesco e pobre que mente vazia é moradia do diabo e minha mente está sempre cheia, contudo só tenho pensamentos putrefatos sobre tudo e todos. Não se engane, ainda mantenho uma autoconfiança adquirida depois de muito trabalho e conquista, mas onde quero chegar? Eis a questão. Vale? Ora, por vezes sou usado e gosto. É o mal de conhecer a maioria dos pecados possíveis da humanidade, conhecê-los e aceitá-los é fazer parte disso tudo, sendo assim nem posso culpar o Destino por tanto. Este é o álcool fazendo efeito. São as ideias se encaixando e ensaiando um recital mediúnico sobre o que eu quero, o que preciso e o que realmente alcançarei. As palavras e ideias fogem dos dedos como a cerveja pelo nariz após uma gargalhada. E eu fico pensando, eu gostaria de ter visto seu umbigo aquela noite. Eu gostaria de ter visto os dedos dos teus pés com os dedos dos meus pés e continuar bebendo em outro lugar até sabe Deus que horas, pois as horas não passam, elas voam e logo vem seu adeus e sabe-se lá quando a verei novamente.

Agora aqui estou eu bebendo com Marilyn, claro que não em pessoa, mas estou eu, o Lawson’s, o quadro da Marilyn e a gata que já foi dormir no pé da cama. O bom da Marilyn é que eu nem contei a piada ainda e ela já sorri, aquele sorriso de Marilyn, pinup enlouquecida. Sempre achei que faltaram tatuagens em Marilyn para ela ser realmente perfeita. Tenho um fraco por mulheres tatuadas.

Talvez meu mal seja ser extremamente diferente de qualquer um que conheço. Isso me parece simples e complicado ao mesmo tempo. Falo de todas as minhas ex-qualquer-coisa. Depois de mim nunca mais foram as mesmas. Nunca mais encontraram nada parecido ou que chegasse perto do que eu sou e acho que foi de propósito, claro. As pessoas não querem errar duas vezes.
Eu nunca tento me enquadrar, elas tentaram, mas é complicado, não as culpo. Não vejo ninguém que chegue próximo ao que sou e em momento algum estou dizendo que isso é uma coisa boa. Não eu. Veja que curioso, eu passo metade do meu tempo bebendo e escrevendo e se queres descobrir o que penso ou o que sinto basta perder um pouco do seu tempo lendo isso e ainda assim existem os idiotas que não entendem porra nenhuma e tiram suas conclusões apenas por meus sorrisos amarelos. Quão idiotas. Não posso punir-me por qualquer pessoa que se jogue da ponte. Já não bastam os meus problemas?

Penso em todos os meus amores agora, olho para a Marilyn e ela me ajuda com seu sorriso e cabelos loiros, me fez lembrar que só amei morenas, apesar de ter tara por loiras. Não sei o que isso quer dizer, mas aceito que nenhum amor foi maior do que o que eu sinto por escrever e beber. Nunca tão completo. Nada tão absoluto.
Neste momento o vinil acabou e é melhor me juntar à gata.



Bento.

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