quarta-feira, 10 de julho de 2013

NÃO SE CORROMPA TANTO PARA ESCREVER

-

Tenho então, certa peculiaridade em viver. Uma coisa diferente em dar meus passos pelo asfalto neste mundo de malucos. Uma vez eu disse e nem sei de onde tirei isso, mas disse. Foi um vômito, não alcoólico, porém, bêbado quando disse: "gosto de fazer tudo com estilo próprio, sem inspirações". Eu nem sei o motivo pelo qual disse isto. Nem sei se concordo com o que disse. Só que as coisas me fazem mais feliz quando saem do meu jeito. Então eu saio na rua para comprar cigarros com a mesma roupa que dormi e não me importo muito, foco apenas no objetivo, que são os cigarros que me faltam naquele momento.

É certo que não ligo muito para situações rotineiramente planejadas. Não suporto nenhum compromisso religiosamente assumido. Odeio trabalhar, o problema é que eu gosto mais de dinheiro do que certos princípios, logo, o trabalho é a única coisa que aceito fazer obrigatoriamente.

Assim muita gente deve olhar para o meu estilo de vida e pensar que seja tudo maravilhoso, ou que eu não tenha nenhum futuro e só a segunda opção pode ter algum sentido. Estou dando voltas para dizer que o fato de acordar ao meio dia e que meus cafés da manhã geralmente são meia dúzia de garrafas de Heineken após uma boa dose de whisky para abrir o apetite, e que acendo um cigarro antes mesmo de abrir os olhos quando acordo não é tão bom quanto uma porção de gente pensa. E essa porção de gente que lê minhas narrativas sobre minha vida e adoram, sequer teriam estômago para viver elas mesmas de tal forma. As pessoas sempre admiram aquilo que não podem ter. Não se pode medir as coisas que eu abro mão para sobreviver da maneira que eu acho ideal e normalmente o que serve para mim não servirá para a maioria das pessoas que assistem ou leem uma situação como esta. Não servirá, pois como eu disse: é preciso estômago, mais até que estômago é preciso abdicar de um conforto sociável.

Meus amigos, por exemplo, além de poucos, não são tão presentes quanto os amigos comuns. No entanto, não os culpem, eu prefiro assim, afinal, com uma personalidade característica como a minha, para mantê-los é preciso que afastem-se para deixar que a saudade ajude-os a me aturar. O eu em excesso é prejudicial para qualquer sanidade e ainda assim só tenho amigos desequilibrados.

Com as garotas é a mesma coisa. É preferível que não se mantenham por muito tempo. Repare em seus olhos e perceba o quanto eles brilham ao ouvir minhas histórias. Sempre tão agradecidas retribuem uma preliminar ou outra, mas ainda assim é preferível que não se mantenham por muito tempo. Perde-se o encanto, pois eu não deixo de tomar os meus cafés da manhã alcoólicos, não deixo de escrever sobre minhas insanidades e de exercer minha displicência em relação ao futuro. E nenhuma garota se vê ao lado de um escritor possivelmente falido falando sobre as desgraças da vida. Então eu lembro do que me disseram uma vez, que um dia eu vou envelhecer, ficar feio, ultrapassado e o número de garotas entrando e saindo do meu quarto diminuirá drasticamente e que eu olharei para o passado com grande arrependimento. O que essa pessoa que me disse isso não sabe, é que eu já olho para o passado com grande arrependimento, ou seja, sem novidades. Se alguém aí não tem o mesmo problema me conte o segredo. E tem mais, odeio palpiteiros.

Olhe para o mundo de um débil com olhar de telespectador e tudo parecerá maravilhoso até os nossos caminhos se cruzarem e perceber que minha cama é muito mais aconchegante ao dormir do que quando acordar. E que apesar de prazerosas, muito prazerosas, todas as bebedeiras geram muito mais prazeres que as ressacas. E que a vida de Bon Vivant escrevinhador de contos desgraçados somente é atraente em películas e livros. Que a abstinência de álcool e nicotina torna-me um ser irreconhecível e insuportável. Que eu sou um sujeito calamitoso e que odeia cortar as unhas. E que eu passo metade dos meus dias sentado numa cadeira de praia, no telhado, ouvindo Rock em discos antigos, bebendo cervejas e escrevendo, já a outras metade eu passo dormindo. Por isso, não há motivo para invejar-me por qualquer coisa. Por mais que sua vida pareça ruim, eu sou o resultado de tudo que possa dar errado e me orgulho de tornar isso público. Levando sempre em conta que aumento algumas tragédias e fatos para dar um tom de dramaticidade e estilo próprio em tudo que eu escrevo.



Bento.

-

Um comentário:

Thais disse...

" Levando sempre em conta que aumento algumas tragédias e fatos para dar um tom de dramaticidade e estilo próprio em tudo que eu escrevo."

Falou tudo! =D